Templários, os monges guerreiros escrita por Arthur Azevedo


Capítulo 2
Em defesa dos peregrinos




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No fim do século 12, a cruz vermelha dos templários estava estampada em toda a faixa que vai da Europa a Jerusalém. Os cavaleiros eram influentes em Londres (Temple é nome de um bairro central da cidade), mantinham uma fortaleza dentro de Paris (a rue du Temple marca o local até hoje), lutavam ao lado de portugueses e espanhóis pela reconquista da península Ibérica, controlavam a ilha de Chipre, possuíam fortalezas no Oriente Médio e tinham acesso irrestrito ao local onde teria existido o Templo de Salomão, em Jerusalém. Poderosos politicamente, eram muito ricos e suas façanhas militares encantavam a cristandade. Saladino foi derrotado numa segunda batalha após Montgisard. Pouco mais de 100 anos depois, o grão-mestre templário Jacques de Molay ardia em uma fogueira, sobre uma ilha do rio Sena. A ordem desapareceu de forma tão rápida e surpreendente quanto havia surgido e crescido. Em 1095, um grupo de nobres respondeu ao apelo do papa Urbano 2º para retomar Jerusalém, ocupada por muçulmanos desde o século 7. Com o sucesso da 1ª Cruzada, surgiu o Reino Latino de Jerusalém, uma ilha cristã que ia de Beirute a Gaza, cercada por inimigos religiosos de todos os lados. Em 1119, para garantir a segurança da cidade, 9 cavaleiros, sob o comando do francês Hugo de Payns, receberam de Balduíno 2º, o rei do novo território, permissão para ocupar uma ala da Mesquita Al-Aqsa, considerada o local do Templo de Salomão - daí o nome da organização que fundaram, Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. O objetivo era defender os peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém. Por 10 anos, até o reconhecimento oficial da Igreja, em 1129, não há registro de atividade militar ou de defesa de peregrinos. Sabe-se apenas que passaram esse tempo escavando no templo. Foi quando lendas a respeito de relíquias encontradas ali se multiplicaram. Sim, eles encontraram peças e documentos valiosos - a abadia francesa de Clairvaux foi erguida só para estudar pergaminhos desenterrados. Também acharam algo que, diziam, era um pedaço da cruz de Cristo, depois levado às batalhas como amuleto.

É certo que, até o reconhecimento papal, após o Concílio de Troyes, eles treinaram e definiram seu código de conduta. Escrito por são Bernardo, sobrinho de um dos fundadores da ordem, o Livro de Regras estabelecia 72 normas. Por exemplo, que o dormitório deveria estar "iluminado até de manhã" e que tinham de dormir "vestidos com camisa e calções e sapatos e cinto" - a fim de garantir prontidão e, claro, barrar contatos físicos homossexuais. A compilação combinava regras religiosas e militares: "As necessidades (de Jerusalém) são cavaleiros que combatam, não monges que cantem e se lamentem". As normas de alimentação afirmavam que "comer carne corrompe o corpo", mas liberavam o consumo 3 vezes por semana para fortalecer os soldados. Além de orações, os 10% dos integrantes da ordem que eram cavaleiros mantinham o hábito de correr, exercitar-se levantando pedras e praticar com espadas de madeira (os outros 90% eram padres, administradores, soldados de infantaria e serviçais). Depois de cada confronto, o caráter religioso vinha à tona. No campo de batalha, os templários se ajoelhavam, apoiados em suas espadas, para rezar e agradecer a Deus pela vitória.


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