Eu, Lobisomem? escrita por MarcosViníciusBR


Capítulo 2
Eu, Lobisomem? PT2




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Ainda assim, quando voltei pra cidade, meu único pensamento era encontrar Luana. No mesmo dia que cheguei, liguei pra ela e marcamos de nos encontrar às oito da noite, entretanto, este momento nunca chegou. Foi tudo tão estranho naquela noite. Lembro-me que cheguei quinze minutos antes da hora marcada. Sentei no banco à entrada do parque. Naquela hora quase ninguém passava mais por lá, e isso era tudo o que eu queria. Apenas eu, Luana e a lua. Por falar em lua, naquela noite ela estava fabulosa. Era a primeira noite de lua cheia no mês, e ela parecia muito maior e mais brilhante que o normal. Não conseguia parar de olhar pra ela naquela noite à espera de Luana. Havia um fascínio na sua forma, na sua luz noturna, na sua essência. Recordo que meu estômago começou a arder, de um jeito que nunca senti. Minha boca ficou seca e meus olhos queriam saltar das órbitas. Senti uma espécie de coceira na pele, mas depois acho que adormeci. Não me lembro de nada depois disso. O pior de tudo foi quando acordei. Pela manhã, despertei morrendo de frio. Quando dei por mim, estava deitado no meio do parque, nu em pelo. Meu estômago continuava com aquela ardência, mas parecia estar cheio agora, como se eu houvesse devorado um boi inteiro. Sentia um gosto de carne crua na boca. Meus braços estavam doloridos e uma mancha de sangue coagulado descia do meu queixo formando um desenho grotesco no meu peito. Senti-me enojado com aquilo, mas não tinha explicação sobre o que havia me acometido. Percebi ainda, que duas unhas da minha mão esquerda estavam quebradas, e debaixo das outras havia cabelo. Fios de cabelo preto. Lisos e finos. Aliás, muito parecidos com os cabelos de Luana.

Ainda meio zonzo, consegui chegar ao guarda do parque e disse que fui roubado e espancado, pois ele não acreditaria se eu lhe contasse a verdade. Desta forma ele me emprestou uma camisa e uma calça velha que lhe servia de uniforme reserva. Saí de lá correndo, descalço mesmo. Parei ainda em um cantinho

pra vomitar, pois aquela acidez no meu estomago não passava, e aquele gosto de sangue na boca me deixara enjoado. Curiosamente, parecia sentir o perfume de Luana na minha pele, mas acho que estava delirando. Com muito custo, consegui chegar em casa. Corri ao encontro do telefone e liguei pra Luana. Sua mãe atendeu chorando e me disse que ela havia saído pra me encontrar e até aquela hora não havia voltado. Sem saber o que dizer, tentei acalma-la e pedi que ligasse pra polícia. Depois tomei um banho quente e demorado. Em seguida dormi. Dormi muito. Só acordei com a polícia batendo à minha porta.

Agora estou aqui sentado nessa cela apertada de delegacia, acusado de assassinato. Justo eu que detesto violência. Jamais faria nada contra minha amada Luana.


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