As esposas de adão escrita por PEDROIDE8000


Capítulo 2
A segunda esposa




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Não me lembro de como era antes disso. Lembro-me apenas daquele momento. Abri meus olhos e vi o amor da minha vida, ele estava parado a minha frente. Pensei em ir ate ele e lhe dar todo o meu amor em forma de um abraço, mas depois que reparei em seu semblante mudei de ideia. Ele mostrava nojo com os olhos. Senti-me rejeitada, como lixo talvez. Foi ai que o pior aconteceu, não bastava me odiar por existir, o motivo de minha existência agora intercedia a seu criador para que me destruísse. Eu não pude dizer nada, me defender quem sabe, tudo que pude fazer foi chorar.

O criador estende sua mão sobre mim e ordena que eu suma dali, mas antes que eu pudesse o obedecer meu corpo foi arrebatado e já não o dominava mais. A ordem não era para mim. E nesse momento me vi num vasto campo de nada, tudo era vazio e sem cor ou vida. Pensei que estava morta, mas logo me veio a resposta, o criador falava, eu não estava morta ele havia me levado para armagedom, uma vasta planície abaixo da cidade prateada. Lá ele me perguntou como me sentia e sem saber direito eu respondi. Disse rejeitada, pois era de fato como me sentia e ele disse que de certa forma já sabia. Queria falar mais, porém o criador me interrompeu dizendo que eu havia sido criada para que o fizesse companhia, mas meu proposito havia me rejeitado. De que serviria um escudo que não defende, ou uma espada que não corta? Eu não sabia responder.

Ficamos em silencio por algum tempo. Então perguntei o que seria de mim e ele não demorou a dizer que não tinha intenção de me matar, mas eu era o que tinha nascido para ser. Fechei meus olhos me preparando para o que fosse acontecer, mas antes os reabri rápido e perguntei meu nome, ele que já estava de costas respondeu, Ada. Agora fechei os olhos repetindo em minha mente meu nome e quando os abri novamente não estava em lugar algum, estava no lugar entre lugares não temi, mas fechei os olhos e só os abri quando senti que minha viagem tinha chegado ao fim.

Eu estava em meio a um pântano, a lama alcançava meus joelhos e eu sentia frio e um pouco de fome. Perguntei-me baixinho onde estava e me surpreendi novamente com a resposta. Um monstro de quase dez vezes a minha altura me disse que estávamos no limbo. Eu cai por cima de meus joelhos o olhando e ele perguntou o que eu havia feito para merecer castigo como aquele. Eu nada respondi e aquele ser gigante se transformou na frente dos meus olhos primeiro em muita fumaça depois num jovem homem incrivelmente simpático que em nada lembrava adão. Eu repeti sua pergunta, o que ele havia feito para merecer aquele lugar, ele respondeu se apresentando “sou um leviatã, dos reis na antiga criação de Yahweh. Condenados ao limbo eterno por escaparem da extinção”. Tentando mudar de assunto disse que aquela não era a forma que esperava para o limbo e ele disse “é um lugar avesso a existência e como um, reage a qualquer reflexo de mundo que habita em nossas mentes, mas esse não é um pântano qualquer, é nossa casa, pelo menos era em nosso universo”. Eu perguntei onde estavam os outros leviatãs e ele disse que poderia me mostrar precisava apenas seguir ele. Deixei que ele me guiasse, aquele homem alto de cabelos e olhos negros estava a minha frente e eu me sentia cada vez mais embriagada pelo seu cheiro salino trazido pelo vento pesado.

O segui ate um local mais seco onde de lado podia ver alguns restos de ossos, mas não me importei afinal o homem realmente parecia bom. Quando pareceu que havíamos chegado o leviatã segurou forte meu pulso e me forçou contra o chão. Ele levantou a talha de pano que cobria seu pênis e o forçou contra mim. Eu tentava me soltar a todo custo, mas sua força era extrema. Meus olhos se contorciam e seu suor escuro escorria por meu corpo. Eu me senti desesperada, mas não tive tempo para o luto. Num momento de distração do leviatã soltei um dos meus braços e agarrei um osso que estava próximo a mim e o enfiei na barriga do monstro. Ele pareceu não se importar muito com a dor, deu um soco em minha boca que lascou meu dente. De sua barriga escorria um sangue negro, mas o leviatã ainda estava forte, então eu ainda com o osso cortei de um lado de sua barriga a outro, expondo seus órgãos internos. O leviatã caiu sobre meus pés e antes que ele se recuperasse, com o osso que se parecia de longe com uma costela, arranquei fora sua cabeça e com o sangue negro que dela escorria me banhei para que perdesse todo o cheiro humano. Aquele caldo queimava sobre minha pele. O leviatã mesmo sem sua cabeça ainda se mexia e parecia se recuperar então resolvi fugir.

Voltei pelo mesmo caminho que havia feito com o monstro. Enquanto corria sentia um vento forte que tentava rasgar minha pele. Olhei para o lado e pude ver uma nuvem negra se aproximar. Rapidamente ele me alcançava e enquanto o fitava podia ver mais como ele me seguindo. Senti que não conseguiria fugir deles, mas não podia parar de correr. O pântano se intensificava e eu não conseguia mais correr. Então parei e pude notar que estava cercada, não um ou dois leviatãs, uma legião completa. Pensei comigo mesma que precisaria de bem mais ossos. Repeti então em minha mente meu nome, não o poderia esquecer. O que seria da minha carne?


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