O Lado Oculto da Lua escrita por HayCruz


Capítulo 7
Capítulo 6 - As Fases da Lua Pt. 2


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, mais de um mês pra postar... Mas DESCREVER OS PENSAMENTOS DA mONNALISA DÃO TRABALHO!!! Bjos Lunáticos



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"Mudando de assunto" pigarreou Marta assim que percebeu os olhares entre Monnalisa e Chad. "Aonde você pensa que vai deixar esse gato?" Arqueou as sobrancelhas virando-se do volante para encarar a menina.

"Muffin ficará comigo aonde quer que eu vá". Ordenou. "Se ele não puder ir, também não posso".

"Tudo bem, garota problema. Quando a diretora vier me reclamar de você nós retornamos essa conversa". Estacionou o carro. "Chegamos".

Monnalisa não pôde pensar. Aliás, mal conseguia respirar, quem dirá pensar. A primeira coisa que viu foi o mar. A grande e vasta imensidão azul composta pelo barulho das ondas caindo uma em cima da outra. "Tudo bem, Moon. Você pode babar".

Chad disse entre risos. A garota nem sequer prestou atenção no qur ouvia. Fechou os olhos e deixou o barulho preencher sua alma. O vento frio batia em seus cabelos dando a sensação de liberdade que ela nunca teve. Depois de alguns instantes percebeu a enorme casa antes da praia. Eram três andares. Uma arquitetura antiga, piso de madeira e parede de pedraria. Várias flores enfeitavam a sacada do segundo andar. Monnalisa ouviu o portão de vidro da varanda do segundo andar se abrir, e quando olhou pôde ver um rapaz saindo. Apoiou os braços no parapeito e sorriu para ela. Assustada, tirou a mala do carro e virou-se para entrar na casa.

"Eu levo para você". Chad levantou as malas antes mesmo de falar. A garota o seguiu em direção a porta de vidro rústica. Marta já estava com os pés dentro da casa quando o mesmo garoto da varanda apareceu na porta e a abraçou. "Quanto tempo, mãe". Disse, os olhos fechados teimaram em abrir e soltar a mulher loira á sua frente.

"Você não me disse que tinha um filho". Moon disse passando pela mesma porta em que Marta entrou.

"Você não me disse que tínhamos visita". O rapaz sorriu com a piada que fez. "Sou Justin Hilton". Monnalisa encolheu os ombros fingindo estar envergonhada. Mas tudo o que ela queria era bater palmas da piadinha sem graça e subir para a cama confortável mais próxima. Não foi o que ela fez, claro. "Sou Monnalisa Vontalle". Ela estendeu o braço, mas ele a puxou para um abraço. "Não se assuste Moon. O pessoal do litoral é um pouco acolhedor demais". Chad disse com ironia. Seu ciúme era óbvio. Ele e Justin se encararam e deixaram claro que não se davam bem. "Marta, aonde deixo as malas?" Perguntou.

"Eu ajudo você". Justin pegou as malas da menina e andou em direção a escada, parando e abrindo espaço para que ela fosse primeiro. "Primeiro as damas". Disse dando uma piscadela para a mãe que estava de braços cruzados do outro lado da sala. "Não flerte com meu filho Monnalisa". Marta brincou e a menina apertou os olhos. Nunca a tinha visto tão tranquila e despreocupada. A garota subiu as escadas sem olhar para trás. Chegando em um enorme corredor ainda em piso de madeira e pedraria nas paredes. Alguns retratos preenchiam o corredor. Um em especial atraiu sua curiosidade.

"Minha mãe, meu pai e eu no Alaska". Cruzou os braços em frente a moldura, orgulhoso. A garota encheu a cabeça de pensamentos em relação à diferença de mundos entre ela e Justin. Ao lado da foto da família, estava outra moldura que Moon parou para olhar. Justin estava ao lado de uma garota morena. Parecia um pouco com ela se não fosse pelos olhos. A menina da foto possuia olhos azuis. Mas o cabelo, a estatura e as feições eram as mesmas. "Bem, essa é a Debrah". Falou envergonhado.

"Sua namorada?" Monnalisa perguntou rindo e ele concordou com a cabeça. Ela andou até a porta que ele indicou. "Você pode deixar sua mala no closet". Ela assentiu e colocou a mala cuidadosamente no chão do closet, batendo palmas para expulsar a poeira da mão.

"Hã... Só uma dúvida". Disse desconfiado. "Você é mais uma agente da minha mãe?". A menina ponderou. "Ela já teve outras?" Pulou a pergunta. "Sim. Apenas uma. Na verdade, a Debrah". Justin estava desconfortável em falar sobre aquilo e desejou não ter mencionado. "Só não... Não toque nesse assunto com minha mãe. Ela não se sente bem em falar sobre a Debrah desde que assumimos... enfim".

"Entendo, sim". A garota balançou a cabeça em concordância. "Minha relação com Marta é puramente em relação ao trabalho. Não falamos a respeito de nada que não seja do tipo". A garota falava de modo que quis deixar claro que não falaria sobre a tal Debrah. E isso deixou o filho de Marta mais incomodado. Ele foi criado sabendo que nunca deveria deixar uma dama se sentir ofendida e foi justamente o que acabara de fazer.

"Não é por nada, mas minha mãe acabou se apegando demais, e quando Debrah largou o serviço foi duro demais para ela aceitar." Ele fez uma longa pausa antes de prosseguir. "Não sei o que ela pede para vocês fazerem, mas sei que é algo difícil e minha garota não conseguiu segurar à pressão. Ela não me conta nada, mas sei que Dra. Marta pode ser bem dura quando precisa". Ele riu.

"O que tanto conversam?". Marta disse ao entrar no quarto.

"Falavamos do internato". Justin piscou para a garota e Marta sorriu.

"Tudo bem, Justin. Pode me deixar sozinha com a Moon?" Justin saiu do quarto.

"Nada mau". Monnalisa disse olhando para Justin quando ele saía.

"Vamos falar sério. Amanhã iremos até Santa Claire. Vamos deixar você lá e resolver a parte burocrática".

"Mas eu pensei que fosse só daqui a dois dias. Queria aproveitar um pouco a praia". Monnalisa cruzou os braços

"Eu sei, você terá mais oportunidades, mas a diretora quer os novatos lá para explicar o funcionamento do colégio nos primeiros dias". Marta respirou fundo ponderando se devia falar mais ou não.

"Marta. Você por acaso está me escondendo algo?"

"Santa Claire dá uma festa de boas vindas todo ano. Suponho que você talvez queira ir" Disse revirando os olhos.

"Talvez?? Eu não perco essa festa nem por um decreto".

"Agora vamos ditar as regras" Monnalisa revirou os olhos.

"Nada de álcool" A garota gargalhou alto.

"Minha nossa, Dra. delegada. Quem você acha que eu sou? Madre Tereza?

"Só não vá ficar bêbada, por favor. Você está a trabalho. Existe essa possibilidade?"

"Conforme você me enche essa possibilidade vai diminuindo".

"Sabe, Moon? O seu problema é confundir quando acaba a hora de brincar".

"O meu problema é ter gente chata demais tentando me impor regras idiotas". A garota gritou se aproximando de Marta com uma autoridade desconhecida.

"A festa é às 22h. Esteja pronta às 21h30". Mudou de assunto com o tom de voz o mais baixo possível. A alteração de humor de Monnalisa à assustou um pouco.

"Você vai me levar?" perguntou surpresa.

"Não. O Justin vai". Disse saindo do quarto e finalmente deitando na cama mais confortável que estivera na vida. Assim como o combinado, Monnalisa bateu na porta do filho de Marta pontualmente às 21h30. Justin atendeu de toalha. "Moon, espera só eu colocar uma roupa. 10 minutos, eu juro".

"Anh... Tudo bem". Disse desconcertada. Era a primeira vez que vira um homem naquela situação e por mais experiência que ela tivesse aquilo estava sendo muito constrangedor. Justin se vestiu de maneira despojada. A garota trajava um vestido simples de alcinha com coturnos pretos. Eles saíram da casa e Justin destravou o carro. Ela esfregou os braços. "Está frio aqui fora, Monnalisa". Disse colocando sua jaqueta de couro sob os ombros da menina. Ela sussurrou um obrigado tão baixo que ele só conseguiu perceber lendo seus lábios. Monnalisa estava o manipulando novamente, e Justin parecia estar caindo aos poucos no jogo dela. Até se lembrar que amava sua namorada, Debrah. Se afastou da menina, abriu a porta do carro como sinal de seu cavalheirismo e logo em seguida entrou dando partida.

Justin dirigiu certa de quinze minutos até chegar na escola. Era possível ouvir a música tocar alto mesmo de fora do colégio. "Aqui estamos". O rapaz disse ao chegar, abrindo a porta para Moon. "Nos encontramos aqui exatamente às duas horas, tudo bem?" disse tentando parecer legal.

"Humm... Você se importa de me levar até lá dentro? Não conheço muito bem esse lugar". Disse abaixando a cabeça.

"Sem problemas. Desculpe não ter pensado nisso". Ele disse envergonhado e ela sorriu. Um sorriso falso. Ela preferia revirar os olhos pela distração do rapaz, mas sua postura de boa menina a impedia. Eles adentraram os portões dourados de ferro. Monnalisa encolheu os ombros. Era a primeira vez que ia à uma festa decente. Exceto se você considerar bares ilegais como festa. Ao entrar em um imenso galpão rodeado por balões dourado e branco. Uma figura esguia aproximou-se da menina. Era uma moça de cabelos longos prateados, o vestido justíssimo preto contrastava com os saltos prateados. Monnalisa aparentava ser uma criança de dez anos ao lado da outra garota.

"Olá, sou Rosalya, organizadora da festa". Ela deu um sorriso radiante exibindo os dentes perfeitos.

"Sou Monnalisa Von... Hilton". A menina respondeu envergonhada por estar tão abaixo da categoria "Rosalya".

"Você é irmã de Justin Hilton". A prateada perguntou e Justin riu baixo.

"Adotivos". Monnalisa disse ríspida e o sorriso de Justin se desfez. Tentando consertar ele se despediu das duas se infiltrando na multidão de corpos espalhados pelo galpão.

"Então, já tem algum par em mente?" Rosa sorriu maliciosa.

"Na verdade eu cheguei agora. E preciso encontrar o Justin no estacionamento às duas". Disse entediada.

"Você não tem cara de ser uma boa moça". Rosa gargalhou alto. "Vem comigo".
As duas perambularam até um lugar abarrotado de gente ao redor de um balcão. "Vamos pegar algo para beber. Alguma sugestão?" piscou para o garçom, que despejou o líquido transparente em duas taças de vidro. Rosalya entregou a bebida para Moon, que o virou sem respirar.

"Eu sabia que você não prestava". Disse virando a taça em sua boca, e as depositando no balcão para que fossem novamente cheios...
[...]

Monnalisa não sabia que horas eram, aonde estava Justin e a única coisa que podia enxergar era Rosalya gargalhando, sentada no colo de um rapaz desconhecido. Ela apertou os olhos com força. Cambaleou para fora do galpão. A música ainda reinava alta e muitos jovens dançavam e bebiam.

No estacionamento haviam alguns carros, mas Monnalisa não sabia diferenciar qual deles era o de Justin.
Preto. O carro dele era um Audi Preto. E para a infelicidade da garota não havia nenhum. Sua cabeça latejava e ela podia sentir sua bile subindo. Segurou em um dos carros e foi tateando até encontrar a calçada mais próxima. Ainda estava escuro, e o frio fazia suas pernas tremerem. A única coisa que a protegia era jaqueta de Justin. Um bando de garotos se aproximava. Eles vinham em direção a ela rindo e conversando alto. Seguravam garrafas de cerveja e por mais bêbada que ela estivesse podia notar que eles também estavam.

"Olha o encontramos por aqui". Um deles falou. Ele era loiro e cheio de tatuagens. A garota tateou o bolso em busca de seu precioso canivete mas esqueceu que estava de vestido.

"Saiam de perto de mim". Ela disse apoiando os cotovelos na calçada para levantar. O loiro agachou-se para ficar na altura da menina.

"Na verdade eu acho que vamos terminar a festinha lá no meu dormitório" Monnalisa levantou cambaleante.

Um outro rapaz trajando uma jaqueta preta com capuz apareceu andando em direção aos homens e Monnalisa.
"Deixem ela em paz. Qual é, não estão vendo que ela está podre de bêbada?" o rapaz disse. Monnalisa o encarava, sabia que o conhecia de algum lugar.

"Desculpa, qualquer coisa avisa a gente". O loiro levantou fazendo uma breve reverência com a cabeça como forma de respeito. O homem encapuzado pegou a garota entre seus braços fortes e voltou pelo mesmo caminho que viera, deixando o grupo de jovens bêbados intrigados com a atitude de seu amigo.
Monnalisa adormeceu em braços alheios. Não sabia se podia confiar nele, nem se ele iria matá-la. Mas o fato de ter a salvado do grupo de bêbados se juntou com a incapacidade da menina se manter em pé por mais de dez segundos.

[...]

A menina abriu os olhos com dificuldade. As pálpebras pesadas pareciam selar-se uma a outra. A cabeça latejava e em sua boca o cheiro de bebida a incomodava. Fez esforço suficiente para se sentar. Estava em um quarto. A decoração era clássica, preto e branco, alguns discos de vinil e algumas bitucas de cigarro. Uma música baixa tocava. Algum rock grunge anos 90. Monnalisa abraçou os joelhos. Alguém entrava no quarto. O garoto encapuzado que ela vira à noite.

"Quem é você?" Perguntou sonolenta.

"Normalmente as pessoas perguntam aonde estão". Disse tirando o capuz, revelando os cabelos vermelhos.

"Não posso acreditar". Monnalisa riu alto até se encostar na cabeceira da cama.

"O que é tão engraçado? O fato de eu ter salvado a sua vida pela segunda vez ou você estar acordando na minha cama?" o ruivo disse com um sorriso de canto.

"Você é ridículo. Nós não fizemos nada".

"Como pode ter tanta certeza?" Disse prendendo uma gargalhada. Mas depois ficando totalmente sério.

"Você não seria tão corajoso assim". Ao ouvir a resposta, Castiel pendeu a cabeça de um lado, ponderando sua próxima atitude. Deu uma risada fraca.

"Garota. Você não tem mesmo ideia de quem sou?"

"Sim. Um riquinho mimado que está preso em um internato provavelmente por desobedecer as ordens de um papai mais riquinho ainda". Provocou.

"Talvez eu seja um órfão criminoso, que está sendo recrutado pela polícia ilegalmente e usando um sobrenome falso". Disse e garota levantou-se da cama com pressa.

"Não sei quem você é, nem por que está aparecendo na minha vida com tanta freqüência. Mas você não vai vasculhar a minha vida. Você não tem esse direito". A menina disse apontando o dedo para a face do ruivo, que bateu palmas lentamente.

"Realmente Srta. Vontalle, você atua muito bem. Já pensou em seguir carreira caso brincar de policial mirim não dê certo?" Moon levantou o braço para lhe acertar um tapa, mas Castiel foi mais rápido e a segurou. Os dois se encararam por alguns instantes. A menina tentava inutilmente desprender seu braço fino do braço de Castiel, que se comparado poderia ser três vezes maior. Ela apertou os olhos, sentindo mais uma vez a falta de seu precioso canivete. Castiel abaixou o braço, mas continuou a segurando. Estavam muito próximos, talvez quem não tivesse ouvido a discussão que acabara de acontecer não saberia discernir os dois delinquentes como inimigos mas sim como um casal. E foi o que aconteceu. Ambre entra no quarto exatamente no momento em que Castiel e Monnalisa se encaram. Sem pensar duas vezes, a loira se atira em Moon e lhe acerta um tapa.

"Acho que você não tem noção do que acabou de fazer". A morena dá um sorriso furiosamente doentio, e em seguida contra ataca a patricinha, que cai no chão. Por ser criada nas ruas, seu instinto para brigas sempre foi extremamente alto. Monnalisa desferiu tapas na outra garota de modo que vestígios de sangue já floresciam em um corte na boca, além da vermelhidão de sua face. Castiel observava rindo, de braços cruzados ao lado da porta.

"Já chega, garota. Você não quer matar ela". O ruivo proferiu com tranquilidade.

"Ah, eu quero sim". Disse acertando mais alguns tapas enquanto Ambre gemia e chorava. "Mas esse não é o momento". Levantou-se e bateu a poeira das mãos, suja com o sangue de Ambre. "Espero que tenha aprendido a lição. Eu podia chutar você até ser preciso amputar, mas sabe como é, não se chuta cachorro morto. Ou melhor, cadela. Ah, e você, devia selecionar melhor o lixo que leva para casa". Apontou para Castiel e por fim saiu da sala. Passou apressadamente pelos corredores. Mas parou quando viu Marta parada de braços cruzados.

"Olha, eu sei que devia ter voltado ontem..." Começou mas Marta a interrompeu.

"Depois falamos sobre isso. Você passou a noite fora, não avisou, e estava com um garoto. Mas por hora eu só quero saber o porque de uma ligação hoje de manhã da diretora Shermansky me contando sobre uma suposta agressão à uma aluna em que você está envolvida". Disse apontando o dedo e dando ênfase ao "você".

"As notícias correm rápido aqui... Não fazem nem quinze minutos" Disse rindo e Marta a encarou séria "Não foi culpa minha!" gritou.

"E tudo por causa de um garoto? Logo você?" Disse decepcionada. "Você foi suspensa por dois finais de semana. Agora a princesinha vai ser trancafiada por quinze dias aqui, sem fazer o seu trabalho. Bom assim, não?" disse se virando para ir embora.

"Marta, espera! Você tem que me deixar sair. A patricinha começou, ela me bateu primeiro!" implorou caminhando atrás da delegada, mas o segurança a impediu de passar pelo portão.

"Ah, já ia me esquecendo. A caixa de papelão em cima da sua cama é o seu saco de pulgas preto. Suas malas estão na portaria dos dormitórios femininos. Passe lá para pegar, como forma de castigo, o seu serviço de quarto está suspenso". Abriu a porta do carro e se foi.


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