Entre dois Mundos escrita por Pedro H Zaia


Capítulo 3
Rumo ao desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Oii, eu sei que eu disse que ia terminar o capítulo 7 no último fim de semana pra postar esse, mas acontece que eu não consegui, êeeee! Muitos trabalhos na faculdade, essa vida de estudante não é fácil! kkk Enfim, espero que estejam gostando :D
(PS: Nome clichê desse capítulo, mas n me culpem, não nomeio eles qdo escrevo,nomeio qdo posto. E to com um baita sono agr u.u)



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Passei por alguns de meus vizinhos no caminho de casa, lutando com espadas sem fio para impressionar as garotas.

– Oi Dmitrei! Não quer lutar com adaga um pouco?

Ninguém mais naquele reino sabia que era meu aniversário, mas eu nem ligava. Não gostava de chamar atenção.

– Nah, não to muito a fim hoje. Quem sabe outro dia.

Quando cheguei em casa, minha mãe e meu pai estavam me esperando com meu jantar preferido: Ensopado de frango

– Parabéns, meu filho! - Meu pai me olhou com seus me deu um abraço e me entregou um presente: Seis adagas para atirar, uma normal de batalha, um arco e uma aljava. Tudo novinho em folha - Para quando for caçar com a princesa Merida.

Merida e eu não gostávamos de caçar por diversão; só atirávamos em animais quando era realmente para comer ou dar comida aos mais pobres, mas resolvi não falar isto para o meu pai. De uma maneira ou de outra, era um presente legal.

Quando fui dormir, notei que tinha um livro sobre a minha cama, com uma carta dos meus pais. "O livro dos dragões - Edição de bolso" escrito com uma caligrafia mais desleixada, certamente feita para parecer algum livro escrito por ladrões, viajantes ou mercadores. Sabiam que eu gostava desse tipo de leitura, e que eu adorava ler antes de me deitar. Mas naquela noite eu decidi que deixaria para ler quando estivesse na floresta enevoada.

Esperei que meus pais dormissem e comecei a arrumar algumas coisas; pedras de faísca, meu arco e aljava novos, as adagas de caça e mudas de roupa, além de um saco de pando para pendurar nas costas. Também separei o livro que me haviam dado... Não cheguei a dormir, fiquei me revirando na cama, pensando se deveria ou não comunicar meus pais. Antes de sair, resolvi deixar um bilhete explicando que eu iria voltar em alguns dias, e que precisava pelo menos tentar descobrir de onde vim. Não que eu não amasse os meus pais, mas a curiosidade estava me corroendo por dentro, e tinha medo de magoá-los caso falasse. É claro que apenas deixar um bilhete iria magoar mais ainda, mas pelo menos eu não veria...

Quando cheguei à ponte, Merida já estava me esperando com Angus.

– Por que atrasou? - Perguntou, irritada.

– Desculpe, estava escrevendo um bilhete... Você sabe.

– Ok, sobe aí. - Disse ela, e eu obedeci, subindo em Angus imediatamente. - Peguei comida pra uns quatro dias... - Ela me entregou uma trouxa com suprimentos e cantis de água. Coloquei tudo no saco que trazia às costas.

Duas horas depois, ainda antes de o sol nascer, estávamos no limite da Floresta Enevoada.

– Pois é, acho que é aqui que nos despedimos... - Falou Merida.

– Hmmm, tá com medinho de entrar na floresta é, princesa?... Aiai, ai! - Merida puxava a minha orelha de cima do cavalo - Ok, ok! Retiro o que eu disse!

– É bom mesmo, Sr. Beacan. - Falou Merida, num fingido tom arrogante. - Agora... Se cuida, tá? Ainda acho que o que está fazendo é loucura, mas... - Ela deu de ombros. - Fique bem.

– Ok Merida... Obrigado por tudo. Até mais.

Não dissemos mais nada. Merida virou-se e foi embora (não sem olhar para trás uma ou duas vezes)

Eu fiquei ali, tomando coragem para entrar na floresta.

– Ok, amos lá Dmitrei, logo o sol nasce, não vai acontecer nada com você... - Disse a mim mesmo.

Quando entrei na floresta, pisei em um galho seco... Só dei por mim quando já estava em cima da árvore, sem respirar e com o coração acelerado. Aparentemente, eu tinha batido o recorde de velocidade de subir em árvores sem fazer barulho (se é que existia um).

– Eu sou um covarde mesmo... - Resmunguei, me acomodando melhor nos galhos da árvore. Fiz uma nota mental para nunca comentar aquilo com Merida.

Enquanto a tal coragem não me vinha, resolvi ler aquele "livro dos dragões" à fraca luz do amanhecer. Fiquei surpreso ao ver uma nota de meus pais na primeira página do livro.

"Dmitrei, querido. Este livro estava junto com a mulher que trouxe você até nós, junto com sua outra mãe. Por anos, escondemos isto de você, pois este era certamente um livro viking, o que poderia trazer riscos à sua segurança tendo em vista nossa antiga briga com este povo. Não sabemos se o que está escrito aqui é real ou não, mas uma coisa é certa: este livro veio de uma ilha chamada Berk, de onde você provavelmente também é. Por favor, entenda nossos motivos de lhe contar isto apenas agora, aos seus quinze anos. Tudo o que fizemos foi por que amamos você. Com carinho, de Althaia e Dafar, seus pais de coração"

Um turbilhão se passou minha cabeça. Primeiro, vi que a história de o barco ter vindo do sul, da direção da Floresta Enevoada deveria ser justamente para me proteger... Se dissessem que o barco comigo tinha vindo do norte, as pessoas desconfiariam que eu pudesse ser descendente de vikings. Outra coisa: eu era descendente de vikings. "Ótimo." pensei eu "Sou filho de ladrões e pervertidos..." Eu senti muita raiva naquela hora... Desde pequenos, aprendíamos que vikings eram cruéis, bêbados e pervertidos que roubam nossas terras, nossa comida e sequestravam mulheres e crianças. E por fim, fiquei aliviado. Não teria que atravessar aquela mítica floresta de onde ninguém voltava. Pelo menos não vivo nem inteiro. A curiosidade para saber quem eram meus pais verdadeiros ou se eu tinha uma família ainda existia, mas eu não tinha mais certeza se gostaria de saber. Aquele velho sentimento de solidão cresceu ainda mais em meu peito... Antes de descer da árvore e voltar para a vila, decidi dar pelo menos um crédito ao livro e folheá-lo.

– Os vikings podem ser muita coisa, mas tem muita imaginação... - Murmurei, vendo as notas como "Cuidado: lança veneno" e os detalhados desenhos.

Mal percebi que o sol já tinha nascido. Desci da árvore ainda folhando o livro. Na última página não havia desenhos.

– Fúria da Noite - Li, em voz baixa - Velocidade e tamanho desconhecidos... Este dragão é a cria diabólica do raio com a própria morte... Esconda-se e reze... Nossa, sabem mesmo como assustar as pessoas com um livro... - Murmurei, impressionado pelos vikings não serem exatamente os seres acéfalos que eu pensava que eram. Estava tão distraído que nem percebi que estava pisando em algo. Pelo menos não até a coisa rosnar para mim...

Quando me virei, vi os olhos amarelos reptilianos brilhando para mim com um sentimento que não consegui identificar qual era... Ódio? Irritação? Fome, talvez. Tinha uma enorme cabeça de salamandra e seu corpo era do tamanho do de um cavalo, mas a cauda causava a impressão de que ele era maior. O couro era azul marinho com alguns detalhes mais escuros, como o céu logo após o anoitecer. As narinas do bicho brilhavam em tom azulado, mas o que realmente me assustou foram as imensas asas de morcego. Eu fiz a única coisa que consegui: Gritei com toda a força que meus pulmões permitiam. O dragão fez o mesmo, revelando seus dentes ameaçadoramente pontiagudos e sua língua semi bifurcada. Enquanto gritava, tive uma pequena noção da minha incrível "descoberta". Dragões existiam. E eu ia ser devorado por um se não saísse logo dali. Afinal, aquele não estava nos desenhos. Só podia ser o demônio descrito na última página.

Dei uma joelhada no pescoço da fera. Se fosse humano, provavelmente já teria caído atordoado no chão sem ar, mas o golpe só pareceu irritá-lo um pouco. (Ei, eu disse que tinha aprendido a me defender usando alguns conhecimentos de minha mãe).

Desesperado, pensei em pegar o arco, mas o dragão estava próximo demais; ele simplesmente o quebraria com suas poderosas patas. A couraça da fera seria muito grossa para que minha adaga atingisse algo importante, e tive a impressão de que apunhalá-lo apenas o deixaria com mais raiva. "Ótimo" Pensei "Um garoto magricela encurralado por uma criatura mítica de oito metros. Típico da minha sorte". A fera avançou e eu pulei sobre sua cabeça, crente de que o dragão estava me mirando. Mas não. Ele queria simplesmente alçar voo e sair dali. Aparentemente plebeus magrelos e medrosos não faziam parte de sua dieta. Acontece que eu havia caído em cima de seu pescoço e estava atordoado demais para pular dali enquanto ele ainda voava baixo.

– AAAAAAAAAAH! ME LEVA PRO CHÃO! - Gritei, enquanto me agarrava no pescoço do dragão. Eu nunca tive medo de altura, afinal, sempre escalava alguns paredões de pedra com Merida, mas aquilo era forçar a barra. A cena deveria ser no mínimo hilária: Um menino com aparentemente catorze ou quinze anos gritando, agarrado no pescoço de uma criatura que nem deveria existir. Ah, e detalhe: com a cabeça virada para a parte de trás da fera. Naquele momento eu agradeci por nunca ter gostado de usar aqueles típicos saiotes masculinos tão comuns no reino.

Depois de alguns minutos parei de gritar, mas continuei naquela posição, agarrado ao pescoço do dragão e tremendo... Em certa altura, notei que sobrevoávamos o mar, mas ainda não ousei me mexer. Só fui fazer isso duas horas depois, quando enxerguei uma ilha com o canto do olho. Era ali que eu precisava descer.


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Notas finais do capítulo

Então, que ilha seria essa? Claro que todos já devem saber, mas vamos fingir um suspense! huhaha. Vai ser legal o próximo, gostei muito qdo escrevi :D



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