A dama da noite escrita por rayssa


Capítulo 3
Despedida


Notas iniciais do capítulo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535168/chapter/3

Narrador : Layla

“Eram mulheres, dezenas de mulheres, jovens e velhas, crianças e bebes. Todas eram mulheres e me olhavam com expressão dura.

– Voce sabe quem eu sou? – Uma delas perguntou

– Quem eu sou? – Repetiu outra

Uma garotinha se aproximou e carregava uma faca.

– Voce se lembra de mim?

– Qual e o meu nome? – Indagou uma velha – Quem eu fui?

– Porque estou morta?

– Quem me matou?

– Porque meus filhos estão sangrando?

– Quem e o culpado?

– Porque dói tanto?

– Você nos odeia? Porque insiste em se esquecer de nos?

Uma velha se aproximou dela.

– Você não vai nos ignorar. Diga criança amaldiçoada, quem eu sou?”

Acordei assustada e olhei ao redor demorando alguns instantes para perceber que não estava mais La, para perceber que aquilo fora apenas mais um sonho, um sonho fruto de uma lembrança muito antiga.

Minha roupa estava molhada com suor, minhas pernas se não estivessem na cama estariam bombas.

Era uma sensação estranha, uma coisa incomum e muito rara para mim, algo que eu não sentia a anos. Um sentimento que só podia ser despertado por aquela maldita lembrança.

Sorri cautelosa e maliciosa, se minha mãe me visse assim, me daria uma surra, a velha Alexandra não era alguém que entendia de fraquezas.

– Por favor não me diga que acordou com desejos homicidas.

Ao meu lado com o lençou mal cobrindo a própria nudez Henrique sorria com expressão zombeteira, sua mão a envolver meu pulso baixando-o devagar ao colchão, no ímpeto do sonho eu tinha tirado uma faca de debaixo do travesseiro.

– Estou sempre com desejos homicidas. – respondo a ele.

– Bem, eu espero que isso não se volte contra as crianças do acampamento.

Deito na cama ao seu lado.

– Layla, a matadora de crianças. Ate que soa bem.

Henrique se apoiou no queixo para me observar.

– Voce esta bem?

– Sim, mas não vou falar sobre isso.

– Não vou perguntar. Se eu puder fazer alguma coisa...

– Fique quieto.

Meu amigo deu de ombros e obedeceu, parecia curioso e preocupado mas ele era Henrique, muito bom em não fazer perguntas, o que basicamente o fazia o companheiro perfeito para alguém como eu.

– Muito bem, acho que posso pelo menos te ajudar a esquecer isso – Ele murmurou malicioso -Sou um ótimo antídoto.

Isso tinha uma parte de verdade, veja bem, eu não era a única que aprendera as nuances da sedução. Henrique como a criança abandonada que fora também tinha tido seus momentos ruins e precisado dar seus “pulos” para sobreviver, no entanto diferente de mim ele não se orgulhava disso. Eu via como uma luta, uma prova de que tinha sobrevivido ao pior do mundo humano, que tinha lidado com a violência e a maldade humana. Para ele era so um sinal de vergonha.

Agora porque ele sentia vergonha de algo tão bom...

Claro que Henrique se vendeu nas esquinas e eu tive Carlos para me vender o que era mil vezes melhor.

Carlos...

Soltei Henrique. A culpa e a pior coisa já inventada.

– Que foi? Você não quer?

Sua expressão era surpresa, meu amigo conhecia bem meu apetite e estava curioso com minha recusa em satisfaze-lo com ele.

– Carlos.

– O que tem?

– E minha ultima noite me Las Vegas e estou com você e não com ele.

O filho de Hecate fez careta.

– Seu cafetão tem ciúmes de você?

– Você sabe que ele não e só isso, Carlos e meu amigo.

Henrique fez uma careta.

– Vai logo.

Eu não precisava da permissão dele, alias já fazia muito tempo desde de que eu precisara da opnião de alguém, aqueles a quem eu devia meu respeito estavam mortos.

Me despedir de Carlos não foi fácil, tenho certeza que os psicólogos humanos tinham termos complexos com nomes de diversas síndromes para os motivos pelos quais doía em mim me separar dele.

– Não seja assim – peço – Sabia que um dia eu iria embora.

– Sim, mas esperei estar errado. E tão ruim assim viver aqui Layla? Me diga do que precisa para ficar.

“ Eu preciso disso que você me dá de tão bom coração, disso que você divide com todos que conhece, preciso desse amor, e por causa dele que devo partir, embora você não saiba o quão grata eu sou por ter compartilhado algo tão precioso comigo. Esse dom que você tem, essa dádiva.”

– Eu amo você. – Respondo

– Então porque vai me deixar?

Não era culpa do Henrique, de um jeito ou de outro, meu tempo como uma das garotas de Carlos estava se esgotando. E maldita seja a deusa do amor, porque isso iria me destruir dia após dia.

No carro que Henrique pegou “emprestado” ( ele ainda não havia perdido as manhas das ruas) fechei os olhos para pensar.

– Kate me disse, que o Carlos te bateu uma vez.

– E verdade.

– Layla, Porque você ficou tanto tempo com ele? Ele vendia você e parece que você nunca se importou. Achei que gostasse dessa vida, mas se ele batia em você...

– Bateu, uma vez apenas.

– mesmo assim... Você o perdoou?

– ele não precisava do meu perdão. Eu precisava de uma surra.

– E quem era ele para decidir isso?

– A única pessoa do mundo que se importava comigo.

– Não entendo;

– Não precisa. Isso não e sobre você. Eu subi no alto de uma ponte e iria me jogar, ninguém nesse mundo iria se importar, se eu caísse ou me jogasse, ele era o único. Então me tirou de La e pois o juízo de volta na minha cabeça literalmente a força; Aquela boate, a casa de Carlos, as garotas, ele me deu uma família quando eu não tinha nada, pegou meus cacos e me ajudou a colar de volta.

–Voce teria feito isso? Teria se matado?

– Voce não teria tido um overdose proposital se eu não tivesse salvado você? – Indago – Não me julgue amigo, e acima de tudo não julgue Carlos, ele e melhor do que nos jamais seremos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A dama da noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.