The War Of Factions escrita por Bruh Sevilha


Capítulo 2
Capítulo 2 - Será que só eu me sinto perdida?


Notas iniciais do capítulo

EU DEMOREI PRA POSTAR, SIM!
Demorei pq fiquei esperando review e nada... fiquei triste. Só tive 2!! Gente!!!
Mas eu fiz POV do Zeke então este capítulo demorou pra ser feito, realmente.
Digam o que acharam desse POV q eu tentei fazer o menos gay possível.



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Eles nos deram um remédio que nos fez dormir e primeiramente eu hesitei completamente ao tomar, talvez eu esteja traumatizada com a simulação de ataque mas então eu cedi, pois estava sendo mau comigo. Eu queria ficar acordada por medo de alguém me utilizar como se eu fosse uma arma mas ao mesmo tempo não queria ver até onde meus pensamentos me levavam. Eu perdi tudo e quase todos. Eu deixei Uriah ir! Eu perdi Zeke, Cameron, meus pais e meus amigos! Que tipo horrível de pessoa eu sou?

Exatamente com essa linha de pensamento que eu acordei já com lágrimas nos olhos e soluços praticamente automáticos. Vou até o banheiro do quarto e limpo meu rosto, não adiantando muita coisa já que meu nariz está vermelho e meus olhos também.

— Foda-se. — eu murmuro saindo do quarto com uma calça de moletom larga vermelha, uma regata da mesma cor e meias amarelas de tricô que a calça cobria. Me sinto um hidrante.

Vou caminhando pelo corredor e reparo que não sei para onde estou indo.

Vejo um membro da Amizade passando e pergunto:

— Com licença, você sabe onde está Johanna?

— É a porta no final do corredor. — o homem diz suavemente.

Eu agradeço e vou até o escritório dela. Eu adoro este ar rústico, natural e tranquilizante dessa sede, me sinto mais confortável mesmo estando numa situação de mal a pior.

— Pode entrar. — diz Johanna com um tom mais alto de dentro do escritório após eu bater na porta. — Sam! Que surpresa!

Ela está de pé, apoiada na borda esquerda da janela.

— É... Obrigada, eu acho. — eu digo sem jeito.

— O que houve? — ela pergunta e eu gesticulo com a mão girando o dedo em círculos tentando raciocinar mas estou fraca, não sei dizer como me sinto.

— Sua aparência, está péssima. Digo, está com o rosto inchado... Vestígios de lágrimas e muito choro.

— Sim, chorei, não vejo o problema em admitir mesmo. — eu digo suavemente e dando de ombros. — A colaboração... Que tinha dito que faríamos para "pagar" a hospitalidade.

— Ah, não diga assim...

— Eu sei o quê vai dizer, só não estou bem para caçar boas palavras facultas.

— Hum, certo. — ela diz contraindo os lábios e então cruza as mãos em frente ao corpo. — Não quer tomar o café da manhã primeiro?

— Não. — eu digo inevitavelmente seca. — Só quero ocupar minha cabeça com qualquer coisa que não seja… meus problemas.

— Sabe, Sam, você não precisa trabalhar logo agora em seu primeiro dia. Posso arranjar um psicólogo para você e pode começar a trabalhar até se recuperar...

— Não! — eu digo um pouco mais alto do que pretendia. — Pare de ter pena de mim, eu não quero pena, eu só quero algo para me distrair, nem que seja trabalho. Eu posso ter feito várias besteiras na minha vida mas eu não mereço pena! Eu estou aqui, de pé, não chorei na frente de ninguém e nem pretendo então por favor só me dê algo para fazer. Não quero psicólogo, só quero me ocupar com qualquer coisa.

Ela suspira, contrai os lábios e então vai até a parte de trás da mesa, abrindo a gaveta e tirando de lá um pequeno papel.

— Cozinha ou faxina? — ela pergunta estendendo dois papéis.

— Cozinha. — eu digo e ela me entrega um dos papéis.

— Pode começar quando quiser.

— Muito obrigada. — eu digo e saio do escritório.

+++

Passei 12 horas trabalhando na cozinha no intuito de me esquecer de tudo mas a cozinha fechou após a janta e fui obrigada a sair, mas ficaria mais tempo.

— Você poderia ir para o jardim das macieiras. — diz um homem no qual não sei seu nome mas ele trabalhou comigo. Ainda estava tirando o avental e pendurando-o.

— Sim, eu vou exatamente para lá.

— Que a paz esteja contigo.

Eu não acredito em paz mas agradeci mesmo assim. Acho que as pessoas são apenas otimistas demais para pensar que estarão eternamente sem problemas, já que isso é a definição de paz. Sempre haverá uma falha na sua linha do tempo, mesmo que seja algo besta, nunca estará livre dos problemas. Afinal é disso que a vida é feita, de problemas e soluções ou problemas sem soluções.

Saio pela porta grande e pesada que sempre está aberta e sigo para a esquerda, em direção às macieiras. Há postes com o que me parece lampiões pendurados e pelo menos não está escuro aqui. Vou andando pela trilha com todos meus pensamentos metralhando minha mente. Eu só queria esquecer! Eu só não queria lembrar de tudo o que aconteceu!

Me encosto a uma árvore, encolho minhas pernas sobre meu peito e começo a chorar com altos soluços e grunhidos indecifráveis. Só queria que Cameron estivesse aqui e que meu choro fosse pelo motivo de um arranhão no joelho. Não tenho muitas lembranças dos meus pais mas lembro-me de seu abraço quando eu chorava por qualquer motivo que fosse. Meus pais se orgulhariam se me vissem assim? Será que eles pensariam "como minha filha é fraca". As pessoas lutam e tentam sempre parecerem fortes mas por dentro é como se corroesse tudo para formar uma armadura brilhante e bonitinha por fora. Estou despedaçada por dentro.

Fecho os meus olhos e enterro meu rosto no joelho, chorando e soluçando sem me importar, já que ninguém está vendo. Ouço passos e um galho quebrando. Cesso os soluços para ouvir melhor e ouço alguém se aproximando. Me apresso e me escondo atrás da árvore, de pé. Suspiro levemente e espero a pessoa sair, mas não ouço mais nada. Sinto a presença de alguém mas não consigo saber.

— Sam, não seja infantil, eu vi você aí. — eu ouço Tobias dizer.

Bufo irritada e digo:

— Tobias, se veio para me chamar de infantil, fraca ou qualquer coisa, me deixe sozinha...

— Para com isso. — ele diz. — Você não é obrigada a passar o sofrimento sozinha.

— A Tris perdeu os pais dela e está melhor que eu. Ela não chora toda noite, eu tenho certeza e eu perdi meus pais, não sei onde está meu irmão, perdi a única pessoa que restou para eu amar e parte dos meus amigos! Eu não vou conseguir lidar com isso, Tobias! Eu não consigo!

Ele contrai os lábios e suspira.

— Você tem o direito de chorar então. — ele diz calmamente. — A vida é sua, você tem o direito de chorar, berrar, bater em quem quiser e fazer o quê quiser. Não precisa ficar se escondendo ou fingindo que não precisa da ajuda de ninguém para superar tudo isso.

Eu cubro meu rosto com as mãos e ando em passos largos até ele, abraçando-o.

— Obrigada, é sério, obrigada. — eu digo. Ele fica surpreso por um instante mas me abraça de volta sussurrando que está tudo bem. — Você e a Tris são os únicos que restaram, eu perdi tudo. Me desculpa por ser uma amiga chorona que precisa de consolo, me desculpa por ter zombado de você na iniciação quando gostava da Tris e eu estava pressionando-o, me desculpa se eu fico enchendo o saco toda hora e me desculpa, me desculpa, minha intenção nunca foi interferir na vida de ninguém! Minha intenção nunca foi ter conhecido vocês!

— Para com isso. — ele diz calmamente. — Você não perdeu ninguém. Perder é algo muito definitivo. Quando tudo isso acabar vamos atrás do Zeke, Uriah, Marlene e sua família. Você não perdeu ninguém.

— Ta... — eu digo me afastando dele e limpando minhas lágrimas na manga do meu casaco. — Mesmo assim, eu estou chorona. Eu nunca fui chorona, não faz meu estilo.

— Eu sei que não mas, acredite, se eu achasse que tinha perdido tudo eu estaria igual a você.

— Se tivesse perdido só a Tris? Só ela?

— Eu realmente não conseguiria seguir em frente. Sou a família dela, além do irmão dela. E ela é minha família. Não saberia o quê fazer.

Nós rimos e ele me leva de volta para a sede da Amizade e nos corredores eu esbarro com Tris.

— Tris, oi... — eu ia dizendo.

— Onde você esteve o dia todo? — ela pergunta desconfiada.

— O quê? Ah, sim. Eu me atolei em trabalho.

— Amanhã talvez tenhamos folga. — ela diz dando de ombros.

— Eu nem precisava ter ido trabalhar, a Johanna me liberou mas eu só queria qualquer coisa que me fizesse esquecer de tudo.

— Entendo. — ela diz mordendo o interior da bochecha e olhando para o lado.

— Estou pensando em amanhã participar de alguma atividade da Amizade. Eu adoro essa facção. Sei que são malucos e que o modo deles confiarem tanto em qualquer um me assusta mas algo me faz bem nisso. A calma deles é impressionante.

— Não quis dizer a paz...

— Não. Não existe paz. Longa história, é mais uma das minhas teorias.

Ela sorriu fraco e eu desconfiei.

— Está tudo bem? — eu pergunto e ela me encara com a expressão vazia. — Desculpe. Sério, não quis ser... Ah esquece.

Claro que ela estava mal pelos pais mas ela não entende que eu não tenho família nenhuma e o que me restou de amigos foi ela e o Tobias? Eu consegui fazer uma piada e ela me responde como se fosse superior ou precisasse de mais atenção que eu. Não quero nem preciso de atenção nenhuma mas eu tento disfarçar, até consegui fazer uma mísera piada. Que droga!

— Vou dormir.

Eu saio com passos firmes e por pouco não esbarro nela. Bato a porta do meu quarto e bufo bem alto, batendo o pé contra a porta e apoiando as costas nela. Fecho os olhos por um pequeno instante, engulo em seco e vou tomar banho.

Reparo que estou com um raspão no braço, não sei se foi por tiro ou esbarrei no ataque. Preciso descansar, estou morta. Olho no espelho e vejo meu cabelo molhado batendo na cintura. Gosto disso, do cabelo longo, me trás uma segurança como se meu próprio cabelo me abraçasse e me deixando protegida. É uma metáfora ridícula mas é minha metáfora.

Termino de me arrumar e lágrimas involuntárias rolam dos meus olhos, nem sei o motivo delas, talvez carência. Mas durmo com elas, secando em minha face.

Será que só eu me sinto perdida?

+++

P.O.V. Zeke

Depois de todo o caos dos membros da Audácia virarem zumbis, fui acertado na cabeça por alguém e desmaiei.

Acordo com uma enfermeira cuidando de algum machucado no meu braço.

— Ahn... — eu resmungo.

— Ah, acordou. — diz a enfermeira entediada.

Ela larga tudo e sai de perto. Volta com... Max.

— Max? Cara, eu… — eu começo dizendo ainda grogue.

— Antes de qualquer coisa, precisa escolher um lado. — ele diz seco. —Enquanto estava inconsciente fomos obrigados a mantê-lo vivo para você poder escolher um lado.

— Lado? Como assim?

— Você está do lado da Erudição ou do outro lado, seja lá qual for ele?

Ele começou a explicar e eu lembrei da simulação e dos membros da Abnegação caindo sobre o asfalto, mortos. Talvez este seja meu destino se eu disser que meu lado é outro. Estou cercado, não daria para me refugiar então eu digo:

— É obvio que estou do lado de vocês.

Aprendi a mentir com a Sam. Ela nunca falhou mas se eu já sei a verdade, é fácil entender. Fingir naturalidade é difícil agora que estou tonto mas me esforço:

— E Sam...

— Ela estava do nosso lado. — diz Max. — Estava ajudando a defender a central de comando da simulação, mas quando fomos lá… não achamos nada. Ela morreu.

Ele poupa o eufemismo e diz isso simplesmente. Engulo em seco. Ela não... Ela não se foi, certo? Ela nunca seria tão burra a esse ponto; se juntar a Erudição. Ela mesma achava a política deles errada e falou tanto sobre isso em conversas alheias. Mas morrer... Eu não consigo ter certeza. Ela geralmente não é muito cuidadosa. Não, não, não, me recuso a acreditar!

— Tem certeza? Não parece muito decidido. — ele diz cerrando os olhos.

— Claro que ele tem certeza. — diz Tori que agora reparei que está na maca ao lado. — Ele teria se transferido para cá se não fosse pelo Uriah.

Uriah. Ele também. Droga, onde ele está? Meu irmão! Eu fiquei abaixo no placar da iniciação só para não precisar bater nele, defendi ele este tempo todo e perdi ele para uma pancada na cabeça. Tori sabe como é perder um irmão.

— Está bem... Argh. — eu reclamo de dor no braço.

A enfermeira se lembra da minha ferida aberta e volta a mexer na mesma.

— Bem-vindo a Erudição, Zeke. — diz Max antes de sair.

Eu olho para Tori e ela sorri vitoriosa, voltando a cochilar.

Só eu me sinto perdido?


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Notas finais do capítulo

"Só eu me sinto perdido?"
Foi gay, ta.
Mas enfim, gostaram do nome? Do POV? Da fic? AI ME DIGAM, DEEM REVIEWS!!!



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