A Mercedes Negra estava estacionada na garagem contígua ao galpão abandonado. O Sr. Mateo, um velho de fartos bigodes grisalhos, decidira aguardar no carro enquanto sua patroa, Harley, conduzia Fátima ao interior do grande galpão. Mateo deixara os vidros fechados devido ao vento frio do outono, mas outro detalhe importante que não tinha pensado estava na escuridão. Os vidros da Mercedes, negros como noite, serviram de perfeito esconderijo, impedindo que pessoas do lado de fora o vissem no carro.

Havia passado cerca de vinte minutos desde que Harley e Fátima entraram juntas no velho lugar. Foi então que o velho percebeu um movimento diferente. Mateo notou nove pessoas vestidas de vermelho vivo da cabeça aos pés se aproximarem das janelas do galpão. Sem pensar duas vezes, pegou o celular e ligou para Harley na intenção de comunicar sobre os intrusos.

Ao desligar o telefone, o Sr. Mateo foi acometido por um susto indizível. As pessoas de vermelho destruíram as janelas e invadiram o galpão. “São os ratos que estavam nos perseguindo, não há dúvidas!”, o velho Mateo deduziu. Sem perder mais tempo, agarrou-se à pistola que estava no porta-luvas e desceu do carro.

Esgueirando-se o mais cautelosamente possível, ele alcançou a entrada do galpão. Havia uma fresta aberta o suficiente para seu corpo magro passar, mas antes de penetrar no grande salão, ouviu disparos rápidos. “Metralhadoras!”, concluiu. Os perseguidores de outrora por fim conseguiram o que desejavam. As coisas estavam agora fora de controle.