Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 11
Capítulo 11




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O dia amanheceu levando consigo aquele frio da noite anterior. Não que estivesse calor, porém, estava um frio suportável.

Johnny não estava na cama, olhei para todos os lados do quarto. Não estava em lugar algum. Então, ouvi o barulho do chuveiro.

Sorri. Ele estava fazendo 29 anos. Senti meu coração amolecer.

Na noite passada eu realmente fiquei com raiva dele e sei que ele não dormiu direito pelo fato de eu ter acordado uma centena de vezes de madrugada com ele se remexendo na cama, inquieto, bufando diversas vezes. Aquilo era peso na consciência por ter sido tão grosso e ignorante.

Eu estava desarmada e não sabia como lhe dar o presente. Eu não sabia como dar e nem se ele iria gostar. Estava insegura.

Decidi que eu não estava preparada. Então, deitei novamente e fingi que estava dormindo. Atitude ridícula, óbvio, mas, eu estava insegura.

Ouvi a porta do banheiro se abrir e ouvi seus passos ao sair do banheiro, ele voltou para a cama. Senti o cheiro de shampoo dos seus cabelos.

Sorri, mas permaneci de olhos fechados.

Não seja idiota! – meu subconsciente alfinetou. – Só espere mais um pouco.

Esperei mais alguns minutos e então percebi que eu estava sendo realmente ridícula. Virei-me e vi que ele estava deitado me olhando.

Aquilo me desarmou e meu coração disparou.

– Feliz aniversário! – exclamei.

Ele riu.

– Obrigado.

Apoiei-me em meus cotovelos e lhe dei um beijo na boca. Olhei para ele, sorri e encostei minha testa na dele.

– Preparado para seu presente de aniversário¿

– Mary! – ele gemeu e sorriu.

– O quê¿

– Por que me comprou um presente¿

– Largue a mão de ser chato! Eu comprei porque eu quis.

Me levantei da cama e me enfiei embaixo da cama para pegar os dois embrulhos.

Quando ele viu dois embrulhos abriu a boca e sorriu balançando a cabeça.

– Cale a boca. Eu só comprei um.

– O outro você roubou¿

Sentei-me na cama e lhe dei um empurrão. Johnny riu.

– Vamos seu idiota, abra.

Primeiro entreguei o embrulho do primeiro presente.

Sorrindo, ele rasgou o papel prateado e tirou um colete social cinza que eu havia comprado para ele.

Ele sorriu com satisfação.

– Adorei!

– Gostou mesmo¿

Ele me deu um beijo e disse:

– Claro. Eu amei. Obrigado!

Sorri com satisfação. Ele estava particularmente bonito.

Ele foi até o espelho para se olhar e eu fiquei olhando seu reflexo. Eu o amava tanto! Não amava suas crises de ciúmes, não amava seu jeito difícil de ser e algumas atitudes que eu considerava infantis, entretanto, era parte do pacote.

– Está pensando em que¿ - perguntou.

Voltei para a realidade e balancei a cabeça.

– Nada.

Ele sorriu, veio até a cama e se jogou encima de mim, pegando-me desprevenida.

– Ai! – gritei. – Está me esmagando!

Ele colocou a mão na minha boca abafando meus gritos. Comecei a rir baixinho e suspirei.

Mordi de leve sua mão.

– Hora do presente número dois¿

Sorri maliciosamente.

Peguei o embrulho dourado e lhe entreguei.

Ele se sentou e abriu com facilidade.

– Ah meu Deus.

Ri ao ver sua reação ao tirar o relógio que eu comprei para ele.

– Lindo. – ele disse impressionado.

– Que bom que gostou!

Ele me deu outro beijo.

Quanto beijo! – pensei e sorri.

– Srta. Anne, você sabe fazer um homem feliz.

Ele suspirou e disse:

– Eu vou descer. Te espero lá embaixo.

Assenti e respondi:

– Tudo bem. Vou tomar um banho primeiro.

Ele assentiu e levantou-se da cama. Colocou seu chinelo e saiu do quarto.

Suspirei e levantei-me pegando a mala vermelha. Dentro dela, peguei um vestido de manga cumprida cinza de lã, uma meia calça preta e minha bota estilo cowboy preta.

Encaminhei-me para o banheiro e tranquei a porta. Me peguei pensando o motivo de fazer um banheiro tão grande.

Tirei minha roupa e fiquei apenas de calcinha e sutiã. Abri as torneiras da banheira e joguei um pouco de sais de banho na água. Deixei a banheira enchendo e voltei para o espelho. Escovei meus dentes e lavei meu rosto. A água estava congelando e estava ótima para tirar o sono.

Logo o banheiro se encheu de vapor. Fechei as torneiras e entrei na banheira soltando um suspiro. A água quente pinicando minha pele e aquecendo-me rapidamente.

Fechei os olhos e uma lembrança me veio a cabeça. Eu e Johnny tomando banho na banheira do hospital. Aquilo fora engraçado e errado. Sem dúvidas algo memorável tanto para nós, quando para a Dra. Monique. Outra lembrança. Essa não era muito agradável. Lembrei-me do desastroso dia de Ação De Graças. Eu, estúpida, saindo de uma banheira e me estatelando no chão, entrando em coma. Obviamente, eu gostava mais da primeira lembrança.

Quando saí do banheiro, Phoebe estava no quarto, sentada na cama. Ela estava olhando para seus pés.

– Bom dia. – eu disse.

Ela olhou para cima surpresa e sorriu tímida.

– Oi Mary. Como você está¿

Dei de ombros.

– Bem, e você¿ Você parece um pouco atordoada.

Sentei-me ao lado dela e ela assentiu fazendo um bico.

– É, porque estou.

– Posso te ajudar¿

Seus olhos me encararam e ela suspirou.

– Bem, acho que sim. Bem, como você sabe, hoje terá uma festa aqui e eu convidei poucas pessoas. – ela disse e fez um sinal de aspas com os dedos ao falar “poucas”.

Assenti para ela continuar.

– Acontece que virá um amigo de Johnny que ele conheceu na faculdade – ela deu uma pausa e olhou para mim. – E... Esse amigo trará uma pessoa. E eu juro que só fiquei sabendo disso hoje, Mary! Perdoe-me.

Franzi o cenho.

– Quem¿

Ela engoliu em seco e olhou para mim. Suspirou.

– Alicia.

Trinquei os dentes ao ouvir aquele nome.

– Ah Mary, me perdoe! Eu não sabia e se eu soubesse, não deixaria ele trazer ou ao menos nem teria convidado...

– Não. Está tudo bem, Phoebe. – falei interrompendo-a.

– Mesmo¿

Não.

– Sim. Você não pode fazer nada a respeito, não é¿

Ela assentiu mordendo o lábio.

– Olhe, eu juro que ela não estragará nada. Hoje será perfeito para você e para Johnny. Vocês irão curtir muito.

Forcei um sorriso e assenti.

– Está tudo bem. – falei tentando passar convicção.

Phoebe sorriu puxando-me para me dar um abraço.

Franzi o cenho, mas, não disse nada.

– Ah, eu sabia que você entenderia. – ela se levantou. – Vá tomar café da manhã.

– Eu irei daqui a pouco.

Ela sorriu e fechou a porta.

Bufei e me recostei no travesseiro de Johnny. Era só o que me faltava. Aquela praga daquela mulher estragar uma festa tão importante.

***

Quando desci, não havia mais ninguém na mesa do café da manhã e devo confessar que fiquei aliviada. Eu não estava contente depois do que Phoebe me contou e eu não sabia se conseguiria disfarçar minha cara feia.

Sentei-me em uma das cadeiras. Havia panquecas, café preto, cappuccino, suco de laranja, ovos, bacon um bolo de chocolate com alguns pedaços de blueberry e havia uma variedade de frutas.

Me servi de panquecas e coloquei Maple Syrup encima. Servi-me também de cappuccino e um copo de suco de laranja. Eu estava faminta.

Comi as panquecas rapidamente e me servi novamente.

– Você parece um bebê dragão comendo;

Virei-me assustada depois sorri. Era só o Johnny. Ele veio até a mesa e sentou-se do meu lado.

– Você está bem¿ - perguntou observando-me com o queixo apoiado em sua mão direita.

Assenti e comi mais um pedaço da panqueca.

– Mary.

Tomei um gole do meu suco de laranja.

– Mary.

Olhei para ele.

– A Phoebe te contou, não é¿

– Sim. – suspirei.

– Olhe para mim...

– Johnny, não...

– Olhe para mim. – ele insistiu e colocou a mão na minha.

Olhei para nossas mãos e depois para seu rosto.

– Eu prometo que ela não fará nada. Que hoje seremos eu e você. Ficarei do seu lado o tempo todo e...

– Não! Não quero que fique do meu lado o tempo inteiro. – suspirei. – Não precisa fazer isso e nem deve. Virá pessoas para lhe ver que você não vê há anos. Isso não é justo com elas e... É só a presença dela que me irrita. Só isso. Mas, sei que a culpa não é de Phoebe e acredite, eu não queria estar agindo como uma criança de cara feia.

Ele riu e balançou a cabeça.

– Não está agindo como criança. Está apenas incomodada.

– Posso lidar com isso. Apenas curta o seu dia, ok¿ - coloquei minha mão esquerda em seu rosto.

Ele deu um meio sorriso e se curvou para me beijar.

– Tenho que ir. Meu pai e Paul querem me levar a algum lugar para que eu só chegue aqui na hora da festa. – ele revirou os olhos.

Eu ri.

– Seja legal Johnny Donahue.

Ele sorriu e se levantou se retirando da cozinha.

Bufei deixando meu café da manhã de lado.

Não seja idiota. – pensei. – Faça com que hoje seja memorável para Johnny e para você. E claro, esteja linda.

Subi para o quarto. Eu precisava decidir o que iria usar.


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