Acordei cedo, 6 horas da manhã, e não consegui dormir mais. Coloquei uma roupa, peguei meu iPod e fui caminhar à beira do mar.

Sentei na areia, olhando para o mar. O reflexo do sol nascendo se encontrava com o mar, dançando ao ritmo da musica que eu ouvia.

Sinto um pouco de areia sendo chutada não muito longe, um grupo de pessoas passava, todas bem animadas e alegres.

Elas não eram muito mais velhas do que eu. Eram um grupo de adolescentes, vivendo o momento. Mas o que mais me chamou atenção foi uma garota do grupo - ela não era mto diferente, de estatura baixa, cabelos castanhos e longos, cacheados. No entanto, a face carregava uma expressão confusa, perdida em devaneios, conflitos interiores. Ela tentava esboçar um sorriso, parecer feliz, e talvez estivesse feliz - mas certamente estava confusa.

Respirei fundo. Era quase como eu me sentia quando acordava bem cedo, supostamente sem preocupações. Mas eu devia estar feliz, não é? Muito, muito feliz! Jason havia me pedido em namoro! Não era isso que eu mais queria?

Parte de mim dizia que sim, outra parte não. Apesar de já não pensar mais em Rafael, ainda sinto que ele realmente me amou. Mas pensar na possibilidade de ter meu coração machucado outra vez... Voltar com ele estava fora de questão. Scott me faz feliz, por que ainda ter dúvida entre os dois? Talvez eu possa estar fazendo escolhas erradas, mas, não faz mal se arriscar algumas vezes na vida, não é mesmo?

Definitivamente essa TINHA que ser minha ecolha. Eu TINHA que ter 100% certeza dela. Scott era a pessoa mais marivilhosa que eu podia encontrar - aquela que jamais me magoaria. Ele era meu namorado agora. E eu era sua namorada. E só isso importava.

 
Só isso podia importar.

Pode até parecer egoísmo mas eu não queria ver nem Rafael nem Scott com outra companheira além de mim, queria que pudesse escolher entre um dos dois à qualquer momento, mas a vida não é tão fácil assim.

Levantei-me e começei a correr à caminho da casa, correr me dá uma sensação de liberdade, sinto-me como se nada pudesse me alcançar. A escola, Scott, Rafael... tudo havia sido esqueçido naquele momento, estavam apenas eu, minhas pernas e a areia presentes naquele momento.

 
Era bom. A sensação de liberdade era boa, a sensação que era só eu. Que só eu estava ali, e que o mundo todo sumia, e que só havia o barulho do mar e das ond.... BUM.

 
Esbarrei em algo, ou alguém, e nós dois caímos na areia.
Quem foi o idiota que...Espera! Aquela não era a garota baixinha e confusa do grupo de adolescentes? O que ela estava fazendo aqui? Devia ter se perdido do grupo.

- Oi, eu sou a Carol. - Falei para a garota, que agora parecia ainda mais confusa. - Você se machucou?

- N-não. Tudo bem.

- Vi que você estava com um grupo de pessoas...

- É, elas estão me esperando logo ali. - Ela disse, apontando para uma barraquinha não muito longe daqui. - Ah, e a propósito, meu nome Ingryd.
Me levantei, e ajudei Ingryd a se levantar também.

- Acho que já vou indo... - Ela disse.

- Eu também...

- Então, tchau.

- Tchau.

- Ei, Ingryd, espera!

Gritei, mudando de ideia subtamente. Ela se virou, com uma expressão ainda mais confusa. Meu Deus, ela SÓ sabia ficar confusa?

- Oi?

 
Ela respondeu. Dei uma corrida rápida até ela, e pedi para segui-la, visando conversar um pouco com aquela garota.

- Claro.

Ingryd respondeu, e nós caminhamos até o grupo que fazia brincadeiras e ria alegremente. Eram cinco garotas que estavam na barraquinha.

- Essas são: Liz, - ela disse apontando para uma garota alta, de pele bastante clara como a minha, cabelos loiro-arruivados e de olhos mel. - Bianca, - Essa já era um pouco menor que a primeira, cabelos ruivos e bastante lisos, olhos verdes e com uma pele um pouco bronzeada. - Isabella, - Ela era morena, cabelos bastante encaracolados e volumosos, um pouco magra e com olhos quase pretos. - Paola - Era a maior de todas, pele também muito branca, cabelo ondulado e preto, olhos azuis e uma boca bastante vermelha - e Fabiana. - Essa última já era mais diferente das outras, bastante magra, cabelos loiros e crespos e olhos de um tom quase cinza, parecia a mais animada de todas.

Todas tinham um corpo bonito, cheio de curvas, que até me deram um pouco de inveja, mas pareciam gente boa.
 

-Oi pessoal.
 

Falei timidamente e fui recebida com gritos de animação. Paola, bastante animada, gritou perto do meu ouvido:

- EEEI, qual teu nome??!!!

- C-Carol...

Então ouvi gritos em coro de Carooooooool, e muita gente falando ao mesmo tempo. Ia ser bem difícil arranjar um tempo sozinha com Ingryd para pergunta a ela por que estava confusa.

- GENTE, MAS AGENTE TEM UMA SORTE MESMO QUE EU VOU TE CONTAR VIU?!?!? AQUELE LÁ NÃO É  O RICARDO? - Liz falou, quer dizer, gritou.

- É MESMO! - Bianca respondeu e todas correram em direção ao mar. Apenas Ingryd ficou.

-Meu Deus! - Eu disse.

Desabei numa cadeira. O que tinha sido aquilo???!!

-É, elas são meio malucas mesmo... - Murmurrou Ingryd, se sentando numa cadeira de frente a mim. - Mas depois de um tempo você se acostuma.
Ela deu um sorrisinho torto, mas eu ainda podia ver uma tempestade em seus olhos.

-Sabe, Ingryd, eu notei que você parece... confusa. - Falei.

 Ela curvou os ombros para frente. Passou um tempo calada, e então falou em um tom ainda mais baixo:

-É, eu já falei sobre isso com algumas delas... Mas elas não entendem. Não sabem como é. E as outras, bem, elas espalhariam para todo o colégio no momento em que eu abrisse a boca.

- Ah, vai. Me conta, afinal, eu não vou sair espalhando por todo o seu colégio.

- É que... sabe a Liz? Pois é, ela tá namorando um cara já faz um bom tempo, e eu gosto dele. Elas dizem que eu tô louca e que vai acabar estragando a minha amizade com a Liz... mas sabe, o amor é inevitável, eu não quero realmente machucá-la, mas não sei mais o que fazer. Não consigo mais me segurar.

Naquele instante, vi Bruna ali. Parecia que Bruna havia estado na mesma posição em que Ingryd está agora, e eu estava sem conselhos para ela. Falar o que? Que ela deve ir em frente e lutar pelo seu amor, e talvez magoar sua amiga?

Fiquei sem palavras sobre a situação.

Ah Meu Deus. Era só o que eu podia dizer. Ah Meu Deus. Como eu havia sido idiota! Eu tinha que pensar. Mas não podia só sair correndo dali. Eu tinha que falar com a Ingryd.

- Acho que você tinha que conversar com ele. Saber quem ele realmente gosta, sabe? E... E aí você saberia o que fazer.

Balbuciei, e baixei a cabeça. Mesmo assim, Bruna havia agido errado. Rafael me amava quando ela fez aquilo. Não amava? Ah Meu Deus.

- É, pode ser. - Ingry falou. - Mas e você, por quê está confusa? Também não vou espalhar para todo o colégio.

- Bem, à pouco tempo eu estava namorando com um garoto... Só que peguei ele beijando minha melhor amiga, já descobri que a culpa foi de minha amiga mas... Não consegui perdoá-lo. Conheci um novo cara, e me apaixonei por ele, estou namorando com ele atualmente, mas ainda amo, nem que seja só um pouquinho, o meu ex-namorado.

Ingryd me olhou de modo estranho. Meu Deus, quem era aquela garota? Por quê ela conseguia esclarecer minha mente como ninguém mais? Seria o fantasma da minha consciência?

-Sabe, acho que você precisa descobrir quem ama De Verdade, quem faz seu coração disparar quando vê e parar quando chega perto, quem faz seus olhos brilharem, e para isso, acho que....

Ingryd ia falar mais alguma coisa - alguma coisa importante - quando foi cortada por um grito.

- Ingryd você não vai acreditar no que a Bianca tá fazendo nesse momento! - Falou Isabella, que vinha correndo.

- O QUE?

- ELA TÁ BEIJANDO O RICARDO!

- SÉRIO? NUM ACREDITO QUE ELA FINALMENTE CONSEGUIU!

- Uhum, vem ver.

Elas saíram correndo para o mar, aproveitei o momento para voltar para casa, ainda queria saber o que Ingryd iria falar, mas eu tinha que descobrir isso sozinha.