Hate that i love you escrita por Thay Oliveira


Capítulo 11
Mudanças Part-2


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei.



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Brittany tinha a boca entre aberta e os olhos levemente arregalados.

_ Quinn.. _ Brittany começou, depois que absorveu o que Quinn lhe contou. _ Eu acho que o cupido te acertou também.

Santana escutou a campainha tocar e se dirigiu até a porta para abri-la. Rachel estava de costas e quando ouviu o barulho da porta se abrindo, virou-se e viu uma latina com uma cara de poucos amigos.

A sorriso que a morena trazia sumiu quando viu o rosto desafiador de Santana. Esperava encontrar uma loira e não uma latina mal encarada. Lembrou da última vez que vira Santana e toda a intimidade que ela demostrou com Quinn. Não gostava disso. Refreou a vontade de dar um sumiço na latina e, com uma cara indiferente, perguntou:

_ A Quinn está?

_ Olha só, Quem é vivo sempre aparece! Será que o anão embriagado está sóbrio hoje? _ Perguntou, chegando mais perto e aspirando o ar perto de Rachel. _ Parece que sim! _ Constatou, sorrindo falsamente.

_ Nossa, como ela é engraçada! _ Exclamou, mantendo o rosto sério. _ Da onde você veio eles te disseram isso? Porque, pode não parecer, mas eu estou me acabando de rir internamente. _ Ironizou.

A latina mantinha sua postura de Bitch e o comentário de Rachel não a incomodou nem um pouco. Seu olhar se desviou para uma rosa que Rachel trazia em mãos. Sorriu para pequena e comentou.

_ E não é que é romântico esse projeto de Hobbit!

Rachel revirou os olhos e disparou:

_ Você vai chamar a Quinn ou eu vou ter que passar por cima de você para fazer isso?

Santana gargalhou audivelmente o que só irritou mais Rachel.

_ Não sei não, acho que é um pouquinho difícil você conseguir isso. _ Afirmou, ficando séria. _ Qual é a sua? Convidou ela para jantar e está trazendo flores para se fazer de romântica e depois leva-lá para a cama? _ Santana chegou mais perto e a ameaçou. _ Não sei qual é o seu joguinho, mas se está pensando que vai usar a Quinn e jogar fora como uma roupa velha, como sei que você está acostumada a fazer, eu vou atrás de você e vou faze-la se arrepender de ter nascido!

Rachel mantinha o semblante sereno por fora, porém, por dentro estava assustada muito mais com a cara de psicopata que Santana fazia do que com a ameaça.

_ Não que isso seja da sua conta, mas eu estou gostando dela. De verdade. _ Enfatizou. _ E magoa-la não está nos meus planos.

Segundos se passaram, enquanto mantinham o olhar um no outro. As palavras de Rachel foram sinceras e Santana mesmo sentindo isso, manteve o ar de que se a morena saísse da linha iria arcar com as consequência.

_ Quinn! _ Santana a chamou. _ O Hobbit chegou.

Rachel entrou no apartamento, mesmo Santana a impedindo de passar e viu Quinn adentrar à sala. De repente, não tinha Santana fazendo ameaças, nem nervosismo dentro de si, era apenas o seu olhar acompanhando uma Quinn mais linda do que o habitual.

Ela se perguntou como a loira conseguiu ficar mais bonita do que já tinha visto. Sabia que tinha um sorriso maior que o comum no rosto, porém não se importou em diminuí-lo. Estava feliz por estar ali, feliz por ter conhecido Quinn e essa sensação que a loira trouxe no dia que elas se esbarraram.

Quando os olhares se encontraram, todas as palavras que poderiam ser ditas simplesmente sumiram. Não eram necessárias naquele instante. Para que verbalizar se os olhares transbordavam felicidade?

Brittany e Santana se olharam e com um dar de ombros Santana passou entre elas as trazendo para realidade.

_ Oi. _ Quinn a cumprimentou, sorrindo.

Rachel devolveu o sorriso e deixou um beijo no rosto da loira.

_ Você está linda! _ Rachel falou, quando seus olhares se encontraram novamente.

_ Obrigada, Rachel. _ Agradeceu, olhando para a morena que estava usando um vestido frente única amarelo. _ Você também está.

_ Acho que fiquei diabética depois desse momento doçura! Apenas,dizendo.

_ Santana! _ Brittany a repreendeu.

_ Acho que você lembra da Santana. _ Quinn, comentou com Rachel.

_ Ah, como esquecer? _ Rachel a questionou, sorrindo para a latina.

_ Essa é a Brittany _ Quinn comentou, chegando mais perto da loira. _ , minha amiga.

_ Prazer, Brittany.

Rachel ofereceu a mão em cumprimento e Brittany aceitou.

_ Estava curiosa para conhecer a pessoa que vem deixando Quinn mais sorridente.

Quinn, na mesma hora, abaixou a cabeça envergonha. Rachel reparando nisso, falou:

_ Fico feliz em saber disso, mas duvido que eu a deixe tão sorridente quanto ela me deixa.

Quinn, por um momento, manteve a boca aberta. A afirmação de Rachel pegou ela de surpresa, não achava que Rachel tinha os mesmos efeitos colaterais que ela tinha depois de ver a morena.

_ Acho que já podemos ir. _ Quinn disse, se recompondo. _ Vou só pegar minha bolsa no quarto.

Santana viu Brittany a seguir e chegou perto de Rachel, dizendo:

_ Só para lembrar que eu sei quem são seus pais e onde eles moram. Se não quiser que seus restos mortais apareçam na frente deles, te aconselho a se manter na linha.

Dessa vez Rachel não conseguiu esconder o temor do seu rosto. A cara de psicopata que a latina fazia realmente a assustava.

No corredor Brittany sussurrou para Quinn.

_ Agora eu entendi o motivo do seu sorriso.. Ela é linda, Quinn.!

_ Eu sei! Eu estou nervosa! Sei que é patético, mas estou. _ Retrucou, no mesmo tom.

_ Não é patético, Quinn. Esse tipo de nervosismo é bom! Agora vai lá e se divirta, ok?

_ Ok. _ Disse, soltando o ar.

Elas se despediram de Brittany e Santana e entraram no elevador. Quinn apertou o botão do térreo e pelo reflexo do espelho reparou que Rachel a olhava. Voltou para a posição que estava antes e permaneceu em silêncio.

Parecia que o trajeto do 3° andar até o térreo tinha dobrado de tempo. O silêncio se fazia presente e a sensação de ansiedade dominava ambas.

_ Você..

_ Então..

Disseram ao mesmo tempo, tentando quebrar o silêncio.

_ Pode falar..

_ Diz você..

Sorriram com a coincidência.

_ Pode falar primeiro. _ Quinn, disse.

_ Ok. Como foi seu dia?

_ Depois de Columbia, eu ajudei Santana com a mudança dela e dei uma lida na matéria que foi passada hoje.

_ Se não revisasse a matéria não seria você, não é mesmo?

_ Não mesmo. _ Quinn disse, sorrindo com o fato.

A porta do elevador se abriu e elas seguiram pelo corredor do prédio.

_ E você, o que fez hoje?

_ Além de pensar no jantar de hoje a noite _ Sorriu para Quinn. _ , escutei Kurt dizendo que ficou apavorado quando escutou o alarme e que está com medo de se reconhecido. Mas eu disse que tudo que viram foi a máscara rosa que ele usava.

_ Estou me sentindo culpada agora..

_ Não fique, Kurt adora um drama! Na verdade ele só queria um motivo para usar aquela máscara rosa. _ Rachel disse, apontando para o outro lado da rua. _ Meu carro está ali.

Quinn não ligava muito para as coisas materiais. Porém, quando Rachel apontou para a Ferrari do outro lado da calçada, não pôde negar que ficou impressionada com o carro da morena. Sempre achou coisa de filme, nunca pensou que uma garota de 19 teria um carro como aquele.

_ Acho que eu sou a pessoa mais desligada do mundo! _ Rachel disse, de repente. _ Eu trouxe essa rosa para você.

Quinn, até então, não tinha reparado na rosa que Rachel trazia consigo. Talvez o nervosismo a tivesse cegado. Ela aceitou a rosa da morena e com um sorriso tímido agradeceu. Nunca tinha ganhado flores antes, mas gostou que Rachel tenha sido a primeira a fazer isso.

A morena abriu a porta do carro para Quinn e assumiu a direção. Ela deu a partida e comentou:

_ Você deve estar achando que eu sou mais uma filhinha de papai com seu carro do ano.

_ Não.. Na verdade estou aproveitando a sensação de estar numa Ferrari. _ Quinn, confessou. _ Sabe se lá quando isso voltará acontecer. _ Brincou, fazendo a morena rir.

_ Boa resposta.

_ Vai me dizer aonde estamos indo ou vai me fazer morrer de curiosidade? _ Quinn perguntou, olhando o perfil moreno.

_ Eu poderia até te dizer, mas você perde toda a sua pose quando está curiosa.

_ Do que você está falando? Eu não tenho pose. _ Quinn afirmou, arqueando a sobrancelha.

_ É claro que tem! _ Olhou para a loira e voltou a atenção para a rua. _ Está fazendo agora. _ Constatou.

_ Não estou!

_ Está!

Rachel riu da negação de Quinn. A morena havia reparado no jeito que Quinn ficava quando se sentia ameaçada. O seu jeito mudava, assumindo uma postura confiante, postura que empunhava respeito.

_ Já entendi que você não vai dizer para onde estamos indo. _ Quinn falou, olhando para os grandes edifícios que viravam borrões por conta da velocidade.

_ Espere um instante. _ Pediu, olhando atentamente a rua. _ Mais um pouquinho.. E chegamos!

Quinn a olhou surpresa, pensou que o trajeto demoraria mais que dez minutos.

_ Já chegamos?

_ Sim!

_ Por que não viemos a pé? É bem perto do meu apartamento. _ Quinn, constatou.

_ Porque eu achei que você gostaria de dar uma volta de Ferrari, nem que fosse por dez minutos. Acho que acertei.

_ É.. Foi bem legal! _ Quinn falou, olhando para os detalhes do carro. _ Querendo me impressionar, senhorita Berry? _ Questionou, arqueando a sobrancelha.

_ Não.. Eu não preciso impressionar. _ Rachel chegou bem perto de Quinn. _ Eu sou impressionante!

_ Tinha esquecido que você era o exemplo de humildade. _ Quinn tirou o cinto de segurança._ Sua pretensão é sem limites!

Quinn tentou abrir a porta do carro para sair, porém as portas estavam travadas.

_ Quinn, me desculpe, foi uma brincadeira! _ Rachel, retratou-se.

A loira a olhou e viu que a morena a olhava arrependida. Chegou bem perto dela e, olhando nos olhos chocolates, disse:

_ Eu estou brincando! _ Gargalhou, com a expressão revoltada de Rachel.

Rachel tirou o cinto e, com uma agilidade invejável, grudou seus lábios nos de Quinn.

_ Não brinque comigo, loira!

Quinn acompanhou, com o olhar e ainda surpresa, Rachel sair do carro. Seu coração já tinha batido o recorde de batidas por minuto e a sensação dos lábios de Rachel ainda estava sobre os seus. Deixou suas costas encostarem no banco e respirou fundo, pedindo a Deus que não cometesse nenhuma loucura nesse jantar.

Rachel abriu a porta e esperou Quinn sair. A última coisa que queria fazer era assustar a loira. Mas Quinn a provocou e ninguém brinca com Rachel, nem mesmo a garota por quem ela nutria sentimentos.

As luzes do grande prédio que Rachel morava, davam para iluminar a rua. Quinn se perdeu um pouco em pensamentos, olhando a grande estrutura do local, e só percebeu que Rachel segurava sua mão quando a voz da morena se fez presente.

_ Pablo, guarda para mim. _ Pediu, jogando a chave da Ferrari para o recepcionista.

Ele agarrou a chave no ar e deu uma piscadinha para Rachel que retribuiu.

Rachel guiou Quinn até o elevador e soltou a mão da loira para chama-lo. Logo o elevador chegou e elas entraram sozinhas nele. No canto esquerdo, havia um quadro com muitos botões de andares e o olhar de Quinn passou pelo último botão do quadro.

_ Tem mesmo 96 andares nesse prédio? _ Quinn perguntou, olhando para os grandes espelhos do elevador.

_ Tem, sim. _ Disse, se divertindo com a surpresa no rosto de Quinn.

_ E para onde você está me levando?

_ Para o céu! Também conhecido como cobertura.

Quinn sabia que sua boca estava aberta e que seu rosto estava com uma expressão surpresa, porém não a desfez. Estava impressionada.

Não demorou muito e a porta do grande elevador se abriu. Quinn seguiu Rachel que tirou uma chave cartão da bolsa e logo a porta se abriu. A loira pensou que iriam em alguma lanchonete ou um restaurante, não imaginava que Rachel a levasse a cobertura de um edifício luxuoso.

Enquanto entrava, um pouco tímida no recinto, perguntou:

_ Eu sei que você disse que era surpresa, mas o que estamos fazendo na cobertura de um prédio como esse?

Rachel tirou a jaqueta de Quinn e colocou no porta casacos. Estava gostando de surpreender a loira. Para ela, Quinn fazia as coisas de forma metódica e quase não se dava ao luxo de se surpreender. E toda vez que Quinn aparentava surpresa, sabia que estava fazendo a coisa certa.

_ Eu moro aqui, Quinn.

Quinn por um momento achou que Rachel estava brincado dizendo aquilo, mas o rosto moreno se manteve sereno e ela soube que era verdade.

_ Você me recebeu na sua casa, nada mais justo que eu te receber na minha.

_ Seu apartamento é... Grande! Bonito também. _ Constatou, olhando-o.

E era mesmo. Com suas grandes janelas e um espaço bem maior que o comum, o apartamento pegava toda a extensão da cobertura. Só a sala era do mesmo tamanho de todo o apartamento de Quinn. Toda a arquitetura e decoração chamavam a atenção dela. Não eram clássicas. Ao contrário, podia-se sentir o contemporâneo a cada metro quadrado.

_ Mérito dos meus pais.

A atenção de Quinn foi para a morena novamente.

_ Quando conheci o Kurt, ele disse que os pais da amiga dele eram estilistas. Depois descobri que você era a amiga. O que foi uma grande coincidência, eu esbarrar em você. _ Disse, sorrindo para o fato.

_ Não acredito em coincidências. Acredito em destino. E o fato de você ter conhecido meu amigo, depois ter esbarrado em mim e estar agora na minha frente não é coincidência, é destino.

Quinn mantinha seu olhar no da morena. A intensidade que Rachel disse aquelas palavras, só deixava Quinn mais necessitada do que nem ela sabia ainda. O olhar continuava sem ser interrompido por segundos intermináveis. A sensação de que a qualquer momento ele poderia ser quebrado, atingia as duas. Não queriam isso. Mas foi exatamente o que Quinn fez.

_ O que me lembra que eu tenho que devolver seu suéter. _ Comentou, olhando para as grandes esculturas na lateral da sala.

_ Fique com ele, ficou melhor em você. _ Ofereceu, ficando do lado de Quinn.

A loira sentiu o braço de Rachel roçar no seu e respirou fundo.

_ Você está dizendo isso porque..

Os olhares se encontraram mais uma vez.

_ Porque..

Quinn já não sabia do que estava falando anteriormente, o rosto de Rachel estava muito perto e isso fazia toda a diferença para o seu esquecimento.

_ Porque você é linda! _ Constatou, Rachel. _ E o suéter também. Fazem uma boa combinação.

Rachel colocou uma mecha do cabelo de Quinn atrás da orelha e chegou mais perto. Já não havia espaço entre elas, os olhares não se desviavam e a vontade de selar o desejo crescia mais e mais. Quando Rachel levantou os calcanhares para beijar Quinn, a campainha tocou.

_ Deve ser nosso jantar. _ Disse, bem perto da boca de Quinn.

A loira balançou a cabeça positivamente e disse:

_ Vai atender.

Rachel, muito contrariada, foi atender, mas parou no meio do caminho. Ela deu meia volta e foi até Quinn, selando seus lábios.

_ Agora eu vou! _ Disse, piscando para a loira.

Ela sorria bobamente vendo a figura pequena se distanciar. Tinha receio da sensação boa que estava sentindo. Era boa, mas ela não conseguia enxergar limites nela, não conseguiria dizer não a ela.

Um funcionário apareceu no campo de visão de Quinn, empurrando um carrinho. Ela observou Rachel leva-lo a um cômodo de que não tinha visão. Logo depois eles apareceram novamente e Rachel agradeceu o funcionário lhe dando algumas notas de dinheiro.

_ Vem, vamos jantar! _ Rachel a chamou.

A loira seguiu Rachel até um corredor que dava para algumas portas. Observou a morena abrir uma porta a direita e lhe oferecer passagem. Era um quarto. Um quarto bem maior que o dela. Viu Rachel apontar para as grandes janelas de correr, indicando para onde tinha que ir.

A vista da cobertura era algo incrível! Dava para enxergar, sem exageros, Manhattan inteira. Quinn caminhou até certo ponto, depois estagnou alguns passos do parapeito. Por mais que quisesse olhar para a paisagem, não conseguia devido ao seu medo de altura. Um pouco trêmula, recuou.

_ O que foi? _ Rachel perguntou, vendo que a expressão de Quinn mudou de surpresa para desconforto.

_ Eu não gosto muito de altura. _ Confessou, voltando mais alguns passos.

_ Se eu soubesse, não colocaria a mesa aqui fora. Nós podemos jantar lá dentro e..

_ Não! _ Interrompeu a morena. _ Aqui está bom. Só não me peça para chegar perto do parapeito, porque acho que desmaio antes. _ Brincou, um pouco nervosa.

_ Ok, me diga se estiver desconfortável.. Eu não sei você, mas eu estou morrendo de fome! _ Rachel disse, indicando à mesa.

As duas sentaram à mesa e Rachel fez questão de servir Quinn. A loira tinha feito um café da manhã incrível para ela, nada mais justo que a morena fizesse Quinn se sentir incrível.

Rachel já tinha servido o risoto de salmão com hortelã para ambas e abria o vinho que tinha escolhido mais cedo para a ocasião. A morena ia colocar um pouco na taça de Quinn, mas ela a impediu.

_ Vou ficar só na água mesmo, Rachel.

_ Mas esse vinho, em específico, serve para abrir nosso paladar, Quinn. Comer esse risoto sem o vinho é um pecado.

_ Não sei se abre paladar ou não. Pra ser sincera, não sei qual o gosto do vinho.

Rachel a olhou incrédula.

_ Você nunca tomou vinho?

_ Nada alcoólico. _ Confessou, se divertindo com as caras e bocas de Rachel.

_ Como isso é possível? _ Rachel tentava entender.

_ Primeiro: Não tenho idade suficiente para ingerir álcool. Segundo: Meus pais nunca permitiram..

Quinn enumerou uns sete argumentos para justificar nunca ter bebido. Rachel a olhava sem acreditar que aquilo era realmente possível. Pegou a garrafa e colocou um pouco mais que um gole na taça de Quinn.

_ Não tem nenhum policial aqui e seus pais estão há quilômetros de distância. Tem apenas um gole aí, não tem como você ficar bêbada. Apenas, Prove! _ Rachel, ofereceu.

_ Eu não sei, Rachel..

Quinn alternava o olhar de uma Rachel sugestiva para a taça com o líquido rosado. Ela pegou a taça e, antes de beber, olhou para Rachel. Achou o gosto parecido com suco de uva só que mais forte. Quando o líquido desceu por sua garganta, sentiu uma leve queimar em seu interior; não era incomodo, era gostoso.

_ Gostou? _ Rachel perguntou, depois que Quinn acabou.

_ Sim, muito! _ Tomava o restante. _ Agora entendo porque as pessoas ficam bêbadas.

Rachel sorriu com o comentário de Quinn.

_ É.. Fazer o que se é viciante? _ Rachel questionou, comendo um pouco do risoto.

_ Não se viciar. _ Quinn disse, com um dar de ombros.

_ Eu não conseguiria. Soube na primeira vez que provei e, agora que sei o gosto e a sensação, não vejo como parar. _ Olhou para a garrafa e colocou mais um pouco nas duas taças. _ Vinho é como você: Às vezes suave, às vezes seco, mas sempre viciante.

A loira não sabia se a sensação quente que se espalhou por seu corpo foi por causa da taça de vinho que acabou virando ou pela comparação de Rachel. Tudo o que sabia era que sentia-se atraída mais e mais pela morena.

Ambas tinham acabado de jantar. Rachel olhava para o perfil de Quinn que olhava para o horizonte. Não tinham falado desde do comentário de Rachel e ela resolveu quebrar o silêncio.

_ Me diz uma coisa que eu não sei sobre você.

Quinn desviou sua atenção da noite azulada para o rosto moreno.

_ Não sei.. Não sou uma pessoa difícil de desvendar. Acho que você já sabe quase tudo sobre mim. _ Quinn disse, sincera.

Rachel tomou mais um gole do vinho e pensou um pouco sobre a resposta de Quinn.

_ Me fale o restante desse quase.

_ Acho que só meus pais e o Finn sabem disso. _ Divagou, por um instante. _ Direito não foi minha primeira opção de curso, queria ser arquiteta. Sempre gostei de desenhar e uma coisa foi levando a outra. Percebi que direito seria a melhor opção, porque o senso de justiça sempre foi grande dentro de mim. Desenhar é minha paixão, advogar será uma missão para mim! _ Concluiu, tomando mais um gole do vinho.

_ Aposto que você desenha bem! Até porque não sei algo que você não faça bem... Mas quem é Finn? _ Rachel perguntou, bebericando seu vinho.

_ É meu amigo de infância.

_ Hum.. Só amigo? _ Rachel perguntou, tentando passar indiferença.

Quinn podia jurar que Rachel estava com ciúmes, porém não tinha certeza.

_ Se fosse mais que amigo, seria um problema? _ Provocou,Quinn.

_ Não! _ Disparou, Rachel. _ Só curiosidade mesmo.

_ Finn é só meu amigo. _ Decretou, vendo Rachel relaxar a postura.

_ Vamos deixar esse Finn de lado! _ Rachel disse, levantando e indo até Quinn. _ Feche os olhos. _ Pediu.

_ Posso saber para quê? _ Quinn aceitou a mão da morena, ficando de pé.

_ Surpresa!

_ Mais?

_ Se acostume!

Quinn fechou os olhos, meio relutante, e sentiu-se guiada por Rachel. A brisa da noite tocava seu rosto com delicadeza e o calor que vinha da mão de Rachel se misturava com o efeito do álcool. Sentiu sua mão ser colocada sobre uma superfície sólida e perguntou:

_ Posso abrir os olhos?

_ Não brigue comigo, ok? É que você tinha que ver isso. Pode abrir.

Quando quinn abriu os olhos, a primeira reação que teve foi dar um passo para trás, porém Rachel a manteve no lugar. Rachel a tinha guiado para o parapeito. Ela conseguiu ver miniaturas de tudo pelo instante que seu olhos permaneceram abertos, mas logo fechou-os e sentiu o pânico tomar conta de si.

Suas feições estavam retraídas e seu corpo tremia levemente. Não mentiu quando disse que tinha medo de altura, sabia disso desde que se entendia por gente. Rachel, presenciando tudo, sem pestanejar a abraçou.

_ Ei, calma. _ Pediu, acariciando as costas da loira. _ Não precisa ter medo, eu não vou deixar você cair.

Quinn respirou fundo e tentou se concentrar nos braços de Rachel ao seu redor. Não conseguiu. A sensação de fobia crescia em grandes escalas dentro de si e quando tentou retrair as lágrimas, foi tarde demais.

_ Me desculpe, eu só queria..

A morena não terminou a frase. Com seu polegar deu fim a linha reta que a lágrima de Quinn seguia. Olhou para o rosto franzindo dela e não teve dúvidas quando juntou seus lábios.

Quinn sentiu os lábios carnudos nos seus e por um estante esqueceu do grande medo dentro de si. O beijo era só de lábios, Rachel queria acalmar a loira e mostrar que estava tudo bem. A forma como a morena conduzia o beijo era diferente das outras vezes que se beijaram, era como se ela quisesse distrair a loira com o contato. Conseguiu. Quinn que tinha as mãos coladas ao corpo, deixou -as seguirem sua vontade e se encontrarem com a cintura morena. Rachel estava fazendo de tudo para não deixar o desejo falar mais alto, mas o movimento de Quinn a despertou. Levou sua mão ao pescoço de Quinn a puxando para um beijo mais ardente. Sua língua deslizava por toda a extensão da boca de Quinn e o seu desejo aumentou quando sentiu o gosto do vinho na língua dela. Ambas estavam inebriadas com o contato excessivo que nem notaram Hiram tossindo audivelmente para chamar a atenção delas.

_ Rachel! _ Hiram, chamou mais alto.

Da mesma forma que se juntaram, se separaram. Hiram queria rir das caras assustadas que as duas fizeram, porém se manteve sério.

_ A porta estava aberta e acabei entrando.. _ Explicava-se. _ Não vai me apresentar a sua acompanhante?

_ Claro. _ Rachel, recuperou-se. _ Essa é a Quinn.

Quinn, que tinha completa noção que estava vermelha, esticou a mão para cumprimentar o homem.

_ É um prazer conhece-lo, senhor Berry.

_ O prazer é todo meu. _ Disse, beijando a mão dela. _ Você é modelo?

_ Não, senhor.

_ Poderia ser.. _ Hiram observou a loira da cabeça ao pés. _ Não de passarela, por causa da estatura, mas para o estúdio você seria perfeita.

_ Obrigada, mas acho que direito combina mais comigo.

_ Uma pena, teria um futuro incrível!

_ E ela terá! Qualquer caminho que ela escolha, será bem sucedida. _ Rachel disse, convicta.

Os olhares de Quinn e Rachel se encontraram e ambas sorriram uma para outra. Quinn estava surpresa com o comentário da morena.

_ Não duvido disso. _ Hiram falou, percebendo o jeito que Rachel olhava para Quinn. Eu vim terminar nossa conversa, mas acho que isso pode esperar até amanhã.

_ Por favor, eu não quero incomodar, fiquem a vontade. _ Quinn, declarou.

_ Não é incomodo, querida. _ Hiram, afirmou. _ Não é um assunto urgente. E acho que hoje Rachel prefere a sua compania do que a minha. _ Piscou para Quinn.

_ Pai! _ Rachel repreendeu o homem.

_ Essa é a minha deixa. _ Hiram sorriu para Quinn. _ Foi um prazer conhece-la, Quinn.

Hiram se despediu e saiu, deixando as duas sozinhas novamente.

Rachel segurou na mão de Quinn e a guiou para o quarto.

_ Não quero que você se sinta desconfortável de novo. _ Rachel fez referência ao medo de altura de Quinn e sentou-se na cama, sendo acompanhada pela loira. _ Tem uma coisa que quero que você veja, mas vou deixar isso para depois.

_ Ok. _ Quinn disse, soltando o ar. _ Estou me sentindo uma idiota. _ Deitou-se na cama.

A morena olhou a garota a sua frente e não conteve o sorriso. Quinn era linda e nem percebia.

_ Posso saber o porquê? _ Rachel questionou, imitando a posição de Quinn.

_ Você sabe, por sentir medo..

Enquanto o olhar de Quinn vagava por toda a extensão do teto, Rachel observava o perfil da loira. Já não tinha dúvidas, estava gostando de Quinn como nunca gostou de outra pessoa em sua curta vida. Era estranho, porém era de fácil entendimento.

_ Ah, àquilo? Totalmente compreensivo. Agora tente conviver com fobia de insetos, qualquer um, principalmente baratas! Isso sim é constrangedor. _ Rachel, brincou.

Ela viu um início de sorriso no rosto de Quinn e continuou:

_ Uma vez eu estava andando com o Kurt e uma barata apareceu na minha frente. Não era uma barata normal, era tinha sofrido mutação, certeza! Eu só sei que eu pulei no colo do Kurt e só saí de lá quando estava em segurança na minha casa.

Dessa vez não foi uma ameaça, o sorriso apareceu no rosto da loira.

_ É.. _ Quinn começou, olhando para Rachel. _ Sua reação foi mais idiota do que a minha!

No mesmo instante que ouviu o comentário, Rachel arregalou os olhos e disse:

_ Você não devia ter dito isso!

Se Quinn estava arrependida por ter feito tal comentário? Com toda a certeza. Rachel estava mostrando suas habilidades em fazer cosquinhas e tudo o que ela conseguia fazer era se remexer. Gargalhadas ecoavam pelo quarto, dando vida ao ambiente. Em meio as súplicas de Quinn para que parasse o ataque, Rachel decretou:

_ Só paro se você disser que gostou de mim desde do esbarrão em Columbia.

_ Não! _ Quinn negou, se contorcendo.

_ Então prepare-se para rir até amanhã!

_ Ok! _ Quinn se deu por vencida, vendo Rachel parar por um instante seu ataque. _ Confesse você!

Rachel não esperava que o jogo se inverteria. Quinn, agilmente, mudou as posições e começou a mostrar que também tinhas suas habilidades na arte da cosquinha.

_ Pára! _ Rachel pedia, entre risos. _ Por favor!

_ Você falando por favor? Acho que a minha cosquinha é poderosa mesmo! _ Quinn exclamou, intensificando o ataque.

_ Sério, por favor!

_ Confesse! _ Quinn pediu, parando o ataque por um momento.

Rachel que recuperava o ar, olhou para o semblante feliz de Quinn e confessou:

_ Gostei mesmo. Gostei mais ainda de você ter ido me ajudar na boate e bem mais quando me chamou para dormir na sua casa, mas não se compara com o meu gostar de agora.

De repente o clima de diversão tinha se esvaído. Quinn a olhava intrigada. Questionava-se interiormente se aquilo que acabara de ouvir era verdade, mesmo sentindo a sinceridade no olhar de Rachel. Temia ser mais uma brincadeira da morena.

_ Isso é sério? _ Quinn deu voz as seus pensamentos.

Rachel nada disse, apenas balançou a cabeça positivamente e viu que Quinn tinha entendido o recado. Sem dar aviso prévio da sua ação, Rachel beijou Quinn. Já não adiantava negar o inegável; gostava de Quinn e a vontade de estar perto da loira só aumentava.

Como Quinn fizera minutos antes, Rachel mudou as posições e se estabeleceu sobre Quinn. As duas se beijavam com todo desejo que vinham nutrindo durante toda a semana, aproveitando a sensação que as invadia. A morena tirou a mão do rosto de Quinn e a levou até a cintura da mesma. Quando sua mão pressionou o local, um leve gemido escapou da boca de Quinn, fazendo com que os corpos pedissem por mais contato. Rachel, que tinha o interior clamando pelo corpo nu de Quinn sob o seu, conteve-se.

_ Por que você mexe tanto comigo? _ Rachel perguntou, mais para si mesma do que para Quinn.

Quinn respirava com dificuldade. Sentia que a pergunta era válida para ela também e tinha um imenso receio de não obter a resposta.

_ Não sei... _ Sentiu Rachel apoiar a testa na sua. _ O que estamos fazendo?

Mesmo sendo uma pergunta vaga, a morena entendeu o que Quinn queria saber. Ela não tinha a resposta, muito menos sabia por onde começar a procurar. Gostava de Quinn e, por enquanto, isso bastava para ela.

Esperava que isso também bastasse para Quinn.

Ficaram por um tempo incontável abraçadas, apreciando a paz que se fazia presente. Entretanto, Quinn sabia que teria que romper a bolha que tinha se formado entre elas, sabia que quando fizesse todas as dúvidas voltariam para ela. Ela levantou e, sem precisar dizer nada, Rachel entendeu que ela iria embora.

Já na calçada do hotel luxuoso, elas estavam esperando o manobrista trazer o carro de Rachel. A morena, sorridente, apontou para um edifício na frente delas e disse:

_ Lembra que eu fiquei de te mostrar uma coisa?

O olhar de Quinn seguiu a direção que o dedo de Rachel indicada e se surpreendeu com o que viu. Refletido na lateral de um edifício, estava escrito uma mensagem que só podia ter sido feita por Rachel:

Obrigada, nerd loira!

Sorrindo para a morena, Quinn encostou seu ombro no dela. Com Rachel nada era previsível, nada era como costumava ser. Gostava dela exatamente por isso. Ela trazia um frescor para a vida de Quinn que a loira nunca teve, e que nunca pensou possuir. Rachel era mudança em pessoa e, por mais que isso a assustasse, algo lhe dizia que essa mudança chegou em boa hora.














































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Notas finais do capítulo

Uma curiosidade: existe mesmo esse edifício em NY, mais precisamente em Manhattan.
Capítulo grande..
Comentem para eu saber se gostaram !!
Um grande beijo, até o próximo