Setevidas escrita por tony
— O senhor não pode beber isso. — Digo tentando puxar a garrafa de suas mãos.
Ele luta comigo como se aquilo fosse o líquido mais saboroso do planeta ou como se fosse a última água do planeta inteiro. Quando retiro a garrafa de suas mãos, ele avança em cima de mim, me derrubando no chão molhado e cheio de cinzas.
— Sai de cima de mim! — Grito enquanto ele ruge desesperado em cima do meu corpo.
— AFASTAR! — Ouço a voz de uma garota dizer isso e logo o corpo do homem começa a flutuar. Em instantes, ele é lançado contra a parede.
Levanto rapidamente e ao me virar, vejo Natália segurando seu báculo.
— Ainda bem que você está aqui. — Digo me escondendo atrás da garota. — Esse homem está maluco.
— Você captura cartas mágicas e tem medo de um homem que te ataca pra beber cachaça?
— É gasolina. — Corrijo. — Esse homem é louco.
Não sei ao certo, o que aconteceu. Mas, ao ouvir a ofensa, o homem começa a se contorcer e a babar como se estivesse tendo um ataque epilético. Seu corpo se debate na parede e com isso, Natália libera sua magia que o aprisionava, fazendo o homem cair no chão no mesmo instante.
Respiro e falo as primeiras palavras que vem na minha cabeça. — Om Namah Shivaya. — Grito. O cara para na hora e desmaia. Natália sorri pra mim e logo depois se aproxima do corpo desacordado. Ele está de bruços e por isso não se vê o seu rosto.
— Será que ele não tomou os remédios? — Pergunto.
Natália coloca a mão no corpo do homem e retira no mesmo instante como se tivesse levado um choque.
— Nathanael? — Natália me chama em um tom que me assusta.
— O que foi? — Pergunto me aproximando da garota.
— Vire o corpo dele. — Ela pede.
— Mas...
— VIRE O CORPO DELE. — A menina grita quase chorando. — AGORA.
Me abaixo e viro o homem para que ficasse com a cabeça pra cima. Natália aponta para a testa do cara e me puxa pra longe dele.
— O que significa essa marca? — Pergunto.
— Significa que vamos morrer se não fugirmos daqui. — Ela responde criando uma magia de teletransporte.
Foi questões de segundos até chegarmos através da magia no portão da casa de Lucas. Natália, rapidamente abre a porta erguendo o báculo e entra na casa de forma desesperada. Corro atrás dela, pois tenho medo que ela use magia na frente de Denner. Imagine se meu irmão se depara com sua prima flutuando e fazendo as coisas levitarem?
— Onde está Lucas? — Ela pergunta à Lupin que está com a cabeça deitada no colo de Clarinha no sofá.
— Ah... Na cozinha, fazendo mais pipoca! — Ele responde se levantando. — Há alguma missão nova? — O menino fala fazendo aparecer de forma espontânea, suas orelhas de gato.
— Missão não! Mas temos um baita problema.
— O que está acontecendo? — Lupin pergunta assustado.
— Eu também quero saber. — Digo quase em sussurro.
No mesmo instante, Lucas e Denner saem da cozinha com uma bacia cheia de pipoca. Natália levanta o báculo rosa na direção do meu irmão e sem perder tempo diz: — Durma!
As palavras são tão ligeiras quanto o efeito, que faz meu irmão cair no chão desacordado.
— Hey. — Eu e Lucas repreendemos May ao mesmo tempo.
— Sinto muito, mas não temos tempo para conversa. — A menina diz em desespero.
— Dá pra dizer o que está acontecendo aqui? — Lupin pergunta ficando entre mim e Lucas.
— Anark, está de volta.
Lucas engole em seco.
...(POV Lucas)...
Não pode ser.
Depois de tudo que passamos e lutamos para que estivéssemos juntos, ele agora está de volta?! Isso não pode estar acontecendo comigo. Quero que alguém me diga que isso é apenas um pesadelo e para que eu possa acordar desse sonho e ciclo vicioso que se repete há anos. Logo agora que estou conseguindo ajudar Nash na missão. Logo agora que ele capturou seis cartas e está se esforçando e dando o melhor de si... Isso não pode está acontecendo.
Coloco as mãos na testa e suspiro profundamente.
Nathan me observa. — Lucas, está tudo bem?
— Não. — Respondo me assentando no sofá.
Lupin senta ao lado e me abraça quando eu começo a chorar.
— Quem é Anark? — Nathanael pergunta em tom de inocência.
Natália suspira ao responder: — Anark... é a causa das mortes de Lucas.
O menino arregala os olhos e dá alguns passos pra trás. — Mas... Mas...
— Sempre que Anark aparece, as coisas ficam ruins pro nosso lado e Lucas acaba se matando. — May completa — Quando a morte aparece para um felídeo, ela traz consigo o tempo e a vida.
— Ah?
— É um paradoxo. — Explico. — Quando um felídeo morre todas as pessoas humanas ou de outra tribo que tiveram contato com ele, voltam no tempo e se esquecem de que algum dia já se relacionou com ele.
— É por isso que eu não me lembro do que fui pra você em outras vidas?
— Sim. — Sussurro.
Nathanael senta no braço do sofá e se encolhe pra ficar do meu lado.
— Eu não me importo com quem é Anark ou o que ele fez, mas... — Ele vira meu rosto para que eu pudesse olhar em seus olhos. — Podemos enfrentar isso juntos.
Sorri. — Essas foram suas últimas palavras que ouvi sair de você na minha vida passada.
— E essas não serão as últimas dessa vida. — Ele continua. — Iremos enfrentar Anark e acabar com todos os males que vierem contra nós. Certo?
— Certo. — Lupin e Natália dizem ao mesmo tempo.
— Eu não quero te perder novamente.
— E não vai. — Nathan responde me dando um beijo na bochecha. — Estamos juntos nessa e nada irá nos separar de novo... Eu prometo.
Suspiro. — Ok.
— Então... Vamos? — Lupin pergunta eufórico.
— Sim. — Respondo. — Natália, nos transporte para o centro.
— É pra já. — Ela diz levantando o báculo. Uma luz colorida ilumina toda a sala e em instantes estamos no centro da pequena cidade onde moramos.
A cidade está totalmente sombria. O céu está completamente nublado e pode-se ver alguns relâmpagos à cada segundo que passa. Não há chuva e nem trovões, apenas clarões que aparecem repentinamente. Carros, vidros, calçadas, casas e prédios estão completamente destruídos. Em todos os cantos há sangue e desespero. Ao lado da loja de doces, há uma mulher que não para de arrancar os cabelos com as mãos. Ela não grita, apenas está atordoada e fazendo aquilo como se fosse um hobbie ou coisa qualquer. O sangue escorre pela sua testa, mas ela não se importa e continua arrancando os fios de forma agressiva. Do outro lado da calçada, um homem corre de um lado para o outro com o corpo em chamas. Uma garota que parece ter vinte anos está se coçando de forma bruta que sua pele está começando a sair do corpo deixando a região do braço em carne viva. Algumas crianças cortam os pulsos com os vidros quebrados no chão. A moça que trabalha na floricultura, come as rosas cheia de espinhos e de sua boca, o sangue escorre como se fosse saliva. Há pessoas se jogando dos prédios, crianças correndo descalças pelos vidros quebrados no chão, mulheres se contorcendo de dor no chão e homens brigando com facas e armas na mão. A cidade está repleta de caos. Não há som algum. É como se fosse um filme em preto e branco em que não se ouve nada, mas se vê tudo.
Lupin abraça Clarinha e a impede de continuar olhando aquela cena.
Engulo em seco, no entanto ao perceber isso, Nathan aperta forte a minha mão.
— Está sentindo isso? — Ele diz de forma serena e séria ao mesmo tempo.
— Ah?
— Parece que isso foi feito por um amuleto mágico de Shat.
Tento me concentrar para ter a mesma sensação que o garoto e em instantes, sinto uma energia pesada percorrer pelo meu corpo.
— Tem algo de errado aqui.
— Anark deve ter alterado os poderes da carta, como fez nas suas vidas passadas, Lucas. — May verbaliza. — Quando estávamos no posto de gasolina, um homem estava com a marca do vazio na testa.
— Marca... do vazio? — Nathan pergunta confuso.
— É o selo da maldição de Anark. — Explico. — Isso significa que as coisas estão feias pro nosso lado.
Nathan aponta para o final da rua. — A energia está vindo de lá!
— Vamos. — Ele diz correndo.
Sigo o garoto ainda com as nossas mãos dadas, até que no caminho Clarinha cai no chão e começa a se debater.
— CLARA! — Lupin grita assustado.
— É o efeito da maldição. — May diz afastando Lupin da garota. — Estamos nos aproximando do autor dela.
— O que está acontecendo com ela? — Meu irmão pergunta desesperado com as lágrimas prontas para cair.
— É só tiramos ela daqui. Vou criar um feitiço de proteção para que possamos...
— Envolva-nos com sua proteção e não nos deixe ser atingido pelos males dessa maldição, em nome de Nathanael, eu ordeno... TORRE! — Nathanael verbaliza as palavras segurando a carta de proteção nas mãos. Um enorme brilho emerge no corpo de cada um de nós, sendo que de cores diferentes. É como se fosse uma barreira. May está envolvida por uma cor rosa, Lupin está envolvido por uma cor verde, eu, azul e Nash, amarela. Entretanto, Clarinha continua no chão sentindo os efeitos da maldição.
— Não funcionou. — Lupin diz desesperado. — Ela não está protegida.
Agacho pra ficar na altura do meu irmão: — Lupin, pega ela e corre pra um lugar seguro e o mais distante que puder daqui. Corra e muito. Quando achar que está seguro, continue correndo... Quando estiver perdendo as forças, continue correndo. E quando não aguentar mais, pare, mas depois volte à correr até que ache um lugar pra se esconder...Entendeu?
— Mas...
— Ela precisa mais de você do que nós... — Digo. Olho pra Nathan que assente com a cabeça. — Além do mais, acho que desta vez, iremos conseguir lidar com a situação.
Lupin começa a chorar.
— Ela vai ficar bem. — Digo abraçando o garoto. — Eu sei que vai.
O garoto pega Clarinha no colo e coloca em suas costas, segurando os braços da garota contra o seu peito. — MIAU METAMORPHOSE! — Ele grita e no mesmo instante seus cabelos atingem um tom escuro de azul. Seu rabo e suas orelhas de gato também aparecem e de forma ligeira e sobre-humana, ele começa a correr contra à direção que estávamos seguindo.
— Vamos. — May diz correndo pra frente. — Temos que acabar com isso, antes que Anark mate toda a cidade.
Nathan concorda e começamos a correr, até que no final da rua, encontramos um menino sentado de perninhas de chinês no chão.
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Continua no próximo capítulo...