A Loba & O Pirata: A lavanderia, o café... escrita por Mrs Jones


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey girls! Finalmente a continuação de A loba e o pirata: o encontro. Era pra eu ter postado há tempos, mas tive um bloqueio e fiquei presa a cena da lavanderia, sem saber como continuar. Felizmente, hoje encontrei a inspiração que precisava. Tenho que agradecer minha amiga QueenOfVampires pela ajuda que ela me deu. Já aproveito pra anunciar que nós duas estamos preparando uma short fic Hooked (HookxRuby). Espero que nos acompanhem.
Quanto a shot, espero que gostem tanto quanto eu gostei de escrever. É claro que depois desse final preciso escrever uma continuação, então fico feliz se a lerem. Eu poderia ter feito uma shot fic ao invés de shots, mas como já disse, teria a obrigação de postar com frequência e às vezes não tenho tempo, então penso que assim é melhor. Enfim. Beijos e até a próxima



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A Loba & O Pirata: A lavanderia, o café e um dia de chuva

Capítulo Único

- Que diabos está fazendo? – ela parou à porta da lavanderia, boquiaberta.

Hook tentava fazer a espuma branca parar de transbordar da máquina de lavar, mas não estava tendo sucesso. A pequena lavanderia nos fundos do Granny’s ficara inundada pela espuma e, não bastasse isso, o pirata estava bem à vontade, só de cueca e com um avental amarrado em volta da cintura. Ruby arregalou os olhos. Como ele podia ficar só de cueca num estabelecimento respeitável como aquele?

- Lavando as roupas, não é óbvio? – ele respondeu, descontraído. – Me ajude aqui, amor, essa coisa está meio descontrolada.

- Olhe o que você fez – ela abria caminho por entre a espuma – O que estava pensando? Por que não pediu que a vovó fizesse isso pra você?

- Ela estava ocupada – ele deu de ombros. Desde que se hospedara ali, pagava uma quantia a mais pra que suas roupas fossem lavadas, mas hoje ele preferira realizar a tarefa por si mesmo. – E você ia se recusar a fazer isso por mim.

- E agora sou eu quem vai ter que limpar essa bagunça toda. – ela desligou a máquina. Havia sabão em pó caído a um canto e ela se perguntou como Hook conseguira ligar a máquina sem ajuda. – Mas que ideia! E por que está seminu? Francamente, Hook, isto aqui é um estabelecimento familiar.

- Oh, amor, tenho certeza de que gostou de me ver assim – ele riu maroto. Ruby o olhou de cima a baixo e caiu na gargalhada quando notou o quão ridículo ele estava com aquele avental cor-de-rosa amarrado em volta da cintura – O que foi?

- Qual é a do avental?

- Ah, eu não queria me molhar, mas acabou não tendo muito jeito. Não ria!

Ela remexeu na roupa colocada na máquina. Teve que admitir que o pirata tivesse bom gosto, mas nunca o vira usar outra roupa que não fosse aquelas calças de couro e o pesado sobretudo preto.

- Você só tem essa roupa? – perguntou.

- Eu não tive tempo de renovar meu guarda-roupa – ele explicou – E não gosto muito da moda daqui.

- Pois deveria pensar em renovar seu look porque essas suas roupas não vão durar muito tempo.

- Look? – ele franziu a testa.

- Seu visual. Francamente, será que você não sabe nada?

- Eu não tenho culpa se vocês têm um vocabulário estranho e desconhecido.

Ruby virou um pouco de amaciante na máquina e as roupas recomeçaram a rodar lá dentro. Ela se virou para sair, mas Hook a prendeu entre ele e a máquina.

- O que está fazendo? Me larga! – ela tentava se soltar dos braços dele.

- Oh não, desta vez não vai fugir de mim – ele sorriu maroto e Ruby arregalou os olhos quando ele a beijou. Sem se dar conta do que estava fazendo, ela cedeu e correspondeu ao beijo. Hook a agarrava e a própria Ruby chegou a agarrar os cabelos dele, puxando-o pra mais perto de si. Oh sim, ela definitivamente estava agarrando o homem. Ficaram nisso por um tempo, até que ela se deu conta de que estava na lavanderia do Granny’s, se agarrando com um pirata seminu, e sua avó poderia entrar ali a qualquer momento.

- QUE DIABOS É ISTO? – foi o berro da avó.

Os dois se separaram e olharam para a porta. A Vovó estava com a boca escancarada, os olhos arregalados e carregava uma trouxa de roupa suja. Ruby empurrou Hook dizendo “Ele me agarrou”, como se não estivesse se agarrando a ele há alguns segundos.

- Esse louco pervertido me agarrou – a moça justificou, afastando-se de Hook e indo até a avó.

- Senhor Jones, o que está fazendo seminu na minha lavanderia? – perguntou a avó, olhando o pirata de cima a baixo e segurando-se pra não rir daquele avental ridículo amarrado a sua cintura.

- Estou apenas lavando minhas roupas, senhora – ele respondeu gentilmente.

- Seminu na minha lavanderia? – Oh sim, ela tinha que dar ênfase ao fato de ele estar seminu, exibindo aquele peitoral definido e os pelos do peito... – Mas que está pensando, Jones?

- Ora, o que eu podia fazer? Não tenho outra roupa...

- E pretende andar por aí seminu até que suas roupas sequem?

- Acha que vou sair por aí assim? – ele apontou para o avental que tapava sua cueca – Reconheço que sou um cafajeste, senhora, mas jamais me exporia ao ridículo.

- E por isso veio se esconder aqui e agarrou minha neta?

- Eu não a agarrei, ela me beijou por livre e espontânea vontade – ele ria daquele jeito maroto.

Ruby tinha saído de fininho e a avó berrou por cima do ombro a chamando. Ela bufou e parou na porta.

- O que foi, vovó?

- Arranje roupas adequadas para o senhor Jones – ordenou a idosa – Ele não pode andar por aí assim...

Ruby correu até a loja de roupas mais próxima e enquanto isso Hook ficou preso na lavanderia, ouvindo um sermão da Vovó por ter deixado aquele sabão todo vazar da máquina. Ele se desculpou e disse que ia pagar pelo prejuízo, mas a senhora apenas pediu que ele limpasse aquela bagunça. Ruby retornou um tempo depois, trazendo uma muda de roupas para o homem.

- Que estilo estranho vocês têm por aqui – Hook comentou, analisando as roupas.

- Não reclame, seria pior se estivesse nu.

Hook arqueou a sobrancelha, divertido, e depois franziu a testa quando percebeu que ela segurava aquela coisa chamada celular apontada pra ele.

- Que está fazendo?

- Tirando uma foto, preciso registrar essa cena – ela riu.

- Oh, é claro, eu entendo... Você precisa de uma imagem minha pra poder sonhar comigo...

- Não seja idiota! – ela exclamou irritada – Só quero guardar a lembrança do dia em que Killian Jones foi pego usando um avental cor-de-rosa.

- Oh amor, eu posso posar pra suas fotos completamente nu – ele gracejou e ela revirou os olhos. – Basta pedir.

- Cale a boca e vista-se!

Ele obedeceu, mas logo se atrapalhou com as roupas e Ruby teve que ajudá-lo.

- Francamente! Será que nem se vestir você sabe? – ela disse, ajudando-o a passar um dos braços pela manga da camisa.

- Mas é claro que eu sei – ele a puxou para mais perto e mais uma vez a prendeu entre ele e a máquina de lavar.

- Seu cafajeste! Você queria que eu te ajudasse apenas pra me agarrar.

- Não tivemos tempo de terminar aquele beijo... – ele sorriu sedutor e em seguida a puxou para um longo beijo.

É claro, ela se esqueceu do fato de que sua avó já os pegara uma vez e poderia muito bem pegá-los de novo. Os dois ficaram ali se beijando, sem se dar conta de que estavam numa lavanderia e que qualquer pessoa poderia entrar a qualquer momento.

- QUE DIABOS...

- Mas será possível que não se pode beijar em paz mais? – foi a reclamação do pirata.

- Ai, mas que grosso você é, Jones – Tinker Bell entrou na lavanderia, incomodada com o fato de que um pirata seminu – apenas usando uma camisa pólo e um avental por cima da cueca – estava se agarrando à garçonete, que não era outra senão Ruby. – Eu só vim colocar minha roupa pra lavar...

- E pare de ficar me agarrando! – Ruby o empurrou, afastando-se – Que coisa!

- Por que está usando um avental cor-de-rosa? – Tinker Bell caiu na gargalhada e Ruby a acompanhou no riso.

- Ora, podem rir – ele resmungou, arrancando o avental e ficando só de camisa e cueca. – Sei muito bem que vocês preferiam que eu ficasse nu, mas não têm coragem de admitir.

- Me poupe! – as duas exclamaram.

- Bem, se me dão licença, tenho coisas a fazer – Tinker Bell saiu após deixar suas roupas ali e então os dois ficaram novamente sozinhos.

- Sai pra lá – Ruby se afastou quando percebeu que o pirata tinha intenção de beijá-la outra vez – Nem se atreva a me agarrar de novo.

- Como se você não estivesse me agarrando...

- Eu não estava.

Ele olhou pra ela com aquele sorriso maroto que ela odiava (leia-se amava) e com as sobrancelhas arqueadas.

- Oh, admita querida, você está louca por mim.

Ela gargalhou.

- Essa é boa! Eu? A fim de um pirata? Me poupe! E trate de limpar essa bagunça que você fez.

Killian ia dizer mais alguma coisa, mas acabou por se calar e começou a se vestir enquanto Ruby fuçava o armarinho de limpeza procurando por um esfregão.

- Tenho que admitir, amor, até que essa roupa me cai bem – ele disse, após se vestir.

Ruby estava de costas e se virou para olhar. De fato, a roupa lhe caíra muito bem. Camisa pólo de cor azul, calça jeans e tênis. E aquele seu cabelo bagunçado só o tornava ainda mais atraente.

- Não vai dizer nada?

- O que quer que eu diga?

- O quanto fiquei sexy com esta roupa. – Hook sorria maroto e Chapeuzinho apenas revirou os olhos. É claro que ela nunca iria admitir, mas ele estava mesmo muito sexy.

- É, não ficou nada mal – ela acabou por dizer, depois lhe entregou um esfregão – Agora enxugue este chão antes que alguém escorregue no piso molhado.

- Como quiser – ele disse educadamente e começou a esfregar o chão. Ruby colocou as roupas de Tinker Bell pra lavar e depois se sentou a um canto, observando enquanto o pirata fazia o serviço. – Vai ficar parada me olhando? Oh, eu entendo, sei o quanto sou lindo e sexy, o que explica sua fascinação por me observar.

- Você é muito convencido, sabia? – Ela revirava os olhos e Hook ria.

- Eu não sou convencido, apenas reconheço o quanto sou lindo e charmoso... Aliás, todos aqui podem dizer o mesmo, mas você ainda se recusa a admitir o quanto sou perfeito, não é?

- Quem disse que você é perfeito? Nenhum de nós é. E continue a esfregar esse chão.

A verdade é que ela estava observando os músculos do homem enquanto ele fazia o esforço de esfregar. A visão era um tanto cômica, já que ele segurava o esfregão com uma mão só, uma vez que o gancho não lhe dava tanta mobilidade. Ruby acabou impaciente com a demora do homem e ela mesma esfregou o resto das poças d’água e da espuma, enquanto o pirata a observava.

- Você por acaso está olhando meu traseiro? – ela se virou furiosa, tão logo percebeu que ele olhava sua bunda.

- Ora, o que é bonito deve ser admirado, não?

Ela lhe atirou uma escova de roupa na cabeça e ele gemeu de dor.

- Devo admitir, lobinha, quando a vi no hospital não fazia ideia de que era tão agressiva – ele botava a mão na cabeça, no lugar em que a escova o machucara – Mas devo dizer, adoro mulher atrevida!

- Vá te catar, Hook!

- Oh, eu tenho um nome, você sabe...

- Por que não some daqui? Já está devidamente vestido.

- Bem, se estou aqui, é porque talvez queira sua companhia...

Ela lhe lançou um olhar de desprezo e continuou o que estava fazendo.

- A propósito, amor, quando é que vamos sair de novo?

- O quê? – ela se virou para olhá-lo - Está me convidando a sair?

- Estou.

- Mas eu não tenho obrigação nenhuma de sair com você, minha dívida já foi paga.

- Oh pensei que tivesse gostado daquele encontro, amor.

- Já disse pra não me chamar de amor...

Ele riu ao vê-la irritada e Ruby apenas o ignorou. Hook sabia que no fundo ela bem que gostava quando ele a provocava, mas nunca iria admitir isso. Ele se despediu dizendo que tinha coisas a fazer e Ruby observou enquanto ele saía para o Granny’s e sumia de suas vistas.

***

As coisas ficaram ainda mais interessantes na manhã seguinte. Ruby não conseguia tirar de sua cabeça a imagem de Hook seminu e enrolado naquele avental. Ela se pegou olhando a foto dele em seu celular e se culpou por estar atraída pelo homem. Desviou os olhos do aparelho quando Belle a chamou pela quarta vez. A garçonete se desculpou por estar tão distraída e então Belle a olhou com um ar de divertimento.

- Sei muito bem por que está assim. – ela disse, sentada ao balcão e bebericando limonada pelo canudinho - Sua distração se chama Killian Jones?

- Belle!

- Ora, todo mundo já percebeu. Depois que ele desistiu da Emma só tem olhos pra você.

Ruby ia responder que ele só estava interessado nela porque ela era um desafio. Não teve tempo, no entanto, porque nesse momento Gepeto veio até elas e entregou a Ruby uma pequena caixa.

- Isto estava na porta – disse ele, antes de se afastar – e tem seu nome no cartão.

- Ah obrigada... – ela observou a pequena caixa branca fechada por um laço de fita vermelha - Quem mandou isto?

- Abra! – pediu Belle, curiosa.

Ruby desfez o laço e tirou a tampa da caixa. Arregalou os olhos quando viu o conteúdo da caixa.

- Ora, mas aquele pirata... – resmungou.

- O que foi? – Belle olhou dentro da caixa e teve uma pequena crise de risos.

Vovó se aproximou pra ver o que acontecia. Dentro da caixa havia fotos do pirata, tiradas de vários ângulos e em vários lugares de Storybrooke. Ruby tirou o cartão de dentro do pequeno envelope e leu: Querida lobinha, agora você pode admirar toda minha beleza e sensualidade mesmo quando eu não estiver por perto. Com amor, Killian Jones.

- Ele gosta mesmo de você – disse Belle, enxugando as lágrimas de riso.

A avó admirava as fotos

– Oh, devo dizer, isto é que é homem!

- Vovó!

- Ora, ainda aprecio o que há de bonito neste mundo, apesar de ser velha. Você bem que devia aproveitar, Ruby, o Jones não é de se jogar fora.

- Ela está certa – concordou Belle, tomando mais um gole de limonada – Você devia dar uma chance a ele.

- Devo lembrá-la de que ele atirou em você? Por que está do lado dele agora?

Belle deu de ombros.

- Ele não é tão ruim quanto parece, e me pediu desculpas por quase ter me matado. E você sabe que ele foi de grande ajuda na Terra do Nunca.

- Não importa, ele é um pirata! – Ruby atirou as fotos de volta na caixa e fechou a tampa – E não se pode confiar em piratas.

Ela se afastou e Belle e Vovó trocaram um olhar divertido. Ruby podia bater o pé mil vezes, mas todo mundo percebera que ela estava caidinha pelo pirata. Dali a pouco ele entrou no Granny’s e lançou à garçonete um sorriso maroto. Voltara a usar suas roupas de couro e seus olhos estavam destacados por delineador.

- Ruby, o capitão está esperando! – a avó gritou depois que Ruby ignorou o homem e fingiu não ter visto quando ele acenou pra ela. Ela bufou e foi até ele.

- O que deseja? – perguntou educadamente.

- Olá, querida! – ele examinava o cardápio – Quero duas porções de panquecas, seja lá o que for isto, além de dois cafés, dois bolinhos de chocolate e uma gelatina.

Ela anotou o pedido num bloquinho de anotações e então o encarou.

- Está esperando alguém?

- Isto te incomoda? – ele sorriu de lado e arqueou as sobrancelhas.

- De maneira alguma – Ruby se apressou a responder, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha em sinal de nervosismo – Eu só... eu só quero me certificar de que você não vai desperdiçar toda essa comida que pediu.

- Oh, eu não vou desperdiçar – ele apanhou seu frasco de rum e deu um gole – porque estou mesmo esperando alguém. Você vai tomar café comigo.

Ela levou um tempo pra processar o que ele acabara de dizer e então soltou uma risada.

- Boa tentativa, Jones. Eu estou trabalhando e não tenho tempo pra isto. – e já ia se afastando quando ele agarrou sua mão.

- Não seja por isso, amor. Vovó! – chamou e a senhora veio até eles – Eu estou convidando a Ruby aqui pra tomar café comigo e creio que a senhora poderia me emprestá-la por uns minutos. – ele aproveitou pra lhe entregar um saco de moedas e a Vovó empurrou Ruby para o assento em frente ao de Killian.

- Oh, é claro! Ruby precisa mesmo de um descanso, não é querida? – a avó piscou pra ela e se afastou em direção à cozinha.

- Você não desiste, não é? – a moça suspirou.

- Eu já lhe disse, adoro desafios... – ele riu e sorriu sedutoramente – A propósito, amor, o que achou das fotos? Henry disse que ficaram boas, mas quero saber sua opinião.

- Ah, então foi Henry quem te deu essa ideia brilhante? E eu achando que aquele garoto era mais esperto.

- A ideia foi minha, Henry apenas tirou as fotos.

- Desde quando se tornaram amiguinhos? – ela franziu a testa.

- Oh você sabe, Neal foi praticamente um filho pra mim e eu tenho um apreço pelo filho dele. Gosto de pensar que sou avô postiço do garoto.

- É claro porque com sua idade você poderia ter tatatatatataranetos. – Ruby gargalhou e Hook apenas sorriu levemente.

Vovó veio trazendo duas bandejas e Ruby se apressou a ajudá-la. Hook achou engraçado o fato de as panquecas virem empilhadas e Ruby o ensinou a jogar mel por cima delas.

- Você não me disse o que achou das fotos – ele lembrou enquanto saboreava as panquecas.

- Ficaram boas, admito, mas não sei o que está esperando ganhar com isso.

- Oh, não quero ganhar nada, apenas achei que você gostaria de pendurá-las na parede de seu quarto pra poder pensar em mim o tempo todo – ele sorriu de um jeito maroto e Ruby queria bater nele, mas se conteve.

- Você devia perseguir outra pessoa – ela tomou um gole de café – Há muitas moças solitárias nesta cidade.

- E você é uma delas...

- Eu não sou solitária! – ela se apressou a dizer - Eu tenho a vovó e uma multidão de amigos, não preciso de mais ninguém.

- É claro que precisa, você perdeu alguém amado – ele agarrou a mão dela por cima da mesa – Assim como eu. Todo mundo precisa de alguém. Um amor, eu digo.

Se encararam por uns momentos e Ruby quase se perdeu na imensidão dos olhos azuis do pirata. Ele a entendia e os dois compartilhavam algumas características comuns. Os dois perderam alguém que amavam, os dois fizeram coisas terríveis no passado, os dois guardavam feridas no coração... Ela não soube o que dizer e puxou a mão, livrando-se do pirata.

- Eu já estou satisfeita – disse, embora não tivesse comido metade de suas panquecas – Obrigada pelo café. Me dê licença.

Ela se levantou e saiu da lanchonete antes que Hook pudesse impedi-la. Ele se virou no assento e observou enquanto ela se afastava.

- Foi algo que eu disse? – perguntou a si mesmo, antes de se voltar para sua gelatina.

***

Horas mais tarde, uma chuva atingiu Storybrooke e todos correram para o conforto de suas casas. Hook voltou à pensão depois de passar a tarde em seu navio e deixou poças de água por todo o corredor. Ele estava encharcado e suas roupas pesavam. Fez seu caminho até seu quarto e torceu pra que a Vovó não ralhasse com ele por ter molhado tudo. Não chegou até o quarto, porém, porque encontrou Ruby sozinha na pequena sala da pensão. A moça estava de pé em frente à janela e observava as gotas de chuva que escorriam pelas vidraças.

- Você está bem, amor? – ele perguntou, parado à porta. Ruby se assustou, mas não respondeu e nem se virou para olhá-lo. – Ruby!

- Você está molhando tudo – ela o olhou e depois se voltou para a janela.

- Está chorando?

Ruby bem tentara enxugar suas lágrimas pra que o pirata não percebesse nada, mas seus olhos ainda estavam vermelhos e marejados. O capitão se aproximou e pousou a mão no ombro dela.

- O que foi? Você está assim por causa do que eu disse mais cedo?

- Você estava certo – lágrimas escorriam por seu rosto – Eu preciso de alguém. Eu... eu tenho me sentido tão sozinha... Sabe, às vezes eu invejo meus amigos. Vejo a Belle com o Gold, Emma com o Neal, a Branca e o David... Eu não tenho ninguém...

Hook a puxou para um abraço e ela chorou em seu ombro. Apesar de ele estar todo molhado, ela ainda conseguia sentir o calor que emanava de seu corpo. O homem a apertou contra si enquanto acariciava seus cabelos. Ela se sentiu protegida, até amada.

- Você tem a mim – ele sussurrou para ela – Sei que não confia em mim, mas eu... eu posso cuidar de você, se permitir. Eu já amei uma vez, Ruby, e posso amar de novo.

- Nós não podemos... – ela tremia em seus braços – Eu poderia machucar você.

- Você já aprendeu a se controlar e eu não tenho medo da loba. Você tem medo de amar novamente e eu entendo. Olhe... eu disse a você que era meu novo desafio e isto deve ter soado como um jogo, mas eu... na verdade eu gosto muito de você.

- Por quê? – ela ainda se encolhia em seus braços – Eu não passo de uma assassina...

- Você é uma garota corajosa – ele sorriu, ainda acariciando os cabelos negros da moça – e eu gosto disso em uma mulher. E nos últimos dias você me mostrou que é diferente das outras. Eu gosto desse seu jeito. Sabe, quando eu conheci a Emma, achei que ela era a mulher perfeita pra mim. Isto foi até conhecer você, a lobinha irritada que trabalha no café.

Ruby soltou uma risada abafada e se soltou dos braços do homem. Os dois se olharam por uns segundos e então Hook enxugou as lágrimas da moça.

- Você até que é legal – ela disse – Acho que posso lhe dar uma chance...

- É mesmo? – ele arqueou uma das sobrancelhas e sorriu de lado – Eu sabia que não ia resistir por muito tempo.

- Não, não foi isso que eu quis dizer. – ela enrubesceu e encarou o chão – Eu só disse que... nós... bem, nós podemos...

O pirata a puxou para um beijo romântico e desta vez ninguém os interrompeu. Necessitada dos carinhos de um homem, Ruby se agarrou a seus braços e se deixou levar. Só pararam quando o ar lhes faltou e então tomaram fôlego com as testas recostadas uma a outra.

- Obrigada – ela sussurrou – Por se preocupar comigo e por não desistir de mim.

Hook sorriu e lhe acariciou o rosto.

- Nós podemos manter isso em segredo, sabe, embora metade da cidade já tenha percebido o que se passa entre nós.

Ela riu.

- Nem se atreva a contar a alguém, Jones. – disse, depois mudou de assunto - É melhor tirar essa roupa molhada, vai acabar pegando um resfriado.

- Tudo bem – o pirata sorriu e se afastou na direção da porta – Você vai ficar bem?

- Sim, vou ficar bem.

- Vejo você mais tarde – ele saiu para o corredor, depois voltou e enfiou a cabeça na porta – A propósito, lobinha, já mencionei o quanto você beija bem?

Ruby riu. Aquele pirata...


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