Royal Hearts escrita por Cams, Tamires, nat


Capítulo 2
Julian - Dos números ao chá


Notas iniciais do capítulo

Eu me empolguei demais na hora de escrever, e ficou um pouquinho grande, mas espero que não se importem. Precisava escrever e apresentar os personagens para a história não ficar sem sentido.

Aproveitem!

Cams



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Dias atuais

Tentava me concentrar a todo custo em todos aqueles números, estatísticas, previsões e financiamentos. Mas tudo aquilo apenas passeava pela minha mente sem fazer sentido nenhum, e o pior de tudo é que essa era a parte mais importante do governo.

Desde que as castas oito e sete foram extintas, a situação no país ficava cada vez mais complicada. Os cidadãos destas castas migraram para onde conseguiam se ajustar melhor, trabalhando arduamente com seus reais talentos. Mas a grande maioria da população não conseguia se ajustar, continuando seus normais afazeres e sendo explorados por aqueles que não admitiam a mudança do governo.

Para isso, meus pais, o rei Maxon e a rainha America iniciaram um outro plano de governo, que consistia na implantação de escolas técnicas para esse tipo de cidadão, principalmente os que eram da casta oito, que normalmente viviam nas ruas, roubavam e nos piores casos vendiam seus corpos para comprarem comida. Minha mãe sempre dava aulas nessas escolas por todo país; acho que nunca conseguiu ficar parada vendo outras pessoas sofrerem com as injustiças de Illéa. Sendo assim, sempre tirava meu pai da sua normal calma e os guardas em frenesi enlouquecedor.

Sempre admirei muito isso nela, e creio que todos nós, seus filhos puxamos um pouco isso dela, uns mais, como eu e o Shay, ou menos, como Amberly. Porém, toda essa ajuda custa muito, e mesmo que não divulguemos isso, alguns rebeldes liberam notícias e documentos afirmando que o país estava falindo. O que era a mais pura verdade.

Essa Seleção tripla, com a escolha de um príncipe como escolha da minha irmã Celeste tem mais de uma função. Além de otimizarmos a situação de Illéa – mesmo que minha mãe odeie isso – a aliança que será formada entre os dois países ajudará a reajustar a nossa economia. E quem está por conta disso? EU!

O anúncio dos príncipes no Jornal Oficial de hoje a noite estava me dando nos nervos. Não conseguia me concentrar, e aparentemente nem Shalom. Ele estava do outro lado do escritório brincando com os guardinhas que representavam as tropas pelo país, como se fosse um jogo, atrapalhando todo o seu trabalho das últimas semanas. Parecia uma verdadeira criança, mas o seu olhar vazio dizia tudo o que eu também estava pensando: a nossa seleção.

Como uma maneira de economizar com os gastos excessivos, uma vez que seria uma seleção inicialmente dupla, terminou com a inclusão da seleção de Celeste também. Como somos gêmeos, sempre foi um mistério para nós dois como seria as nossas escolhas. Será que seriam separadas? Quantas meninas? E será mesmo que haverá uma Seleção? Parecia inimaginável para nós dois fazermos escolhas separadas; desde pequenos fazíamos tudo juntos, e sendo gêmeos idênticos com personalidades parecidas, todos nos confundiam, até mesmo nossos pais. Apenas Celeste e Amberly conseguiam nos diferenciar, nos salvando várias vezes em que aprontávamos ou fugíamos do castelo com a ajuda de Daniel.

– Julian Singer Calix Schreave! – meu pai grita da sua mesa. – Você não estava me escutando? Eu estou te chamando faz cinco minutos e você nem se mexeu. – Eu realmente estava viajando se não o escutei me chamar. - Venham os dois aqui.

Saímos de nossas respectivas mesas e atravessamos a longa sala que servia de escritório e centro de reuniões do palácio. Desde a última grande invasão no castelo, em que nossos avós morreram, Maxon havia reconstruído tudo, anexando novas salas de segurança, uma biblioteca e um escritório maior, pois não suportava a antiga sala do Rei Clarkson e toda a opressão que ainda sentia no ar.

–Sentem-se. – Aconselhou nosso pai quando chegamos a sua mesa. - Pelo o que eu estava observando, nenhum dos dois trabalhava como deveria, cada um perdido em seus próprios pensamentos e atrapalhando seus afazeres das últimas duas semanas. – Cobrou nosso pai, no qual consentimos em silêncio. – Isso tem algo a ver com o anúncio de hoje a noite?

– Mais ou menos. Eu estava pensando em tudo isso; essa seleção tripla, nossos amigos que vão ficar aqui até não sei quando, se algum deles irá magoar Celeste, o anúncio de semana que vem, com as nossas selecionadas, se eu irei encontrar a pessoa certa para mim e esse ela dará uma boa princesa. – Shay respondeu tudo isso de uma vez só, e quando terminou estava sem folego.

Concordando com Shay completo: - Isso nos aflige muito, e imagino que você saiba como estamos nos sentindo, uma vez que já passou por isso.

– Claro que sei! – responde o rei rindo adotando uma postura mais descontraída. – Na semana do anúncio, quase passei mal, e suava como se tivesse corrido quilômetros. Na hora do Jornal Oficial, não conseguia enxergar nenhuma das selecionadas, de tão nervoso que estava. Sua mãe um dia me contou, depois de estarmos casados, que reparou no meu nervosismo e que eu ficava limpando o suor das mãos na calça. Ela sempre foi muito observadora. – Terminou com ternura

Saber disso tudo me trazia um certo alívio, de que nosso perfeito pai também sofreu como nós em sua própria Seleção. O casamento dos dois me dava esperança de que eu pudesse encontrar alguém certa assim para mim.

– Fiquem tranquilos, a pessoa certa estará aqui em três semanas. – dito isso, ambos travamos na cadeira em frente ao nosso pai, lembrando que nosso futuro estava mais perto do que lembrávamos. Vendo nossa reação Maxon continuou: - Quando vi sua mãe pela primeira vez me apaixonei instantaneamente. Ela era uma garota muito forte e exatamente o oposto que seu avó queria. Portanto, não tenham medo de se apaixonarem. O que tiver de ser, será.

“Agora, você estão liberados por todo o dia. Vão, reflitam sobre o que conversamos e tentem ficar mais tranquilos, já que aqui não estão tendo muita produtividade.”

Contrariando o costume, cada uma saiu para um lado e só nos reencontramos novamente na hora do Jornal Oficial. Eu sai e fui para o jardim, pensando que a caminhada poderia me fazer bem, mas só piorou a situação, porque voltei a pensar sobre tudo e a ansiedade só piorou. Depois, decidi procurar Celeste para ver um filme, mas com o tamanho do lugar não a encontrei. Imaginei que ela estaria na piscina, ou seja, não queria ser incomodada. Me restou então assistir um filme sozinho.

Fui para a sala de cinema, escolhi um filme de terror e até pedi pipoca para uma das funcionárias, pensando que assim ficaria distraído. Acabei comendo a pipoca gigante em apenas cinco minutos e não consegui me assustar nem um pouco, e peguei o pior de todos “Almas Reencarnadas”, mas nem os espíritos conseguiram mudar meus ânimos...

Num último apelo fui parar no Salão das Mulheres. Com a permissão da rainha eu pude entrar, porém minha mãe parecia muito atarefada organizando a chegada dos príncipes, que ocorreria dali a quinze dias. Depois de muito tempo que ela foi me notar parado na porta do salão e então veio ao meu encontro, me abraçando carinhosamente quando chegou perto de mim. America nos dirigiu à uma mesa perto das janelas.

– Sabia que um dos seus irmãos também veio me ver hoje? –Perguntou minha mãe, com um olhar divertido no rosto.

– Quem? Celeste? – Indaguei. Não parecia a cara do Shay procurar minha mãe, ainda mais no Salão das Mulheres. Ela então riu, o que contestou minha certeza.

– Não! Seu irmão! – Ela realmente parecia estar se divertindo com a dúvida estampada no meu rosto. Reconquistando sua compostura continuou: - Na verdade, quando ele apareceu, pensei que fosse você. Nunca imaginei que seu irmão me procuraria, e a Celeste muito menos; se ela tiver alguma preocupação, irá procurar seu pai. Quando disse seu nome, Shalom fechou a cara e me deu as costas, com impaciência. Mas fui atrás dele e ficamos conversando durante muito tempo. Ele deve ter saído daqui a uns vinte minutos.

– Isso é meio inacreditável, mas imagino que todos nós estejamos nervosos com a proximidade da Seleção. – Digo francamente. – Meu pai já disse para nos despreocuparmos, mas não é tão fácil assim.

–Jules, você vai a char a pessoa certa para você. Eu sinto isso. Do fundo do meu coração. É um sentido de mãe, não falha. – A última frase ela disse dando uma piscadinha, e por incrível que pareça, ela conseguiu me acalmar profundamente. – Concordo com seu pai, não precisam se preocupar com tudo isso. Ao contrário das outras seleções, essa realmente será um sorteio, então se a pessoa certa tiver se inscrito, ela estará aqui, de uma forma ou de outra. Olha a nossa história. Eu nem queria estar na Seleção, mas por ironia do destino encontrei com seu pai antes de qualquer uma, e ele se apaixonou por mim e aos pouco eu também. Não foi nada fácil, mas creio que o amor que construímos é maior que qualquer dificuldade.

Depois de escutar tudo aquilo não consegui deixar de pensar que algo do tipo poderia acontecer comigo. Penso que tenho sorte, uma vez que terei meus melhores amigos do meu lado, ao contrário de meu pai. Eu e Shalom sabíamos quais eram os selecionados de Celeste, mas tudo ocorreu por puro acaso na última semana.

Estávamos trabalhando sozinhos e cada um precisava de um documento diferente. Após revirar todo o escritório acabamos encontrando três envelopes grossos, com o nome dos três filhos. Decidimos juntos que não abriríamos os nossos, mas não faria nenhum mal descobrirmos os príncipes selecionados para Celeste. Ficamos na maioria contentes, pois conhecíamos praticamente todos, e o restante, ou era de muito longe ou sentíamos uma certa antipatia.

– Filho, creio que já te ajudei da melhor forma possível. Por que não procura seu irmão ou Daniel? Acho que se vocês se distraíssem seria melhor e mais fácil chegarem bem até a hora do anúncio. – Sugeriu. Me senti um tolo ao me esquecer de Daniel. Provavelmente estaria trabalhando, mas tenho certeza que me ajudaria a fugir durante algumas horas para fora do palácio.

– Muito obrigado pela ideia mãe!- Disse isso, beijei sua testa e sai correndo atrás de Daniel.

Para variar ele estava de guarda no quarto da minha irmã, mesmo que ela não estivesse lá dentro. Quando me viu com um sorriso idiota no rosto foi logo se afastando

– Não. Não. Não. – Foi logo dizendo imaginando o que eu pediria. – Hoje não. Se você chegar atrasado ou acontecer alguma coisa, eu to morto, e meu pai também. Nunca deveria ter ensinado a vocês dois as passagens secretas. – Como Daniel era filho de Aspen e Lucy, desde que nasceu tivemos contato direto com ele. E como seu pai foi guarda durante anos antes de virar chefe de segurança do palácio e da família real, aprendeu muitos segredos, passando todos para o seu filho na expectativa de ajudar na segurança e proteção do lugar. Pena que ele tinha um par de gêmeos para corrompê-lo. Ou não.

– Por favor Daniel. - Implorei. -Eu estou precisando sair daqui. Mudar um pouco os ares, ver outras pessoas que não fiquem me olhando com cara de que devem me servir.

– Eu não te olho como te servisse não! -Falou bravo, mas o sorriso igual ao de seu pai lhe traiu. -Eu apenas vou te ajudar porque seu estado está deplorável. Desse jeito nenhuma menina vai te querer não. – Completou rindo.

– Então vai me ajudar mesmo? –perguntei esperançoso. – E consegue acreditar que foi minha mãe que me falou para procurá-lo?

– Ai, essa Rainha America! Sempre me mete em enrascadas. Acho que é de família –Disse frustrado. – Vou te ajudar, ok?! Então vá para o seu quarto colocar as roupas que precisa enquanto vou arrumar um jeito de você escapar.

Dito isso, ambos seguiram direções diferentes, cada um com uma preocupação diferente, mas eu só queria sair um pouco e me distrair nos limites da cidade.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram do Julian? Eu amei escrever e continuarei amando kkkk Tenho que avisar que talvez o terceiro capitulo demore um pouco a ser postado em vista que esperamos inscrições de selecionadas, mas enquanto todas as vagas não estiverem preenchidas, narraremos mais alguns capítulos.

Aguardem e verão!