Harry piscou várias vezes, olhando para o relógio de pulso.

—Eu estava pensando em chamar o diretor… Mas Teddy está certo, precisamos dormir. Além do mais, Dumbledore deve estar dormindo. Eu acho que nós temos uns 4 quartos vazios…

—Podemos dividir por famílias. — sugeriu Rose prontamente — Um quarto para os Potter, um para os Longbottom, um para os Weasley e um para… Blacks, Lupins e Malfoys?

Hermione sorriu.

—Era exatamente o que eu estava pensando.

Rose deu de ombros, sorrindo orgulhosa.

—Tão mãe, Tal filha, eu acho.

Hermione sorriu, mas seu olhar parecia ainda estar encantado com a existência da garota, como se esperasse que ela desaparecesse logo.

—Esperem! — Exclamou Draco pulando da cadeira — Vocês não esperam que eu durma aqui, esperam? Por que eu me recuso a passar uma noite inteira nessa insanidade.

Alvo bufou.

—Eu também odeio ficar no salão da grifinória, Tio Draco, mas…

Draco olhou irritado para o garoto.

—Pare de me chamar de tio! Eu estou cercado de pessoas que afirmam que eu… que eu me tornei um traidor de sangue e que meu filho namora uma Weasley, eu não vou ter uma versão fajuta do Potter me chamando de tio!

Alvo pareceu ofendido, mas não respondeu. Harry, por outro lado, não se deixou assustar.

—Malfoy, eu não sei o que você espera, mas até que nós saibamos por que eles estão aqui, nós não podemos sair. Então cale sua boca de fuinha, e aceite que, pela primeira vez, você está no mesmo barco que nós.

—Eu não pedi para ser colocado nisso! Eu estava na biblioteca, sozinho, enquanto essa loucura roubou a cena, eu fui literalmente arrastado aqui pela sua amiguinha sangue-ruim…

A varinha de Harry levantou tão rápido para Draco que a maioria dos presentes não viu o movimento.

—Tome cuidado com sua seleção de palavras, Malfoy. Você realmente não quer arranjar uma briga com essas pessoas.

Draco mexeu a cabeça, exasperado.

—Querem me atacar? Vão em frente, melhor que aquentar toda essa reunião familiar.

Ele se virou para ir embora, mas Scorpius parou na sua frente, cruzando os braços. Agora, frente a frente com ele, Draco podia ver alguns detalhes que impediam o garoto de ser uma cópia dele. Os olhos eram mais leves, as sobrancelhas menos arqueadas, o rosto era mais corado e menos pontudo. Eles eram, porém, da mesma altura, o que causou um estranhamento por parte do Scorpius.

—Pai. Você não vai sair desse salão comunal.

Draco riu de escárnio.

—Quem vai me impedir?

O garoto fingiu que essa versão mais nova de seu pai não o assustava.

—Eu vou. Eu não posso te deixar sair.

—Por que você se importa? Toda essa bagunça é aparentemente aonde você quer estar.

Scorpius respirou fundo.

—Por que eu sei o que você fez no seu sexto ano… o que você está fazendo.

O rosto de Draco Malfoy ficou pálido, e ele instintivamente trouxe os braços para mais perto do corpo, permanecendo em silêncio.

—Você vai se arrepender. Pai, você não tinha uma chance antes, eu estou te dando uma agora. Não.

Draco ficou parado, sem mover um músculo, olhando para aquele menino que alegava ser seu filho, que aparentemente sabia mais do que qualquer pessoa que estivesse pregando uma peça deveria saber.

—O que Malfoy está fazendo? — Perguntou Rony, que assistia a cena, assim como todos os outros, curiosamente.

Scorpius abriu a boca, mas fechou novamente, olhando para seu pai.

—Não. — Murmurou Draco — você não faria…

—Draco é um comensal — disse uma voz feminina.

Todos se viraram para Rose Weasley assim que ela falou. Draco fechou os olhos e cerrou o maxilar.

—Ele é só um garoto — disse Lilian olhando para Draco com as sobrancelhas cruzadas — você-sabe-quem não…

—Claro que não — mentiu Draco — ela deve ter confundido as datas. Se eu fosse um comensal, eu não estaria aqui, certo?

Harry deu um passo em direção ao loiro, ignorando sua tentativa de defender-se.

—Eu sabia! — ele murmurou — Hermione e Rony disseram que eu estava exagerando, mas eu estava certo, não é? Ele te marcou.

Draco se virou para o filho, ignorando a pergunta de Potter.

—Espero que você esteja feliz por assinar minha sentença de morte.

Scorpius revirou os olhos.

—Eles não vão te matar.

—Não é com eles que eu estou preocupado. — murmurou, antes de encarar o que seria um dia a ordem da fênix — Eu suponho que eu vá ser petrificado e mantido aqui contra a minha vontade até vocês contatarem um membro da ordem?

Hermione arregalou os olhos.

—Você é mesmo um comensal? — ela perguntou pasma

—O que você acha, Granger?

Ela encolheu os ombros.

—Eu sempre soube que você era um idiota preconceituoso, mas eu não esperava que você fosse um genocida.

Draco revirou os olhos.

—Não seja dramática Granger, não é como se eu tivesse matado alguém ainda.

A garota abriu a boca para rebater, mas Lupin a interrompeu.

—Ainda? Ele te mandou para uma missão, não foi?

Draco não respondeu, e Lily Luna deu um passo a frente.

—Vamos dormir, sinceramente, isso não vai levar a lugar nenhum. Draco, você, obviamente, não vai sair de perto das pessoas desse grupo. Alguém tem alguma objeção sobre a separação de quartos sugerida?

Ela olhou fixamente para Sirius e Remus.

—Eu passei muitos anos dormindo em baixo do mesmo telhado que minhas primas para ter medo dele. — respondeu Sirius apontando para Draco— além do mais, gosto da ideia de poder manter um olho nele.

Draco pensou em responder algo insinuativo, mas seu bom senso – pelo menos o que havia sobrado dele – fez ele se manter em silêncio,

—Um lembrete importante — disse Hermione bocejando — Não saiam de seus quartos e, mais importante, não falem com ninguém que não sejamos nós. Potters no quarto dos meninos, Weasley no andar de cima, Longhbottom acima dos Weasley e Black/Lupin/Malfoy no último, parece justo?

Draco queria berra, e dizer que não, que tudo aquilo era uma grande injustiça, mas ele apenas subiu as escadas, seguido pelo próprio filho, por Teddy, e pelo casal Sirius e Remus.

Hermione hesitou um pouco, antes de seguir, corando, o trio ruivo que subia para o quarto dos Weasleys. Rony fingiu que não estava corando também. Eles entraram no quarto desconhecido, e Rose e Hugo se apoderaram rapidamente de duas camas. Hermione deu risada, se sentando na terceira cama, enquanto Rony sentava na cama oposta, a sua frente.

—Então… — ela murmurou — nós temos que … falar sobre isso?

Rony se esforçou ao máximo para não corar.

—Acho que não… Quero dizer, sim… Quero dizer… Eu não sei.

Hermione riu, e desviou o olhar.

—Bom saber que seu não sou a única nervosa aqui.

Rony riu também, e percebeu quando a garota virou-se para encarar a dupla deitada na cama, já sem sapatos e sem capa.

—Eles são muito bonitos — ela murmurou sem perceber.

Rony, que estava ainda olhando para ela, voltou seu olhar na mesma direção da garota, sorrindo suavemente.

—São. É estranho.

Ela voltou a olhar para ele, rindo pelo nariz.

—Nem me fale… — ela sorriu, tendo uma idéia — Deixa eu tentar uma coisa.

Ela se virou de volta para os garotos, e exclamou com uma voz forte.

—Hugo Weasley, não deixe sua capa no chão do quarto.

O menino murmurou alguma coisa muito baixa para eles ouvirem, mas ele levantou da cama, recolhendo a capa e colocando ela na cama. Hermione riu silenciosamente.

—Minha mãe costuma usar esse tom comigo quando ela quer que eu faça algo. — explicou a garota — Sempre quis saber se eu conseguia fazer isso.

Rony sorriu.

—Não é como se você não tivesse tido muito treinamento. Quero dizer, você as vezes age como uma mãe com Harry e comigo…— Ele parou de falar ao ver as sobrancelhas levantadas da menina —… Não que eu te veja como minha mãe!

Ela riu pelo nariz, e mais uma vez, olhou para a dupla deitada por cima do ombro.

—Eu espero que não… — ela murmurou, antes de perceber o que ela falava — Quero dizer…

Rony interrompeu ela.

—Acho que nós dois deveríamos dormir. Aliás, — ele completou, aumentando o tom de voz — acho que está na hora de nós quatro dormimos.

—Vocês não são nossos pais ainda — respondeu Rose, apesar de estar entrando embaixo das cobertas.

Hermione e Rony se entreolharam e deram risada, antes de imitarem os garotos e deitarem e suas devidas camas.

Assim que os Potter entraram no quarto, porém, eles encontraram um problema: 5 camas e 7 pessoas.

—Por que nosso quarto é sempre o mais cheio? — reclamou Alvo

James deu risada.

—Por que seus pais resolveram ter três crianças ao invés de uma ou duas que nem os amigos deles.

Harry e Gina coraram, e Harry jogou o travesseiro da própria cama na cara do pai, dando risada.

—Hey! — exclamou o animago

Harry deu de ombros, rindo.

—Eu acho que… — Gina começou — Bom, acho que eu e Harry poderíamos dividir uma cama, então nós vamos ter 4 camas e 5 pessoas, tudo que precisamos é algum dos irmãos dividirem a cama…Ou James e Lilian.

O casal do passado, corou levemente, e embora James sorrisse com a ideia, Lilian cruzou os braços sobre o peito.

—Eu acho que posso dividir a cama com um dos meus irmãos… — murmurou Lilian Luna, olhando para os garotos do seu lado.

Lilian Evans respirou fundo.

—Não — ela disse antes que seu bom senso calasse sua boca — Se nós vamos fazer isso, nós vamos fazer que nem esperado. Além do mais, eu tenho uma irmã mais velha, e se eu fosse dividir uma cama com ela, eu enlouqueceria… mas talvez isso seja pelo fato dela ser petúnia, mas enfim.

James arregalou as sobrancelhas.

—Isso não significa, Potter — ela continuou ameaçadoramente, olhando para James — que se você encostar um dedo em mim, eu não vá fazer algo que vá impossibilitar o nascimento de Harry ali.

James empalideceu um pouco, mas seu sorriso se manteve.

—Eu não ousaria.

Ela bufou, mas não respondeu, deixando o dormitório num silêncio constrangedor.

—Bom. — disse Harry — Esse é meu quarto, então acho que eu… eu e gina vamos dormir na minha cama, vocês podem se espalhar, acho que eles não se importariam. Meu colegas de quarto, eu quero dizer. Só não destruam nada.

Ele falou a última frase olhando diretamente para Alvo e James Sirius, que pareciam muito entretidos fuçando na gaveta de Ronald. Ambos os garotos pararam instantaneamente, fechando a gaveta e pulando cada um para uma das camas a seus lados. Harry riu levemente, tirando a gravata e se jogando na própria cama.

—Boa noite — disse Lilian Luna, entrando em uma das camas.

Gina hesitou um pouco, antes de entrar em baixo das cobertas junto com Harry. Os últimos a deitarem foram James e Lilian, que pareciam estranhar cada movimento em direção a cama.

—Isso é outro nível de estranho — murmurou Lilian, finalmente deitando de um lado da cama.

James riu.

—E o que não é? Nessa noite, eu vivenciei com certeza as coisas mais estranhas da minha vida.

Lilian riu de leve.

—E olha que você divide um quarto com Sirius Black.

James soltou uma gargalhada, antes de deitar de costas para a ruiva.

—Boa noite Lilian.

Ela suspirou.

—Boa noite Potter.