Coração de Guerreiro escrita por Belle Princesse


Capítulo 1
Coração de Guerreiro


Notas iniciais do capítulo

Essa one bem curtinha foi inspirada na fanart que eu achei absurdamente linda (e que alguma mushakista devia usar para uma long, só acho :v ). Quem me conhece sabe que o casal não é meu favorito, mas até achei que ficou fofo. ♥



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Pouco tempo que seu aprendiz lemuriano havia chegado em Jamiel, ainda de tenra idade, tal qual era de costume e tivera sido com seus antecessores, Kiki já dispunha de uma certeza que nem todos os aspirantes possuíam.

A casa de áries era diferente das outras, por assim dizer, uma vez que pertencia aos lemurianos há muitas gerações e, embora não fossem muitos a pisar na Terra, ainda era de seu povo a missão de guardar a primeira casa.

Kiki era um lemuriano com ascendência desconhecida, embora desconfiável. Isso não era o de maior importância para o atual cavaleiro de Áries, Mu. Treinaria o aspirante e o cuidaria como a um filho, dando-lhe treinamento de guerra e uma família.

O menino mal havia entrado para o clã e já se deparava com o isolamento. O treinamento dos cavaleiros de Áries comumente se dava em Jamiel e com Kiki não foi diferente, porém havia mais um pormenor que não era comum aos aspirantes.

Acontece que Mu se mantinha exilado naquelas terras, por conhecer a verdadeira natureza do Mestre do Santuário, assim como o fez Mestre Ancião. O cavaleiro de Áries sabia que não poderia enfrentar todo o Santuário, pois que uma acusação sem provas o faria se chocar contra todos os outros cavaleiros que acreditavam no Mestre. Tampouco poderia compactuar com aquela farsa, o que o fez se exilar em Jamiel até que Athena voltasse para recuperar seu lugar, o que sabia estar bem próximo.

Aparentemente o Santuário, embora contrariado, não havia oferecido resistência a sua decisão de deixar a primeira casa. Alguns poucos amigos companheiros de batalha, como o honradíssimo Cavaleiro de Touro, Aldebaran, se mantinham neutros ante a sua decisão, enquanto outros não tão próximo e defensores mais acalorado, como o Cavaleiro de Capricórnio, Shura, não o havia perdoado pela afronta julgando-o como traidor, assim como o Cavaleiro de Sagitário, Aiolos.

Porém, havia um em especial que não parecia convencido o bastante. O que era curioso, considerando quem se tratava. O poderoso Cavaleiro de Virgem, Shaka, o homem mais próximo de Deus.

Volta e meia Mu percebia a cosmo-energia do amigo virginiano sondando Jamiel. A verdade é que eles eram grandes amigos. Conheceram-se na tenra idade de Kiki e Shaka certamente sabia de seus princípios. Imaginava que para ele devia ser uma incógnita a sua situação, embora não fosse a única.

Aquilo se perdurou por algum tempo antes que o próprio aparecesse. Em cosmo, armadura e corpo. O ariano sentiu a chegada do virginiano à distância, já que o amigo não parecia fazer questão de esconder seu cosmo, que lhe soava mais como um cumprimento do que como uma ameaça, o que lhe dava um tempo razoável para pensar a respeito do motivo daquela visita.

No topo da torre avistou quando o Cavaleiro de Virgem chegou. O tempo estava bom, uma leve brisa balançava os fios longos e loiros do visitante, assim como o sári simples que vestia, deixando-o com a aparência mística que lhe era característica.

A que devo a sua visita, Cavaleiro? – O ariano perguntou pouco tempo depois de Shaka ter estancado o passo diante de sua morada. Aproximou-se devagar analisando sua face serena, os olhos fechados como de costume.

Como sempre, direto e objetivo, Cavaleiro. – O santo de virgem comentou ainda com a serenidade estampada na face.

Algumas coisas nunca mudam... – Comentou, lembrando-se de que em outros tempos tinham sido muito próximos. – Já o recebi em minha casa algumas vezes, porém sem conhecer o motivo de tanta insistência. Agora, que veio de corpo presente, acho justo conhecer suas razões.

– De certo que é justo, lemuriano. Mas não há motivo para inquietações, pois como vê... – Estendeu os braços. – Vim em missão de paz.

– Veio em nome do Santuário?

– Não, mas não nego que este é um dos motivos de minha visita.

– Então... – A reticência em sua fala mostrando que esperava uma resposta.

– Vim, cavaleiro, em nome de nossa antiga e estimada amizade. – Shaka começou a dizer e depois parou, como se pensasse bem no que diria, sabendo-o ser analisado minuciosamente pelo outro. Um leve incomodo se abateu sobre o homem mais próximo de Deus, porque ainda o considerava muito amigo, mesmo que os pensamentos divergentes sobre os assuntos do Santuário tivessem afastado a ambos. – Vim porque ainda creio conhecer o seu caráter nobre e espírito de cavaleiro, e devo dizer que não costumo me enganar. De modo que ainda me deixa perplexo a sua atitude radical de se exilar aqui, em Jamiel. Quando o seu lugar é ao lado de seus companheiros de batalha.

O Cavaleiro de Áries ouviu atentamente as palavras do homem que já fora um grande amigo. A lembrança deixou seu cosmo mais melancólico, o que foi notado pelo virginiano. Quando a decisão se tornou resoluta, um dos primeiros que se opôs veemente fora Shaka de Virgem. Assim como outros, este acreditava na honradez do Mestre e era difícil convencê-lo do contrário. O virginiano tinha um gênio, e um ego, um tanto difícil. Nada que o próprio ariano não compartilhasse, é verdade.

– A verdade é que o meu lugar é onde minha consciência me colocar, Shaka... – A frase poderia soar agressiva e até arrogante, mas não era o caso. Entendia muito bem a colocação do outro e se sentia até comovido por sua disposição em tentar convencê-lo de voltar ao Santuário, porém esse não era um assunto que o ariano pudesse reconsiderar.

Não sei se tem conhecimento, Mu, mas o Santuário passará por seu momento mais difícil com o avanço crescente de uma linha de traidores que insiste em prosseguir em ataque a revelia do poder das doze casas. Fala-se, inclusive, de uma impostora que tenta se passar por Athena...

– Sim, estou sabendo...

– E ainda assim insiste em se manter longe? Sua consciência não está em consonância com seu dever de proteger o Santuário? – Era nítida a revolta, mesmo que contida, na voz de Shaka.

– Minha consciência está em consonância em proteger Athena daquele a quem julgo ser o verdadeiro traidor. – Percebeu que diante de sua fala, o santo de virgem pareceu engolir em seco, incomodado. Suspirou pesaroso. Bem queria que ele compreendesse, e até melhor, que percebesse sua razão. Mas não parecia ser o caso. – Acho melhor que se vá, cavaleiro... Não encontrará o que veio buscar...

O ariano parecia mais conformado do que propriamente confiante de sua decisão ao ver aquele a quem aprendeu a admirar tão reticente quanto a sua decisão, ainda mais ele cujo coração era nobre como a de um bom santo de Athena, cuja sabedora se estendia além do que poderia imaginar. Sentiu um pesar se abater sobre seu coração, sem entender o porquê da insistência do virginiano. Virou-se de costas e já se preparava para voltar ao seu templo quando sentiu o cosmo do outro elevar-se.

Era incompreensível e até mesmo insólita a recusa do Cavaleiro de Áries voltasse para a primeira casa. Por um momento achou que ele pudesse ter algum envolvimento misterioso com os traidores, como aventou o Mestre do Santuário, coisa que Shaka jamais pôde admitir para si mesmo.

– Eu não posso admitir tal coisa, Mu... – Afirmou, elevando seu cosmo demonstrando que não sairia dali se não convencido de seus motivos.

Shaka... – O ariano se virou novamente para, incrédulo, perceber que o virginiano havia tomado uma postura de ataque, inflamado o cosmo, mas não havia agressividade. – O que pretende?

– Há muito que não treinamos... – O indiano disse, fazendo o ariano se perder nas atitudes daquele homem. Fechou os olhos e ponderou. Era verdade que, antes de serem santos, treinaram algumas vezes juntos, quando visitava o Santuário com seu mestre Shion.

– ... – O lemuriano não soube o que dizer, mas acatou. Voltou a se aproximar, elevando o seu cosmo e colocando-se em posição de combate.

As energias se fundiam e percorriam vastos campos enquanto se olhavam. Folhas secas eram levadas pelo vento e formava caminhos por entre os dois, a agitação chamando a atenção do aprendiz que logo se aproximou para ver o que acontecia, assustando-se ao mesmo tempo em que se admirava ao ver a cena dos dois Santos em posição de luta. Era uma cena linda...

A atenção do menino era total, a animação diante daquele acontecimento era imensa e era perceptível pelos seus olhos arregalados. Ver o seu mestre em ação com outro cavaleiro era uma oportunidade rara já que vivam tão isolados.

Os dois homens que duelavam estavam alheios ao pequeno espectador. A atenção era total um ao outro, analisando antes dos golpes começarem. Os movimentos começaram lentos, graciosos, o misto de ataque e defesa de ambos mais parecia uma dança do que uma luta. E, mesmo pequeno e inexperiente, o pequeno Kiki percebeu que aquela luta não era como as outras. Tinha um algo diferente que não sabia explicar...

Até que em determinado momento o menino não mais conseguiu distinguir os movimentos e depois nem mesmo era possível ver os combatentes. Eles, no entanto, viam tudo a passos vagarosos. Não viam movimentos, e sim os olhares. Não notavam golpes, mas experimentavam intenções. Não sentiam os golpes, sentiam a força do espírito guerreiro.

Então, inesperadamente, assim como tinha começado, o embate terminou. Eles estavam suados, ofegantes, mas sorridentes levando estranheza ao menino que observava.

Você continua o mesmo... – Shaka comentou, com um sorriso aberto nos lábios. Era o que ele precisava saber.

– Você também não mudou muito... – O ariano comentou ante ao trabalho que o outro dava. Acompanhou o outro no sorriso. Havia entendido o motivo daquilo. Ambos respiraram fundo para recuperar as energias enquanto se olhavam, calados...

...

Mestre! – O silêncio fora interrompido pela animação do pupilo. – Nossa! Isso foi demais! – Comentou achando graça de tudo aquilo. – Um dia quero ser tão forte quanto você!

– Você será... – Paciente, Mu explicou sem desviar o olhar do amigo.

– Bem, eu vou indo...

– Shaka, espero que tenha encontrado as respostas que buscava... – O virginiano sorriu.

– E eu espero que você volte... por nós... Algum dia, meu amigo. – Cumprimentou-o gestualmente, discreto, e se retirou aliviado. Assim como o cavaleiro de Áries, satisfeito posto que sabia que ao final de tudo ainda o teria... para si.

Fim


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Notas finais do capítulo

N/A: Sim, a fanfic é um tanto aberta embora eu tenha dado alguns indícios pela fic que havia um motivo maior atrás dessa visita além da perplexidade do virginiano :v Bem, quem me conhece sabe que eu não sou de me arriscar com os virginianos porque... Sempre acho que fica ooc demais 3 Mas acho que dessa vez consegui fazer algo que não ficou muito longe do que ele realmente é! Gostei muito do resultado e espero que vocês também gostem!Beijos!