Do I Wanna Know? escrita por Miss Ann


Capítulo 4
Capítulo 4.




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Sakura.

Ela o tinha visto por entre seus olhos entreabertos, cerrados por causa de fuligem. Sentiu a felicidade preenchê-la à medida que sua consciência se esvanecia. Não queria desmaiar. Queria apenas voltar a si e afagar os cabelos dele e dizer que tudo estava bem e que ele não precisava chorar, mas não tinha forças para isso. Respirar era difícil, seco e arranhava toda a mucosa da garganta. Seus olhos estavam secos e ela já não conseguia enxergar muito bem. Os músculos do seu corpo doíam por ter levado a garotinha em suas costas. Queria saber se elas estavam bem! Fechou os olhos e descansou, enquanto sentia Kagami deitar sobre seu peito.

*

A luz forte fez seus olhos arderem quando os entreabriu. O cheiro de álcool ardia em suas narinas, mas era bem melhor que a fuligem. Piscou algumas vezes, tentando se acostumar com a intensidade branca e para que as lágrimas de seus olhos diminuíssem — seus olhos estavam irritados pela fuligem. Um respirador tinha sido colocado para ela e era incômodo a máscara de oxigênio, mas era possível relevar. Sentou-se com dificuldade na beira da cama e surpreendeu-se ao encontrar alguém deitado ali. Por estar sem os óculos, não reconheceu imediatamente, mas à medida que forçou sua visão, conseguiu enxergar os fios de cabelo jogados e a pele bonita.
— Kise-san. - murmurou, a voz roufenha. O rapaz, que dormia, começou a acordar devido a movimentação que ela fazia e, quando percebeu Sakura desperta, ficou em pé rápido. — Acalme-se.
— Preciso avisar ao médico e ao Kagamicchi! - exclamou, antes de sair do quarto e voltar três segundos depois. — Você está bem? O que eu digo para ele? - ela sorriu com a ansiedade do loiro.
— Preciso de água. - pediu. A garganta estava incomodando demais. Quando recebeu a garrafa, virou seu conteúdo desajeitadamente e praticamente esvaziou seu conteúdo enquanto Kise chamava o médico. O senhor que foi atendê-la foi bastante carismático e fez todas as verificações adequadas, concluindo que ela estava bem e só precisava descansar. Assim, depois de algumas recomendações, saiu do quarto, deixando-os a sós.
— Tem certeza que está bem? - questionou o loiro, fitando os olhos dela.
— Quase como nova. - tamborilou os dedos sobre a garrafa de plástico. — Por que está aqui, Kise-san? - ele enrubesceu e Sakura guardou um suspiro para si.
— Kagamicchi precisava descansar. Ele estava aqui há horas com você e tinha trabalhado um plantão inteiro e Aominecchi está junto aos policiais e bombeiros para averiguação do caso.
— Ele te pediu que viesse aqui?
— Não. - comentou o loiro. — Eu vim aqui encontrar com Misaki-chan e ela me contou o ocorrido, então me ofereci para ficar enquanto Kagami ao menos ia para casa tomar um banho e se trocar.
— E você fez isso por que? - as perguntas de Sakura não eram apenas curiosas: tinha um quê de malícia que estava deixando Kise um pouco desconfortável. Era aquele tipo de malícia que o faria confessar algo que não queria, mas bastou encontrar o olhar dela para saber que Sakura entendia tudo que ele não estava dizendo em palavras. Assim, resolveu abrir o jogo com ela.
— Conversei com Kagamicchi sobre você. - ele entrelaçou os dedos sobre o colo e olhou para o chão. — Eu queria saber o que você era para o Aominecchi...
— E?
— E descobri que Kagamicchi te ama para caralho e que Aominecchi... Bem...
— Que ele trocaria tudo para ficar com você? Que ele chegou ao fundo do poço quando descobriu que você iria casar e que cavou ainda mais quando você deixou claro que estava em dúvida, mesmo depois dele tomar coragem e se declarar para você? - não havia qualquer tom de repúdio na voz de Sakura, mas Kise se sentiu bastante mal. — Olha, eu sei que Dai-chan e eu parecemos ser algo mais... E talvez fôssemos se não tivéssemos outras pessoas a quem desejamos, Kise-san. Só que eu amo tanto o Taiga-kun que chega a não fazer sentido! Ele me dispensou com uma carta e dois anos depois, ainda dói lembrar disso! Ele foi o único cara com quem eu quis me casar, ter três filhos, uma casa de dois andares com cerca branca. Então, por favor, pare de tentar justificar o seu medo por um ciúme infundado porque Dai-chan está esperando uma resposta. - acariciou os cabelos de Kise, vendo-o chorar silenciosamente. — Dai-chan te ama tanto que ele aceitou ser sair de sua casa sem qualquer argumento apenas para deixar você fazer uma escolha que seja somente sua. - ele assentiu com a cabeça.
— O que eu faço, Yukino-san?
— Escolha o caminho que te levará a ser feliz. Só isso será suficiente. - disse, carinhosamente e Kise compreendeu porque todos desprendiam tantos elogios a garota. Ela tinha algum tipo de sabedoria aquém de sua idade e passava isso com uma delicadeza maternal, ainda que fosse firme em suas palavras. Ela abriu os braços para ele e Kise gostou do calor que ela oferecia porque era reconfortante.
— Que bom que está acordada. - a voz grave retumbou nos ouvidos de Sakura e arrepiou todos os pelos em seu corpo. Olhou para porta, avistando o corpo alto, forte e o rosto másculo a que tanto admirara. Viu os lábios finos apertados numa linha, as olheiras sob os olhos vermelhos e opacos. — Como está?
— Eu vou deixá-los a sós. - murmurou Kise e se despediu de Sakura com um toque afável na mão dela. Quando o caminho do loiro cruzou com o do ruivo, Kagami se inclinou para Kise murmurando algo em seu ouvido e recebendo uma aquiescência. Assim que ficaram sozinhos, Kagami fechou a porta e caminhou até a cadeira ao lado da cama.
— Estou bem. - murmurou ela, enrubescida por estar tão destratada quando podia, enquanto ele cheirava a sabonete.
— Você dormiu por quinze horas. Ficamos preocupados porque as outras garotas acordaram antes.
— Como elas estão?
— Num quadro estável e bom. Logo menos, serão dispensadas. - o olhar dele repouso sobre o dela e Sakura percebeu o quanto sentia falta daquele jeito que ele tinha de olhá-la como se ela fosse única.
— Você precisa ir para casa descansar, Kagami-san, sua cara está horrível. Não precisa se preocupar comigo. - murmurou, pousando os dedos sobre as olheiras dele.
— Sinto falta de quando me chama de Taiga-kun. - replicou, apoiando a mão sobre a dela. — E como não me preocupar com a pessoa que mais amo?
— Kagami-san...
— Eu ouvi o que você disse a Kise, Sakura. - ela sentiu o sorriso dele se formar. — Terminar com você, principalmente daquele jeito, foi a coisa mais idiota que eu fiz na minha vida, sabia? Mas eu queria que você se pusesse no meu lugar: como uma garota tão linda, incrível e famosa por ser uma jogadora de basquete excepcional iria querer ficar comigo, um padeiro pobre e que vivia uma vida pacata e parada? - Sakura sorriu e pousou a outra mão no rosto dele também.
— Se você soubesse o quanto eu odeio o fato de você não enxergar o que eu enxergo. - alisou as rugas que o sorriso dele formava. — Não é só o seu corpo e nem esse seu sorriso sacana que me enlouquecem, Taiga-kun. São esses cabelos vermelhos que eu gosto de bagunçar; esses olhos que fazem com que eu me sinta a mulher mais linda do Universo, mesmo não sendo. Sâo esses braços que, quando me envolvem, fazem com que eu esqueça o restante do mundo. É o seu cheiro, seu beijo, o gosto da sua pele. - suspirou por um momento. — Foi seu carinho, amor e sua amizade que me fizeram amá-lo a cada instante. E você desprezou tudo isso, se limitando a achar que apenas sua conta bancária valia a pena para mim? Não sabe como me magoou.
— Estou disposto a fazê-la me perdoar se me deixar tentar.
— Eu não vou. - Kagami sustentou o olhar impávido e assentiu, mencionando ficar em pé. Se afastou até a porta e deu os primeiros passos no corredor, sentindo seu coração doer profusamente a cada centímetro que se distanciava. Mas não aguentou: deu meia volta, entrando de súbito na sala, observando o sorriso aberto de Sakura. — Eu estava contando que sua teimosia não iria deixá-lo ir embora sem tentar.
— Acho que você me conhece melhor do que eu. - se aproximou da cama e segurou o rosto dela, olhando-a por um segundo, antes de juntarem suas bocas num beijo cheio de saudade e carinho. Sakura gemeu baixinho ao sentir a forma intensa com que ele beijava e como ele fazia falta! Seu coração batia descontrolado em seu peito e ela só queria que Kagami continuasse e continuasse até que o ar lhe faltasse para que apenas continuassem a se beijar. — Como senti falta dessa boca e desse beijo! - murmurou assim que se separaram. — Puta merda, Sakura, eu te amo como nunca amei ninguém antes, então não me expulse da sua vida. Deixe que eu fique, por favor! - disse entre estalinhos.
— Se estiver disposto a não ir embora de novo, então pode ficar. - o nariz dele roçava o dela, as respirações se misturando e Sakura sentia seus olhos marejando. — Eu te amo demais. - sentiu o abraço dele cobri-la assim como seus lábios.
Sentiam-se felizes. Mais do que isso: sentiam-se completos.


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Notas finais do capítulo

Mais dois capítulo ou um capítulo e um epílogo! :3



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