Setevidas escrita por tony


Capítulo 42
Todos estão loucos - Parte 3




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Quando eu era criança, sempre sonhei em poder voar. Alcançar o mais alto que pudesse e pular sobre as nuvens que imaginava ser de algodão. Pensava que se pudesse ir até a lua, pegaria um pedaço dela e guardaria para mostrar a todos aqui na Terra. Sempre sonhei em poder flutuar e dar piruetas no ar, ou até mesmo ficar de cabeça para baixo. Não sei se apenas pensava dessa forma por ser criança ou se todas as crianças pensavam o mesmo. Eu nunca soube essa resposta, nem sei se saberei.

Me recordo de quando eu era criança e a professora colocava uma caixa de giz de cera colorido na mesa e pedia para que nós desenhássemos no papel que ela havia entregado. Às vezes saia uma casa, não bem desenhada, com um sol amarelo e nuvens azuis. Talvez até com uma árvore do lado, se tivesse inspirado ou de bom humor. Outras vezes, desenhava minha família com a cabeça enorme feita em um círculo e o corpo em linhas retas, o mais famoso boneco de palitinho.

Quando eu era criança, sempre quis ser como o super-homem e mover carros apenas com um toque ou quebrar muralhas com apenas um soco. Se minha imaginação fosse além, pensava que se eu poderia usar meus poderes para o bem e salvar a cidade do mal. Derrotando vilões, impedindo-os de assaltar um banco ou roubar a bolsa de uma velha senhora. Eu imaginava que quando minha mãe falasse demais, ela poderia ter um botão que eu clicava e ela ficava no modo mudo ou então ela dormisse para que assim calar a boca. Pensava que poderia combater o desmatamento e o aquecimento global sozinho com minhas mudas de feijão que cresciam dentro de um copo de plástico, junto com algodão, água e luz solar. Pensava que se vivesse todo dia indo pra água, conseguiria respirar quando entrasse no mar.

Quando eu era criança, imaginava inúmeras coisas. Quando cresci, descartei todas essas hipóteses, pois acreditava que essas coisas eram impossíveis. E são! São todas impossíveis aos olhos de quem não acredita. Não estou dizendo para você pular da janela do quinto andar, achando que pode voar. Porque você não pode. Não sem asas! Não sem antes embarcar em um avião. Não estou me referindo mais a janela do quinto andar. O que estou querendo dizer é que: Quando eu era criança, imaginava coisas que agora não estão mais na minha cabeça, mas que se tornou a minha realidade. Hoje eu posso voar. Posso derrubar muralhas com um simples empurrão. Posso criar barreiras, fazer pessoas dormirem e até mesmo posso fazer estrelas brilharem no céu à noite. No entanto, eu trocaria isso tudo, pra ter uma vida normal de um garoto de catorze anos de idade. Não pedi pra ser o anteposto e não queria me apaixonar pelo escolhido. Muito menos queria que ele morresse quatro vezes. Pelo menos, não por mim.

Quando eu era criança pensava que morrer ia ser algo doloroso. Hoje, consigo confirmar essa minha teoria. Meu estômago está trêmulo com as mãos do garoto de coleira que o aperta dissipando seus raios sobre todo o meu corpo. A dor aumenta a medida que o tempo passa. Minha cabeça parece que vai explodir e sinto meu coração disparar no meu peito. Parece impossível, mas sinto as pulsações e até consigo ouvi-las. Sinto meu corpo ficar quente e lágrimas de dor rolar enfileiradas pelo meu rosto enquanto tento em vão retirar as mãos do garoto na minha barriga.

Lucas bate descontroladamente na barreira que não consigo desfazer. Não consigo ao menos pegar alguma carta do meu bolso. É nessas horas que eu queria que alguém me ajudasse. Que o conselho viesse através dos céus e interferisse a batalha lançando Anark novamente em uma cela ou em um calabouço qualquer. Eu só quero que alguém faça parar essa dor. Que alguém se jogue na frente ou que bata nele por trás. Dói muito. Estou me contraindo de dor ao ponto de querer que ele me mate logo. Mas seus olhos clamam por tortura e cada vez mais, ele consegue suprir essa cede insaciável de dor e agonia.

Dor. É a única palavra pelo qual você pensa quando se encontra em momentos de aflição como esse. Não de ser eletrocutado por um garoto de um mundo mágico, mas por estar morrendo de uma forma tão dolorosa quanto.

Dizem, que quando se está morrendo, sua vida toda passa rapidamente como um filme diante de seus olhos. Não é diferente comigo. Exceto pelo fato de não me recordar de quando era criança e sim, de quando conheci Lucas.

— Será que eu tenho a liberdade de falar agora? — Ele disse retirando a franja dos olhos. Eu havia gritado tanto quando Lucas se apresentou pra mim como um gato falante, que ele teve que partir para sua forma híbrida para que eu pudesse me acalmar.

Eu estava tão assustado que só de vê-lo de cueca alí em cima de mim, segurando meus braços para que eu não fugisse, apenas concordei com a cabeça.

— Eu sou o Lucas. — Me lembro que disse isso da forma mais fofa.

— O... O que você quer?!

— Eu sei que é meio confuso... — Ele disse tentando me acalmar. — ...mas na verdade eu sou o seu “anjo da guarda” — Lucas faz aspas no ar. — Ou “guia” se assim preferir.

— Um... Anjo... da Guarda! — Disse parecendo um retardado repetindo suas palavras.

— Sim. — Ele respondeu com um sorriso. — Sou o escolhido para guiar seus passos enquanto a profecia não se cumpre.

— Profecia?

— É uma longa história... — O menino respira fundo. — ... Mas antes de começar, preciso saber se você está disposto a me ouvir e depois tirar suas próprias conclusões. Você pode fazer isso Nathan?

— Como você sabe meu nome? — Sussurrei assustado.

E ele da forma mais doce, respondeu: — Acredite. Nos conhecemos mais do que você pode imaginar.

Logo depois disso, minha memória é cortada devido à dor que invade meu corpo. O sangue começa a escorrer pela minha boca como se fosse uma bica jorrando água. Sinto o sangue escorrer pelo meu pescoço e sujar as mãos do menino. Agarro a minhas únicas forças que me restam e tento segurar o braço do garoto. Consigo, mais já é tarde demais. Estou ficando tonto e tudo à minha volta está começando a girar. – Eu não posso estar ficando louco. – Sussurro em meio a toda faísca de eletricidade que saem de suas mãos. E no mesmo instante, o menino retira suas mãos de mim. Começo a girar e cambalear em direção à barreira que Lucas agride furiosamente. Apoio-me e consigo ver o seu rosto desesperado em meio ao choro. Sorri, pois não consigo proferir minhas últimas palavras. “Eu te amo” é o que eu quero dizer, mas não consigo. Tudo começa a ficar embaçado e depois escuro. Por fim, caio, mas não sinto o dor ao bater minha cabeça no chão duro e rachado.


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Notas finais do capítulo

Oiii meus Felídeos lindos do coração :3
Como vocês estão?! Espero que estejam bem!! Então...SETEVIDAS chegou ao fim ( TT—TT ) de mais uma temporada ;-; A terceira, será postada semana que vem e abrirá portas pra novos personagens que farão grande diferença no enredo da história. Pra quem gosta de matemática, aqui vai uma pequena equação: Lupin – Clara = Shat x (Nathanael + Andy x Lucas) – May = 3ª temporada! AHUSHUASHUAHSUAHSUAHUSHAU :D
Deixo algumas perguntinhas à vocês: Será que Nash bateu as botas?! E Clara? Será que a garotinha irá conseguir se libertar da maldição? Lucas irá se matar mais uma vez para salvar a vida de Nash?! Todas essas perguntas serão respondidas nos próximos capítulos!



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