Eu passarin escrita por Lucas


Capítulo 1
Capítulo 1.


Notas iniciais do capítulo

Único capítulo.



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O dia amanheceu para mim, mais um dia, passarinhando por aí, meus longínquo olhos, pequeninos como um grão de feijão, se abriram, na manhã azulada e rasgada por suntuosas copas das árvores. As asas eu abrirei, penas amareladas e esverdeadas, reconfortado contra o frio dos invernos gélidos, agora, pairando sobre o ar de verão, desviando dos punhados de areia que o forte vendo traz aos paralelepípedos, não me deixo trombar, minhas penas, belas e lustrosas há de continuar, e assim, batendo minhas asas, na frenética dança de um bater de asas, cantarolando baixando, dando alegria aos ouvidos dos menininhos, que muitos nos maltratam, tolos passarinhos.

Meu desjejum, será feito na árvore mais alta, vendo com meus miudinhos olhos o sol bater nos telhados das casas, nas janelas, e refletindo nos capuz daqueles monstros motorizados. Irei procurar em vários lugares minha refeição, uma folha de verdura, uma minhoca sob a terra, um pedaço de pão, quem sabe, até de macarrão, avistarei meus amigos, engaiolados nas suas prisões de ferro e madeira, lamentando vê-los presos, impedidos de bater asas na mais vastidão do céu, roubarei seus alpistes, ao som da triste melodia que eles emitem.

Quando o frio chegar, fecharei minhas asas, enfim. Não serão necessárias roupas, armários construídos para resguardá-las, passar horas entrando e saindo de lojas, não precisarei disso, me preocupar com a moda, não precisarei. Minhas penas serão suficientes para me aquecerem do frio, aconchegado nos meus ninhos, sendo encobertado pelas palhas que formei. A noite chega, com frio ou calor, a felicidade me toma meu coraçãozinho, avistarei a majestosa lua que reflete a luz de outrora, tentarei voar a fim de rasgar o céu, mais rápido que um avião, tocar a lua, roubar uma estrela, moldar o cenário para presentear o mais belo canário.

Em um desses dias, de ladroagem de alpiste, eu a ouvi, seu cântico apesar de preso, me era agraciado, tão livre de alma quanto a minha. A gaiola, que de tão pequena, a fizeram desaprender a utilizar suas asas, me relatando que fazia tempos, que um vento não a levava para longe dali. Ela sentia falta, das suas asas serem realçadas com o bater do sol, ser banhada pela terra e beijada pelos ventos do amanhecer, e pelos meus próprios beijos, que a muito não beijava. Eu gritei, evoquei meus gritos de socorro e ajuda a todos os passarinhos, os amiguinhos do sul, eu chamei, do sudeste, também, nem do oeste eu perdoei. Tirá-la de lá, foi o que fizemos, voar juntos, nas rasantes, aguentando nossos corpos ao ar. O meu pequeno coração, de passarinho, hoje, já era comparado aos dos grandes homenzinhos.

Agora, eu passarinho, não estou mais sozinho, tenho um outro passarinho, pra dividir meu ninho. De um dia, dos cânticos livres, porém solitários, hoje possuem acordes, e sempre acompanhados. No frio, não mais minhas asas que me esquentam, mas, o corpo quente do meu passarinho, que incessavelmente, me esquenta como eu o esquento. Meia hora antes, dos olhos ele abrir, eu saio voando, arrasando a velocidade, à procura de uma florzinha, para enfeitar a cavidade do meu ninho, deixando mais bela do que já era possível, agrandando-a, desde o dia que da prisão a libertamos. Bom dia, eu falava, apontava para a flor, timidamente, corado com a situação, e feliz com a reação.

Não tardamos de dar frutos ao nosso amor, um ovo, dois, foram três, espera, quatro ovos. Nosso amor, agora, estava completo. Não tinha apenas um ninho de um casal, agora, o ninho era de uma família de passarinhos. Longe do mundo humanista, das gaiolas e prisões dos anjos do ar, manteremos nossos filhotes nas utopias dos nossos amores, uma vida livre, como todo passarinho, há de viver.


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