Parceiros escrita por Endy


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas! Quero agradecer aos comentares e a aqueles que favoritaram, muito obrigada!



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As horas passaram rápido e por mais que eu tentasse ignorá-la, ela não parava de falar. Deus será que não tem um botão de liga e desliga nessa garota?! Agora ela falava sobre a antiga sua escola, parecia que ainda não estava muito conformada em deixar os amigos em Los Angeles, onde ela morava antes. Contou um monte de coisas, e eu não podia negar, até que ela era engraçada, mas não achei seguro demonstrar qualquer afeição as historias dela, até porque se já é abusada assim sem nenhuma reação minha imagina se eu rir das besteiras que diz. Me mantive calado, coisa que não parece incomodar-la.
O sinal do intervalo tocou e eu corri para o refeitório sem dar-lhe nenhuma chance para me segui, entrei na fila do almoço e um garoto bem menor que eu estava na minha frente e quando notou a minha presença virou o corpo lentamente olhando para mim visivelmente assustado, franzi o cenho fazendo a minha cara de mal que todos aqui temem, chegando mais próximo dele.

– BOO!! – O garoto tremeu de medo soltando um pequeno grito, fazendo com que a caixa de leite que estava em cima da bandeira que ele carregava caísse, porém não se importou e correu para uma das mesas. Eu não pude conter o riso, adoro ver esses idiotas assustados assim.

Peguei a bandeira do meu almoço das mãos de uma senhora de gênero duvidoso sem olhar direito para ela, foquei alguns segundos da minha atenção para o que nem podia ser chamado de comida e dei de ombros, já comi coisas bem piores. Passei os olhos pelo refeitório percebendo os mesmos olhares de horas atrás, vi uma mesa distante e vazia. Perfeito, era tudo o que eu queria. Me encaminhei até lá ignorando os olhares a mim direcionados.

– Isso é comida? Fala sério! Acho que essa carne deve tá até viva, coisa nojenta! Eu preciso de um café, isso sim! – Quando eu percebi, ela já estava sentada ao meu lado olhando para dentro do copo, com os olhos cerrados como se quisesse ver algo que para mim parecia imperceptível. Ela não tem limites, não parece entender que eu não quero companhia e nem parece ligar para isso. Irritante!

– Mas... O que você tá fazendo aqui? Qual é o seu problema garota?! não sabe o que é espaço pessoal, não?! – Passei a mão pelos cabelos voltando minha atenção a ela, cruzando os braços tentando demonstrar toda a minha irritação.

– Uau! Você é sempre chato desse jeito ou isso só é nervosismo com a minha presença? – Ela sorriu debochada arqueando a sobrancelha, mordendo o lábio inferior. Eu não consegui responder, a voz simplesmente não saio, meus olhos pareciam presos a boca e aqueles malditos olhos esverdeados. Ela soltou uma gargalhada me tirando de um transe que eu nem sabia que estava, soltei o ar preso em meus pulmões tentando recuperar a minha sanidade.

– Olha, você não devia sentar na mesma mesa que eu, não é um bom começo! Sua reputação não será uma das melhores se continuar a ser vista comigo. – Eu olhava para o copo de suco em minhas mãos, só agora entendendo o porquê que a atenção dela se prendeu ao copo momentos atrás, a cor do refrigerante não condizia com o que deveria ser seu sabor.

– Eu já percebi que você não é o que se pode chamar de sociável... E que pelo visto nunca ouviu falar em lamina de barbear também! –Ela analisou o meu rosto apontando o dedo para o meu queixo. Eu sei que não tenho feito a barba ou cortado o cabelo recentemente, mas não estou tão mal assim, estou?! Acho que fiz uma careta, porque ela riu e eu acabei sorrindo involuntariamente, porém logo me refiz.

– A minha aparência não será um problema pra você, os seus problemas serão outros se continuar a me seguir por aí! Dizem que eu não sou uma boa companhia. –Olhei para ela da mesma forma que encarei o garoto na fila, assumindo a pose do personagem malvado que criei.

– Você tá se achando muito importante, né?! Pra começar, eu não tô te seguindo e você não me dar medo! –A garota me encarava da mesma forma que eu fazia, usando o mesmo tom da minha voz. Revirei os olhos e balancei a cabeça, ela não sabia do que estava falando.

– Hey! – Levantei os olhos de onde vinha a voz familiar. Josh se aproximava da nossa mesa, da nossa?? Eu falei nossa mesa? Da MINHA mesa! Com a sua arrogância usual e os seus fieis capangas. – E aí? Acho que eu tenho um lugar bem melhor pra você na nossa mesa, o que acha? –Ele apontou o lugar da mesa olhando para Kate com o corpo um pouco inclinado em sua direção, ignorando totalmente a minha presença. Idiota!

– E...Eu agradeço a sua oferta, mas nós já terminamos o almoço e Rick ia me pagar um café, não é? –Ela virou para mim com os olhos fixados nos meus esperando a minha resposta, eu franzi o cenho mostrando que esse não era um dos meus planos para o almoço, mas na nossa pequena conversa telepática ela acabou vencendo.

–É.. é ela odeia a comida daqui. –Olhei para o Josh que estava visivelmente contrariado me encarando com a raiva estampada nos olhos. Não pude deixar de sorrir minimamente em ver o incomodo dele.

– Então vamos! –Ela pegou em minha mão me arrastando para fora da mesa. –Tchau! E obrigada mais uma vez. –Ela sorriu me puxando para fora do refeitório nem dando tempo de alguma reação minha.

– Ei! Espera um pouco. – A puxei impedindo que ela continuasse andando, já estávamos fora do refeitório no meio do corredor principal da escola, que para a minha sorte estava vazio. – Aonde você pensa que está me levando?

– Ué! Você tem um café pra comprar, lembra?

– O quê?! Você quem inventou isso...

– Eu te livrei de um mala e é assim que você me agradece?! Para de reclamar e vem logo, antes que o sinal bata! – Eu bufei enquanto ela continuava me puxando pelo corredor, como se eu fosse uma criança. Acabei me conformando e fiz com que ela parasse, os olhos dela se viraram para mim me questionando e antes que ela fale mais alguma coisa, passo a sua frente parando logo em seguida, pois pela cara que ela fazia não estava entendendo nada.

– Se eu vou comprar café pra você deixa que eu escolho o lugar, tem um aqui perto que faz o melhor café que eu conheço. –Ela sorriu abertamente para mim me seguindo. Coloquei as mãos nos bolsos esperando que ela me alcance, não tenho muito dinheiro, mas para um café eu acho que dá.

– Rick, a quanto tempo! –Paolo um senhor simpático descendente de italianos, acenava para mim atrás do balcão de madeira. Apesar de ser o dono da pequena cafeteria, desde que o conheço sempre o vi trabalhando, ele gosta do que faz.

– Hey Paolo, como vai? –Sorri timidamente em resposta a alegria a que ele me recebia.

– Estou velho, mas ainda consigo te vencer em uma luta de boxe. O que acha?! - Ele se colocou em guarda e eu fiz o mesmo, entrando em sua brincadeira.

– Sabe que eu não sou de fugir de uma briga Paolo. - Ele sorriu desfazendo a guarda, levantando as mãos em rendição.

– A sua sorte é que eu não vou te bater na frente da sua namorada. - Eu senti meus ombros se tencionarem e as bochechas queimarem pelo constrangimento.

– Não..não somos namorados, ela é só minha...minha..- Não faço ideia qual a relação que nós temos, e para piorar as palavras parecem ter sumido da minha cabeça.

– Amiga. Prazer, Kate!- Ela estendeu a mão complementando o que eu deveria ter dito. Paolo a cumprimentou, olhando para mim como se pedisse perdão pelo engano, eu sorri minimamente tentando mostrar que estava tudo bem.

– Então no que posso ajudar?

– Queremos café! Rodgers disse que aqui tem o melhor café que ele conhece. - Por que ela me chama de Rodgers? Fiz uma nota mental para perguntar isso a ela quando tiver oportunidade. Paolo sorriu abertamente orgulhoso de si.

– O melhor café eu não sei, mas pra você eu prometo que vou caprichar. Qual é a sua preferência?

–Eu quero um café com leite médio, de baunilha sem açúcar, por favor! - Os olhos dela chegavam a brilhar ao falar da bebida. Achei alguém que ama café tanto quanto eu!

– E pra mim o de sempre Paolo. - Ele sorriu se despedindo de nós. Eu e ela nos encaminhamos até uma mesa perto do balcão, ainda faltava alguns minutos para o sinal tocar.

– Então você luta? - Sentei na cadeira enquanto ela fazia o mesmo, sentado-se a minha frente com os olhos curiosos em minha direção.

– Lutava. - Respondi seriamente lembrando aquela época. Gostava de lutar, era relaxante.

– Lutava?! Parou por quê? –Ela perguntou com as mãos cruzadas sobre a mesa, esperando atentamente a minha resposta. Para minha sorte, Paolo apareceu ao lado da mesa com as xícaras de café fumegante nas mãos, entregando-nos e saindo rapidamente como se não quisesse atrapalhar. Aproveitei para cortar esse assunto.

– Olha aí o seu café, é melhor tomar antes que esfrie.

Ela me analisou como se procurasse alguma coisa que respondesse sua pergunta, mas pareceu entender que eu não pretendia falar sobre o assunto.

– É realmente delicioso, bem melhor do que aquilo que eles dão naquele refeitório. Parece o da minha mãe!

Logo ela já estava tagarelando de novo, só que dessa vez falava dos pais. Eles eram advogados e era quase palpável a admiração que sentia por eles, seus olhos brilhavam. Por um momento fui atingido por uma melancolia ao lembrar do meu pai, mas tratei de afastar esses pensamentos da minha cabeça, me entretendo com as historias que ela contava.
Pouco tempo depois decidimos voltar para a escola, nos despedimos de Paolo que dizia repetidamente que ela voltasse, Kate prometeu que voltaria e me acompanhou para a saída. Nós caminhamos em silencio até a escola, algumas pessoas passavam por nós apressados para ir até as suas respectivas salas quase derrubando todos pela frente. Entramos na classe, ainda sem o professor, com todos os olhares direcionados a nós, eu não me importei, porém senti Kate ficar tensa ao meu lado, mas manteve-se firme até a nossa...minha... Até a mesa onde estávamos sentados.

– Hey linda! Já que não pode sentar em nossa mesa no refeitório, o que acha de me fazer companhia nessa aula chata? –Ele segurava o braço dela olhando para seus lábios. O que me incomodou extremamente, mas preferi me manter quieto em meu lugar

– Obrigada, mas eu prefiro ficar aqui mesmo. O sol não bati nesse lado da sala! –Ela tentou se desvencilhar dos braços dele, mas isso era difícil para ela, já que ele era bem mais forte.
.

–Vamos! Nós vamos ser parceiros nos trabalhos da classe. E eu prometo que você vai se divertir. –O tom malicioso na voz dele fez com que eu me levantasse e puxasse Kate para trás de mim, tirando as mãos dele dos braços dela.

–Ela já disse que não quer ir, Josh!

–Não se mete idiota! Cala a boca e vai cuidar da vadia da tua mãe que vai ser bem melhor... –Não esperei ele terminar a frase, acertei um soco em sua mandíbula fazendo que ele caísse por cima das cadeiras da sala com o canto da boca e o nariz sangrando. Podia sentir o meu sangue ferver de ódio, pulsando em meus ouvidos. Cerrei os pulsos com o intuito de começar uma sequência de golpes naquele palhaço! Mas o professor e Kate me impediram.

– SR. RODGERS, O QUE ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?! ISSO É UMA SALA DE AULA, NÃO UM RINGUE! FORA DA MINHA SALA! QUERO VER O SR. SE LIVRAR DESSA.

O Sr. Johnson apontou para a porta com o rosto vermelho de raiva, eu não contestei. Coloquei a mochila na costa, passando os meus olhos pela sala vendo os olhares julgadores e Josh levantando do chão com a ajuda de alguns dos seus seguidores idiotas! Meus olhos pararam em Kate, encostada a parede com uma mão na boca e os olhos assustados. Era o olhar que o garoto da fila tinha nos olhos e pela primeira vez me senti triste com isso.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem se ficou muito grande!
E então? Me digam o que acham, preciso de vocês!
Bjos!



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