O Ranger de Avalon escrita por Selthus


Capítulo 1
Uma Floresta




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Quem sou eu?
Se procura um nome, pode me chamar como minha mãe me batizou... Leafar Greene.

Agora se quer saber mesmo quem sou, sugiro que acompanhe minha história. Pois ela só tem começo depois que conheci uma mulher.


Uma mulher com cabelos cor-de-fogo.

O pouco que me lembro da minha vida antes dela, é de viver na floresta. Meus pais me ensinaram amar a natureza tanto quanto eles. Cada árvore, cada animal, cada brisa suave que vem do leste faz parte de mim. E com isso minha vida sempre foi cheia de paz e tranquilidade...

Deve ser por isso que não lembro de nada antes dela.
Mas meu mundo nunca foi totalmente isolado, e eu nem gostaria que fosse.

Minha floresta abriga diversos vilarejos, aos quais presto serviço como vigia de saqueadores ou caçador nos tempos mais calmos. E apesar de viver mais tempo entre as árvores, sempre tive abrigo entre outras pessoas.
Mas meu lar sempre foi a copa de um freixo centenário, onde consegui montar uma humilde cabana. Aos pés do freixo, um caminho que conectava as grandes cidades: Uma delas a capital do reino, Camelot.
Diversos comerciantes passavam por lá, seja em busca de um guia ou de alguém que estivesse disposto a trabalhar como escolta, ou carregador. Outros só passavam perto do meu freixo para aproveitar da sombra e do canto dos pássaros. Aquele lugar era mágico, e conseguia acalmar a mais furiosa das bestas, ou trazer paz ao coração mais inquieto.
E foi na sombra do freixo, ouvindo o som dos Melros cantarem ao fim de uma tarde de outono que ela apareceu...
Vestia como se fosse uma guerreira: Armaduras de placas, mais pesadas que minhas cotas de couro batidas. E uma espada bastarda pendia em suas costas, sendo que no máximo eu carregava minhas adagas, um arco e uma aljava leve que deveria ter, no máximo, umas dez flechas.
O vento em seus cabelos fazia com que as luzes do pôr do sol que invadia as copas das árvores refletissem e ganhassem vida, como uma chama ardente nascida da própria guerreira.
Tinha postura rígida e olhos frios. Estava acompanhada por um cavaleiro da ordem de Arthur, e este parecia estar lhe parabenizando, e ao mesmo tempo passando lições sobre códigos e técnicas.
Uma mulher aceita na ordem de Arthur... Isso sim era novidade.
Nesse dia minha caça foi reduzida a um punhado de amoras. Afinal estava distraído demais para acertar os coelhos, cervos e até mesmo os faisões. Porém, não me importei com as amoras. Me fizeram lembrar dela.
E os dias seguintes só intensificaram minha curiosidade.
Durante uma semana ela esteve acompanhada do cavaleiro em seu trajeto. O guerreiro, muito mais experiente, deve ter me notado de tocaia algumas vezes. Mas só lhe enviei o olhar de sempre, aquele olhar de que só estava ali vigiando a estrada. Pude ver em seu rosto que ele agradecia pela passagem segura... E eu me imaginava se eles precisavam mesmo da minha vigília.

Mas ela não tinha me notado.

Também, pudera. Quem sou eu? Apenas um mero ranger sossegado de uma floresta pacata.
Um ranger que teve o coração arrebatado por uma guerreira, com cabelos flamejantes. Uma guerreira dos círculos dos Cavaleiros de Arthur.
Me sentia ignorado...
E certamente, estava apaixonado.

Tentava, sem sucesso, evitar encontrar traços dela. Mas por todos os Deuses, parecia que ela impregnava em cada detalhe da floresta. Mergulhava com a alma na brisa e nos galhos das árvores. E eu mergulhava nela através do perfume deixado para trás. Lembrava as damas-da-noite quando afloravam abundantes na lua cheia.

Ela começou a percorrer o caminho sozinha. E eu ficava mais ousado cada dia que passava. Um galho mais baixo, um salto mais longo entre as copas.
E ela começou a descobrir as maravilhas e segredos dos meus caminhos. Os arbustos de framboesa, as fontes naturais que abasteciam o Lago de Avalon...

E meu freixo, era onde ela descansava.

Todos os dias, de Avalon até Camelot, ou até alguma vila próxima quando estava muito cansada, ela parava nas sombras do freixo, e ouvia os melros cantarem. E eu sempre vigiava enquanto ela caia em um sono relaxante.

A cada mudança de lua, os cavaleiros a acompanhavam no que parecia ser um treino mais forte, e ela sempre estava carregando equipamentos novos, reluzentes, pesados. Realmente uma mulher incrível, treinando horas a fio com a espada e provavelmente muito mais, estudando em Avalon.

Uma mulher fascinante.

E mesmo assim, ela encontra paz nas sombras da minha árvore e ao som dos meus pássaros. Assim como eu encontro felicidade em seu sorriso.

Será que ela me notaria? será que ela falaria comigo? fico a me imaginar, enquanto ela cai no sono... deve ter treinado duro hoje, está com marcas de feridas que não tinha visto... reparo seu corpo... mesmo por debaixo da armadura parece reluzir uma graça dos Deuses... Mas diferente dos outros dias, hoje não vigio tranquilo, uma horda de ladrões andou saqueando mercadores mais cedo... se eles aparecerem, terei que intervir. E se ela me ver? mesmo cercado não saberia o que dizer...

Nunca em minha vida me senti desse jeito... com medo de enfrentar bandidos, não por causa deles, mas por causa dela...

Enquanto meus pensamentos vagam longe... meus temores se materializam... ao longe começo ouvir os passos pesados e respiração truculenta...

Eles a encontraram.


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