Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 130
Capítulo 130: POV Charles Regen




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"Você só pode estar brincando," ele deu uma risada sarcástica, que desapereceu quando ele viu a minha expressão, "Vossa Majestade."
"Eu não estou brincando," eu falei. "Tem como?"
O ferreiro revirou o sabonete em sua mão, aproximou-o de seu rosto, observando a marca da chave de perto. Nós não tínhamos com conseguir um chaveiro de verdade tão rápido, não sem chamar atenção do resto do castelo.
"Tem?" Eu insisti.
"Tem," ele respondeu. "Mas não vai ser fácil. E não vai ser rápido." Ele colocou o sabonete na mesa e enfiou as mãos nos bolsos de seu pijama, nos mirando um pouco até desafiante.
Eu não tinha muita paciência sobrando, eu tinha que voltar para avisar Sebastian de nosso progresso. E mais ainda, eu queria ter algum progresso para contar para ele.
"Quanto tempo?" Eu perguntei, tentando deixar a minha voz o mais rígida possível sem parecer que eu estava mandando nele. Eu poderia mandar, mas ainda queria manter aquilo o mais escondido o possível.
"Algumas horas," ele respondeu. "Eu posso te entregar amanhã de manhã. Pode ser?"
Eu olhei no relógio or reflexo, como se aquilo fosse fazer alguma diferença. Ainda era nove da noite e tinha muito tempo até a manhã. Eu não entendia porque ele não podia acelerar o processo.
Mas não era como se nós tivéssemos um jeito de entrar no quarto da Amélie até o dia seguinte, não quando ela estava lá, dormindo e cuidando de seu território. A ideia de entrar com ela lá tinha passado pela minha cabeça, mas eu queria arriscar o menos possível.
"Oito da manhã," eu disse, apontando para o chão, como se desse minha palavra final. "Aqui. Oito da manhã."
Ele pareceu pensar um pouco, mas acabou dando de ombros. "Oito da manhã," repetiu e eu apertei a sua mão.
Depois me virei e coloquei meu braço em volta do pescoço de Gabrielle que tinha ido comigo até ali.
"E então?" Ela me perguntou baixinho, enquanto nós saíamos da sala comum dos criados e entrávamos na cozinha. "Qual o plano para amanhã?"
"Rezar para ter alguma coisa realmente importante naquela caixa," eu respondi.

"Só amanhã?" Sebastian perguntou, derrotado, se jogando na minha cama.
"Amanhã às oito da manhã. Ainda temos bastante tempo para entrar no quarto dela," eu me defendi, apesar de não acreditar completamente nas minhas próprias palavras.
"E como você está planejando fazer isso?" Gabrielle me perguntou, enquanto Sebastian levava as duas mãos ao rosto e se deixava cair deitado.
"Como assim?" Perguntei.
Ela deu de ombros. "Noivas costumam passar o dia inteiro dentro do quarto, se arrumando. Desde as pequenas coisas até o vestido."
Sebastian se levantou. "Pronto," ele disse, balançando a cabeça. "Nós nunca vamos conseguir entrar lá."
"Você não precisa entrar em lugar nenhum," eu falei para ele, empurrando-o até ele estar sentado na cama de novo. "Nós dois vamos cuidar disso."
"Mas como?" Ele perguntou, me olhando desolado. Tinha sido tão fácil empurrá-lo, dava para sentir que ele já estava sem forças para continuar.
"Eu tenho uma ideia!" Gabrielle falou, toda animada. Eu olhei por cima do ombro para ela e só de vê-la sorrindo com seus olhos brilhando, ela já tinha me convencido. Qualquer que fosse a ideia, eu já sabia que era brilhante. "Ela podia se arrumar em outro lugar. Como no Salão das Mulheres! Aí lá podia ser como um grande camarim para as damas de honra e tudo. E dá para a gente ter certeza de que ela sempre vai estar lá! Ainda mais com a Sophie e a Beatriz mantendo guarda!"
"Mas e se ela falar que quer fazer esse camarim aqui?" Sebastian perguntou, franzindo tanto as sobrancelhas que eu podia jurar que ele não enxergava direito.
Gabrielle deu de ombros, como se já tivesse se acostumado com a sua ideia brilhante. "Você pode falar que quer se arrumar aqui, perto do seu irmão e dos seus amigos. Ela vai entender que é melhor vocês ficarem longe um do outro. Sabe, para você não vê-la antes da hora e dar azar."
Ela sorriu para ele, depois se virou para mim. Eu senti um impulso de abraçá-la e beijá-la e falar para ela que nós não seríamos nada sem ela. Mas algo me impediu. E quando eu me virei para olhar para Sebastian, eu entendi. Eu não queria esfregar na cara dele a minha felicidade. Não enquanto nós ainda estávamos lutando pela dele.

Não podíamos ficar muito tempo lá. Ainda tínhamos que voltar para a nossa festa, eu precisava apresentá-la para a minha avó e meus tios, precisávamos estar lá. A última coisa que eu queria era levantar suspeitas - principalmente da mãe louca de Amélie.
Mas nós não nos apressamos. Assim que saímos de lá e deixamos Sebastian voltar para o seu quarto, Gabrielle me abraçou pela cintura. Ela era bem mais baixa que eu, da altura perfeita para eu colocar meu braço em volta de seu pescoço. Nós não paramos de andar até chegar o primeiro andar, nem falamos mais nada. Mas não era como se precisássemos falar muita coisa.
Logo antes de entrar no Grande Salão, eu parei de andar e me virei para ela.
"Desculpa por tudo isso," eu falei, segurando-a pelos ombros.
Ela olhou para mim como se não tivesse entendido uma piada. "Do que você está falando?"
"Disso do Sebastian," eu falei, dando de ombros. "Eu queria poder te deixar aproveitar que toda a Seleção acabou. Eu queria poder fazer esse dia ser perfeito para você," eu segurei seu rosto com as duas mãos. "Eu queria-"
Ela nem me deixou terminar de falar, se colocou na ponta dos pés e me calou com um beijo rápido. "Se você queria que fosse perfeito, você conseguiu," ela disse, me mirando com um sorriso. "Perfeito, Charles."
"Mas ter que ficar indo atrás de roubar chave-"
"Faz parte," ela me cortou de novo. "É o mínimo que eu posso fazer por alguém que ficou do meu lado. Sem contar que ter a Amélie como parte da família pro resto da vida seria tortura."
Suas palavras me fizeram sorrir. Nem tanto por saber que ela também não gostava da Amélie. Mas só a menção dela fazendo parte da minha família já acendia uma coisa dentro de mim que fazia não sorrir ser completamente impossível.
"Vem," eu disse, voltando a colocar meu braço em volta de seu pescoço e abrindo a porta para o Grande Salão.


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