Testemunho de um estereótipo quebradiço escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 1
TESTEMUNHO DE UM ESTEREÓTIPO QUEBRADIÇO




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“Oh meu Deus, a casa parece minúscula, o relógio está estagnado, já se passa das duas, ou é só mais uma ilusão? O barril com as cinzas dos meus ancestrais é só uma melodia antiga que não merece... Ou merece ser ouvida? Olha para mim, ora para mim, eu tratando com despeito os que me fizeram hibernar nesse mundo, quem sou eu perto de um colosso? Poeira ou uísque?
Mesmo com meia, o chão gelificado transforma minha espinha em vidro, meus animais estão mais dentro do que fora, o ocultismo desinteressante devia fazer a escuridão se orgulhar. Os colantes nas portas passam uma realidade surreal, pessoas e matrizes adentram o recinto recitando poesias melódicas a ponto de descansar meus neurônios aturdidos, ou excitá-los, maldito paradoxo.
Dançando valsa com a penumbra, a luz se ofusca, o silêncio é delicioso, a calma atrai a quietude, de domingos sem jantares estupefatos. Talvez tudo seja uma carência que não merece ser preenchida, ou abraçada com todas as forças, o toca-discos apenas roda Dominique de Soeur Marie, que terreno lúgubre, que abraço de urso, que fisgada no peito.
Pergunte a um médico, ele chamará isso de Loucura, com letra maiúscula mesmo, velha conhecida. Pergunte a um agente funerário e ele dirá que é Morte, uma velha amiga. Pergunte a mim e direi que é uma incógnita, uma dança hindu com feitos odisseicos, ou talvez apenas um mergulho nas águas escuras do lago das memórias perdidas, vejo em cada rosto uma possibilidade, alguns me remetem ao amor, outros ao repudio, e isso é um atraso evolutivo. O homem evoluiu para matar, é isso que chamamos evolução? Sabe qual é o pesar de passar o tempo e evoluir? Cada respiração é potencialmente a última e quando mais se vive, mais próximo do sepulcro está”.
Não sou pessimista, e nem existo de verdade, sou apenas uma fantasia do meu homem, o problemático catatônico, divido entre o real e o utópico, em um mundo beirado na destruição, olham para mim e lembram o caos, hilário, homens nascidos do caos cheiram flores, ou apenas é fumaça das apaixonantes pessoas que passam ao lado?
Até os maiores demônios têm sonhos, e sonhos são fluídos da perfeição, inconscientemente é um sinal de esperança, quando olho para as cinzas, inspiro o odor, espero que renasçam dentro de mim com mais força e potência, para poder criar o lobo e o cordeiro, uma metáfora humana surgida dos primórdios dos pastores.
O espelho tem seis faces, meu fantasma elevou a pergunta ao meu deus: “Qual é você agora? O melancólico? O escritor? O felizardo? O parvo? O romântico? Ou o impulsivo?”, o maior poderio para aniquilação nasce do lócus do cromossomo mãe, e esse, é o criador. O eloquente traja o traje da hipocrisia ou da verdade obsoleta.
Isso é o que chamam de destino? Estou aqui para falar do meu arquiteto, ele trava um litígio tremendo contra a própria alma, essa é sua missão, vencer a perversão, sente necessidade de se conectar a alguém, mas é muito ocioso para sair do lugar, prefere o mundo criável aos seus dedos, do que o destruível a sua mente... Nossa, sinto orgulho dele, ou talvez medo do que ele possa me causar no final de tudo isso.
Há apenas uma forma de amenizar esse endiabrado homem, compartilhar sua dor, escrever, e ter uma mentora, sim, uma mentora. Conheceu uma vampira, o gosto do fel veneno, trincou sua alma, receoso, tentando matar qualquer possiblidade de recomeço, conheceu a luz, através de cabelos platinados no jardim de éden, o céu lembrava seus olhos. Assumo total competência pelo que direi agora: Do seu sentimento de impotência nasce os mais belos anjos e as mais belas visões, sejam elas: Uma descomunal garota para abalar sua resistência, pensamentos belicosos convertidos em mensagens de apoio ou abraço fraterno com lágrimas nos olhos. Do arrependimento sai a depressão, combustível de todos os decadentes, e ele sente um gosto amargo porém âmago, isso o move, cantos tristes enfeitam sua madrugada.
Ainda me lembro de quando ele olhava para a Lua e perguntava se alguém olhava-a pensando nele, não quis dizer, porém sussurrei em seu ouvido: “Não...”, poderia ter mentido, todavia a hipocrisia da sua própria criação é óbvia, talvez eu estivesse errado, quem poderia me provar o contrário? Ainda espero a resposta.


24/07/14


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