P.O.V – Jack

Havia algo errado, algo que ela não queria me contar. Senti isso quando Olaf voltou do quarto dela e mesmo assim Elsa demorou em descer. Quando vi a mecha de cabelo loiro platinado eu não pude fingir que tudo estava normal. E ela teria que me explicar o que era, e ela sabe disso.

Assim que terminei de comer, me retirei e fiz um sinal para Elsa, ela me olhou como se tivesse entendido e olhou para o prato de cristal a sua frente como se quisesse que toda a comida se materializasse de volta a ele. Não pude evitar rir. Voltei para o andar de cima e entrei no meu quarto, era grande com uma janela enorme, uma cama de casal com dossel azul bebê, um espelho ao lado da janela e um armário.

Sentei-me na cama e comecei a brincar com neve, até que ouvi uma leve batida na porta, ou melhor, cinco leves batidas na porta, que faziam um ritmo. Imaginei ser Elsa e mandei entrar.

Não estava enganado era ela mesma.

– O que foi aquilo na porta? Sabe… A batidinha com ritmo. – Perguntei ainda olhando para cima.

– Uma coisa… Da minha irmã. Acabei ficando com essa batida na cabeça. – Ela respondeu olhando para o chão, mas pude notar suas bochechas ficando vermelhas.

– Bom, não era sobre isso que eu queria falar com você. – Eu disse me levantando, a frase soou mais grossa do que eu gostaria. – O que está acontecendo com você? O cabelo está mudando, os olhos também e… Ontem você não teve pesadelos pelo que andei notando.

– Eu não sei… Estou voltando a ser como era. Bom você deve saber que meus cabelos nem sempre foram pretos e os olhos… - Não a deixei terminar a frase.

– Azuis. Eu vi imagens suas no castelo de Arendell. Esse que é o bom de ser invisível. – Disse dando um meio sorriso, enquanto ela se sentava.

– Bom, então. Tem alguma coisa me fazendo voltara ser como eu era. E eu não quero isso. – Ela disse se arrumando na cadeira e me encarando com as orbes cinza.

– E você sabe o que está te fazendo voltar? – Perguntei sem esconder minha duvida.

– Sim… Não… Na verdade, eu imagino. – Ela me respondeu meio nervosa.

– E então. O que é? – Perguntei com a maior cara de duvida.

– Você. – Ela me respondeu tão fria que me deu calafrios.

Assim que consegui pensar em uma resposta Olaf apareceu na porta chamando Elsa. Ela pediu licença e seguiu Olaf até o andar inferior.

– Eu… Como eu? Não estou fazendo nada de mais. Apenas a ajudando, ou melhor, tentando ajudar! Como pode ser eu? – Perguntei para mim mesmo andando de um lado para o outro.

Resolvi ir até o Polo, talvez Norte me ajudasse com alguma coisa.

– Jack Frost! Finalmente veio fazer uma visita. – Norte disse assim que atravessei a janela de sua oficina.

– Deixa de ser dramático… Nos vimos no começo da semana. – Eu disse sentando na mesa.

– Hoje já é sexta-feira Jack. – Norte me respondeu sem parar de olhar uma escultura de gelo, acabei levando um susto em saber que era sexta.

Expliquei toda a situação para Norte, que por um milagre parou de olhar a bailarina de gelo que girava a sua frente e me encarou serio.

– Já pensou em ver as lembranças da infância de Elsa com a Fada? Ela pode não gostar da ideia, mas o que você não pode sorrindo que ela não faça chorando? – Norte me respondeu voltando a atenção para a bailarina.

– É uma boa ideia… Mas quero só ver como vou fazer a Fada me deixar ver as lembranças de Elsa. – Disse tentando bolar alguma coisa. – Tenho que ir. Obrigado pela ideia Norte!