Beautiful and Dangerous escrita por Rory Gilmore


Capítulo 40
39. Um Último Adeus


Notas iniciais do capítulo

Quando você não quer dizer adeus, você adia e diz novamente... Até que uma hora seja definitivo.



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Na semana que se seguiu ao término uma sensação de luto acompanhou Lila pelos corredores dos prédios da universidade que agora pareciam estar vazios sem que Macon Ravenwood os ocupasse. Ela ouvira Marian dizer a palavra "fossa" repetidas vezes durante aquele período, mas nem por um momento ela conseguiu fazer com que a palavra tivesse significância para o momento que enfrentava.

Era engraçado o quanto ela se pegava precisando de uma pessoa que até pouco tempo atrás não conhecia. Como podia ser essencial alguém que ela na verdade nem deveria amar? Se o destino existia então o dela era uma droga.

Frequentar suas antes amadas aulas na universidade havia se tornado uma espécie de tortura. Macon era seu ponto constante na maior parte das disciplinas que ela frequentava, algumas vezes ela até mesmo conseguira convencê-lo a sentar-se nas primeira fileiras, próximo ao professor, embora ele odiasse afastar-se de seu canto no fundo da sala. Eles trocavam ideias sobre os assuntos que fascinavam à ambos e chegavam até mesmo a elaborar teses que gostariam de defender algum dia.

Sua sorte em encontrar um ao outro parecia grande demais para durar muito tempo. Os cadernos de Lila Jane enchiam-se de poemas melancólicos que ela deixava escapar de si nos momentos em que seus devaneios tornavam-se um pensamento ordenado em versos e estrofes.

Quantas coisas jamais imaginei,

Quantas coisas o tempo me trouxe porque te amei,

Um futuro incerto,

Um caminho cada vez mais correto,

Não há nada mais belo do que amar a ti,

Ou mesmo te ver sorrir,

Agora me pergunto: "por que não estais aqui?".

Encontro-me em uma escuridão sem fim,

Pois já não estais junto a mim,

Só consigo pensar que as obras do destino,

Não se fazem de modo repentino,

Eu estava destinada a te pertencer,

Mas também a te perder.

Lila Jane havia desaprendido a segurar suas lágrimas. Ao mesmo tempo em que se sentia muito tola por estar triste e chorando o tempo todo, ela não conseguia se livrar daquele sentimento arrasador que a estava matando por dentro. Algumas vezes ela se perguntava por que tinha que amá-lo tanto. Ela sentia que por Macon seria capaz de tudo, se eles pudessem encontrar uma saída, ela não hesitaria em deixar toda a sua vida para trás e talvez segui-lo até Gatlin.

Poderiam viver na quietude da velha Ravenwood, escondendo-se do mundo e partilhando da companhia um do outro. Lila daria tudo para ter a chance de viver uma vida toda ao lado dele.

Queria poder partilhar de seu companheirismo e ouvir suas brilhantes ideias sobre o mundo. Queria ouvi-lo falar sobre o mundo Conjurador e se perder em detalhes pelo resto de seus dias. Queria fazer amor com ele e dar-lhe lindos filhos. Queria ser capaz de fazê-lo rir quando estivesse chateado e nunca deixá-lo partir novamente.

Ela seria capaz de trocar seus dias pelas noites se assim pudesse ter seu Macon Ravenwood de volta. Ela verdadeiramente seria capaz de tudo.

À noite quando deixava sua cabeça cair sobre o travesseiro ela chorava até que a exaustão finalmente a arrastasse para a inconsciência e durante todo o seu sono ela sonhava com ele. Algumas vezes Macon aparecia de maneira horripilante, sua similaridade com Silas enquanto ele tirava sua vida, assustando-a até que ela despertasse, outras vezes no entanto seus sonhos eram belos e recheados lindas lembranças que misturavam-se a fantasia de seus pensamentos.

Certa manhã ao acordar de um de seus melhores sonhos ela se levantou, tomou um banho e se preparou para ir à aula, estava prestes a sair quando notou que esquecera-se de pegar seus óculos. Voltou para o quarto e parou diante do criado mudo onde deparou-se com um pequeno envelope disposto logo abaixo dos óculos.

A moça colocou a armação sob o nariz e aproximou o papel do rosto para que pudesse ler com precisão o nome que estava escrito na superfície branca. O seu nome, delineado na cuidadosa letra de Macon.

Com o coração aos pulos Lila abriu rapidamente o envelope e retirou de dentro um papel que estava dobrado em dois. Ali havia uma curta mensagem.

"Se você ainda confia um pouco em mim encontre-me em meu apartamento nesta noite. Estarei esperando por você.

– M. R.”

Os olhos azuis dela se fecharam e ela deixou que um suspiro de alegria lhe escapasse. Ela o veria novamente.

...

Dias antes de ver Jane pela última vez em muito tempo Macon Ravenwood havia ido visitar a mãe em Nova Orleans. Ele precisava desesperadamente ter a certeza de que sua amada estaria protegida longe de si. Sabia que embora apresentasse grande perigo para ela também haviam outros que poderiam machucá-la e que a moça não tinha meios para se defender dos seres Sobrenaturais.

Por essa razão sua mãe era a única que poderia ajudá-lo e assim ela o fez, como qualquer mãe que se preze faria ao ver um filho tomado por tamanho desespero.

O Arco Voltaico da família Ravenwood que estava guardado com Arelia era exatamente o Macon precisava para garantir que sua Lila Jane tivesse uma chance de se manter a salvo. Ele sabia que era raro encontrar um daqueles e que exatamente pelo teor de risco que poderiam apresentar a um Incubus como ele, as pessoas odiavam se aproximar daquelas coisas.

Entregar aquilo à Jane era como confiar sua vida à ela e, ele faria isso sem nem mesmo hesitar. Se ele não pudesse confiar nela então certamente não poderia confiar em mais ninguém.

Algumas vezes quando sua mãe falava sobre Silas, como fizera durante sua visita, ele se sentia irritado, pois não sabia como uma mulher tão boa poderia um dia ter amado um homem tão ruim. Ele tinha medo da passagem dos dias e, a cada data riscada no calendário ele se sentia mais apreensivo, com medo de ser tudo aquilo o que odiava em seu pai.

Com a aproximação da noite ele sentiu-se cada vez mais tenso. Ansiava por ver Jane novamente, por tocar seu lindo rosto e beijar seus lábios macios. Durante os últimos dias ele tinha até mesmo começado a segui-la, zelando pela segurança de sua amada.

Quando a campainha do apartamento soou Boo se levantou de imediato, latindo para a porta antes de ser repreendido pelo dono. Macon foi até a frente do prédio e deixou que Lila entrasse.

Ela usava um vestido preto com pequenas estampas em tons de vermelho, uma jaqueta jeans estava dobrada em um de seus braços e a bolsa se pendurava no ombro. Um sorriso percorreu os lábios dela assim que o viu.

– Macon. - murmurou ela.

– Olá, Jane.

Entraram no apartamento e ele gesticulou para que ela se sentasse, porém a moça o ignorou, apenas colocou suas coisas em cima da mesinha de centro e se aproximou dele.

– Você pediu que eu viesse.

– E pensei que não viria, dados os fatos. Jane, você sabe que não deveria voltar a se aproximar de mim...

Ela se aproximou e pousou ambas as mãos sobre o peito de Macon. O rapaz achava que ela podia sentir as batidas frenéticas de seu coração contra seus dedos.

– Ah, as coisas que eu não deveria fazer... - disse ela - Me mata ficar longe de você.

– A mim também. - devolveu Macon.

Por um momento ele deixou que seu auto-controle falhasse e puxou Lila Jane para si, comprimindo o corpo dela contra o seu. Seus lábios se fecharam nos dela em um beijo desesperado, depois sua língua abriu caminho até encontrar a dela. Suas mãos percorreram o corpo de Jane e as dela acariciaram o dele.

Apenas quando ele sentiu que ela ficava sem ar, afastou-se dela e tentou se recuperar de seu momento de fraqueza. Com um olhar de esguelha ele viu que Jane respirava com dificuldade, mas que, no entanto, seus olhos brilhavam e os dedos tocavam o lábio inchado.

– Eu estava pensando há alguns dias atrás sobre as coisas que queria compartilhar com você e são nesses momentos em que seu toque e seu beijo fazem a minha cabeça girar que penso que queria você fosse o meu primeiro. - murmurou a moça - O primeiro e, com sorte, também o último.

Macon franziu a testa.

– O que você está dizendo, Jane?

– Você sabe o que eu estou dizendo. Eu queria poder fazer amor com você. - ela suspirou - Mas esqueça o que eu disse, eu estava apenas pensando alto. Você sabe que eu não me importaria em nunca ter essa experiência se fosse para passar o resto da minha vida ao seu lado, Macon.

Ele bufou. Céus! Ouvir aquelas palavras vindas dela fazia com que ele pensasse no quanto também já havia desejado aquilo, ela era a única mulher com quem ele compartilharia um momento como aquele. Era a única mulher que ele imaginava acordar ao seu lado todas as manhãs. Mas aquilo nunca aconteceria, aqueles seriam momentos para ela e outro homem. Nunca para ele.

Caminhando até o outro lado da sala ele abriu a porta do armário e retirou todos os livros que estavam escondendo a caixa que ele guardara com tanto cuidado. Ele retirou o Arco Voltaico da almofada negra onde ele estava colocado e então foi até Jane, colocando o objeto em suas mãos.

– Meu único amor, eu precisava garantir a sua segurança por essa razão estou lhe dando isso, para que o use quando eu não for mais capaz de protegê-la e representar um perigo ainda maior para você. Isto é um Arco Voltaico.

Os olhos de Jane se abaixaram para os dedos abertos e ela deixou que a esfera rolasse por suas mãos, o brilho fazendo com que ela fitasse o objeto de maneira fascinada.

– Você vai precisar dele para combater a mim e a qualquer outro Incubus que tente machucá-la.

Ela balançou a cabeça.

– Eu nunca seria capaz de usar isso contra você.

– Eu sei, querida, mas você precisa. O Arco Voltaico é o único objeto capaz de conter um Incubus. Ele é uma espécie de prisão, onde os condenados como eu podem ficar pela eternidade.

Macon empurrou uma mecha de cabelo dela para trás de sua orelha e depois acariciou sua bochecha rosada. Ele imediatamente enxugou as lágrimas que ela começou a derramar.

– Por que você por algum momento pensou que eu seria capaz de prender você ai dentro?

– Porque você sabe que eu me odiaria se fizesse algo de ruim a você. Porque sabe que prefiro ser enjaulado para sempre a viver com a culpa de ser o seu assassino - Jane soluçou e ele a puxou para mais perto - Me faça uma última promessa.

– O quê? - questionou ela.

– Prometa que usará o Arco Voltaico quando for necessário.

– Macon, por favor, não me faça prometer isso. - disse ela entre lágrimas - Meu coração não vai ser capaz de me deixar usá-lo contra você. Eu te amo.

– Então prometa. - insistiu ele.

– Eu prometo.

Ela se agarrou a ele soluçando tanto que Macon sentiu seu coração se quebrar por conta do choro de sua Jane.

– Eu te amo. - sussurrou ele - Eu te amo. Eu te amo.

Abraçado a ela, Macon Ravenwood soube que o amor verdadeiro só se encontra uma vez na vida.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por todos os comentários e visualizações.
Esse foi mais um capítulo baseado nos flashbacks. Gostaria que vocês dissessem o que acharam do meu "ponto de vista" nele.
Comentários serão muito apreciados e respondidos com todo o meu carinho.



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