A noite parecia sombria demais para o horário, ou era somente eu que estava nervosa com a bebêzinha que carregava no banco traseiro do carro. A verdade é que nunca me imaginei como tia, nem na vida humana e muito menos na vida de vampira, e apesar de ter acompanhado a gravidez da Hayley, ainda sentia como se tivesse sido ontem que Elijah chegou para mim contando que Nick teria um filho. Perdida em meus pensamentos, acelerei um pouco o motor do carro, para segundos depois ouvir um chorinho leve de minha sobrinha, - como me senti bem a chamando assim: "minha sobrinha"-, virei meu olhar em sua direção, e lá estava ela, mexendo os bracinhos e com uma expressão chorosa.

-O que foi, hein? Já estamos chegando... Tia Bex preparou um cantinho muito lindo para morarmos.

Ela me ouvia, parecendo que realmente entendia o que eu estava dizendo, mesmo tendo apenas um dia de vida.

- Tudo se pode esperar de uma Mikaelson.

Murmurei confiante, virando-me em seguida para a direção do carro. Cuidar de um bebê pra mim era muito novo, pois por ser a filha mais nova, nunca tive que cuidar de nenhum bebê, já que a diferença de idade entre meu irmão mais novo e eu era bem pouca. Lembro-me que ficávamos a maior parte do tempo brincando, e às vezes nos metíamos em travessuras juntos também. Distraio-me com meus pensamentos, apesar de se já ter passado muito tempo, ainda sentia a falta de meu irmãozinho, talvez se ele estivesse aqui tudo seria diferente...

Já estávamos próxima de nossa nova casa, na verdade era quase uma cabana, algo bem pequeno e delicado.

-Vamos ter bons momentos juntos, little Hope.

Falo, virando-me para ela, enquanto desligava o motor do carro. Abro a porta do carro e me dirijo à porta do passageiro, tirando Hope –que estava numa cestinha aconchegante- e andando em direção à pequena casa. Precisava organizar essa nova casa, começando com as coisas de Hope, ela não poderia ficar numa cestinha por muito tempo.

Ao abrir a porta, me assustei com o que vi. Apesar de sua parte externa não ser muito bonita, por dentro ela estava bem mobiliada com sofá, TV, som, e mais coisas normais de se ter numa sala.

-Pois é Hope, não estamos tão mal assim, não é?

Falo em tom brincalhão, tirando a bebê da cestinha, para caminharmos em direção ao quarto.

Ao abrir a porta de um dos quartos, fiquei deslumbrada com o que Nick tinha feito: o quartinho de Hope estava decorado quase da mesma maneira que estava em nosso lar, os detalhes rosa e a madeira escura combinavam com a parede, que tinha combinações de rosa e marrom, exceto uma (que ficavam os brinquedos) que tinha um tom mais claro de rosa, sem nenhuma decoração como as outras. Em cima do criado-mudo havia um papel dobrado, estiquei meu braço livre, a fim de abri-lo:

Little sistah:

Espero que tenha chego quando tudo já esteja pronto, pois tenho certeza que não gostaria de ver a desordem que se encontrava essa casa. Antes que você pense algo ruim, eu não a roubei e muito menos matei o dono, essa casa já estava abandonada a muito tempo, e como está dentro de mata fechada, não achei que houvesse problema em vocês se hospedarem aí. Tentei fazer tudo para que você e minha filha ficassem bem, com a ajuda de Eiljah e Hayley, decidimos tudo que haveria necessidade de se ter aí. A parede em tom claro no quarto de Hope é para desenhos, não sei quanto tempo iremos ficar longe, e sei que minha bebê tem os genes na arte, e dessa forma poderia acompanhá-la através de seus desenhos. Dê um beijo nela por mim, em um futuro breve estarei aí para vê-la e ver você também.

Ao terminar de ler a carta, percebi o quanto Nick havia mudado com a paternidade, tudo isso que havia feito por nós, me deixou parte emocionada. Nosso pai não havia sido um bom pai para nenhum de nós, e acho que esse era um dos motivos pelo qual Nick queria estar sempre presente na vida de Hope, sendo exatamente o que ele queria que nosso pai fosse.

-É Hope, seu papai fez tudo isso pra você!

Olho para ela com um sorriso bobo nos lábios, olhando novamente a decoração daquele quarto. Era um lugar lindo, mas me sentiria ainda mais feliz se estivéssemos todos juntos, sem meus pais terem voltado da morte para punir-nos, tentando matar Hope.

1 ano depois

POV Rebekah

Hoje começava minha estação preferida, a primavera. E pelo que conhecia de Hope, era a estação preferida dela também. Nosso primeiro ano juntas havia sido ótimos, e agora finalmente, voltaríamos para nossa casa.

Hope estava se tornando uma menina linda e inteligente. Já falava algumas palavras e engatinhava pela casa. Sua alimentação era em sua maioria sangue, mas ela aceitava comida humana também, por sua parte lobo/bruxa. Como meus dotes culinários não eram nada satisfatórios, eram raras as vezes que ela se alimentava de refeições humanas. A cada dia que passava, Hope se tornava mais parecida com Nik, seus cabelos em tom castanho médio já batiam um pouco abaixo do ombro, e seus olhos castanhos claro lembravam o de sua mãe. Em sua maior parte do tempo, era um bebê calmo e observador, não dava mais trabalho do que um bebê de sua idade deveria dar.

Mesmo tendo minha sobrinha comigo, sentia falta dos meus irmãos, de minha casa, de Hayley. Por mais que ocasionalmente vinham nos visitar, as vezes me sentia sozinha, principalmente quando Hope era um bebezinho que dormia o tempo todo. Daqui 2 dias fará um ano, e iremos comemorar voltando para nosso lar, pra finalmente viver como uma família.

Meus irmãos, junto com Hayley, Marcel e Davina, haviam derrotado meus pais, que dessa vez pareciam realmente ter morrido, então agora Hope estaria segura em Nova Orleans, ou pelo menos com o máximo de segurança que nossa família poderia ficar. Enquanto organizava nossas malas com as coisas que iríamos levar, ouço meu celular tocar, me fazendo procurá-lo em meio à bagunça de roupas que eu mesma havia feito. Como esperava, era meu irmão Nik.

-Hey Nik!

Falei um pouco entusiasmada demais.

-Bekah! Como estão as coisas por aí?

Nik soava feliz também, eram poucas as vezes que via ele assim, e na maioria das vezes era quando estava com Hope.

-Estão ótimas. Hope está dormindo aqui ao meu lado, e nossas malas já estão prontas. Está a caminho?

Assim que termino de falar, ouço o barulho do motor em frente à casa, e sua risada baixa do outro lado do telefone.

-Já estou aqui, love.

***

Após termos colocado todas as malas no carro, fazendo o máximo de silêncio para não atrapalhar o sono de Hope, caminhávamos finalmente para nosso lar, onde havia passado os melhores anos de minha vida.

Nik pediu para que eu dirigisse o carro, o que era estranho de sua parte, já que sempre gostava de estar “no controle” de tudo. Mas diante dos fatos, percebi que o que ele queria mesmo era segurar Hope em seus braços, tentando resgatar todos os momentos que passou longe da menina. Olhando pelo vidro retrovisor, podia ver suas mãos acariciando o cabelinho dela lentamente, e o sorriso bobo em seu rosto. Aquele momento era tão familiar que fiquei ali em silêncio, focando minha atenção para o voltante.

Após mais ou menos 1 hora de viagem, finalmente chegamos ao nosso lar. De longe podia ver Hayley e Elijah nos esperando na porta da mansão. Havia mais ou menos 3 meses que nos víamos, e Hayley estava diferente desde então, depois que se tornou híbrida, havia adquirido mais maturidade, e já não parecia tão inocente como daquela primeira vez que há vi, grávida e sem saber pra onde ir.

Hope já estava acordada, nesse momento brincava com sua boneca preferida no colo de Nik, com quem trocava risos e brincadeiras.

-Já chegamos Hope. Vamos que sua mamãe e seu tio estão esperando.

Hope escutava e parecia realmente entender. Mesmo sem ter passado muito tempo ao lado de sua mãe, ela já a reconhecia, e percebeu quando Hayley se aproximou do carro, abrindo a porta traseira do mesmo.

-Filha, que saudades de você.

Hayley abriu os braços para pegar uma bebê sorridente em seu colo, a abraçando forte e enchendo-a de beijos. Elijah se aproximou logo também, e ficamos todos ali, comemorando finalmente nossa vitória, podendo finalmente ficar na paz de nosso lar.