“Nyah! Ser assistente da Hanji-san é muito trabalhoso, porém divertido”, pensou Armim. “Ter que entregar essas pesquisas em dia de folga é uma grande sacanagem”', reclamou mentalmente, repreendendo-se logo depois.

“Ah, Armim! Deixe de ser mal-agradecido, pelo menos você terá uma chance de mostrar a Hanji-san o quão inteligente é! Talvez até consiga conversar uns cinco minutinhos com ela”, sonhou o garoto.

A verdade é que não era apenas admiração que Armin sentia pela Tenente, o garoto escondia por trás dos olhos azuis e curiosos uma paixão platônica pela sua superior, e fora muitas as vezes que se pegava admirando Zoe. Ela de fato era muito bonita, até Eren e Jean já admitiram isso. Sua pele levemente oliva se diferenciava das demais e seus olhos eram cor de avelã, quase amarelos, sem contar que Hanji² aparentava ter a metade da sua real idade.

Mas, apesar de tudo isso, ninguém mexia muito com ela, achava que era por que Levi Heichou e Irwin espantavam todos os outros rapazes que tentavam se aproximar com intenções tortas. Haviam muitos boatos sobre a sua relação com os dois veteranos, mas Armin acreditava que Hanji nunca seria capaz de ficar com dois rapazes simultaneamente.

Foi com esses pensamentos em mente que caminhava em direção à clareira onde se encontrava sua superior. Ao chegar, viu a morena sentada sobre uma pedra enquanto folheava relatórios. Para sua surpresa, não usava seu tradicional uniforme e seus cabelos estavam soltos, a farda fora substituída por uma camisa de mangas curtas brancas e gola babador; saia creme plissada de cintura alta com estampas florais que marcava bem suas curvas. Hanji-san nunca foi muito forte, aliás, já a viu pedir à Levi para abrir um pote qualquer milhares de vezes.

Logo a Tenente o avistou e sinalizou com as mãos:

— Armin! Venha aqui! — Gritava com um sorriso no rosto.

O pequeno soldado apressou o passo e cobriu em pouco tempo a distância que os separava. Ao chegar foi recepcionado com um caloroso sorriso que era tão comum dela. Hanji-san tinha a incrível habilidade de fazer os outros sorrirem, até do Heichou ela arrancava uns ou outros.

— Sente aqui — sinalizou com a cabeça a pedra em que estava sentada. — Trouxe o que eu lhe pedi?

Já claramente corado e muito nervoso, respondeu gaguejando:

— S-s-sim, Hanji-san!

— Ah! Que maravilha! — disse com sua alegria habitual. — Deixe-me ver!

Ao pegar as folhas de papel suas mãos se tocaram por um segundo, o pequeno garoto arregalou os olhos e corou ainda mais. Mesmo achando que era impossível tal ato, sua superior percebeu isso e pareceu se divertir com a reação do garoto, soltando um suave riso. Logo depois o provocou:

— Eu não mordo, Arlert. Não precisa ter tanto medo.

O loiro não respondeu nada, isso pareceu diverti-la ainda mais, porém logo se pôs a ler a pesquisa. Foi quando Armin se deu conta que Hanji estava sem seus óculos, sua curiosidade não pôde ser contida, então o breve silêncio foi quebrado por uma pergunta:

— Hanji-san, o que aconteceu com os seus óculos?

— Me chame apenas de Hanji, pequeno. E, respondendo sua pergunta, eles quebraram.

— Mas você consegue ler sem eles?

— Sim. É melhor com, mas consigo fazer tudo sem ele. — Deu um sorriso amigável. — Respondido?

Retribuindo o gesto, ele disse:

— Respondido!

— Nenhuma dúvida? — Brincou ela.

— Nenhuma dúvida, Hanji-san! — Respondeu, dando ênfase ao “San”.

Os dois riram. Um longo silêncio sucedeu a brincadeira que só foi quebrado quando a morena acabou de ler a pesquisa:

— Você é muito bom, Arlert! Não sei o que seria de mim sem você! — Elogiou seu pupilo.

Hanji logo percebeu que Armin corou. Achava graça da sua timidez e sabia que ele tinha uma queda por ela e, sem pensar duas vezes, deu-lhe um beijo na testa seguido de um suave “dispensado”.

Armin não sabe até hoje como conseguiu caminhar até seu quarto sem desmaiar depois disso, mas de uma coisa estava certo: Nunca mais iria lavar sua testa.