November Rain

Deitou a cabeça no travesseiro novamente, se remexendo uma e mais uma vez, a inquietação que lhe cercava era tamanha, formando dentro de si uma grande agonia, que como diria o próprio , “Já nem cabe no seu peito”.Levantou por fim, sentando na sua cama,esfregando a cara com as mãos enquanto as lembranças de dias atrás invadiam sua mente, como uma bala certeira para sua consciência.

“ — Natsu por favor, apenas vê se cresce! — Ela falou em tom elevado enquanto estendia a mão, a qual seu celular estava preso pela alça da capa. — Vê o que tu ta fazendo! Pra onde isso vai levar a gente hein?! — As lagrimas já enchiam seus olhos castanhos, que perdiam o brilhoa medida que discutiam.

— Me escuta Lucy! Mas que porra! Teu pai te bota pilha, e tu escuta, já pensou em como a gente pode ser feliz? –

— Feliz? Como? Fugindo? Deixando nossas vidas de lado? — Indagou—o se afastando um pouco,enquanto sentia um nó se formando em sua garganta. — Você ta pensando em mim? Ou a única coisa que tu estás querendo é pensar em ti? Achas que serei feliz assim?

— Se você pudesse parar de ser tão covarde ! E quem sabe sair da asa do papai, poderíamos ao menos tentar! — Ele esmurrou a parede, enquanto rangia os dentes de raiva. Por que era sempre assim?Por que?....

— EU NÃO SOU COVARDE! — Brandou com a voz embriagada de choro,enquanto as lagrimas salgadas caiam de seus olhos fechados com força. — Tenta me entender Natsu! A minha vida não pode me resumir a você e suas esperanças ! Ainda há de existir o “E se “ ! — Gritou se levantando e indo para mais perto dele. — Por favor Natsu...Vai embora... — Ela sentia suas palavras pesarem em seu coração,enquanto o afastava para abrir a porta,com seu cabelo cobrindo sua face avermelhada de choro.

— Hey,Lucy... — Ele se aproximou e colocou seu cabelo para atrás da orelha, levantando seu rosto para ela o encarar, enquanto ele sorria fraco para ela e sussurrava em palavras mudas para ela.Coisas que sabia que alcançariam seu coração, mesmo que ela não o quisesse.

“Te amo pequena”

Ela abaixou a cabeça novamente, enquanto sentia seus olhos se marejarem novamente, e abriu mais a porta, firme em sua decisão de mandar-lo embora.Ele passou por ela com calma, mesmo que por dentro ele estivesse fervendo em turbilhões de emoções.

Natsu deixou sua casa cabisbaixo,enquanto sentia suas lagrimas caindo e se misturando com as gotas de chuva de começavam a ponderar pela região.”

O rosado sentiu seu coração bater forte novamente, como poderia ter sido tão estúpido? Mas a culpa disso era ele querer ser feliz? Ele querer viver uma vida plena ao lado de sua amada? Sua dirença de classe social...Isso realmente atrapalhava em alguma coisa para ela? O fato de ela morar a mais de uma milha de distancia dele, nunca o atrapalhou de pegar trens todo dia, mesmo cansado , apenas para vê-La, para senti-la, para mostrar a ela que ele a amava com todas as suas forças.

Fechou os punhos com força,enquanto rodeava o quarto com os olhos,pousando-o no DVD que havia comprado para lês verem juntos, lembra da insistência que a loira teve para comprar-lo...Isso eram coisas tão fúteis para ela? Tão descartáveis?Os momentos que eles haviam vivido juntos...Haviam sido apenas um passa-tempo para ela?

Natsu sentiu seu peito doer novamente,uma dor que nunca havia sentido por nada nem ninguém, em nenhum momento de sua vida, se viu numa situação tão deplorável, um sentimento tão doloroso.Era inevitável para ele esconder que o sentimento que ele sentia pela loira poderia ser recíproco,a dor que ele sentia...Era simplesmente muito mais do que a saudade que se instalava em seu peito,era uma necessidade de vê-la, de pedir desculpas mesmo sabendo que não era ele o errado, necessidade de amar-la com todas as suas forças novamente,e sentir que ela o amava também.

Ele observou pela janela de seu quarto,o sol que se levantava,fazendo o céu se encher numa combustão de cores,que se misturavam e tornava aquilo lindo, apesar de que...Sem ela nada era tão bonito quanto seria, se ela tivesse com ele.

Se levantou determinado,e seguiu ao banheiro,tomou banho e rapidamente se arrumou,saiu andando pelas ruas , em rumo ao trem que o levaria até seu tão desejado destino, o destino que ele sabia que era seu...Até ela.Passando pelas calçadas,observou uma criança que vendia belas petúnias,se aproximou,e com um sorriso se lembrou dela,levando a flor junto de si até seu caminho, chegou no embarque de trem sorridente.

Se encostou em algum lugar,e tirou dentro de seu casaco de frio,um papel e caneta,e começou com a letra embaçada e ortografia errada,escrevia sua carta de desculpas, com seu mais singelo e verdadeiro amor, expressou naquela carta o quanto gostaria de viver ao lado dela, do jeito que fosse melhor para ela, e não para ele , pois só estar ao seu lado era uma dádiva que ele não trocava por nada.

“Desculpa a carta molhada,mas...Cê sabe,novembro sempre chove..

Natsu Dragneel”

—(E agora...Se Deus quiser nem pega nada) — Pensou com sua positividade enquanto entrava no trem e tomava seu lugar, fechando os olhos e fazendo uma breve oração,ele sorri ao ouvir o barulho do trem partindo...Ele estava a penas a um passo de seu amor.Ele pegou seu celular no bolso direito,e o tirou de lá,para enviar uma mensagem a Lucy.

“Tô chegando tá?

Tô chegando, amor”

Ele observava pela janela , as montanhas e paisagens passando rapidamente como um borrão de cores e imagens, que mesmo sem visão nítida disto, ele apreciava sua beleza, que mesmo desfocada continuava a ser linda.Lembrou daquela briga, aquela que lhe atormentava os sonhos e pesadelos...Que ele na verdade não queria ir vê-la,mas como mais mostrar que se importava?

A chuva caia grosseira do outro lado,fazendo as gotas baterem no ferro do trem e fazerem barulhos estranhos,que o incomodavam,e deixava mais claro para ele, que a tristeza da chuva, era exatamente como se sentia.Quem sabe, quando ele a encontrasse...A tristeza se dissiparia?A chuva pararia? E o sol se mostraria radiante como sempre?

Ainda se recordando da ultima ligação de Lucy para ele.

“Está na hora de você provar Natsu...Que pode ser um homem,e deixar de ser esse menino despreocupado e um “vagabundo”...Provar que pode me fazer feliz Natsu...”

E mesmo após o “tututu” da outra linha,ele ainda escutava as palavras da voz adocicada de Lucy ecoando por seus ouvidos,como se lhe atormentasse,e ali mesmo,no vazio de seu quarto ele jurou para si mesmo que daria a Lucy,o homem que ela queria.

Ele levou a mão até seu bolso esquerdo, acariciando com o polegar, a pequena caixa aveludada, enquanto repassava mentalmente o pedido de casamento que faria a ela, depois da briga acordou cedo, juntou cada moeda, de cada economia, coisas para seu futuro e foi comprar-la, afinal, seu futuro não existia sem ela.

Ele fechou os olhos e lembrou-se da voz dela, e se determinou ainda mais, de que seu desejo de tê-la consigo novamente, sentir que ele sim, ele era o sonho dela, o homem perfeito para ela...Aquilo de fato não era ma insensatez...Não é?

Ele deitou a cabeça no vidro da janela,enquanto se lembrava de que ela era a garota perfeita, nunca pensou em se ver tão abobalhado por causa de uma única mulher,apesar de estar sendo um idiota por correr atrás dela, que afinal nunca correu atrás dele, ele imaginou ela indo dormir,chorando, por sua culpa, e isso apenas o determinava mais a ir lá,e pedir suas desculpas.Pedi-la em casamento,e formar a família, não , a vida perfeita que Lucy sempre sonhou para ela.

Mostrar a ela que o dinheiro não era tanto, mas que a alegria não tem preço, ensinhar-lhe as coisas boas da vida....

Um barulho o tirou de seu devaneio,ele viu tudo embaçado enquanto sua cabeça começava a girar e doer pela gritaria que se ouvia pelo trem, desencostou a cabeça do vidro,após bater fortemente com ela na mesma.Olhou ao redor e tudo o que via se instalar dentre as pessoas era o pânico, pessoas gritando e correndo, querendo fugir de....Natsu já não tinha noção de nada,nem o que as pessoas fugiam,ou porque gritavam, tampouco o motivo do pânico.Sua visão já começava a ficar escura e o turvo de cores que passava pela janela,apenas indicava a Natsu que ele chegava perto de seu destino.

—(Lucy...)— Já não era nem capaz de pronunciar seu nome,mas ao respirar fundo e fechar os olhos...Imaginou sua face, dizendo-lhe boa noite,pelo telefone, enquanto prometia que um dia ainda iria visitar-lhe (A qual nunca foi realmente...). — (Me perdoa por favor...)— Suplicou mentalmente enquanto sentia o sangue escorregando pela sua cabeça. — (Eu não pensei que fosse pra tão longe querida....Enfim,estava indo ao meu destino...Não é mesmo?) — Se permitiu rir baixo, enquanto imaginava Lucy fazendo aquelas suas piadas bobas em situações serias, e o chamando de dramático.Ele abri os olhos lentamente,tentando resistir...

Sentiu o telefone vibrar em seu bolso.

“Lucy...”

Ponderou para o lado,ainda com o sorriso no rosto,e fechou os olhos novamente,chegando ao seu destino final.

“E quando seus medos se acalmarem, e as sombras ainda permanecerem, sei que você pode me amar, quando não houver mais ninguém para culpar, então não se preocupe com a escuridão, ainda podemos encontrar um jeito, porque nada dura para sempre
Nem mesmo a fria chuva de novembro...”

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“Hey Lucy....Eu sei que algum dia ainda encontraremos um jeito.....Para essa abstinência meu amor.”

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De:Lucy ♥

Amor,ta chegando?

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