– Castiel, não! – gritou a garota se sentando na cama. Abriu os olhos e percebeu que fora apenas mais um pesadelo. Suspirou derrotada, antes de ir tomar banho. Demorou para se livrar da sensação que pesadelo lhe deixara. Não era a primeira vez que sonhava com aquilo, Castiel estava em perigo e ela sentia isso.

Ashley saiu do banheiro envolta em sua toalha. Encarou-se no espelho apenas por um breve instante antes do seu celular cobrar atenção. No visor o número que aparecia pertencia a Dean Winchester. A ruiva desligou a chamada, verificaria quem era o engraçadinho por trás daquelas chamadas mais tarde, por hora ia encontrar sua irmã. Escolheu uma roupa confortável e que possibilitasse seus movimentos, afinal estava indo para o território inimigo, precisava de todo cuidado. (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=157984876)

Separou algumas armas para deixar próximas de si e colocou mais alguns itens na mochila, como água benta e sal. Trançou o cabelo de forma que não lhe caísse nos olhos e então seguiu viagem.

Um raio caiu no horizonte fazendo Ashley se assustar e soltar o volante momentaneamente e voltar a segura-lo em seguida.

– Calma, Ashley. Contenha-se. –murmurou para si mesma. Entretanto a ideia de voltar a ver Crowley sozinha lhe assustava. Não podia negar que desejava que Mia estivesse ali consigo, se Mia estivesse ali seria diferente, afinal a loira sempre sabia o que fazer, não ficava nervosa com a situação... Mas depois de tantos encontros fatídicos com o demônio Ashley tremia só em pensar nele. A ruiva se perguntou quando o ódio e a raiva se transformaram em medo e pânico, mas se ela quisesse salvar sua irmã e Kevin tinha que enfrentar seu medo.

WYOMING - EUA

Mia colocou o distintivo falso na pasta que compunha o look e fitou o espelho, estava em roupas sociais e o cabelo loiro caia preso em um rabo de cavalo no alto da cabeça, a maquiagem leve realçava a cor de seus olhos, qualquer um que a vise não desconfiaria que ela não era realmente uma agente. Fechou os olhos e se lembrou do início da sua vida como caçadora, Katherine estava sempre com revistas de moda e sobre filmes de ação para falar qual era a última tendência, sorriu com a memória das horas que passaram no shopping comprando as roupas que a irmã considerava necessárias.

Trancou o quarto que alugara e seguiu para a delegacia, depois poderia passar na casa dos familiares das vítimas, mas não acreditava que seria preciso. Tinha certeza que se tratava de vampiros. Enquanto dirigia pensava no que Ashley estaria fazendo agora, já teria escutado sua mensagem? Ia esperá-la para ir atrás de Katherine?

A ideia de Ashley e Crowley num mesmo ambiente a inquietava. Kath tinha lhe falado sobre o desastre que teria ocorrido de Castiel não estivesse lá na última vez em que se encontraram. Castiel não estava mais lá agora, assim como Dean... Onde estavam?

Estacionou na frente da delegacia e já ia saindo do carro quando lembrou do seu celular, procurou por alguns instantes na bolsa sem encontra-lo. No quarto o celular vibrava sobre a foto do casal, na tela o nome do loiro.

NOVO MÉXICO- EUA

Era por volta do meio dia quando Ashley parou o carro perto de um matagal, apagou os faróis e encarou a chuva que caia por alguns instantes, a partir dali ela teria que seguir a pé para não levantar suspeitas.

– Que Crowley não esteja lá. – torceu ela, saindo do carro e se embrenhando no mato.

*

Ashley estava caminhando já há algum tempo e suas roupas já estavam completamente encharcadas quando avistou uma casa que parecia abandonada.

–É lá, tem que ser. Me aguardem que eu estou chegando! –comemorou ela com um sorriso. Deu alguns pulinhos na chuva, fazendo com que a lama respingasse em seus coturno, mas ela não se importava. Ia salvar sua irmã, as coisas estavam dando sorte.

*

Crowley estava no sótão quando avistou a garota entre os matos que circundavam a casa.

– Venha para mim, Sweet. –sussurrou ele, saindo de perto da pequena janela que havia ali e dirigindo-se para a bruxa. – Em breve, você terá companhia.

– O que você está fazendo, Crowley? Eu quero sair daqui! Me solta! -gritou a loira com o que restava de sua voz, as roupas estavam ensanguentadas e o cabelo desgrenhado.

O demônio parou por alguns instantes a encarando. Desde de que a bruxa havia negado lhe passar o endereço que almejava ele a mantivera ali sendo torturada, entretanto a bruxa sabia que enquanto deixasse e o endereço em segurança, longe dele, ela ainda estaria viva. Ele sorriu para ela.

–Dê-me o que eu quero. – exigiu ele.

–Não! Eu quero minha liberdade de volta, Crowley! –ordenou a bruxa, recebendo como resposta as costas do demônio que se virou e deixou o cômodo.

*

Alguns minutos se passaram até que a ruiva chegasse à casa. Estava completamente encharcada, mas não poderia estar mais feliz. A garota se dirigia para a porta dos fundos quando sem querer se deslizou e soltou um gritinho.

“Idiota”xingou-se antes de se camuflar novamente no mato, esperou que alguém a alcançasse, como isso não aconteceu, voltou para perto da casa e já ia levando a mão a maçaneta quando a porta foi aberta revelando Crowley dentro da casa um copo de Whisky.

–Que bom que veio me fazer uma visita, sweet!

***

Dean e Sam terminavam de arrumar o Impala novamente com os objetos de caça quando o mais novo parou.

– Você tem certeza disso, Dean?

– Se você não quer mais isso para sua vida, Sam, eu não posso impedir. É a sua vida, seus problemas; Mas eu não vou ficar parado aqui, quando a minha garota não atende o telefone há vários dias, quando tem um profeta e uma amiga, que até onde eu sabia era a sua garota, raptados por um demônio idiota e tem uma garota maluca que me ajudou a salvar a sua vida desaparecida. Então, sim, eu tenho certeza.

– Katherine está morta, Dean. – o Winchester mais novo falou entredentes.

– Você viu? Crowley mostrou o corpo para você? – o outro rebateu exaltado, sem receber resposta do irmão. - Então, não me venha falar que ela está morta porque eu não acredito, assim como não acredito que você leva em consideração o que um maldito demônio diz.

O loiro tomou seu lugar no volante e colocou o carro para funcionar.

– Você vem? -questionou. Sam respirou fundo um instante, antes de abrir a porta do passageiro e entrar no carro.

***

– Crowley... –murmurou a ruiva dando alguns passos para trás e sendo detida por dois rapazes de olhos negros. - Que isso, Ashley, não seja tímida. Venha, podemos tomar um chá se você não quiser algo tão forte.

Ashley sentia seus batimentos acelerados, por um instante o rosto de Castiel lhe veio à cabeça. “Calma, Ashley. Ninguém está morrendo aqui!” ordenou a si mesma, mas não deu nenhum passo em direção à casa.

–Suponho que você não esperava me encontrar aqui, certo? – Crowley deu-lhe as costas em direção à uma pequena mesa que estava no meio do cômodo e se sentava.

A ruiva ponderou por alguns instantes, não tinha saída, teria que entrar ali de qualquer maneira, mas que fosse pelo menos com alguma dignidade. Ela encarou o Rei do Inferno por alguns instantes e em seguida para os demônios que a seguravam.

– Claro, claro. Podem soltá-la. – mandou ele aos seus subalternos que o obedeceram imediatamente. Ela lançou lhes um olhar superior e seguiu para dentro da casa com toda a dignidade que conseguia juntar.

Crowley fez menção para que ela se sentasse e assim ela o fez. O demônio continuou bebendo em silêncio por um longo tempo enquanto a garota encarava hesitante o ambiente. Eles estavam em uma cozinha antiga onde os antigos móveis estavam cobertos por lençóis brancos cobertos por teias de aranhas e poeira, entretanto o centro do cômodo estava limpo, dava para ver que o piso um dia fora branco. O único móvel novo no ambiente era uma pequena mesa quadrada com quatro lugares, em cima tinha uma garrafa de Jack Daniel’s e um bule com chá e uma xícara já servida.

– Fique à vontade, sweet. – o demônio quebrou o silêncio lhe passando a xícara.

– Não, obrigada. Aliás, poderíamos ir direto ao ponto, por favor?

– Ashley, Ashley... Você sempre tão direta, por isso gosto de você. Nunca perco meu tempo com você. –elogiou ele deixando o copo sobre a mesa.

–Incrível porque eu sempre perco o meu com você! –acusou a garota se levantando. – Quero saber onde está sua irmã e o Kevin!

O demônio a encarou por alguns instantes, os cabelos avermelhados estavam trançados e pingavam, o rosto estava pálido, os olhos azuis grandes em alerta, o corpo pronto para correr ou lutar. Ela o lembrava de alguém que ele gostaria de esquecer.

–Não estão aqui. –respondeu ele, se levantando.

–Não acredito em você!

– Não pedi, para que acredita-se. Apenas falei que não estão aqui! – rebateu o demônio se aproximando dela.

Ashley lembrou do último encontro dos dois quando ele se aproximou e ela jogou-se do beiral do hospital. Fechou os olhos e se lembrou-se de quando seu corpo atingiu o chão. Instintivamente ela deus mais alguns passos para trás.

– Com medo de mim, sweet?

***

Os raios cortavam o horizonte e o céu do dia não era tão diferente do que a noite tinha sido. O som da chuva do lado de fora ecoava por dentro da igreja e tornava-se mais real com o som das goteiras em algumas partes da construção. Kevin estava jogado em um dos bancos que um dia serviu para que os fiéis rezassem, enquanto Katherine encarava a janela a procura de algum movimento ou qualquer sinal de algo que não deveria estar ali.

Os dois tinham passado a tarde do outro dia e a noite fazendo símbolos de proteção contra anjos, demônios e qualquer outra coisa que ousasse aparecer. Na falta de armas, proteção era a aposta.

– Você pode descansar enquanto eu faço guarda. –o profeta ofereceu com os olhos fechados fazendo a morena abrir um sorriso.

– Não se preocupe, pode descansar. Receba como um brinde por ter enganado O rei do Inferno. – respondeu enquanto se encolhia, eles tinham conseguido se livrar da maior parte da sujeira que os cobrira na tarde passada, entretanto não haviam roupas para que se trocassem então ambos estavam seguros, limpos e molhados.

Katherine assistiu o profeta fechar os olhos e logo cair na inconsciência, as linhas de preocupação em seu rosto se desfizeram e seu rosto voltou a ser o rosto pacífico de um adolescente. Por um momento a caçadora voltou para as inúmeras conversas que os dois tiveram na cela onde o demônio os jogara. Ele queria ir para Princeton, tinha uma namorada e tocava violoncelo, tudo indicava que teria uma humana vida normal e feliz, claro nem tudo é como planejamos. A morena suspirou triste pelo rapaz.

A chuva continuou caindo e ainda relampeava terrivelmente quando a garota fechou os olhos e caiu na inconsciência.