“Pois é” pensou Annabeth, “aqui estou eu, escola nova, em um país novo, e, pra piorar, no meio do semestre”. Não ia ser nada fácil para ela esse recomeço, ainda mais sem a mãe ao seu lado para apoiá-la como sempre fazia.

Ela bateu na porta à sua frente e abriu, todos os rostos viraram em sua direção, sentiu suas bochechas esquentarem, e tinha um pressentimento de que isso aconteceria muito ainda naquele dia, ou naquela semana.

Annabeth checou o horário que tinha em mãos: História, com o professor Quíron Brunner.

–Com licença, é a aula do senhor Brunner? – Ela perguntou baixinho em um inglês perfeito.

–Sem dúvida! E você deve ser a aluna nova, Annabeth Chase.

Annabeth assentiu.

–Muito bem, gente, dêem as boas vindas para a Srta. Chase, ela se mudou do Brasil recentemente, sejam gentis. – Ele virou-se para a garota – Pode se sentar na segunda fileira, atrás do Sr. Jackson.

–Eu sou o Sr. Jackson, a propósito. – Disse um garoto de cabelos escuros, um bronzeado de quem vai muito à praia e com olhos do mais incrível verde que Annabeth já havia visto.

Ela se encaminhou para o lugar que foi designada e sentou-se, quieta, mas logo enrubesceu novamente quando ouviu:

–Uma brasileira, dizem que tem um fogo! E rebolam como ninguém...

–Sr. Stoll, sugiro que não faça mais comentários indecentes, a menos que deseje falar com o nosso querido diretor. – Ameaçou o Sr. Brunner, arrancando risadas da turma e uma careta do ameaçado.

Annabeth sentiu vontade de sumir, odiava comentários daquele tipo, mas sabia que eles aconteceriam, sabia da fama que as brasileiras tinham, ela só não fazia jus a tal fama, até sabia rebolar, aprendera com as amigas festeiras, e tinha um gingado natural, mas do tal “fogo” não tinha nada, já que ainda era virgem e havia beijado no máximo uns quatro ou cinco garotos. Existia o seu ex, mas eles nunca tinham passado de algumas carícias, era melhor nem pensar nisso...

–O Travis é assim mesmo, nem liga. E também não estranha se ele passar a mão na sua cintura ou algo assim, é só um aviso, mas no final ele é um cara legal. – Disse uma garota ruiva, tirando Annabeth de seus devaneios. – Eu sou a Rachel.

–Ah, oi! – ela exclamou com um sorriso sem graça – Pode me chamar de Annie.

–Oi Annie, bem vinda à Academia Yancy!

–Muito obrigada. A propósito, porque todos riram quando o professor falou do tal diretor?

–Ah, isso – A ruiva sorriu – Ele, o Sr. D., como gosta de ser chamado, é meio louco, vive bebendo e basicamente não está nem ai pros alunos, mas adora dar uma bronca, acho que ele desconta na gente o fato de não conseguir outro lugar pra trabalhar, então você não vai querer “dar uma passadinha” lá, pode acreditar!

Annie riu.

–Também estou achando que não.

–Srta. Dare, aprecio que esteja enturmando a Srta. Chase, mas aconselho que isso seja feito na hora do intervalo.

–Claro Sr. Brunner. – Disse Rachel, segurando o riso.

As duas viraram para frente e passou-se o resto da aula sem nenhum “incidente” daquele tipo novamente.

O sinal bateu e Annabeth saiu da sala, procurando o número da próxima sala que tinha que ir, “é uma droga”, ela pensou, “esse negócio de mudar de sala, só serve pra me deixar mais perdida na escola nova”.

E parecendo que lia mentes, o tal garoto de olhos verdes apareceu ao seu lado.

–Quer ajuda pra achar a sala?

–Acho que sim – Ela respondeu meio tímida – É francês, com a professora Afrodite.

–Olha que sorte, é a mesma que a minha! Ah, e meu nome é Percy.

–Então eu te sigo. E o meu você já sabe.

–Claro, Annabeth, do Brasil. Mas vou te falar, gosto de loiras, e esse seu bronzeado te deixa muito gata, sem falar nesses olhos cinza que estão me hipnotizando. – A garota fica vermelha, de novo. Realmente, três vezes em uma hora, era algum tipo de recorde, mas aceitável, já que não recebia muitos elogios.

–Cala a boca Percy, a garota acaba de chegar e você já vem cantando ela? Francamente!

Graças aos deuses a garota ruiva veio ao socorro de Annie.

–Normal Rach, você sabe que ele é assim, por isso que seguimos ela. – Concordou uma garota de cabelos negros com mechas azuis, olhos azuis elétricos e com muito delineador preto ao redor. – Eu sou a Thalia, melhor amiga da Rachel.

–Oi, pode me chamar de Annie. E acho que vou com elas. – Ela disse virando para o moreno.

–Aah, gostaria tanto de ser seu guia particular da Yancy. – Percy respondeu, fazendo cara de desolado.

–Não se preocupe Percy, nós seremos, é o melhor pra saúde mental da garota. – Foi a vez de a ruiva retrucar.

Annie concordou em pensamento, ficar muito tempo com aquele garoto lindo, com ombros largos, e alto, não devia ser muito bom para a cabeça dela mesmo, estava mais segura com as garotas.

–Vamos, – disse Thalia – sua aula é francês, a sala fica do lado da nossa, que é biologia.

–Tudo bem. – Concordou a loira, e foi sendo puxada pelos braços por duas garotas que ela acreditava serem suas primeiras amigas na nova escola.

E com o moreno a reboque.