P.O.V – Jack

Eu estava sentado em cima de uma geleira bem longe do Polo, Elsa devia ficar com Anna agora, porem mesmo estando naquela geleira, meus pensamentos estavam em Elsa. Meu Deus como o amor nos deixa doidos.

– Você não vai deixa-la não é? – Uma voz séria ecoou atrás de mim.

– Não… Ainda pelo menos. – Respondi sem me virar.

– Não minta para mim Jack, você sabe que não pode. – A voz disse parecendo um pouco irritada.

– Se já sabe a resposta por que insiste em fazer a pergunta? – Perguntei ignorante mesmo, estava triste, morto, ainda sentia dor e ele estava me amolando? Sério isso?

– Você sabe que é errado… - Ele começou a fazer seu discurso pela milionésima vez.

–… Interferir na vida alheia depois que morremos, por isso espero até que os parentes dos meus guardiões morram para trazê-los de volta a vida, para que não passem por isso, é injusto… E blá blá blá… - Falei demonstrando impaciência. – Mas sabe o que é injusto de verdade? – Perguntei me levantando e virando em direção ao homem de terno branco parado a pouco menos de dois metros de mim.

Ele não se moveu, deixando-me continuar.

– Injusto é você me fazer escolher entre a minha vida e a de Anna, injusto foi você ter me feito escolher sobre pressão…

– Se arrependeu de sua escolha Jack? – Ele perguntou sem expressar nada.

– Você sabe que não. Mas me cansei de você falar em injustiça quando você foi injusto! Quando a minha morte e a de Anna foram injustas! Quando tudo a minha volta parece injusto! – Berrei me aproximando dele cada vez mais. – Mas quer saber!? Eu to numa boa… Eu estou vendo a mulher que eu amo chorar por injustiças, estou vendo uma grande amiga ter que ajudar Elsa sozinha, o que também é injusto e estou tendo que ouvir você me falar de injustiça toda vez que tento fazer algo para ajudar! Mas eu! Estou! Bem!

Berrar tudo aquilo para fora realmente me fez bem… Não vou mentir, dentro desses dois dias eu quis falar isso varias vezes, mas só agora eu havia explodido de verdade, estava cansado de ver Elsa chorar, estava cansado de sentir essa dor dentro de mim mesmo morto, estava cansado do homem da Lua no meu pé… Estava cansado de tudo, era como se minha própria alma quisesse morrer. Uma morte impossível de fato.

Ainda olhando o homem da Lua pude ver um brilho em seus olhos, um meio sorriso formou-se em seus lábios, eu não sabia o que diabos aquilo significava, muito menos se era bom ou não, então simplesmente me afastei e respirei fundo novamente por impulso.

P.O.V. – Anna

Àquela hora o caixão de Jack já havia sido enterrado, eu estava dentro do Polo servindo chocolate quente para Elsa enquanto ela respirava fundo e suspirava pesado a cada dez minutos contados.

– Alguma ideia do que fazer agora? – Elsa perguntou cortando o silencio.

– Não… - Respondi sem pensar. Mas depois uma ideia me surgiu. – Que tal voltarmos a Arendelle? Sabe, só para passar por lá, queria ver se algo mudou…

– Anna, todos pensam que você esta morta e… - Ela olhou para mesa desnorteada. – Jack havia me prometido que voltaríamos lá quando tudo isso acabasse… Não sei se seria a melhor hora.

– Tudo bem, por falar em Arendelle… Você deixou mesmo o reino todo nas mãos de Kristoff? – Perguntei sem esconder a surpresa.

– Sim… - Ela disse e soltou um riso pelo nariz. – Me pareceu uma boa ideia…

Eu apenas sorri de volta e balancei a cabeça negativamente.

Tomamos nossos chocolates quentes e fomos tomar um banho, Elsa e eu passaríamos a noite no Polo e partiríamos ao amanhecer do dia seguinte.

P.O.V. – Elsa

Conversar com Anna de fato me fez bem, estar com ela me fazia bem, mas agora eu estava sozinha, já tinha tomado banho e agora estava olhando para fora da janela sem nenhum pingo de sono. A aurora boreal se espalhava no céu, tons de verde, azul e roxo dançavam em constante sincronia. Fiquei ali não sei quanto tempo, olhei meu reflexo no vidro para ver se tinha olheiras, mas me surpreendi ao ver Jack parado atrás de mim, me virei rapidamente e dei de cara com o nada.

– Ótimo, a falta de sono esta me deixando louca… - Falei para mim mesma e fui me deitar.

Cai no sono tão rápido que nem me lembro de ter deitado no travesseiro.

*Sonho*

Eu estava sentada no meio do nada, sentada no chão cheio de neve e apoiando o corpo jogado para frente com as mãos.

O soluço do meu choro ecoava pelo lugar todo, só que eu não sabia pelo que eu chorava, apenas chorava, então ouvi uma respiração baixa e passos lentos. Quis levantar a cabeça e ver quem se aproximava, mas minha cabeça pesava e pendia, como se ela não quisesse me obedecer.

– Eu adoraria ver seus olhos sabia? – Uma voz disse na minha frente, por um momento pensei que era Jack, mas depois vi que não reconhecia a voz.

Então minha cabeça se levantou sozinha, e eu pude ver um homem de terno branco parado na minha frente, seus olhos brilhavam num tom prateado não me deixando ver a verdadeira cor, os cabelos pretos estavam bagunçados, como se ele tivesse passado a mão com impaciência.

– Bem melhor não acha? Uma rainha não deve nunca abaixar a cabeça, independente de seu inimigo… Certo Elsa? – Ele perguntava se abaixando e me encarando nos olhos.

O brilho de seus olhos cessou porem mesmo assim não conseguia dizer com certeza qual era a cor dos olhos daquele homem, enquanto ele me olhava, seu olhar me atravessou, como se ele estivesse estudando minha mente.

– Pare com isso… - Disse sem pensar, e sem saber o porquê de ter dito.

– O que? – Ele perguntou surpreso.

– Minha mente, saia de dentro dela. – Eu disse agora sabendo o porquê do incomodo.

Ele sorriu surpreso e seus olhos ganharam novamente o brilho prata.

– Tenho uma surpresa para você pequena… Acho que você vai gostar. Pelo menos é o que nós esperamos… - Ele disse me olhando, não sei como, mas identifiquei seu olhar como fofo.

– Surpresa pra mim? Você e quem acham que eu vou gostar? – Perguntei sem esconder a curiosidade.

– Você descobrirá quando acordar, digamos que se meu jogo fosse de troca, você saiu ganhando. – Ele disse sorrindo, então percebi que não chorava mais, e que estava em um campo verde, varias flores se espalhavam pelo campo, o sol brilhava caloroso.

Olhei em volta, e depois para mim, eu usava um short jeans azul marinho, uma sapatilha preta e uma blusa branca com detalhes dourados.

– Sai! Eu vou chegar primeiro! – Ouvi alguém dizer ao longe. Então alguém riu em resposta.

– Mas não vai mesmo Anna, você é muito lerda! – A outra pessoa gritou de volta.

Então pude ver Jack e Anna correndo em minha direção. Jack estava com uma camiseta azul escura, uma calça jeans branca e estava descalço como Anna, porem ela usava um vestido florido que ia até o meio de suas coxas.

– Oi Elsa! – Anna berrou ao longe.

– Oi Amor! – Jack berrou pegando impulso e correndo mais que Anna.

*Fim do Sonho*

Acordei com lagrimas escorrendo dos olhos, porem com um sorriso bobo no rosto, aquela cena não saia da minha cabeça, e eu não queria mesmo que ela saísse.

Ouvi movimentação no andar abaixo, imaginei que Norte não voltaria a fazer os brinquedos tão cedo, limpei meu rosto e levantei, a camisola preta não era nada transparente, então não tinha problema em perambular por ai com ela, pelo menos até eu descobrir o motivo da movimentação.

P.O.V. – Jack

Eu não entendia… Sinceramente eu não entendia. Não que eu não estivesse feliz, mas… Eu não entendia! Era como um quebra cabeça, daqueles que você passa semanas montando, e quando acaba nota que falta uma peça.

Minha mente estava à milhão. E mesmo assim nada do que eu pensava era a solução pras minhas duvidas. O homem da Lua, ele sorriu, e depois brilhou forte, então eu fechei os olhos e… e… Pronto a partir daí eu não me lembrava de mais nada. Muito menos como havia chegado ali.

Eu estava no Polo, com minhas roupas antigas e meu cajado. Fiquei perambulando pelo Polo, ninguém podia me ver mesmo… Mentira! Os Elfos e outros ajudantes do Norte me viam, entravam em pânico e saiam correndo. Fiquei imaginando como eles podiam me ver, mas nem liguei.

Bom nem liguei até agora.

– Jack? – Norte disse parado na minha frente, branco como uma folha.

Ai meu Santo. O Norte estava me vendo!? Como isso?!

– Norte? – Respondi incrédulo. Ele não podia estar me vendo… Podia?

Então atrás dele eu a vi. Elsa estava com uma fofa cara de sono, usava uma camisola preta, os cabelos presos em um rabo d cavalo bagunçado. Ela olhava na minha direção, mas seus olhos não me atravessaram dessa vez… Ela olhava diretamente para mim.