Renascer escrita por Fran Carvalho


Capítulo 1
Prólogo - Vamos fugir?


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindas a minha mais nova história.
Não quero transformar a fic em um +18, então vou deixar algumas coisas subentendidas, quem for esperto vai entender.



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O mundo nunca foi justo para mim. Nunca tive a chance de conhecer uma forma legal de viver, jamais conheci a felicidade.

Então, eu mesma a criei.

Minha irmã sempre disse que a busca é eterna, nunca ficaremos satisfeitos com o que temos. Talvez ela tenha razão.

Mas, para mim e Alana, a vida mostrou cedo demais suas garras invisíveis.

- Eu não quero embora! – choraminguei, olhando minha irmã mais velha.

Estava deitada na cama, embaixo das minhas cobertas, Eliane sentada, tentando me convencer a fugir.

Era madrugada. Éramos muito pequenas, eu tinha quatro anos, ela estava com quase sete. Nossos pais como sempre saíram antes do anoitecer.

Amávamos nossos pais, porque não nos fora permitido conhecer outros. Mas fazia dias que Alana descobrira que estávamos sendo disputadas por eles e o Estado. Não que a gente entendesse o que isso significava, mas sabíamos que era algo a ver com abrigo.

Essa era a palavra que nos dava maior medo.

- To ouvindo conversas? – a voz do meu pai me fez estremecer e Eliane correu para sua própria cama.

Nossos pais eram viciados em alguma coisa, mas eu nunca soube o quê. Quase todos as noites era assim. Um pesadelo que nunca acabava.

A cortina que separava nosso quarto do resto da casa servia de parede. Vimos quando a mão do meu pai a puxou para o lado com força demais. Eu me encolhi. Minha mãe entrou, seguida do homem, que foi direto a cama de Lana e puxou suas cobertas para o chão.

- Alana! – gritou, fazendo minha irmã se encolher em posição fetal.

- Papai! – gritei, implorando.

Fechei os olhos com força quando o vi levantá-la pelos cabelos. No escuro dos meus olhos fechados, ouvi os socos repetitivos e iniciei um choro baixinho, o medo me consumindo.

Ouvi quando ele a soltou no chão, e sussurrei uma oração bastante infantil, pedindo a Deus que meu pai não me machucasse.

- Eliana – sussurrou, eu tremi – Quer vir abraçar o papai?

Ele sempre mostrava mais carinho comigo. Abri os olhos, ele sorria.

- Papai gosta de você, Eliana – ele puxou minhas cobertas, e seus dedos subiram pelas minhas pernas.

Não respondi. Ele fez força para subir em cima de mim, mas foi puxado com força pela minha mãe.

- NUNCA! – ela gritou – Não vai me trocar por essa vadiazinha, seu cachorro!

Ela jogou longe o homem que era meu pai. Só tive tempo de fechar os olhos, quando o punho dela veio em minha direção.

- Pare de se vestir como se estivesse na praia, sua puta!

Olhei minha roupa. Vestia apenas calcinha, mas era porque ela nunca me vestia. E eu só tinha quatro anos!

Saíram os dois, deitando-se sobre o colchão na sala, fazendo o que se imagina de um casal.

***

Era de manhã, Lana me puxava, vestindo uma das suas poucas roupas imundas. Ela tinha me vestido também, e eu teimava em não querer segui-la.

- Não seja boba, Nana, prefere um abrigo?

Fiz que não com a cabeça, os lábios tremendo num quase choro.

- Quero ficar aqui – insisti pela quinta vez.

Ela revirou os olhos.

- Você não entende, Nana, acha que ele ama você? Ele vai machuca-la! Muito mais do que mamãe faz!

Não sabia para onde ela me levava. Passamos dias intermináveis dormindo na rua, caminhando de dia para sabe-se lá onde.

Finalmente chagamos a uma enorme construção, quase como se tivessem construindo uma cidade inteira.

- O que é isso? – perguntei, sem entender.

- É um shopping, Nana – vi os olhos de Alana revirarem pela minha pergunta – Vamos viver aqui.


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Notas finais do capítulo

Curto, eu sei, mas isso é só o prólogo...
Próximo capítulo tem as meninas agora adolescentes ;)



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