Setevidas escrita por tony


Capítulo 50
A póstuma tribo dos dragões


Notas iniciais do capítulo

"Arco de redenção 3 de 7"



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À tarde, eu liguei para o Lucas pra avisar sobre o meu treinamento com a Natália. No início, ele não achou boa ideia e insistiu para que eu esperasse meu castigo acabar pra começarmos os treinamentos. Expliquei a ele os meus motivos dizendo que as cartas poderiam se manifestar a qualquer momento e que queria estar preparado pra isso. Relutante, ele concordou e nos aconselhou à treinarmos de madrugada e dormirmos pela manhã, já que vamos estar de castigo mesmo, não teríamos problemas se escapássemos escondido à noite.

São meia noite e quarenta, estou assentado na cama esperando o sinal da Natália para começarmos nosso treinamento. Seguro firme as oito cartas e decido levar também minha mochila com uma garrafinha d’água, sanduíches e roupas extras pra caso precisar. Afinal, nunca se sabe quando eu posso parar num deserto ou no meio de uma guerra em um dos meus treinamentos.

Aos poucos a porta do meu quarto se abre e consigo enxergar minha prima me chamando pra segui-la. Ela caminha à passos suaves e largos pelo corredor e desce as escadas com cuidado. Sigo ela até o porão, onde ela fecha a porta e liga as luzes do cômodo.

Quando as luzes se acendem, consigo ver claramente o seu visual meio... Extravagante. Natália, ou melhor... May, está usando um quimono verde estampado de flores rosas costuradas detalhadamente com relevo para se destacarem. Os punhos das vestes são vermelhos, assim como a gola também. O obi, também conhecido como o cinto do quimono, é do mesmo tom de rosa que as flores da estampa e as bordas dele são avermelhadas. Seus cabelos estão presos em um coque muito bem feito e amarrado com algumas fitas vermelhas. Há dois Kanzashis de flores cor de rosa presos no seu cabelo e em seus pés ela usa um chinelo que parece de madeira.

— Ah... — Penso um pouco antes de questionar. — ... Pra que tudo isso?

May revira os olhos com certo desdém.

— É uma antiga tradição... — Ela responde sem entrar muito em detalhes. — Para o lugar que vamos pelo menos um de nós deve estar com as vestes adequadas.

— O que há de errado com as minhas roupas? — Pergunto incomodado com o comentário.

— Nada. — Ela responde rapidamente invocando seu báculo, que também está detalhadamente decorado com fitas vermelhas. — Apenas, transforme-se quando estivermos lá e assim, nós dois estaremos com as vestes apropriadas.

— Tudo bem. — Resmungo. — Mas para onde estamos indo?

A garota com trajes japoneses se posiciona na minha frente e gira seu báculo conjurando algumas palavras mágicas em uma língua que parecia mais difícil que o refrão de Ragatanga.

Um pentagrama surge no chão e começa a brilhar uma cor lilás iluminando mais ainda todo o local. No meio da estrela, um portal se abre e May caminha na sua direção.

— Estamos indo para uma tribo que Lucas nunca teria coragem de te levar.

— Uma tribo que Lucas nunca teria coragem de me levar? — Repito parecendo um idiota encantado com o portal.

A bruxa se vira na minha direção e estende sua mão. — Nash, você está prestes a conhecer onde o meu primo, Shat criou todas as cartas mágicas.

— O QUE? — Berro me esquecendo que ainda estamos no porão da minha casa.

— Shiiiu! — May me repreende — Só confie em mim.

Seguro sua mão e caminho para dentro do pentagrama junto com ela. A ruiva pega olha pra mim e assente com a cabeça sinalizando para pularmos e sem ao menos esperar minha confirmação, ela pula me puxando junto.

Tudo o que consigo enxergar depois disso é a escuridão.

Sinto meu corpo cair em um abismo sem fim, como se fosse a toca infinita do coelho em que Alice caiu pra chegar no país das maravilhas. A ansiedade toma conta de mim. Só de imaginar o lugar em que o poderoso Shat criou as cartas mágicas, começo a ficar nervoso como uma criança que vai pela primeira vez ao parque de diversões.

Aos poucos a escuridão é preenchida por pequenos pontinhos de luz, como se fossem vagalumes.

E quando percebo que os números de luzes estão aumentando, sinto meu corpo desabar no chão ao lado da pequena bruxa.

Abro meus olhos lentamente e dou de cara com as mãos da May estendidas para me ajudar a levantar. Começo a olhar ao meu redor e não vejo nada além da densa fumaça que corre sobre o chão e os luminosos pontinhos que estão por todos os lados.

— Ah... Chegamos? — Pergunto segurando a mão da garota que me ajuda a levantar do chão.

— Ainda não! — Ela responde apontando com a outra mão para um ponto de luz enorme alguns quilômetros na nossa frente. — Minha magia de teletransporte acabou nos trazendo pra fora da tribo, mas é só atravessarmos aquele feixe de luz e chegamos!

— Tudo bem. — Falo começando a caminhar ao lado da garota. As únicas coisas que consigo enxergar no meio de toda a escuridão são: os pequenos pontinhos de luz, a densa fumaça fria do chão, o quimono verde da minha pseudo-prima e o enorme feixe de luz na nossa frente. Distraído, acho que acabei vendo a silhueta de algo sair do feixe de luz e subir pelas trevas do céu. Mas, em todo esse tempo em que estive com o Lucas, ele nunca me contou sobre a tribo que inspirou o mago Shat a criar os amuletos mágicos. — Escuta, May... — Falo no meio da escuridão tentando chamar a atenção da garota. — Que tipo de tribo é essa que estamos indo.

Por um instante penso que a bruxinha desiste de me responder, sem ao menos dizer algo, ela continua caminhando em direção à luz como se estivesse necessitando estar naquele lugar.

— A tribo dos dragões. — Ela responde por fim.

Meu coração começa a ficar agitado na hora.

— Dragões? — Pergunto — Aquela criatura mitológica enorme que cospe fogo pela boca?

— É isso ai. — Ela diz sem ao menos parar de caminhar — Mas não se preocupe... — A bruxinha fala no mesmo instante em que eu olho pro céu e vejo um pontinho de luz se aproximando rapidamente. — ... os dragões que existiam na tribo estão todos extintos.

— É? — Questiono sem tirar os olhos do céu. — Se os dragões que existiam estão todos mortos, o que é aquilo ali. — Pergunto apontando pro céu.

E no mesmo instante a escuridão se assusta com um forte rugido vindo dos céus. Tudo começa a ficar claro, quando a enorme criatura voando sobre as nossas cabeças, solta um berro ensurdecedor. Ele é enorme e seu corpo é todo azul claro e transparente. Dentro do monstro enorme há várias estrelas e pontinhos de luz, como se ele se alimentasse de todos os pontinhos que existem nessa dimensão. Seu brilho é tão forte que pareço estar olhando para o sol, por isso protejo o meu rosto com as mãos. Em sua cabeça há um par de chifres enormes dourados e ao redor do seu corpo emana uma densa energia de luz.

Ele olha com seus olhos assustadores na nossa direção e eu me borro todinho de medo.

— Acho que todos estão mortos menos esse ai. — May sussurra.

E vendo o movimento dos lábios da garota, o dragão cospe um enorme disco de redemoinho luminoso na nossa direção. Fecho os meus olhos e espero o impacto destruir meu corpo, e sem reação coloco minhas mãos na frente do rosto na tentativa de me proteger, mas é tarde demais.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo saindo quentinho ♥
Espero que vocês estejam gostando da história.
Amanhã irei postar o próximo capítulo, bjuuuuus ♥



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