Holiday Lace escrita por Fabi-Aiyu


Capítulo 1
Laço de Ano Novo




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- Aqui. Esse é seu presente.

Kyouraku sorria pelo gesto de Ukitake e tomava a embalagem nas mãos, deixando de lado o pequeno copo de sake. Abriu o laço caprichado, rasgando a embalagem de papel que a cobria – já que a tradição diz que rasgar papéis de presente é sinal de mais presentes nos próximos anos – e seus olhos brilharam suaves.

Os dedos percorreram calmamente o tecido de seda que estava dentro da caixa de papelão, bem dobrado e passado, retirando-o ainda com mais calma. Era belo, muito refinado. Igual o gosto de Ukitake.

O taichou olhou para o outro e sorriu em agradecimento pelo kimono em tons de rosa mais fraco do que aquele que costumava usar sempre.

- Muito obrigado, Ukitake... Eu adorei. Vou usá-lo quando estiver com você, o que acha? – viu o taichou de cabelos brancos sorrir leve e sem jeito – Não acha interessante?

- Acho. Espero que fique bom pra você.

- Qualquer coisa vinda de você é bom pra mim, nee.

Shunsui passou as mãos pelas mãos dele e levou-as aos lábios, beijando-as num gesto à la Don Juan, mas logo puxou o outro para si e o abraçou ternamente, sendo prontamente retribuído por Juushiro, que aproveitou para deitar a cabeça em seu ombro enquanto as mãos se apoiavam nas costas do outro.

Estavam felizes, e era bem fácil perceber aquilo não apenas pelos atos, mas pelas faces sorridentes que ambos compartilhavam. Não era o primeiro nem o último Ano Novo juntos, mas era o que seria da entrada de mais um ano, um ao lado do outro. E esse ano prometia ser o ano deles, o ano do amor que compartilhavam secretamente, debaixo do olhar crítico de todos os outros.

Era verdade que se todos os boatos de envolvimento dali fossem verdade, seria quase um escândalo dentro do Sereitei. E, então, desde que fosse um amor verdadeiro, ele não precisava ser algo escancarado aos sete ventos e mais o Sereitei. Quem sabe, até a Soul Society inteira.

Certo que o Natal já havia passado, mas eles gostavam de comemorá-lo, principalmente porque não puderam estar um ao lado do outro nessa noite, não tinham como escolher deixar problemas acontecerem enquanto curtiam a presença um do outro.

Por isso, lá estavam os dois, acomodados sobre o tatame do quarto de Ukitake, ajeitados ao lado da mesa, bebendo sake e brindando o novo ano que entraria – enquanto muitos outros shinigamis ocupavam-se em comemorar ao seu estilo, sozinhos, com a família... Na nobreza, na subordinação e na infelicidade.

Por um momento, todos se esqueceram de Hueco Mundo, de coisas fatídicas e tristes. Não todos, mas a maioria estava definitivamente tomada pela felicidade de estar com alguém especial, ou por ter alguém do lado.

E eles estavam assim, abraçados e sorrindo ainda um para o outro, tomados pelo silêncio que transmitia tudo e fazia até mesmo seus lábios silenciarem-se. Porém, Kyouraku quebrou-o, soltando um pouco Ukitake e olhando-o.

- Aqui, esqueci seu presente. – ele sorriu com seu jeito de sempre e entregou uma pequena caixinha nas mãos de Juushiro, que sorriu e abriu-a – Espero que goste. E que saiba o que é isso, é claro.

- Uma fita?

- Sim, uma fita para você amarrar seu cabelo quando estiver comigo... Eu achava lindo te ver com uma fita amarrando seus cabelos e... Agora que estão maiores, devem estar ainda mais bonitos!

- Oh, está bem. Eu vou usar quando estiver com você...

O homem de cabelos esbranquiçados deixou a fita sobre o kimono do outro e voltou a abraçá-lo, recebendo um selar breve de lábios vindo dele. O selar de lábios logo desenvolveu-se para um beijo terno, em que Kyouraku ajeitava o outro entre seus braços com carinho.

Juushiro levava as mãos à nuca do outro taichou, acariciando-a com leveza, usando a ponta dos dedos. Dedos estes que tantas vezes largaram a bainha da espada para entrelaçarem-se aos do taichou com kimono rosa, que tantas vezes já deixaram de ficar apenas folheando livros para enroscarem-se aos cabelos dele.

No último ano, a vida dos dois taichous transcorria sempre assim. Em uma ou outra oportunidade, encontravam-se para compartilhar um momento especial, para pelo menos ficarem juntos, jogando conversa fora e bebendo sake – ou chá, dependendo da ocasião e do quarto de quem era.

Aliás, não somente em momentos oportunos que dividiam momentos especiais, porque Kyouraku e Ukitake bem lembravam-se de terem ficado um ao lado do outro e compartilhado alguns beijos por detrás um livro ou outro, entre as enormes estantes da biblioteca do Sereitei durante a busca pelas respostas da incógnita que eram os Bounts.

De certa forma, era assim que viviam seu amor. O capitão de 13º esquadrão ainda tinha crises fortes de tosse e costumava ser mais um momento para ser partilhado, mesmo que, de alguma maneira, aquilo acabasse com o clima romântico e desse lugar para a preocupação de Shunsui com o outro.

- Ukitake... – sussurrou, encostando a testa na sua – Posso prender seus cabelos?

- Só deixo se você colocar meu kimono...

Sorriram. Eram mesmo parecidos na forma de se tratarem, sempre respeitando-se e tratando-se de forma carinhosa.

Ukitake tossiu brevemente, tampando a boca com a mão, mas logo acalmou-se. Kyouraku levantou-se no chão e caminhou até o futon de Ukitake, tirando o kimono rosa e o haori, ficando apenas com o Shihakushou [1] sobre o corpo. Livrou-se também do sakkat [2], deixando-o sobre a roupa.

O moreno tomou o kimono novinho, dado por seu amado, em mãos e vestiu a peça, sobre os olhares atentos do taichou de longos cabelos brancos, que sorria tranquilamente enquanto o observava colocar o tecido corretamente sobre os ombros, ajeitando-o sobre os braços.

- Ficou lindo... Mas não vou gostar muito se vestir isso longe daqui.

- Não vou usar. As mulheres não precisam saber que ganhei um vindo de você. – ele brincou, vendo o outro estreitar os olhos suavemente e sorrir em seguida – Vem. Tira o haori e vamos ficar mais a vontade. Logo é hora dos fogos.

- Hai.

O capitão do 13º esquadrão levantou-se e parou na frente do outro, entregando-lhe a fita e tirando o haori. Dobrou cuidadosamente o pano e deixou-o sobre a roupa espalhada do moreno.

Enquanto virava-se de costas para que Kyouraku pudesse prender seus cabelos conforme queria, ria baixo e contido, escutando o outro fazer gracinhas e provocações, do quanto nenhuma mulher iria deixar assim facilmente o outro mexer em seus cabelos, principalmente se essa mulher atendesse pelo nome de Nanao-chan.

Como de sua vontade, Kyouraku tentou arrumar com cuidado os cabelos longos e brancos do outro, amarrando-os com a fita vermelha que havia comprado de presente de Natal para o amado capitão.

Depois de já ter terminado de arrumar-lhe os fios de cabelo, passou as mãos por sua cintura, entrelaçando a frente de seu corpo com as mãos dele. Depositou um beijo suave sobre seu ombro e viu que o outro sorria quando este virou o rosto para o lado.

Sorriu também e selou os lábios com calma mais uma vez, continuando a deixar os dedos entrelaçados. Suspirou leve ao fim do selo que trocara com ele e beijou sua bochecha, murmurando baixo para ele.

- Ukitake...

- Hai...?

- Me desculpe se alguma vez em todos esses infinitos anos quase que nos conhecemos eu te fiz sofrer alguma vez. Me desculpe até se fui um tolo, que esqueceu de algo em relação a você... Pode ter parecido, mas eu não esqueci que o seu aniversário foi no dia 21, ouviu? 21 de dezembro é um dia importante, mas sabe que temos outras prioridades, infelizmente...

- Escuta. Me promete uma coisa?

- O quê?

- Nunca mais me peça desculpas por coisas bobas, certo? Ainda mais na proximidade de um ano novo. – Ukitake virou-se totalmente, ficando de frente para o outro e passando as mãos em seu rosto – Temos um ano todo para comemorar...

- Certo. Prometido então. Essa é a segunda promessa de ano novo.

- E a primeira?

- Continuar te protegendo... Porque se eu não empunhar minha espada, eu não posso te proteger. E se eu empunhar a minha espada, eu não posso te abraçar.

Ukitake não conseguiu responder aquilo, apenas abraçou-o e deu inicio a um beijo passional, que fluía e originava-se de dentro de seu coração, de onde sempre viera sua generosidade e respeito pelos outros. Lugar que agora habitava também o amor pelo capitão do oitavo esquadrão.

Os braços do outro taichou voltavam a envolver a cintura do menor dos dois e seus lábios encaixavam-se perfeitamente. Adora ver Ukitake, ainda mais agora que ele estava com os cabelos presos e podia ver perfeitamente os traços de seu rosto.

(...)

- Ukitake, veja!

Kyouraku levantou-se e segurou a mão do outro taichou, que levantava-se e saia para a área na frente do quarto, de onde Ukitake podia sempre ver o lago de suas carpas. O céu começava a ficar iluminado pelos primeiros fogos de artifícios.

Era tudo encantador. O homem de longos cabelos brancos sorriu e olhou aquilo com seus olhos de apaixonado, apenas se distraindo quando viu o cor de rosa forte do kimono de Kyouraku cobrirem-lhe o Shihakushou e o corpo ser aninhado pelos braços do outro.

Seus olhos se encontraram e nada precisou ser dito, novamente. Aquele olhar já dizia tudo, mesmo que estivessem voltando a se focarem nos fogos que coloriam o céu do Sereitei.

Por ali, muitos estavam festejando, e isso podia ser facilmente ouvido e percebido pelos dois capitães, que logo identificaram os risos altos e nada discretos de Matsumoto, Renji, Kira e Shuuhei. Outros, como a família Kuchiki, estaria lá festejando silenciosamente a seu modo.

Enquanto os dois estavam ali.

Abraçados e renovando a promessa de estarem sempre juntos. Conseguindo protegendo a todos que precisassem, orientando bem seus esquadrões...

E amando-se. Incondicionalmente.

- Shunsui...

- Hum...?

- Feliz Ano Novo.

- Pra você também, Ukitake...


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