Existe Um Lugar escrita por Eve Arneiro


Capítulo 1
Parte 1




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O outono embelezava a paisagem da Vila de Santa Fé com suas cores, anunciando a época da colheita. Gina, Viramundo e seu Pedro se dedicavam ao máximo no trigal, realmente aquela seria a melhor colheita de todos os tempos, e Gina ouvia com prazer o riso frouxo do pai, feliz que estava com tamanha abundância.

– Mas o dotô Ferdinando fez milagre memo, né fia? – perguntava ele aos risos.

– Fez memo, pai. – dizia a moça, encabulada.

– Mas o que foi que o dotô Ferdinando fez nas suas terra, seu Pedro?

– Olha, amigo Viramundo – disse o pai de Gina, coçando a barba – ieu não sei expricá não, ele mandou fazê umas tar de análise na cidade, e aí fez uns negócio aqui na terra que fez com que a prantação ficasse desse jeito.

– Um trigo lindo de se vê, né, pai? – perguntou Gina, animada.

– Ô, sô, se é! Dôradinho, que nem um brinco de ôro!

Gina sorria enquanto colhia o trigo, pensando em tudo o que Ferdinando havia feito na plantação do pai. Lembrava do cuidado e do imenso amor que o engenheiro agrônomo tinha pela terra, como é que podia, pensava ela, um homem estudado daquele jeito, ter prazer em sujar as mãos cuidando do trigal. Realmente, o trabalho daquele um se mostrara acertado, as sementes estavam bem recheadas, daria para se ter um bom retorno naquele ano. E com a ajuda de Viramundo na plantação, ela e o pai iriam colher mais trigo por dia do que colheriam se fossem apenas os dois.

O pai ter hospedado o violeiro se revelou uma decisão sábia, o rapaz era um ótimo amigo, assim como Juliana, apesar de quando em vez ele chamá-la de “minha flor”. De início, ela não gostou nem um pouco, mas foi se acostumando, percebeu que aquele era o jeito de Viramundo amenizar o esforço da lida, e ainda tinha a cantoria... Havia aprendido a cantar com o violeiro as modas que costumava ouvir quando criança, e veja só, até que ela cantava bem, ao menos era o que Viramundo dizia.

– Fia, nóis tamo indo. Ocê num vem?

– Vai na frente, pai. Ieu vou ficá mais um pouco por cá.

– Vê se não demora muito, que daqui a pouco é hora da janta.

– Tá bom.

– Vamo Viramundo?

– Vamo, seu Pedro.

– Ói que hoje ocê canta aquela moda de viola que pedi procê ontem?

– Craro, seu Pedro. Tô a disposição.

E Gina observou seu Pedro e Viramundo se afastarem na direção do sítio. A moça tirou o chapéu de palha e enxugou o suor de sua testa, sentou numa pedra próxima e pegou o cantil de água. Mal o pôs na boca e ouviu uma voz suave, que conhecia muito bem.

– Gina... – chamou Ferdinando.


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