Canibal escrita por bluekryp


Capítulo 1
Canibal


Notas iniciais do capítulo

oinnn :)



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Era véspera de natal. Scott havia bebido um pouco mais do que deveria. Faltava pouco mais de uma hora para meia noite e graças a sua cabeça rodando por conta da bebida, ele encontrou-se em uma estrada que dava só Deus sabe onde e a sua esquerda havia uma mata, que ele pensou ser mágica. As árvores estavam dançando. Scott, sem pensar muito entrou na mata. Queria ver se havia mais árvores dançantes.

Caminhou cerca de dois quilômetros antes de sua cabeça parar de girar e ele perceber que as árvores não estavam realmente dançando. Ele olhou em volta e sequer lembrava de qual lado viera, então seguiu a leste. Depois de caminhar por mais dez minutos, ouviu alguém cantarolando uma musica desconhecida. A voz era bonita, angelical. Scott decidiu seguir o som, que nao vinha de muito longe de onde ele estava. Às margens do rio, uma moça de cabelos pretos estava sentada de costas para ele cantarolando. Scott se aproximou dela e ela se virou ao mesmo tempo. Ele sentiu um impulso, uma vontade de correr ao olhar para ela. Seu rosto era deformado; ela não tinha os dois olhos, havia uma cicatriz em diagonal em seu rosto que começava onde deveria estar seu olho esquerdo, passava pelo nariz e nos lábios, terminando no queixo.


- Você chegou até aqui - disse a moça suavemente.


Scott se virou para correr mas não conseguiu se mover. Seu corpo se voltou para ela novamente e ela entrou na água. Foi então que ele percebeu que ela era uma sereia. Ele deu outro passo para frente e percebeu que havia perdido todo o controle sobre seu corpo.


- Quero lhe contar minha história - disse a sereia, agora sentada na pedra que havia no meio do rio.


Sua voz era tão doce que assustava Scott ainda mais. Ele queria gritar, mas não conseguia. O que diabos ela estava fazendo com ele?


- Meu nome é Laurel - ela abaixou a cabeça e voltou a olhar para ele. Agora uma parte de seu cabelo cobria o buraco onde deveria estar seu olho esquerdo. - Não precisa ter medo... só vou lhe contar minha história.


Não ter medo?, pensou Scott.


- Eu era uma adolescente linda quando conheci um rapaz com quem achei que viveria para sempre. Ele era tão bonito! Sua família era rica... não que isso fosse alguma vantagem para mim, minha familia era a maior parte da realeza.


Ela tateou a pedra até pegar algo dourado - um pente - que parecia ser de ouro e começou a pentear seus longos cabelos.


- Bonito, não é? - Perguntou referindo-se ao pente. - Ele me deu quando completamos um mês de namoro. Foi tudo o que me restou. Em uma noite de véspera de natal, assim como essa, estávamos caminhando por essa mata que o trouxe aqui hoje... esse mesmo horário. Tudo estava exatamente igual hoje. Exceto pelo puma que apareceu no meio das árvores. Ele veio em nossa direção. Na época eu não sabia que era uma má ideia correr de um animal mais rapido que eu, mas ficar parada no lugar nao me parecia uma ideia brilhante.


Ela soltou uma risada seca, sem humor. Scott tinha quase certeza de que aquilo nao acabaria bem.


- Bom, acho que dá para imaginar o que aconteceu. O puma nos atacou. Ele pegou Robert primeiro. Suas unhas afiadas entraram em seu peito e nao havia nada que eu pudesse fazer. Talvez se eu o tivesse deixado morrer sozinho nada de ruim teria acontecido comigo.

O animal veio atrás de mim depois que Robert estava morto. Eu corri, mas nao o suficiente. Quando eu caí, tudo o que senti foi a dor insuportável de suas garras afiadas em meu rosto. Foi tão profundo que eu pude ver meu olho esquerdo espetado nelas. Eu gritava e implorava pela morte. Esperava que o animal entendesse minhas palavras... mas isso nao aconteceu. Ele foi embora e eu fiquei no meio das árvores gritando por socorro. Faltava pouco tempo para meia noite... assim como agora, quando o irmão e a mãe de Robert apareceram. Obviamente eles nao ficaram felizes em me ver viva. Ninguém da familia delea gostava de mim. Foi nesse dia que eu descobri a verdade sobre sua mãe. Ela era uma bruxa... não que eu nunca tivesse suspeitado, mas achava loucura demais.”

Laurel pousou o pente na pedra novamente e virou a cabeça para o lado esquerdo. Scott teve a impressão de que ela estava olhando alguma coisa, mas lembrou de que ela sequer tinha olhos. De repente, ela estava tremendo, com frio. Ele havia sentido a dor de Iara, mas ainda estava parralisado e não podia falar. Nao podia dizer que lamentava o.que havia acontecido a ela. Laurel voltou o rosto na direção dele e sorriu, como se soubesse o que ele estava pensando e voltou a falar.


- Ela me culpou pela morte de Robert, claro. Eu havia sobrevivido, ele não. Mal sabia ela que eu estava desejando a morte. A bruxa me olhou nos olhos quando disse as seguintes palavras: "você merece a eternidade de sofrimento por ter matado meu filho... e com toda a certeza voce a terá!"


Ela riu mais uma vez. Scott podia jurar que ela estava vendo toda aquela cena horrível novamente.


- A bruxa e o filho me arrastam até este rio e então ela me amaldiçoou. Ela arrancou meu outro olho e me jogou no rio. Quando minha pele entrou em contato com a água, eu senti minhas pernas se desfazendo e em seguida senti um peso. Era isto aqui - apontou para a grande cauda. - Ela deu um jeito de me prender aqui para sempre.


Ela levantou a cabeça, como se estivesse olhando o céu por alguns segundos e voltou a falar.


- Poucos minutos para meia noite. Eu amo o natal, apesar de tudo. É a unica data em que eu posso comer algo que nao seja peixe e frutos. Você nao deve entender de bruxaria... na verdade nem eu entendo, mas sei que todos os feitiços tem uma falha. Todas as vesperas de natal algo acontece comigo. As onze da noite eu ganho essa habilidade de manter você parado e me ouvindo e, à meia noite, a hora da ceia, eu tenho minhas pernas de volta por uma hora... para que eu possa fazer uma refeição decente. Fico pensando se isso é mesmo uma falha do feitiço ou se a maldita bruxa apenas quis me lembrar de que nem com pernas eu posso passar destas árvores.


Ela deslizou pela pedra para o rio e depois de dois minutos submersa, ela se levantou e saiu da água, caminhando na direção de Scott. Meia noite! Ela continuava sem seus olhos, com a enorme e feia cicatriz no rosto e ele continuava paralisado.


- Há cinquenta anos eu descobri que conseguia calar as pessoas também. Sempre achei que a unica coisa que eu conseguia fazer era mantê-las paradas... isso me foi tão útil. Eu passei 320 anos ouvindo gente gritar e perguntas idiotas. Ela se aproximou mais dele e respirou fundo. - Você tem medo da morte. Posso sentir isso. Você quer gritar, mas não pode.


O rosto da sereia-não-mais-sereia mudou totalmente. Os buracos onde deveria estar seus olhos ficaram mais escuros e maiores. Sua boca se abriu e de repente ele viu algo próximo de ser um demonio a sua frente.


- Você vai querer saber que a eternidade é uma droga!


Então ela avançou sobre ele. Sua boca, com mais de cem dentes afiados arrancou a cabeça do homem. O corpo caiu no chão e com as mãos, ela abriu seu peito até o umbigo, em seguida arrancou o fígado e o coração, dividindo-os em vários pedaços, comendo aos poucos.


[...]


O tempo de Laurel com suas pernas estava acabando. Depois de comer praticamente todos os órgão do homem, ela voltou sua atenção para a cabeça. Mesmo não podendo ver, ela sabia que ele tinha belos olhos. Ela tinha menos de cinco minutos. Rapidamente, ela arrancou os olhos dele e pegou uma grande caixa que ficava nas raizes de uma grande árvore na margem do rio e os colocou la dentro.


- 371 Anos. 371 Pares de olhos!


Ela se jogou no rio e sentiu o peso de sua cauda retornar.


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Notas finais do capítulo

é isso ai.
LEMBREM-SE SEMPRE: ARVORES NÃO DANÇAM.
espero que tenham gostado huehue
beijinhoss :)



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