A Profecia escrita por Fairchild


Capítulo 5
5. Tesouras Podem Criar Pernas


Notas iniciais do capítulo

Oie! Aqui está o capítulo 5! Boa leitura!



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Na sala de aula, a professora Juliana, de matemática, estava fazendo a chamada silenciosamente.

–Alguém sabe porque Hayley Susan Tanner não veio?

–Ela está com febre - disse Steven.

–Nos primeiros dias de aula ela fica doente? Quem é ela? Tem certeza de que ela não está matando aula? - perguntou a professora.

–Acredito que a srta. nunca viu a Hayley, e tenho certeza absoluta de que ela não está matando aula.

–Tudo bem, mas se ela faltar na minha próxima aula, vou achar que ela está matando aula. E se for só nas minhas aulas, serei obrigada a chamar seus pais. Com educação não se brinca.

Ela é a única que chama os pais dos alunos, pensou Steven.

Depois que melhorei da suposta febre, fui até a escola com Mathias para dar a justificativa da minha falta. Perdi aula de revisão e não queria ficar para trás. Não nos primeiros dias. Mathias estava no carro, enquanto que na diretoria, eu estava sentada na salinha de espera. Eu estava olhando para os ponteiros do relógio, quando a mãe de outro aluno entrou e ficou me olhando.

–Menina, você é louca?

Eu olhei para os lados para ter certeza de que ela estava falando comigo. Estava.

–Não. Por quê?

–Você acha que sou tonta? Você acha que eu sou burra? Hein? - a mulher colocou as maos na cintura.

–Não senhora, o que eu lhe fiz?

–Você bateu no meu filho hoje.

–Me desculpe, mas... Houve um engano, eu faltei a aula hoje e eu nunca faria isso.

–Pensa que me engana?

A mulher chegou perto de mim e falou baixinho:

–Eu sei quem você é, não adianta tentar me enganar, Tanner - ela chegou mais perto, encostando sua boca em meu cabelo. - Sombras irão te encontrar.

Eu fiquei com os olhos arregalados e a mulher foi embora.

–Sim? - a diretora chegou na salinha. Demorei alguns segundos para me lembrar o que eu fui fazer lá.

–Eu queria justificar minha falta de hoje. Eu perdi uma aula de revisão com a professora Juliana, é que eu estava um pouco tonta e enjoada.

–Então acho que você está assim novamente, porque você está estranha. Pálida.

Na verdade eu estava pensativa, e um pouco apavorada, mas disse o que ela queria ouvir.

–É, eu estou meio tonta.

–Tudo bem. Eu falo com a professora. Você está conseguindo se achar com o cronograma das aulas?

–Sim -respondi.

–Tudo bem. Você já pode ir. Quer que eu te acompanhe até a porta?

–Não precisa. Meu tio está lá fora me esperando.

–Ok.

Saí um pouco de vagar e parei na área da escola. Mathias saiu do carro e foi até o portão. Fui até ele.

–Você nunca foi boa em vencer pesadelos. Vamos para casa.

Eu sorri e fui em direção ao carro preto do outro lado da rua.

Já em casa, eu contei o que havia acontecido, ao meu pai já que já tinha contado a Mathias. Minha mãe estava fazendo compras e só ia voltar para casa depois de um bom tempo.

–Os perigos não estão só na rua, estão na escola também. Temos que tomar mais cuidado - disse Mathias.

–Mas o que devemos fazer? - perguntou meu pai.

–Se continuar, Hayley não poderá mais ir para aula.

–Ei gente, vocês dois estão conversando como se eu não estivesse aqui - eu queria participar da conversa. Aquilo fazia parte da minha vida, eu tinha que saber. - Como assim parar de ir a aula? Recém começou o ano.

–Eu sei, mas é para seu bem. Não podemos ariscar. Daremos uma boa desculpa.

–Olha Mathias, a escola é um lugar cheio de gente, não fariam nada contra mim – eu disse, tentado esclarecer que eu não poderia perder as aulas. A revisão no começo do ano é importante para eu me lembrar com detalhes o que estudei no ano anterior.

–Você que pensa, mocinha. – respondeu Mathias. Ele se levantou e foi em direção à porta. - Hayley, visita para você. Ele abriu a porta.

–Como sabia que eu tinha che... Ah, esquece - disse Steven um pouco surpreso. - Você disse que eu podia vir aqui à tarde - disse Steven, olhando para mim.

–Oi Steven. – eu comecei.

–Oi garota mutante. Você está bem? - disse ele enquanto entrava e Mathias fechava a porta.

–Aham.

–Tem certeza?

–Tenho.

–Estamos conversando sobre uma coisa meio séria e acho que você deveria escutar.

–Sério? Estão falando do quanto a Hayley é chata e eu tenho que aguentá-la?- disse Steven olhando para Mathias.

–Ei! – retruquei.

–Estou brincando!

–Não teve graça, o chato aqui é você.

Mathias desceu o degrau e foi em direção ao sofá, enquanto falava.

–Bem, eu acho que ela deve sair da escola se isso acontecer novamente.

–Posso perguntar o que aconteceu?

–Bem Steven, sua amiga aqui teve um pesadelo esta noite e entrou em pânico. E hoje na escola teve o desagradável encontro com uma sombra. Muahaha.

Steven me olhou por alguns segundos. Sentou-se ao meu lado no sofá. Em alguns segundos estávamos todos sentados no sofá, quando Mathias ficou pálido, e todos ficamos preocupados.

–Você está bem meu irmão?- perguntou meu pai.

–Hayley, não atenda o seu celular. Não atenda.

Nós olhamos para meu celular em cima da mesinha de centro e depois de alguns segundos, ele começou a tocar.

–Eu não devo atender?

–Não - Mathias olhava assustadamente para o celular.

–Por que ela não pode atender?

–Aguarde Steven, ela apenas não pode atender.

–Número desconhecido - eu disse.

–Não atenda Hayley.

Mathias estava parado, sem piscar os olhos e continuava pálido. Estávamos todos tensos. O celular parou de tocar e um silêncio tomou conta da sala.

–Você sabe quem era?

–Sabia que você não podia atender.

–Você estava pálido.

–Já passou.

–Meu irmão, sei que sabe quem era. Nos conte.

Mathias levantou a cabeça. Pensativo. Ele sabia quem era.

–Demetrius.

O garoto levantou-se de sua classe e foi até o colega do outro lado da sala. Ficou andando em volta dele.

–Quer alguma coisa? - o garoto que estava sentado perguntou.

–Não.

O garoto da classe olhou para o outro lado para falar com um colega e quando olhou novamente para o garoto em pé não o viu mais. Ficou olhando para a porta aberta, sem entender aonde o colega tinha ido. Viu a professora ir até a porta para chamar o aluno de volta, que já tinha saído da escola. Olhou para sua classe e percebeu que algo tinha sumido.

Fora da escola, o garoto caminhou normalmente pelas ruas, com a tesoura do colega na mão, como se nada tivesse acontecido.

–Espera... Como ele sabe meu número?

–Não sabe... Ele deve ter pegado da sala da diretora. Alguma sombra deve ter pegado.

Mathias olhou para mim, como se esperasse alguma coisa.

–Então aquela mulher e aquelas pessoas que falaram comigo eram sombras?

–Esperta. Você continua indo para aula, mas se alguma coisa assim acontecer novamente, você imediatamente me diga. Lembre-se, eu sempre vou estar na escola. E você também Steven, se alguma coisa estranha assim acontecer me procure.

Silêncio.

–Você falou com seu pai sobre isso, garoto?

–Não.

–Tudo bem.

Silêncio.

–Tio, o que devemos fazer se encontrarmos uma sombra novamente?

–O melhor que podem fazer é ficar quietos. Se tentarem atacar vocês, não fujam. É pior. Apenas fiquem calmos. Ei, você me chamou de tio. Nunca ouvi você me chamar de tio antes.

–Foi no automático, nem percebi.

–Sei.

Ele olhou para mim com um sorriso tão grande, que percebi que ele gosta quando o chamo de tio.

Depois de muito conversar, Steven foi embora, Mathias foi para seu quarto - ele mora conosco agora, ou pelo menos por enquanto - meu pai foi buscar a minha mãe no supermercado e eu fiquei olhando televisão.

Mais tarde, quando já estava escurecendo, eu estava na cozinha fazendo um lanche, quando recebi uma mensagem de um número desconhecido.

"Eu sei onde você estuda, sei onde você mora, sei também onde seu amiguinho mora. Sei que seu tio está em sua casa. Mesmo se não atender o celular, você não irá conseguir escapar. NUNCA."

Fiquei com os olhos arregalados e saí correndo subindo a escada.

–Mathias! Mathias!

–O que foi Hayley? – Mathias disse enquanto saía do quarto.

–Olha essa mensagem. - eu estava sem fôlego. Mostrei a mensagem para ele, que ficou sem reação.

–Meu Deus. Está bem, agora é oficial, você não vai para a escola amanhã. Seu pai depois liga para a diretora e inventa uma desculpa. Fala para o Steven que você não vai mais à escola, e diga também que seu pai irá falar com o pai dele amanhã. Ele também não pode continuar indo à escola. Vou ficar de guarda mais um pouco por lá por segurança, e também para eles pensarem que você está lá.

–Ok. Mas aqui diz que não adianta eu fugir, ele sabe onde todos nós moramos.

–O número é diferente, mas o seu não é. Eles tem mais de um celular - Mathias fez uma careta que não pude me conter... Tive que dar risada - Não se apavore. Não é tão grave.

–Acho que é meio impossível. Espera, não é tão grave? Tem um louco dos couros tentando nos matar e não é tão grave?

–Ele não quer nos matar, só quer nossos poderes.

–E como se fôssemos dar a ele.

–Não morremos se nossos poderes forem tirados de nós.

–Não?

–Não.

Fez-se uma pausa.

–É. Não é tão grave.

Ficamos olhando um para o outro. Pensei bastante até concluir que ainda não tinha terminado meu lanche. Voltei para a cozinha e Mathias ligou para meu pai. Pediu a ele que fosse para casa o mais rápido possível. Coloquei meu pão em um pires e fui para a sala me sentar ao lado de Mathias. Ele parecia aborrecido.

–Pão? - ofereci.

Ele não respondeu. Terminei de comer e coloquei o pires na mesinha de centro. Coloquei minhas pernas para cima do sofá e fiquei olhando para a televisão. Depois de alguns minutos em silêncio, finalmente eu falei.

–Se não é tão grave, por que pediu pro meu pai vir pra casa?

Ele suspirou.

–Porque é grave.


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Notas finais do capítulo

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