Névoa de Guerra escrita por Kuma


Capítulo 6
Os irmãos de Demacia




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Lux & Garen

O Alto Conselho de Noxus estava lotado como diziam as histórias - mas desta vez o assunto finalmente não era a aniquilação de Demacia. Este lugar me dá arrepios, Lux pensou, movendo os dedos. Como os generais noxianos aguentam frequentar o Alto Conselho como se fosse uma praça qualquer? Onde quer que olhasse, Lux só via soldados e pessoas em armaduras que talvez só estivessem lá pra enfeitar. Uma menininha de cabelos rosados e vestido vermelho saltitava para todos os lados com um ursinho nos braços. Perdida? Lux se virou para seu irmão.

– Garen, acho que aquela menina está perdida de seus pais.

Ele riu, cruzando os braços.

– Que pai traria a filha a este lugar? Aquela deve ser a menina super dotada de que ouvi falar. - ele tossiu. O ar em Noxus era estranhamente carregado. - Não é ingênua como pensa, Lux. Ela deve ser talvez até melhor maga que você.

– Pois eu duvido! - Lux retrucou, sentindo o rosto esquentar. Garen pareceu se interessar muito pouco no assunto, pois deixou sua irmã para falar com um homem num capuz roxo. Aquele é o juramentado aos Du Couteau. Que cara sinistro. Lux ouvira diversos rumores sobre Talon, o principal aliado da casa mais poderosa de Noxus. Dizem que seus inimigos morrem por suas mãos sem nem saber como, pensou, aflita. Não é um homem que quero ter como rival.

– É o Grande Mestre das Armas. - Lux ouviu Talon dizer, com sua voz calma de sempre. Ele agitava os pés de vez em quando. - Ele foi convocado para uma audiência hoje. Acho que vão censurá-lo.

– É, ouvi falar. Ele é invicto. - Garen completou, respirando fundo. Fez uma careta e interrompeu a respiração. O ar é pesado. - Bem, acho que fazem o certo. O que pensariam da Liga se algum soldado invicto e de identidade duvidosa começasse a fazer sucesso? Todo tipo de conspiração surge disso.

Com uma reverência, Garen caminhou para longe de Talon, pensando na conversa. "Acho que vão censurá-lo". Você nunca 'acha'. Você sabe que vão censurá-lo, pois ouviu alguém importante dizer isso. A cada passo, mais ele tinha certeza de que não falaria muito na sua estadia em Noxus. Olhos e ouvidos por toda parte. Até onde ela dizia a verdade?

Katarina ocupara muito sua mente nos últimos dias, verdade seja dita. Desde que Garen saíra ileso a uma tentativa de assassinato por parte da mesma, frequentemente pensava nela. Devo considerá-la um perigo? Oras, ela disse que queria me matar. Mas naquele dia, eram vários soldados no meu acampamento contra somente ela. Será que...

Os sinos tocaram, solenes e sombrios. A audiência. Garen caminhou a passos largos para onde uma multidão se aglomerava.

No Salão de Julgamentos, uma grande bancada de mogno separava o réu do júri, que por sua vez tinha outra bancada para se separar da multidão. Numa cadeira ornamentada e solitária no meio daquele círculo vazio, o Grande Mestre das Armas aguardava seu julgamento, agitando seus estranhos pés roxos. Garen não podia desgrudar os olhos da face do réu, que era um mistério para muitos: aquelas seis luzes azuis, que pulsavam muito levemente sobre a superfície escura, eram uma máscara ou ele de fato tinha vários olhos?

Garen notou uma moça de cabelos loiros um pouco à sua frente. Lux. Chamou-a, e sorriu ao ver sua irmã.

–Bastante gente, não? - Lux disse, segurando o irmão no braço direito. - Acho tão melancólico esse espaço enorme com só uma cadeira no meio.

– Há um significado ancestral para isso. - Garen disse, olhando para o teto abobadado, que tinha várias pinturas de batalhas e deuses. Lux notou que o irmão estava pensativo.

– Qual o significado, meu irmão? - ela disse, observando as pinturas também. Algumas pessoas que os viram encarando o teto começaram a olhar as gravuras espantados, como se somente agora soubessem que havia um teto lá.

– A única companhia do réu deve ser seus deuses. - Garen respondeu, tornando a olhar para o júri. O grupo só escrevia coisas com penas o tempo todo. O Grande Mestre das Armas passou a mover todos os três dedos roxos de suas mãos com ansiedade. Então uma voz firme preencheu o Salão de Julgamento com um berro de Ordem no tribunal.

A voz provou ser de Heyward Relivash, o novo Alto Conselheiro da Liga. Ashram era bem melhor, Lux pensou, amarga. Esse novo conselheiro não impõe respeito. Isso pode ser bem ruim. O Alto Conselheiro sentou-se no trono, bastante erguido à frente da cadeira do réu, que perto da mordomia de Relivash, parecia só um banquinho feito de palha.

– Soldado número 42, ou Jax, auto-entitulado Grande Mestre das Armas. - Heyward Relivash começou, lendo um pergaminho ornamentado. - Invicto em todas as suas duas dezenas de batalhas. Números impressionantes, soldado. - Deu uma pausa, mas antes que o réu pudesse dizer algo, ele continuou. - Porém, insensatos. A Liga é uma entidade basicamente privada, que precisa de apoio dos governos de todas as metrópoles para se manter. O surgimento de uma máquina de matar pode nos trazer grandes prejuízos, principalmente na nossa imagem.

– Uma organização que monta guerras não devia ter boa imagem. - disse Jax, sem erguer a voz.

– Não, não devia. - Relivash continuou, deixando um sorriso transparecer. - Mas somos confiados a montar batalhas que deixem a população civil ilesa. Nossas arenas se provaram um sucesso, principalmente Summoners Rift. Mas e se de repente um só soldado, uma só pessoa vencesse todas essas batalhas? Pensarão que estamos criando uma máquina de guerra, que temos planos para tomar algum governo. Nossa neutralidade está em jogo, Jax.

– Que tipo de sanções pretende impor a mim, Alto Conselheiro? - O réu indagou, sem nenhuma fúria ou insolência na voz, mas Heyward Relivash ficou vermelho mesmo assim. Ele é previsível e sabe disso, Lux pensou, observando o Alto Conselheiro. Um homem impaciente no comando de uma organização emergente. Não vejo como isto pode dar certo.

– És também acusado por várias conspirações, Grande Mestre das Armas. - Um homem encapuzado do júri comentou, apontando para o réu sua pena, que pingava com tinta negra. - Os populares o culpam pelo sumiço de Reginald Ashram.

Pela primeira vez Jax deu sinal de emoções, relaxando os ombros e virando a cabeça como uma pessoa que estava farta de tudo aquilo. Lux riu.

– Diga a esses populares que se não fosse por eu em Summoners Rift, eles estariam erguendo machados em vez de ancinhos. - O Grande Mestre das Armas comentou, com uma voz irritada.

Uma ampla discussão começou entre o júri, Relivash e alguns soldados que assistiam a audiência. Correndo os olhos pela multidão, Garen viu uma mulher de longos cabelos rosados em um vestido formal discutindo avidamente com o general Darius. É Katarina. Sentiu sua pulsação subir e olhou para outra direção. Novamente fora surpreendido pelo grito de Ordem no tribunal.

– Por unanimidade, lhe impomos as seguintes sanções: - o prazer que os castigos escritos naquele pergaminho proporcionavam a Heyward Relivash ficava claro com seu olhar e seu sorriso escondido. - Armas de fogo e armas brancas estão estritamente proibidas, a não ser em casos extremos de risco de vida. Deverá lutar apenas com instrumentos escolhidos pela Liga. - fez uma pausa para tossir com dignidade. - Espátulas, cabos de vassoura, tacos de diversos esportes e postes de rua. Obviamente, só um por vez.

A multidão que acompanhava o julgamento fez enorme alarde. A grande maioria ria em voz alta, outros xingavam ou elogiavam as sanções da Liga. As grandes portas da Aceitação abriram-se novamente, revelando o céu rosado do crepúsculo e a escadaria para terra firme. O réu foi escoltado para fora, seguido por uma legião de inimigos e admiradores. Um homem ruivo com uma grande barriga, que segurava uma garrafa aberta de vinho, gritava, irado, Ninguém faz isso com meu camarada! Ninguém! Lhe tiraram a maça de guerra, é, tiraram, mas ele vai matar todo mundo mesmo com uma espátula! Lux o obervou, aflita.

– As sanções foram muito drásticas. - ela disse, unindo os dedos das duas mãos na frente da boca, como que em prece. - Quem consegue lutar com um taco de golfe?

– O que podemos tirar disso, irmã - Garen comentou, descendo depressa a escadaria e observando Talon sair por último furtivamente do Salão de Julgamento. - É que esse novo conselheiro não vai medir esforços para parecer imbatível. Sanções e julgamentos ainda mais absurdos estão por vir, guarde o que digo.

Lux assentiu com a cabeça, triste. Olhou para o céu rosado, vendo algumas estrelas começando a aparecer. As palavras de seu irmão ainda ecoavam na mente. O pior está por vir.


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