Nunca tinha percebido a perfeição da simplicidade, sentei no meu quintal no chão gelado e deixei aquele vento tão suave percorrer meu corpo, aquilo me tirou um sorriso, é preciso tão pouco para ser feliz?
Fazendo movimentos lentos com as mãos eu comecei a dançar com o vento, uma valsa no chão e só de ter acontecido aquilo valeu a pena ter nascido.
Comecei a vagar pela casa com os olhos fechados, esbarrando diversas vezes, parecia que tudo queria me mostrar que aquilo era um sonho, mas não era, era muito real para mim.
Uma música eletrônica tocava no rádio, a mistura foi explosiva com o meu estado emocional, eu estava docemente eufórico.
Não vou negar que a sensação de que tudo pode acontecer é docemente angustiante com os olhos vendados, contudo eu queria algo, procurava no escuro.
O tempo desacelerou e as batidas do meu coração se amenizaram, isso foi o ponto alto do dia, eu procurava tanto aquela sensação e num simples ato, num simples relaxamento eu a encontrei.
Foi como sentir cada átomo desintegrar de uma forma suave, eu não sabia mais o que era alma e o que era ar, eu me tornei o vento percorrendo os corpos e as calçadas.
Quando abri os olhos minha primeira visão foi o céu, recobrindo todo o planeta, acomodei-me e deixei as nuvens me levarem.
Normalidade é uma ilusão, o que é normal para uma aranha é o caos para uma borboleta, eu não estava me importando com isso, não estava rente ao meu corpo nem a insanidade e nem a mente em perfeita sanidade, eu só queria voar sentindo as minhas costas se elevarem.
Não existia um novo eu, apenas estava acontecendo a libertação, a suavização da batalha.
Ainda me lembro da guerra interior, porém agora não me importo mais, eu tenho a solução, ver a beleza nos mais inusitados lugares.

FIM

10/08/13