Névoa de Guerra escrita por Kuma


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oficialmente minha primeira fanfic. Tipo, FANFIC mesmo. As outras são originais xD
Vamos ver no que esse meu recente vício por LoL vai dar =v=



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As ruas de Noxus eram um fervoroso labirinto. Os dois meninos corriam, descalços e destemidos, sobre ruas de terra e pedras. Os ladrilhos só estavam nas áreas mais nobres e anciãs, eles sabiam bem. O mais velho corria mais depressa, o que deixava o menor inquieto. O maior driblou com destreza um idoso carrancudo que carregava seu lento carrinho de especiarias. O menor o desviou com igual habilidade, soltando um xingamento ao tropeçar numa pedra que havia sido colocada lá pelo seu irmão mais velho, justamente para retardar a corrida do mais novo. O maior fazia tais coisas com frequência, nem sempre em brincadeiras como aquelas. É um preparo, ele costumava dizer com sua admirável voz pré-adolescente. O mundo vai querer te fazer tropeçar quando estiver quase ganhando a corrida. Saiba disso.O mais novo só achava aquilo um pretexto para as trapaças.

Os garotos faziam aquele mesmo percurso entre as ruelas suburbanas quase todo dia; embora chamassem a corrida de "brincadeira", era na verdade o árduo caminho que o mais velho tinha de percorrer diariamente para chegar ao Mestre de Armas. O maior era um escudeiro, e usava o pouco dinheiro que recebia para garantir a miserável vida que mantinham. O menor sabia daquilo, e era o que ele mais admirava e repudiava no seu irmão. Tem que aproveitar a juventude, ele pensava. Os caras da idade dele andam por aí com garotas e comprando brigas. Eu faria o mesmo. O mais novo estava ansioso para ser um homem feito. Iria finalmente sair de baixo das asas do irmão e seria muito mais que um escudeiro: um grande homem do exército, como todo noxiano quer ser. Seus feitos seriam conhecidos no mundo todo, e seu irmão o invejaria. Um dia, um dia.

Após alguns minutos, um casebre de pedra cercado por uma pequena multidão de cavaleiros e pajens emergiu na poeira noxiana. O povo de Noxus nascia e crescia pro campo de batalha, e por isso os chamados "covardes" que preferiam sacolas de ouro a machados acabavam sendo os mais avantajados. São é espertos em vender e produzir o que todo mundo usa, seu irmão mais velho disse certa vez. Mais da metade de Noxus não sabe ler. Quem sabe eu largue as armas e abra uma escola, tenho certeza de que fico rico. Mas o maior nunca deu continuidade àquela ideia, e preferiu comprar um velho e usado livro básico de alfabetização, com páginas amarelas como os dentes do Mestre de Armas, para ambos saberem ao menos escrever os próprios nomes.

Dentro do casebre, o Mestre chamou pelo mais velho assim que o viu se aproximar da esguia porta de carvalho. Aquele era um homem velho e desgostoso, que perdeu quase todos os parentes nas guerras contra Demacia e agora servia como cavaleiro para um lorde qualquer. No largo tempo livre que tinha, administrava uma academia de guerra, e o irmão mais velho era seu escudeiro; quando o Mestre estava ausente, o garoto cuidava do local. O jovem resmungou alguma coisa com o velho e sinalizou para que seu irmãozinho entrasse.

Assistir aos treinos era sempre um passatempo divertido para o menor, pois eram sempre exercícios diversificados. Ele observava os movimentos energéticos e os pequenos músculos juvenis de seu irmão mais velho, que eram um pesado contraste com a aparência velha e astuta do Mestre de Armas, que tinha uma barriga um tanto quanto saliente, além de quase nenhum cabelo na cabeça. Sua longa barba cinza, mal feita e toda salpicada de branco, balançava junto com os frequentes movimentos de esquiva do velho. O jovem escudeiro mostrou notável talento com machados e foices, então era muito raro o uso de espadas por parte do jovem.

Após um tempo que o menor não se importou em calcular, mestre e escudeiro terminaram o pesado treino. O irmão menor riu da aparência do mais velho, que estava suado como um porco, e tinha os cabelos negros todos grudados no rosto, além de uma quase-franja formada pelos bruscos movimentos da luta. Bebeu uma caneca de água enquanto respirava intensamente, e o mais novo veio para ajudar a tirar a armadura.

"Parece pesado." Disse enquanto tirava uma peça dos ombros do irmão maior.

"Se você está com isso nas mãos, devia saber se é ou não pesado." O maior retrucou, sempre rígido. O menor franziu o cenho.

"Não tô falando dessa parte em particular, tô falando da armadura toda." Ele respondeu, dobrando uma desbotada capa vermelha que era demasiada grande para o escudeiro. "Fazer aqueles movimentos com a lança usando esse chumbo, eu não conseguiria."

"Tem mais gordura do que músculos, claro que não conseguiria." O mais velho disse, apertando levemente a bochecha esquerda do mais novo, que logo exibiu irritação com aquele toque. "E mais, aquilo não é uma lança, é um machado."

"Lança, machado, faca de manteiga, tanto faz" O menor retrucou, impaciente. Ele era uma criança teimosa, violenta e inteligente, uma pequenina existência intrigante que o mais velho estava muito disposto a sustentar. O escudeiro sorriu e tirou uma proeminente mecha branca que ainda estava colada ao rosto e secou o suor facial na capa vermelha. "Que nojo", o menor reclamou.

"Ei, Draven." O maior disse, encarando os travessos olhos verdes do irmão. "Recebi moedas a mais hoje, dá pra compramos um lanche na volta."

O pequeno pigarreou. "Mal posso esperar pra começar a conseguir meu próprio ouro." Ele disse, acompanhando o irmão, que ria enquanto começava a cansativa volta pra aquele cubículo que chamavam de lar. "Ah sim... Draven, O Rico. Draven, O Mestre do Ouro. Terei tantas casas que Runeterra inteira será minha propriedade. As donzelas cantarão sobre como o menino pobre saiu da sombra do malvado Darius e alcançou a riqueza na base da porrada."

"É mesmo!" Darius brincou, fingindo estar se lembrando de algo há muito esquecido. "Eu sou muito malvado, até me esqueci disso. Obrigado por me lembrar. Sem lanche pra você hoje." Draven berrou um xingamento, e a poeira de Noxus escondeu o crepúsculo enquanto Darius e Draven faziam seu caminho para alguma barraca lotada e com cheiro de carne no subúrbio.


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Notas finais do capítulo

O negócio é ouvir Pentakill durante toda a escrita.



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