Setevidas escrita por tony


Capítulo 15
Zoológico




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Quando Thomas acordou, ele não se lembrava de nada. Nem se lembrava de que havia ido à escola pela manhã. Só disse que estava com uma baita dor de cabeça e que estava feliz por ter me encontrado depois de tantos anos. Sorri quando ele disse aquilo. Ajudei o menino a se levantar e o guiei até sua casa. Assim que voltei pra casa com a terceira carta, troco de roupa e vou para o meu quarto. Lupin já esta dormindo na forma de felino. Encolhido no tapete do chão, enquanto seu irmão na forma de híbrido admira a lua, sentado na janela.

— Hey. — Sussurro olhando para minhas meias no pé.

O menino se vira.

— Oi. — Ele diz

— Lucas eu...

— Shhh...Você não precisa dizer nada.

— Mas eu...

— Está tudo bem. — Ele diz não retirando o olhar da lua.

Tento não insistir e vou para a cama. Penso em algumas coisas, mas logo pego no sono.

Acordo com Lupin pulando na cama. — É dia de ir ao zoológico. — Ele grita pulando freneticamente dando saltos e cambalhotas no ar.

— Para. — Digo sonolento. Olho para o relógio na mesinha, 06h10min.

— Você prometeu lembra? — Ele diz ainda pulando.

— Uhum. — Respondo.

Como ontem de tarde gritei com Clarinha e Lupin (efeito do pó dourado, juro!), prometi a eles que iria leva-los hoje pela tarde no zoológico da cidade. Só não sabia que eles tinham levado isso tão a sério.

Depois de mais um série de pulos, decido levantar da cama. Lucas não está no meu quarto. Procuro com o olhar mais uma vez pra ter certeza, mas pelo visto ele dormiu fora essa noite.

— Tenho que ir pra escola, Lupin. — Digo sorrindo. — Assim que eu voltar, peço pro Denner levar a gente pro zoo. Okay?

— Okaaaaaaaaaaaaaaaaay — Ele diz dando ênfase na palavra.

...(Bryan POV)...

Entro em uma sala clara, onde no centro flutua quatro bolhas de cores diferentes. Uma é vermelha e tem um símbolo estranho. O símbolo se repete nas outras bolhas com cores azul, lilás e marrom. As bolhas flutuam e giram em harmonia para o mesmo lado. Em círculo.

Desvio por um instante minha atenção das bolhas. Eu não estou aqui para isso.

— Bryan, tribo dos leões. Treze anos de idade, estou certa? — Uma mulher sentada sobre um trono diz de forma serena. Ao lado dela há mais três tronos e pessoas sentadas sobre eles. Um homem robusto e forte me observa aguardando uma resposta.

— Sim. — Respondo. Olho para um velho senhor que está com o manto lilás. — Essa é a minha idade.

— Muito bem. — O homem robusto diz — Nós, o conselho, estamos aqui para lhe mandar em uma missão.

— As cartas de Shat estão se revelando. — A mulher volta a falar.

As cartas de Shat? — penso. — O mago criador das tribos e dos respectivos amuletos?! — Sorri. — Se as cartas estão se manifestando... Isso significa que o Anteposto foi revelado.

— E o anteposto está sendo guiado pela tribo dos felídeos. — O velho senhor completa.

— Convocamos sua presença para que você vá atrás do anteposto e teste o seu potencial. — A mulher diz. — A tribo dos leões carrega a honra de ser a mais temida da nação do fogo.

— E é por isso que escolhemos você, Bryan, para testar as habilidades do anteposto.

— Será uma honra. — Digo me reverenciando. — Quando poderei ir atrás do escolhido e do anteposto.

— Pedimos para que não deixe o escolhido atrapalhar na sua missão. — Uma pequena garota que parece mimada fala olhando para mim. Sentada de forma séria no trono.

— Seu desejo é uma ordem.

— Sem mais delongas, estamos te enviando para a Terra. — A mulher diz levantando a mão e mirando sobre mim. — No seu pescoço há um colar, que irá brilhar quando o anteposto estiver próximo de sua presença. O nome dele é Nathanael. Procure-o e prove suas habilidades.

— Certo. — Digo. Um flash de luz emerge do meu corpo e quando abro os olhos, estou em forma de leão preso dentro de uma jaula. O espaço é imenso. Há pedras, rochas e um pequeno lago... Lá na frente vejo outros leões de minha espécie... Tento me comunicar, mas não os entendo. Onde eu estou?

— Aguarde, e não se mecha até ele se aproximar. — Ouço a voz de a mulher soar no meu ouvido.

Olho ao redor e vejo um monte de crianças admiradas com outros animais que também estão presos em outras jaulas e cercas.

— Eu estou na Terra. — Concluo.

...(Nathan POV)...

Ir uniformizado para o zoológico é tenso.

Assim que cheguei em casa, Clara correu para o meu quarto para me ajudar à vestir Lupin. Escondemos suas orelhas dentro do boné, e dei minhas calças de quando era menor pra ele. A blusa está um pouco grande no seu corpo, mas ele está agitado como nunca. Denner não recusou quando pedi. Quando é pra Clara, ele rapidinho aceita. Avisei que Lupin iria com a gente novamente. Ele disse que tudo bem... E aqui estamos nós no carro; Lupin e Denner estão conversando sobre algum jogo idiota, enquanto eu estou com a cabeça deitada no colo de Clara.

— É alí? — Pergunto.

Denner diz que sim e logo as crianças berram. Meu irmão sorri ao ver minha baita cara de tédio.

Pra mim, seria melhor se Denner tivesse ficado dentro do carro. Ele é o tipo de irmão que não perde uma oportunidade para deixar o caçula mais irritado possível. Eu ignoro sua presença e tento fazer a mesma coisa com Lupin quando grita sobre os animais e a quando Clara imita os macacos sempre quando passa por um diferente. Eu podia estar dormindo, mas estou com duas crianças que parecem retardadas e um irmão mais velho que só está ao meu lado pra fazer esse passeio um inferno. Ótimo!

— Já vimos os macacos, os morcegos, as girafas, os... — Lupin começa a contar com o dedo.

— Acho que já rodamos tudo. — Digo querendo ir embora.

— Falta os tigres. — Denner lembra.

— E os leões. — Lupin diz se lembrando.

É nessas horas que dá vontade de retirar um amuleto do bolso e queimar a cara do meu irmão.

— Depois desses podemos ir embora?

— Só depois do lanche. — Denner diz.

Chuto sua perna, mas ele parece não se importar. Denner é o tipo de irmão que atordoa minha vida, mas no fundo me ama. Ele tem dezenove anos de idade e eu tenho catorze e por isso ele acha que pode mandar em mim. Ele é moreno, nem tanto quanto eu, e seus olhos são um tipo de castanho bem claro (quase mel). Denner fez uma tatuagem no braço quanto fez dezessete anos de idade, minha mãe pintou a macaca com ele, mas ele não parecia nem um pouco arrependido naquela época. No fundo, minha mãe nem ligou muito, pois apesar da tatuagem e piercing ele continuou sendo o filho exemplar que ela sempre quis.

— Vamos ver os tigres primeiro? — Lupin pergunta.

— Os leões estão mais perto. — Resmungo fazendo Denner gargalhar.

Andamos um pouco até chegar perto de onde os leões ficam. Lupin aponta para Clara e começa a contar histórias sobre como eles caçam, não deixando os detalhes de fora e até mesma dizendo que quem caça são as leoas.

Ignoro a presença de Lupin e dos demais. Tudo começa a ficar preto pra mim, foco em apenas um leão. Sinto meu corpo como se estivesse flutuando e me pergunto o que está acontecendo.

— Nathanael? — Lupin chama minha atenção, mas quem vira é Denner. Eu ainda fito o leão.

Lupin olha na direção do animal.

— Agacha! — Ele diz empurrando Denner.

O leão corre na direção dos demais, rasgando a cerca com as patas e pulando em cima de Denner que desvia no último segundo.

As pessoas do zoológico começam a correr desesperadamente. As mães pegavam seus filhos no colo e até mesmo os idosos corriam como se fossem jovens.

O leão rugi. No seu pesoço há um colar que não para de brilhar. Olho para o estrago na cerca e vejo que ao seu redor há fogo. Esse leão não é normal. Só pode ser uma carta de Shat.

— Ta tudo bem? — Lupin pergunta.

— Ta. — Denner diz se levantando — Não façam nenhum movimento brusco. Clara, menino e Nash venham devagar pra trás de mim.

Outro rugido.

Corro pra trás de Denner e sussurro: — Halo! — Digo conjugando apenas a auréola. Só espero que meu plano funcione. — Pó dourado que controla as auras das pessoas ao redor, lance sua cor mais calma sobre os corpos das pessoas do zoológico. “Enamorados”! — Digo segurando a carta.

Um pequeno garoto voa da carta e começa a lançar o pó dourado em cima das pessoas desesperadas e incontroladas que estão no zoológico. Denner cai na minha frente me deixando de cara com o leão que me observa atentamente. Lupin, Clara e eu fomos os únicos que não dormimos. O menino retorna para a carta.

— Está pronto Nash? — Lupin pergunta.

— Estou. — Digo.

O leão fica parado por um instante. Ele abre sua boca, e enquanto eu espero um rugido, ouço uma voz gritar: — Metamorphose! — Era o leão. Uma luz envolve todo o seu corpo e a fera transforma-se em um menino de cabelos ruivos e sardas na cara.

— Q-Quem é você? — Gaguejo inseguro.

— Meu nome é Bryan. — O garoto diz. Ele está de cueca e se você observar bem consegue ver uma pequena barba se formando em seu rosto. Suas orelhas de leão estão escondidas entre seus cabelos e seu rabo balança de um lado para o outro. — E eu serei o seu primeiro e último desafio.

— Do que ele está falando? — Pergunto para Lupin.

O garoto pensa por um instante. — Ele deve ter sido enviado pelo conselho.

— Conselho? — Pergunto.

— O conselho é responsável pelo governo das nações. São eles que discutem entre si e dominam as tribos até o surgimento e a revelação do Anteposto acontecer.

— Entendi. Mas o que ele tem haver com isso...

— Estou aqui para ver do quão você é capaz. — O menino diz se sentando.

— Eeeer eu? — Gaguejo.

— Sim, ou você conhece outro anteposto?

— Vamos acabar logo com isso Nash, e mostrar pro conselho que não estamos aqui pra brincadeira.

— Certo! — digo.

Em um instante, Lupin cai duro no chão, dormindo como todos os outros.

— O-o que?

— O conselho não permite interrupções na batalha. — O garoto diz se levantando do chão. Ele observa Clara ainda acordada atrás de mim. A menina corre para se esconder. — Isso é entre eu, e você!

O garoto corre na minha direção e desferi um soco ligeiro na minha cara.

Caio duro no chão.

— Velocidade e força são minhas especialidades. — O menino diz.

Levanto-me com dificuldade do chão.

— Por que? — Pergunto. — Por que está fazendo isso? Nós deveríamos estar nessa juntos.

— Eu apenas recebo... — O garoto diz enquanto corre me dando outro soco desta vez na barriga. — ... Ordens. — Ele completa lançando meu corpo novamente no chão.

— Eu... Não vou... Lutar... contra você.

O menino fica estático. — Irá morrer só por que se recusa a lutar? Que tipo de anteposto Shat escolheu?! Um covarde?

Sorri para não demonstrar o quanto essas palavras me afetaram. Shat realmente havia escolhido errado. Eu não sou forte o suficiente pra isso.

Permaneço estático no chão.

— Já que não vai lutar. — O ruivo diz correndo novamente em minha direção — Morra então!

Levanto-me cambaleando e retiro uma carta de Shat do bolso da calça. — Fogo que aquece os corações dos oprimidos e solitários, proteja-me contra o ataque da tribo leonina. Em nome de Nathanel, eu ordeno!

Um círculo de fogo é criado ao meu redor me protegendo do ataque de Bryan. Suspiro por um instante e ao tocar a mão na boca percebo que há sangue.

— Droga! — Penso.

— O que foi? — Bryan diz atravessando o fogo, caminhando sem se queimar nas chamas. — Já está cansado? — Ele diz me pegando pelo pescoço e me erguendo. — Caso não saiba, sou da nação do fogo. Eu controlo esse elemento assim como um pássaro controla suas asas. — Diz. Ele me lança no ar e aponta o dedo na minha direção. Várias bolas de fogo me atingem no ar, me queimando seriamente. Caio no chão e bato feio com a minha cabeça. A dor é insuportável. Meu corpo dói tanto. — Já está derrotado, mortal? Pensava que era capaz de mais. Escolher entre você e uma barata para ser o anteposto daria no mesmo. Isso se a barata não for mais valente que você.

Limpo o sangue que escorre do meu nariz. Olho para o meu braço e vejo algumas partes roxas devido aos ataques da bola de fogo.

— Água! — Grito. Um enorme jato de água ataca o garoto que rapidamente desvia. — Terra. — Grito fazendo o chão se rasgar. O menino corre e salta para outras partes do zoológico. — Ar. — Berro. Um vendaval vai ao encontro do menino e ele apenas rugi desfazendo o ataque.

— Isso é tudo que você consegue fazer? — Ele pergunta se gabando enquanto me observa. — Você é fraco. — Ele diz. Aceite isso.

— ENAMORADOS! FAÇA-O DORMIR. — Berro tentando usar a magia do sono no garoto. O que não funciona. O “cupido” nem se dá o trabalho de sair da carta.

O ruivo sorri. — Parece que é o seu fim. — Ele diz materializando uma enorme bola de fogo e lançando na minha direção. Fecho os olhos e espero o impacto que não demora, e me lança para longe. Começo a rolar no chão.

Não consigo ao menos me levantar.

O ruivo vem ao meu encontro e começa a chutar ferozmente minha barriga. Ele quer me matar... tenho certeza disto.


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Notas finais do capítulo

Continua no próximo capítulo...



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