Seu olhar hostil permaneceu em Nora, não demonstrava nem um pouco de medo, dela revelar a Vee toda a verdade, mas Nora não fazia nem idéia de como faria isso, e o que Rixon estava tentando fazer. Nora então se sentou do lado de Vee, antes que suas pernas não sustentassem todo o peso daquelas duvidas.

–Bem, que bom que se conhecem. –Vee estava radiante.

–É. –Foi o máximo que Nora conseguia dizer.

–Já que se conhecem. –Vee se virou para Nora com um sorriso. –Vou preparar algo pra gente comer. Enquanto isso... Rixon - Dessa vez, ela olhava para ele. –Pode contar a Nora um pouco mais sobre Patch, já que ele é muito... Misterioso.

Talvez, o misterioso aqui seja outra pessoa.

Vee levantou-se e foi para a cozinha, três segundos depois Nora já sabia bem o que dizer.

–O que quer? –Ela perguntou.

–Nada. –Rixon riu. –Por que não posso namorar Vee?

–Vou te dar um motivo. –Nora sussurrou irritada com o sarcasmo de Rixon. –Noite passada, você estava beijando a inimiga número um de Vee.

Rixon gargalhou em um tom baixo, mas deixou Nora amedrontada.

–Deixa eu te contar um segredo. –Ele se aproximou, Nora vacilou, mas Rixon pareceu não se importar. –Marcie está morta.

Agora sim, Nora estava amedrontada.

–Você a matou? –Nora teve medo logo depois de dizer. Rixon ficou rígido, e franziu o cenho.

–Nora. –Rixon sorriu, dizendo seu nome com uma voz doce. –Precisa saber mais sobre o seu Patch.

–Você matou Marcie. –Nora se deu conta que estava chorando. –Patch não a matou. Foi você. –Ela gritou, e levantou do sofá.

Vee entrou na sala correndo, Rixon ainda sentado, seu corpo relaxado, mas o rosto tenso.

–Por que esta chorando? –Vee disse, ao ver rosto de Nora sendo limpo com as próprias mãos, ao mesmo tempo Rixon saltou do sofá com uma faca na mão, tirada do bolso da jaqueta.

–O que esta acontecendo aqui? –Vee gritou em histeria.

Nora mantinha seus olhos no brilho fosco da faca, incapaz de mover um passo sequer, enquanto todas as palavras de Rixon davam voltas em sua cabeça.

Como ele tinha coragem de dizer que Patch tinha matado Marcie? Ele estava tentando nós matar agora.

Nora olhou para Vee, que não muito diferente dela, tinha os olhos focados na faca, e no rosto de Rixon decidindo qual das duas que ele ia matar primeiro, pensa Nora.

Foi quando as duas foram surpreendidas, por um ataque de Rixon, sem pensar Nora correu em direção à porta, puxando o braço de Vee consigo.

Já lá fora Nora soltou o braço de Vee e ordenou:

–Corra!

Ela arriscou olhar para trás, Rixon quase alcançando Vee. Retornou para frente, e viu um carro. Sem pensar jogou-se na frente dele, o carro freou. Rapidamente, Nora levantou-se.

Desceram do carro dois homens, sacando uma arma, que apontaram para Rixon, que largou a faca e levantou as mãos em desistência.

Vee ficou parada, assim como Nora.

–O que esta acontecendo aqui? –Disse o homem mais alto de cabelos pretos bem cortados, aparentando ter uns trinta anos.

Nora puxou todo ar suficiente.

–Rixon... Tentou nos matar com a faca. –A voz dela saiu ofegante.

–Policial Smith, veja cruzamos o caminho certo. –O homem disse, olhando para o outro que era baixo e moreno. –Estávamos procurando por ele. –Ele olhava agora para Nora.

O policial Smith tirou do bolso uma algema, e andou em direção a Rixon, que permaneceu calado enquanto as algemas eram colocadas.

–Sou o detetive Basso. –Ele se apresentou estendendo a mão para Nora.

–Nora... Nora Grey. –Ela apertou mão do detetive.

–Rixon é suspeito de assassinar uma garota. –O detetive caminhou para Vee, que ainda estava em choque. Vee apertou sua mão se apresentando com uma voz rouca.

–Marcie Millar? –Nora não se conteve. –Rixon disse, antes de nos atacar. –Ela explicou.

–Marcie?... –Vee sussurrou do lado de Nora.

–Vou querer te ouvir depois, mas preciso informar para o pai da garota. Alem do mais existem outros suspeitos. –Detetive Basso encarou Nora, como se a própria pude-se saber mais.

Ela não pode deixar de pensar.

Rixon já estava no carro, Nora e Vee nem arriscaram olhar para ele.

–Disse que seu nome é Nora Grey, então conhece Hank Millar? Já que ele namora Blythe Grey. –O detetive analisou.

–Sim. –Nora respondeu.

–Sendo assim, todos vamos a sua casa. Isso foi um assassinato, vou precisar escutar a todos, e Hank se encontra lá, com já fui informado. –Ele fez uma pausa. –Rixon vai para cadeia, assim como os suspeitos.

–Vee, é melhor irmos para minha casa. –Nora se virou para ela, que só assentiu.

–Encontro vocês mais tarde. –Foi o que ele disse, antes de entrar no carro.

As duas se abraçaram por um longo tempo, logo depois do carro desaparecer na rua.

–Marcie esta morta? –Vee que pela segunda vez estava paralisada com a notícia.

–Tudo indica que foi Rixon. –Nora a olhou, com mais pena de Vee, do que dela. –Ele estava noite passada com ela, se lembra de quando eu te falei?

–Sim. –Vee disse secamente.

–Na verdade os dois estavam se beijando. –Nora sentiu seu coração doer ao ver a cara de Vee. –Por algum motivo ele a matou, e veio aqui para nos matar também, só me pergunto: Por quê?

–Quem você acha que é o outro suspeito? –Vee mantinha a voz fraca.

–Rixon acusou Patch, antes daquilo tudo, mas é obvio que foi Rixon. –Nora repetiu cada uma das palavras em seus pensamentos até Vee tirar o carro da garagem.

–Sinto mais do que eu acharia que sentiria se Marcie morresse. –Vee disse após Nora entrar no carro.

–Eu estou arrasada. –Nora disse, colocando a cabeça entre os joelhos.

A viagem não demorou muito, mas seria mais difícil do que Nora pensava, foi só ver o carro de Hank na garagem.

–Se ele não souber ainda, acha que contamos a ele? –Nora perguntou a Vee.

–Não, é melhor deixar isso para o detetive Basso. –Vee ponderou.

As duas desceram, e Nora bateu na porta, o ritmo parecia ser o do seu coração, sem a paciência de tocar a campainha.

Sua mãe atendeu com um sorriso de lado, mas depois analisou as duas vendo os rostos não tão simpáticos.

–Aconteceu alguma coisa? –A preocupação veio à tona.

–Não. –Nora optou em mentir, sabendo que logo seria dita a verdade pelo detetive. –Só achamos melhor dormir aqui mesmo.

–Como vai Vee? –Blythe sorriu se despreocupando.

–Bem e a senhora. –Vee demorando um pouco para responder, ainda procurando sua melhor voz.

–Entrem. –Sua mãe disse, e foi isso que elas fizera, encontrando uma mesa de jantar posta. Hank e um garoto alto de boas proporções, de cabelos castanhos quase loiros. Que apesar disso Nora achou com certo charme juvenil.

–Quanto demorou a nós conhecermos. –Ao ver Nora, Hank disse sorrindo. Deixando Nora com uma sensação estranha, mas apesar disso Nora decidiu ser legal só por hoje.

–Tem razão, senhor Millar. –Ela disse.

–Por favor, só Hank. –Ele alargou o sorriso.

Com certeza ele não esperava essa minha educação.

–Nora, esse é Scott Parnell, deve ser lembrar-se dele, seu amigo de infância. –Sua mãe colocava outros pratos na mesa enquanto falava.

Como se depois de tudo pudesse descer algo, pelo menos não olhando para Hank.

–Claro. –Nora olhou para Scott.

–É um prazer revê-la, Nora. –Scott disse, sem nem uma reação.

–Ele trabalha para Hank, e acabei de alugar o quarto da garagem para ele. –Blythe finalmente acabou o trabalho com os pratos.

Scott olhou para Nora como se esperasse que ela dissesse algo sobre aquilo, mas Nora não tinha nada para dizer, para sua sorte todos ouviram a campainha.

Detetive Basso.