Hate that i love you escrita por Thay Oliveira


Capítulo 17
Delírio


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas 0/
Eu demorei, eu sei..
Esse capítulo é pela visão de Quinn, provavelmente o próximo também.
Espero que gostem, como eu gostei de escreve-lo:)



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O sol iluminava o topo da cabeça da figura a minha frente, lhe dando um toque angelical. Ela desatava a falar, como sempre fazia, mas eu não conseguia levar a sério sua repreensão. Tentava me convencer a não ir as lojas na Black Friday. Achava que eu ía me machucar no tumulto.

_ Acho que consigo lidar com isso. _ Falei, interrompendo seu monólogo.

_ Você não sabe como é! _ Seu tom elevou-se e eu sabia que ela estava se controlando para manter a conversa amistosamente.

_ Bem, eu vou descobrir.

_ Sabe o seriado the walking dead? Então, é pior que àquilo! Muito pior..

_ Eu gosto desse seriado.

_ Está brincando? Me dá arrepios só de pensar.

_ Não estou.

Eu estava.

Seu rosto se contraiu um pouco, provavelmente ela lembrou de alguma cena.

_ Afinal, o que quer tanto comprar? _ Ela perguntou em um tom mais baixo.

_ Um estojo de aquarelas.

_ E eu posso saber para que quer isso?

_ Para pintar.

_ Ok _ Uma ruga apareceu em sua testa _, desde quando você pinta?

_ Desde os treze. É um Robbie que tenho, nada grandioso.

_ Sério que você pinta? _ Dava para ver que ela estava surpresa.

_ Sério, Rachel.

_ Eu não sabia..

_ Eu sei.

Ela ficou me fitando por um tempo. Parecia que ela estava esperando eu dizer que era uma piada, mas quando viu que era verdade, levantou-se fazendo a luz do sol a iluminar por completo.

_ Mesmo assim as chances de você entrar naquele banho de sangue são nulas! Você não vai, decidido.

Minha sobrancelha instantaneamente arqueou. Rachel sustentava a pose me dizendo silenciosamente que não cederia. No entanto, minha decisão já estava tomada.

_ Eu vou.

Rachel apoiou suas mãos na cintura e levantou o queixo, respirando antes sentenciar:

_ Não. Vai.

Nossos olhares ficaram fitando um ao outro numa disputa silenciosa. Ambos não titubearam durante os segundos de conexão. Após um minuto _ O que me pareceu uma eternidade _, Rompi o contato.

_ Por favor, não vamos discutir por uma coisa boba como essa. Eu vou e você sabe que já tomei minha decisão.

_Ok. _ Retrucou seca.

_ Rachel, não faz assim.

Ela estava zangada e sua cara fechada só constatava isso.

_ Eu já vou indo.

Rachel entrou na sala e me deixou sozinha na varanda.
Respirei fundo, antes de segui-la.

_ Ainda está cedo. _ Constatei.

Seu olhar passou pelo relógio da sala e mais seca ainda, ela disse:

_ Parece que sim.

Andei até ela e tirei do ombro a bolsa que ela botara sobre ele. Levei meu dedo indicador ao seu queixo e guiei seu olhar até o meu.

_ Vem comigo. Me proteja de qualquer perigo que houver por lá e me mostre como é ser uma típica nova-iorquina.

_ Eu não sei..

Comecei a beijar todo seu rosto, como eu sabia que ela gostava. Me demorava em cada beijo, deixando em cada um deles o carinho que eu sentia por ela. A senti amolecendo a cada um deles e, mais uma vez, pedi:

_ Vem comigo.

Eu já podia ouvir ela dizendo que viria, quando a mesma abriu os olhos e se afastou um pouco.

_ Eu vou pensar. E eu realmente tenho que ir, Kurt está me esperando.

Ela me roubou um beijo, me fazendo relaxar.

_ Mesmo?

_ Infelizmente, sim.

Suspirei. Não queria que ela fosse embora.

_ Nos vemos à noite?

_ Ainda estou pensando sobre isso.

Fiz minha melhor tentativa de imitação da cara do gato de botas, esperando que ela se comovesse.

_Por favor. _ Pedi, intensificando minha expressão.

_ Saiba que fazer a cara do gato de botas não vai influenciar minha decisão.

_ Droga! _ Exclamei, fazendo ela sorrir.

_ Vem, me leva até à porta.

Pude sentir o calor da sua mão, quando a mesma segurou a minha. Rachel parou em frente à porta e me fitou.

_ Você podia ser menos teimosa. _ Ela disse.

_ Digo o mesmo. _ Retruquei.

_ Mas sabe, qual graça teria ?

_ Nenhuma!

E não teria mesmo.

Ela me beijou demoradamente. Eu torcia, silenciosamente, para que ela não fosse embora e ficasse até mais tarde.

_ Eu tenho que ir..

Suspirei e abri à porta. Ela passou por ela e caminhou pelo corredor largo. Entretanto, quando estava prestes a chegar ao elevador, ela parou e girou seu corpo. Em passos largos, ela veio até a mim. Meu coração disparou quando ela colocou suas duas mãos em cada lado do meu rosto e me beijou.

Eu ainda estava fora de mim quando escutei sua voz.

_ Eu te amo.

Meus olhos observaram ela se afastar e entrar no elevador. Eu fiquei ali, parada, com um sorriso bobo no rosto. Sabia que a qualquer momento poderia passar alguém e me encontrar naquele estado desorientado, mas eu não me importava. Se tinha uma coisa que eu havia aprendido com Rachel, era não se importar com o que o outro possa vir a pensar de você. Os meus sabiam quem eu era, e isso era o que importava para mim.

[...]

_ Kurt, Repete que eu não entendi. _ Pedi, colocando o celular mais próximo a minha orelha.

_ Rachelestápassandomuitomal!

_O quê?

Não tinha entendido nada.

_ Rachelestápassandomuitomal!

_ Kurt, respire e fale devagar.

Eu já estava ficando preocupada.
Escutei ele respirando, parecia que estava se acalmando.

_ Rachel. Está. Passando. Muito. Mal.

levantei rápido do sofá e perguntei:

_ Muito quanto?

_ Muito! _ Pude sentir o desespero em sua voz.

_ Chego aí em dez minutos.

Demorava uns dezessete minutos do meu apartamento até o de Rachel. Constatei isso, no dia que quase a obriguei a correr comigo pelo Central Park. Mal chegamos perto dele. Rachel traçou um caminho de volta para o meu apartamento e lá.. lá ela fez eu esquecer que um dia eu quisera correr.

Pegar um taxi estava totalmente fora de questão. Demoraria o dobro do tempo e eu ainda ficaria cinquenta dólares mais pobre. Então optei por correr. Literalmente.

As chaves chacoalhavam a cada contato dos meus pés com o solo. Eu não via, mas podia sentir meu peito subir e descer em um ritmo acelerado. Corria o mais rápido que eu conseguia. Ao desviar das pessoas, percebia pela minha visão periférica os olhares de reprovação e desentendimento. Por mais que eu me exercitasse com frequência, meus pulmões imploravam para que eu parasse. Não foi o que eu fiz. Eu intensifiquei o ritmo quando vi o imponente edifício ficar mais perto, mesmo sentindo meu peito queimar. Quando adentrei o edifício, tive a sorte de não precisar chamar o elevador. Um casal havia acabado de sair dele. Eu entrei e apertei o botão dourado com o digito 96. Dei uma olhada no relógio, apenas oito minutos haviam se passado do meu apartamento até aqui.

Meus dedos tamborilavam nas minhas pernas em uma tentativa de que a minha ansiedade diminuísse. A porta começou a se fechar e eu suspirei. Ela estava quase fechada quando eu escutei um " segura" vindo de uma voz masculina. Eu pensei em fingir que nada tinha escutado, mas meu braço automaticamente impediu que ela se fecha-se.

_ Obrigado. _ O homem da voz disse, se posicionando ao meu lado.

_ De nada. _ Fiz um meneio.

O homem aparentava estar na faixa dos quarenta. Com seu terno grafite e os cabelos castanhos bem arrumado sob gel , passava a imagem de um homem elegante. Ele sorriu de leve para mim e pude reparar numa covinha que ele tinha no queixo.

_ Residência Berry? _ Ele perguntou ao apertar o botão de dígito 88.

_ Sim. _ Respondi monossilábica. Não queria iniciar uma conversa.

Um silêncio desconfortável se fez presente. Os números com os andares demoravam para passar e eu podia sentir o olhar dele sobre mim.

_ Boa gente os Berrys, sempre muito simpáticos. A filha é um tanto quando rebelde _ Não mexi meu corpo, mas o meu olhar voltou-se para o homem. _ , mas é exatamente isso que a deixa mais encantadora.

Eu sorri de lado. Concordava com ele.

_ Ela é mesmo.

_ Uma vez Rach invadiu o meu apartamento. Quando eu cheguei tinha uma música tocando no último volume e eu já imaginava que era ela ali. Achei que ía encontrar uma festa cheia de adolescentes bêbados e tudo que se é possível imaginar com Rach envolvida. Mas não, não havia adolescente, não havia festa, nada quebrado, apenas Rachel deitada no chão da sala escutando Beethoven. Eu achei estranho, nunca vi Rach escutando música clássica ou qualquer coisa do tipo. Ela estava chorando e, quando notou minha presença, me chamou para perto dela. " Me desculpe, tio, o som da sua casa é mais alto do que o da minha." Foi tudo o que ela disse. Eu não precisei perguntar se ela estava gostando, era evidente que sim. O que quero dizer é que Rach é encantadora em atos improváveis.

Não sabia qual era minha expressão naquele momento. Eu o olhava e imagina a lembrança dele na minha mente. Não era difícil visualizar uma Rachel da forma que ele descrevia. Quem tinha a oportunidade de conhece-la, sabia que cenas do tipo eram bem comuns de acontecer.

Ele disse que era tio dela?

_ É o meu andar. _ Ele tirou a mão do bolso e a ofereceu a mim. Eu aceitei. _ Foi um prazer, Quinn.

Eu franzi o cenho, transparecendo minha dúvida. Como ele sabia o meu nome?

_ Rachel me falou sobre você. Bem, pela descrição é você: Loira, olhos claros, um tanto quanto séria..

Rachel havia falado sobre mim..

_ Sim, sou eu. _ Disse, ameaçando um sorriso.

Ele passou pela porta e, antes dela fechar-se, Disse:

_ A propósito, meu nome é Will Schuster.

Eu ameacei a falar algo, porém a porta se fechou.

Eu acabara de conhecer o tio de Rachel. Ela nunca havia mencionado sobre ele ou qualquer outro parente. _ Fora os pais, é claro, que ela vivia falando sobre os dois. Dava para ver o quanto ela os amava, mesmo que não deixasse claro verbalmente. _ Contudo, eu gostei do inusitado encontro que tivermos.

A porta se abriu novamente, me trazendo para realidade. Rachel! Oh, meu Deus! Rachel! Por um momento esqueci o motivo de estar naquele edifício.

Toquei a campainha mais vezes do que era necessário e esperei alguém vir atende-la.
Provavelmente seria Kurt quem atenderia. E a probabilidade estava certa, Kurt abriu a porta e se afastou para que eu passasse.

_ Onde ela está? _ Perguntei acelerada.

_ No quarto dela. Está tudo bem com você? Parece que você correu uma maratona.

_ Sim, está. _ Comecei a andar em direção ao quarto. _ Eu vim correndo da minha casa para cá. _ Esclareci.

O apartamento de Rachel era absurdamente grande. Eu estava andando apressada até o quarto dela e parecia que ele só se distanciava mais.

Não bati na porta antes de entrar, não conseguiria aguardar um "Pode entrar". Rachel estava encolhida na ponta da cama sob uma coberta grossa. Apenas o seu rosto se mantinha fora da coberta. Cheguei mais perto e senti kurt fazer o mesmo. Sentei na cama e chamei baixinho:

_ Rachel.

Ela franziu o cenho e abriu os olhos lentamente. Seus olhos estavam avermelhados nas suas laterais, passando cansaço. Ela ameaçou a falar, mas tudo que aconteceu foi uma careta. Mais uma vez ela tentou e eu pude ler os seus lábios tentarem dizer "Dor". Sua mão indicou a cabeça, me dizendo que ali estava a dor. Eu coloquei a mão sobre a sua testa e senti a temperatura. Ela estava quente demais, provavelmente uns trinta e nove.

_ Kurt, preciso de um termômetro. _ Falei, tentando passar calma.

_ Ok!

Ele estava nervoso, dava para notar no jeito que ele se movimentava. Apressado, entrou no closet de Rachel e não demorou muito para voltar com uma grande nécessaire. Ele a abriu e tirou um termômetro dela, me entregando o objeto.

_ Levanta só um pouquinho o braço, Rachel.

Puxei a coberta até sua cintura e ela levantou o braço. Coloquei o termômetro e afaguei o braço dela. Kurt balançava as pernas enquanto esperava o termômetro apitar. Eu, por mais que tentasse aparentar calma, também estava nervosa. Que Rachel estava com febre era óbvio, bastava saber de quanto essa febre era. O termômetro apitou, fazendo minha atenção voltar a ele. O dígito 40 apareceu no visor.

_ Quarenta. _ Mostrei para ele. _Quando ela começou a passar mal?

_ Logo depois de discutir com o cara da ..

_ Cala a boca!

Me virei para Rachel. Sua voz saiu falhada, mas o tom de reprovação estava bem presente.

_Com quem você discutiu?

_ Com ninguém.

Sabia que ela estava se esforçando para falar, por isso me voltei para Kurt.

_ Kurt, me conta o que aconteceu.

Ele trocou olhares com Rachel, me fazendo ficar inquieta.

_ Nós estávamos numa loja e Rachel discutiu com o vendedor porque a loja não tinha uma mercadoria específica.. _ Ele falava olhando para Rachel. _ E isso é tudo que eu posso falar!

Senti Rachel tocar em minha mão, tentando chamar minha atenção. Olhei para ela e a esperei conseguir falar.

_ É emocional, a febre. _ Dizia com dificuldade. _ Acontece quando eu fico muito nervosa.

_ E você toma algum remédio para passar a febre?

Ela apontou para a bolsa que Kurt carregava. Ele me entregou e eu a abri, deixando ao alcance de Rachel. Sua mão puxou uma caixa de analgésico e quando ia pedir a Kurt um copo de água ele já tinha ido buscar.

_ Depois que você melhorar, quero saber o aconteceu para você ficar desse jeito. _ Ela balançou a cabeça e fez uma careta de dor logo em seguida. _ Agora, você precisa tomar um banho frio para baixar sua febre.

_ Não quero, estou com frio.

Não queria ter que fazer ela tomar banho, mas ela precisava.

_ Eu sei, mas é para você melhorar.

Tirei a coberta de cima dela, fazendo-a se encolher. Kurt chegou com o copo de água e eu ajudei a sentar-se. Depois que ela tomou o comprimido, perguntei para Kurt:

_ Ela vai tomar um banho frio agora, você pode separar uma roupa leve para ela?

_ Claro. _ Ele se movimentou para o closet, mas parou. _ Você vai ajudar ela no banho?

Olhei para Rachel e ela balançou a cabeça positivamente.

_ Vou.

_ Ok, vou deixar a roupa em cima da cama e esperar na sala.

_ Tudo bem.

Coloquei o braço dela sobre o meu ombro e a encaixei entre meus braços.

_ Vou ficar doente com mais frequência. _ Ela comentou perto da minha orelha.

_ Estar doente tem suas vantagens. Meu colo, por exemplo.

_ Deus, como eu amo a sua arrogância! _ Ela disse, se aninhando a mim. Senti uma leve ironia no comentário.

_ Sei.. _ beijei o topo da sua cabeça.

_ Queria um namorado assim. _ Kurt falou, colocando a roupa em cima da cama. _ Faça por merecer essa garota, Rachel.

Rachel fez um sinal positivo para o amigo, mas logo mudou para o sinal feio. Ele riu e Rachel ameaçou um sorriso.

A cumplicidade dos dois era algo que eu gostava de presenciar. Eles pareciam irmãos, implicando e se amando ao mesmo tempo.

Entrei no banheiro com mais cuidado que o necessário. Rachel estava no meu colo e bater em algum lugar não estava em meus planos.

Como todos os cômodos do apartamento, o banheiro era enorme. Parei um pouco para me situar onde cada coisa estava. Tinha tudo que qualquer banheiro tinha e muito mais. Fiquei me perguntando por que Rachel precisava de uma TV no banheiro. Um espelho que ía do chão ao teto me chamou a atenção. Se uma pessoa tem problemas de auto estima, aquele espelho não era a melhor opção. Todavia, aquele, definitivamente, não era o caso de Rachel.

Coloquei ela sentada numa poltrona que eu não entendi direito se era só uma poltrona. Parecia que a poltrona fora feita para se sentar depois do banho. Não entendi muito bem e não entenderia tão cedo.

Olhei para figura pequena de Rachel, esperando ela começar a se despir.

_ Desculpa, mas eu não consigo sozinha. Se não estiver confortável, eu posso chamar o Kurt, não tem problema.

_ Está tudo bem, eu dou conta. _ Eu afirmei, mas não sabia se dava.

_ Vamos fazer assim, deixa eu olhar para seus olhos. _ Ela acariciou meu rosto.

Ela pegou em minhas mãos com as suas e levou-as até a barra de sua camisa. Sem romper contato visual, eu tirei sua blusa.

_ Seus olhos são tão bonitos. _ Disse, levando minha mão até o fecho do sutiã. Eu engoli em seco, acho que não estava preparada para ver Rachel despida. _ Gosto de como o castanho se mistura com o verde e.. _ Ela parou de falar quando sentiu o fecho sendo aberto por mim. Abaixou um pouco os ombros, deixando a peça cair sobre suas pernas. _ De como a colaboração muda de acordo com a situação..

_ E qual é a coloração deles agora?

A pergunta saiu antes que eu pudesse filtra-la.

_ Escura.

Era óbvio que o momento não era propício para me sentir atraída por Rachel. Mas estava. Muito. Respirei fundo e fixei na minha mente que Rachel precisava de mim de uma outra forma que não era a qual nós estávamos se encaminhando.

Eu não olhei para o corpo semi nu dela, eu apenas a ajudei a se despir totalmente. Meu coração martelava contra o meu peito, sentindo o olhar dela sobre mim. Ela estava com febre, porém esse fato fora totalmente esquecido por ela.

_ Acho que eu não preciso tomar banho frio, já tomei o remédio e a febre vai passar daqui a pouco. _ Choramingou e encostou seu corpo na poltrona.

Não foi intencional, com o movimento dela, meu olhar que estava focado nos olhos castanhos encontrar os seios de Rachel. Eu deveria desviar o olhar e ficar com muita vergonha depois desse deslize, mas eu não desviei. Fiquei olhando o corpo nu de Rachel e sentia ela olhando para mim.

_ Gostou?

_ Sim.. Quer dizer _ Desviei o olhar _,não! Me desculpa.

E a vergonha que eu não tinha há segundos atrás, estava bem presente agora.

_ Espero que esteja se desculpando por dizer que não gostou e não por me olhar. _ Eu balancei a cabeça positivamente e ela continuou. _ Podemos voltar para cama?

_ Do que você está falando? Claro que não! Você precisa do banho. Acho que também preciso. _ Disse a última parte para mim.

_ Você vai comigo?

_ Você está com febre , esqueceu?

_ Queria esquecer, mas você não deixa.

_ Ótimo. Se te serve de consolo, caso se comporte, eu vou te auxiliar.

_ E se eu não me comportar?

_ Aí eu vou ter que trocar com Kurt.

_ Terei que me comportar.

_ Exatamente!

Fui até o box, abri a torneira correspondente a água fria do chuveiro e voltei para ajudar Rachel.

_ Sabe que a dor de cabeça está passando e a febre vai passar também e .. Eu não quero tomar banho frio! _ Choramingou.

_ Quanto mais rápido começar, mais rápido vai terminar. Vem _ A ajudei se levantar e formos para o box.

Ela parou bem perto da queda d'água e, com uma careta, esticou o pé para sentir a temperatura.

_ Não vai rolar! Nem fuden..
Selei meus lábios nos dela, impedindo que ela falasse um palavrão.

_ Já vi que a iniciativa não vai vir de você. Estica os braços _ Pedi.

Ela balançou a cabeça negativamente.

_ Confia em mim?

_ A água está muito fria!

_ Confia em mim? _ Perguntei de novo.

_ Você sabe que sim.

_ Estica seus braços, por favor.

Ela esticou e eu guiei seus pulsos até eles se encontrarem com a água. Escutei seu chiado, aproveitando para molhar sua nuca. Sua boca se entre abriu e por um momento eu pensei que ela me bateria. No entanto, ela respirou fundo e colocou todo o corpo debaixo d'água.

_ Meu deus! _ Se agarrou a mim, me molhando. _ Muito fria!

No seu desespero, ela conseguiu molhar minha blusa por completo e boa parte da minha calça jeans.

_ Me desculpa _ Seu corpo se mantinha colado ao meu. _ , não foi intencional.

_ Tudo bem.

A água estava mesmo fria. Eu sentia minha roupa causar pequenos arrepios toda vez que eu fazia algum movimento. Me afastei de Rachel e tirei minha blusa. Não tive escolha, estava com frio. Voltei meu olhar para Rachel e a flagrei olhando para meu corpo. Eu estava com vergonha, nunca havia ficado sem blusa na frente de alguém. Entretanto, não conseguia controlar meus olhar de fazer o mesmo.

_ Eu acho melhor o Kurt trocar comigo ..

Não consegui terminar meu pensamento, Rachel se deslocou até a mim e ficou tão próxima que as gotas que escorriam pelo corpo dela se misturavam com as minhas.

_ Você não está bem. _ Falei bem perto de sua boca. _ Eu acho que eu também não estou.

_ Isso quer dizer que você está queimando por dentro? Porque, eu confesso, é assim que eu estou! E a febre não tem nada a ver com isso.

Eu queria dizer que não, mas seria a maior das mentiras. Era exatamente assim como eu me sentia, queimando!

Ela envolveu seus braços sobre meu pescoço, me guiando para um beijo. _ Eu agradeci, internamente, por ela ter tomado a iniciativa, porque eu estava preste a beija-la e isso fugiria da intenção inicial. _ Seus lábios tomaram os meus como sempre faziam. Eles já eram dela, e ela parecia saber muito bem disso.

Eu amava a forma como só ela podia fazer eu perder a noção da realidade. Com ela, tudo era mais fácil, mais prazeroso.

Não sei como chegamos até aquele ponto, só sabia que retroceder não era uma opção. Suas pernas envolviam meu quadril e, com a ajuda da parede, eu mantinha seu corpo junto ao meu. Estávamos fora de si e a última coisa que pensávamos era voltar.

De todas as sensações que um dia eu experimentei com Rachel, nenhuma chegava perto dessa agora. Era um misto de liberdade e luxúria com paixão e entrega. Minhas mãos tateavam todo o corpo nu dela, a fazendo se agarrar mais a mim. Não me lembrava de estar com os olhos fechados até eu os abrir e ver Rachel com os olhos apertados e a boca entre aberta. Suguei a parte exposta de seu pescoço e, com um movimento rápido de mãos, ergui seu corpo para ficar mais próximo ao meu.

Ela era tão leve, poderia ficar com ela sobre mim por horas..

Sua boca buscou a minha e, sem muita demora, a encontrou. Sentir sua língua na minha , de um jeito voraz, foi surreal! A mordida, logo em seguida, me fez apertar o lado posterior de suas coxas. Um gemido alto escapou de sua boca, fazendo minha excitação aumentar. Eu sabia onde aquilo ía acabar, tinha certeza que Rachel também.

Quando já me convencia que a febre dela, o local e a minha virgindade não eram empecilho para o próximo passo, escutamos:

_ Está tudo bem aí? Pensei que ía ser rápido.

Era a voz de Kurt. Nunca pensei que pudesse odiar uma pessoa como eu estava odiando Kurt naquele exato momento

Deixei minha cabeça cair sobre o ombro de Rachel e suspirei. Sentia seu peito subir e descer numa tentativa de acalmar seu estado.

_ Sim, já estamos saindo! _ Falei alto, estranhando a rouquidão em minha voz.

_ Tudo bem, esperando na sala. _ Retrucou com a voz abafada pela barreira da porta.

_ Diz que o Kurt não quebrou o clima.

Dei dois passos até o chuveiro e deixei a água fria cair sobre o meu corpo. Eu estava frustrada sexualmente. Nunca tinha vivido isso até o momento, mas sabia que frustação sexual era exatamente o que eu sentia.

_ Quinn.. _ Seu tom era sexy _ , você não quer continuar?

Em toda a minha vida, nunca vi algo tão provocante: Rachel, molhada e nua, perguntando algo que sabia muito bem a resposta. Fechei meus olhos, tentando tirar a imagem de Rachel do meu alcance.

_ Eu vou sair do box e você vai acabar de tomar seu banho. E não, não vamos continuar! _ Dizia de olhos fechados sob a água. _ Você está com febre, Rachel!

_ Não parecia um empecilho para você há minutos atrás.

Suspirei. Não era mesmo, Rachel.

_ Não torne as coisas mais difíceis do que elas já são.

Saí debaixo da queda d'água e passei o mais longe possível de Rachel. Estava quase saindo do box, quando ela sorrindo, perguntou:

_ Você vai sair com a calça molhada desse jeito?

Eu ainda estava de calça e encharcada ainda por cima. Fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente, teria que tirar.

_ Para o chuveiro, Rachel!

_ Ok, senhorita mandona.

Ela foi até ele e eu aproveitei para tirar a calça. Sentia seu olhar sobre o meu corpo. Escutei um assobio vindo dela quando eu virei de costas, deixando o meu corpo semi nu visível para ela.

_ Se você quer que minha febre abaixe, sugiro que cubra seu corpo, especialmente a parte traseira.

_ Rachel! _ A repreendi. Ela estava impossível.

_ O que? As coisas estão quentes por aqui.

Saí do box, antes de me perder novamente.

_ Preciso de uma toalha.

_ Olhe para a direita.

Fiz o que ela pediu. Havia três pilhas com umas dez toalhas sobre um palede. Peguei uma e perguntei:

_ Você é uma daquelas celebridades excêntricas que costumam pedir várias toalhas brancas? Porque tem umas dezenas delas aqui e é impossível você usar todas elas com o seu tamanho.

A água do chuveiro cessou e Rachel apareceu na entrada do box, nua, totalmente confortável com a situação.

_ Eu uso só algumas dessas. Todavia _ Piscou para mim _ , eu sabia que ía ficar com febre e que minha namorada viria ao meu socorro e, como eu tinha imaginado pelo jeans, separei mais algumas para o traseiro dela. Traseiro não bunda, consegue notar a diferença?

Estava com a boca aberta, impressionada com a cara de pau dela.

_ Você não existe!

_ Existo. _ Chegou mais perto.

_ Pare! _ Peguei uma toalha e joguei para ela. _ Não quero perder o foco novamente.

_ Te faço perder o foco?

Seu seio estava a mostra,fazendo eu demorar para responder.

Joguei mais duas toalhas em cima dela e confessei:

_ Você não faz ideia!

Eu me olhava no espelho, totalmente desconfortável com a roupa que eu estava usando. Não que a roupa fosse desconfortável, não era isso, a roupa até que era confortável, para uma pessoal com uns quinze centímetros há menos. A camisa tinha um tamanho até que aceitável, mas o short.. O s short era BEM curto. Não devia ter deixado Rachel escolher o que me emprestaria.

Da próxima vez me lembrarei de não deixa-la molhar minha calça.

Eu podia ler, pelo olhar de Kurt, o que ele imaginava olhando para nós. Rachel dizia para ele que já estava tudo bem, a febre dela tinha baixado _ O que era verdade. Logo que ela saiu do banho, eu medi e o visor do termômetro nos mostrou o dígito 38._ e que ele não precisava se preocupar, podia voltar para casa. Enquanto ela tentava mostrar que estava tudo bem, ele apenas fingia acreditar no que a amiga dizia. O seu olhar passeava por nossas roupas e era evidente que ele deduziu o que aconteceu no banheiro. Não adiantava tentar disfarçar, eu e ele sabíamos disso.

_ Vou deixar vocês sozinhas. _ Piscou para Rachel. _ Cuida bem dela, cinderela.

_ Pode deixar. _ Respondi.

Esperei a porta se fechar para retomar o que eu vim fazer.

_ Você tem que descansar, vamos deitar um pouco. _ A guiei até a cama.

Esperei ela deitar para logo em seguida eu fazer o mesmo. Estávamos de frente uma para outra e eu podia sentir sua respiração quente.

_ Eu sei que você está com frio, mas eu não posso te cobrir.

_ Como sabe que eu estou com frio?

_ Os pelos do seu braço _ Passei a mão sobre ele _, estão arrepiados.

_ Claro, detalhista e observadora.

_ Às vezes eu sou.

_ Às vezes sempre, você quis dizer.

_ Sim. _ Rimos.

Seus pelos se eriçaram novamente e ela se encolheu.

_ Vem cá. _ A abracei, na tentativa de esquenta-la.

_ Bem melhor. _ Disse contra o meu peito.

_ Será que o kurt não ficou chateado em não ter ficado?

_ Aposto que ele deu graças a deus. Ele queria aproveitar a "black friday".. _ Ela parou abruptamente, como tivesse lembrado de algo. _ Me desculpe! Você queria muito ir e eu virei uma pedra no seu sapato. Eu já estou melhor, se você quiser ir, pode ir. Vá com a Brittany! Chame a imigrante também. Não sou fã dela, mas ela é esperta e vai saber agir se acontecer alguma coisa..
_ Ei, respire! Respire, Rach. Não vou a lugar algum. Sua saúde é mais importante, você é mais importante!

_ Do que você me chamou?

_ Rach. Ouvi alguém dizendo e gostei. _ Confessei.

_ Eu gostei de como soou na sua voz.

_ Rach..

Ela abriu um sorriso.

Dentre todos os sorrisos que já presenciei, o de Rachel, sem dúvida alguma, era o mais bonito. Adorava o fato que a espontaneidade dele a tornava mais bela, em todos os sentidos.

_ Diz de novo. _ Pediu, de olhos fechados.

Me aproximei mais dela e sussurrei:

_ Rach, minha Rach..

_ Sua..


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Notas finais do capítulo

Responderei os comentários do capítulo anterior ainda hoje! Espero que tenham gostado do capítulo
Uma ótima semana para vocês 😉