Eu estava andando pela festa, braços dados com a Arya, quando demos de cara com Enny e um garoto muito bonito do seu lado.
"Enny, já tá trocando o príncipe por um dos convidados?" Arya perguntou, rindo alto. Eu ri junto.
"Esse é meu irmão," Enny falou, apontando para ele.
"Prazer, irmão da Enny," eu fiz uma reverência exagerada, rindo quando me levantei.
"Prazer," ele respondeu, me olhando como se eu fosse louca.
Arya do meu lado soltou uma gargalhada e eu a acompanhei. Acho que já tínhamos bebido um pouco.
"E então, irmão, como você se chama?" Arya perguntou, se virando para ele, que parecia bem mais velho do que nós.
"Duck," ele respondeu, ainda nos olhando como se estivesse observando um estudo de laboratório.
"Sabe, Duck," falei, querendo provocar aquele jeito dele, "eu acho que vocês se parecem?"
"É?" Ele perguntou, intrigado.
"Sim, claro," falei, me aproximando dele o suficiente para deixar Enny com cara de assustada. "Consigo ver claramente que a beleza é constante na sua família," eu apontei para o seu rosto, vendo se conseguia deixá-lo desconfotável.
Por um segundo parecia que ele estava com medo de mim, afastando seu rosto o máximo possível de mim. Mas depois eu começou a rir do nada, me fazendo revirar os olhos.
Dei um passo atrás e coloquei a mão na cintura, esperando ele se recompor.
"Desculpa," ele falou, com a mão na barriga de tanto rir. "Mas você não pode sair falando essas coisas!"
"Ei, eu falei brincando, tá?" Eu tentei fazer cara de brava, mas a risada dele era tão divertida, que eu não conseguia parar de rir.
Enny olhou de mim para ele como se não fizéssemos nenhum sentido e acabou se afastando.
Arya saiu atrás dela, pulando no seus ombros alguns metros depois da gente.
"Desculpa, de verdade," Duck se virou para mim. "Mas foi engraçado."
"Era para ser engraçado," eu revirei os olhos, minhas mãos ainda na cintura.
Mas era bem difícil ficar brava com ele, seu sorriso era muito bonito, iluminava o rosto inteiro dele.
"Ei," ele falou, parando para me olhar. Suas sobrancelhas franziram e eu já sabia o que ele ia falar.
"Sim, sou eu, Abigail Neumann," falei, abrindo os braços. "Sim, eu faço aquela novela. Não, eu não fui demitida, eu quis sair."
Suas sobrancelhas continuaram juntas, seus olhos parecendo ainda mais confusos.
"Eu ia falar que você está com um tufo de pelos no cabelo," disse finalmente.
"Oi?" Perguntei, sentindo com meus dedos o cabelo.
"Aqui," ele falou, se inclinando e tirando um tufo enorme e marrom da minha trança.
"Ai meu deus, aquele macaco louco!" Soltei sem pensar.
Estava morrendo de vergonha, mas por alguma razão comecei a rir. Ele riu comigo, parecendo ainda mais confuso comigo. Eu precisava parar de ficar pagando mico na frente dele, pensei.
Mico. Tipo aquele que tinha deixado um pedaço do seu rabo no meu cabelo. A lembrança do momento que tinha acontecido segundos antes me fez soltar outra gargalhada. Estava difícil para eu respirar, porque toda vez que eu tentava explicar o que tinha me levado a rir tanto, eu lembrava do que tinha pensado e ria ainda mais alto.
"Eu acho que você precisa de um pouco de café," Duck falou uma hora e começou a me guiar para o castelo.
Quando saímos debaixo da tenda, vi com o canto dos olhos Beatriz indo com Charles para dentro de outro cômodo. Não sabia que eles podiam deixar a festa.