Sayonara, Bocchan. escrita por MilyKawaiis


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, essa é a minha segunda one-shot ^3^ Espero que gostem, não sou boa nisso estou tentando melhorar então por favor peguem leve comigo, críticas construtivas são bem-vindas :3



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– Então Bocchan..- Um sorrisoatravessou os lábios do mordomo, que acariciou gentilmente a face do garoto

Não um sorriso cínico ousarcástico como o esperado, apenas um sorriso gentíll, acolhedor. Os olhos do demônio oscilavam entre o rosa e oarroxeado, brilhantes, fitavam aqueles olhos belos do garoto, originalmente azuis, um azul tão profundo quanto o Hope Diamond, que o acompanhara toda vida - exceto essa pequena e, provavelmente, a mais importante parte: Sua morte

A morte pela qual o garoto esperara com tanta tranquilidade e indiferença, a qual quase beirava a gentileza.Como o vôo de uma pomba branca,ou como os olhos taciturnos de Vossa Majestade Victoria. Uma morte tranquila, quente, gentil, afável... Até mesmo amável.

Os dedos gélidos de Sebastian tocaram o rosto do menino, que tremeu por inteiro. Reação extremamente meiga ao ver do demônio, que fitava o garoto, que por si tinha os olhos fechados.

Quero que crave a dor em minha vida... Em minha alma.As palavras duras ecoavam pelos ouvidos do maior, que se sentia na obrigação de fazê-lo, pois era a ordem absoluta de seu mestre, e até hoje, por dois anos, Sebastian obedecia fielmente cada mínima ordem de Ciel Phantomhive.

Mas, ele, um Demônio, um ser que até agora, acreditava não ter sentimentos..Seria capaz de cumprir aquela ordem? Uma única ordem desobedecida, na mente de Sebastian, era o mesmo que uma traição. Pois no contrato pelo qual ambos se responsabilizaram, Ciel deveria oferecer a alma ao demônio em troca de obter seu objetivo - a vingança. Se esse contrato for violado por uma das partes, seria quebrado.

Mas a vingança havia sido concretizada e a fome do domônio era, até certo ponto, insuportável, quase incontrolável. Uma fome por almas; e a alma forte e imponente do garoto seria, decerto, o melhor banquete.

Ainda assim...

A alma de Ciel poderia ser preenchida por muitas outras almas de outros insignificantes aleatórios; ele não precisava fazer seu mestre sentir dor, apenas precisava se alimentar.

Esses pensamentos fizeram o demônio se indignar consigo mesmo.

Um demônio depravado e sujo com sentimentos puros por um humano qualquer... Não, Ciel não era um humanoqualquer, ele era Ciel Phantomhive, o humano que matara um anjo, que dera a ordem para matar um cão demônio, um humano que se relacionou com Deuses da Morte e, principalmente, um humano que fez um demônio se apaixonar.

Cada pensamento passava em milésimos na cabeça de Sebastian, que sentia uma dor profunda a cada vez que se aproximava mais da face do garoto.

Sebastian...? - murmurou o garoto, abrindo um pouco os olhos ao ver a demora que se prolongara.

Não..., pensou o demônio,eutenhoque fazer isso, ou ele nunca me perdoaria...

– Feche os olhos, por favor, Jovem Mestre - falou, a dor estampada em seus lábios.

Relutante, Ciel fechou os olhos, então murmurou:

– Você sabe que, se não fizer, nunca vou te perdoar...

Eu sei, Jovem Mestre... Eu sei...

Então os lábios do maior tocaram levemente nos do menor, que se assustou com o ato, tremendo todo o corpo.

De repende, a dor se propagou.

Os músculos de Ciel queimavam, quase em chamas, a dor atravessava o coração, que parecia, de alguma forma, enozado - assim como cada veia de seus pulsos, todas pareciam enozadas, aumentando cada vez mais a dor.

Uma névoa arroxeada se movia dos lábios do garoto até os lábios do demônio. Os olhos de Ciel se abriram em meio à dor, e a marca do olho direito brilhava, como se quisesse se arrancar dali.

Apesar de toda a dor, de todo o desespero... Ciel não gritou ou protestou.

Calmamente, se deixou ser levado pelo demônio que tanto amava,às vezes desejando que este também o amasse e que não tivesse arrancado tão violentamente sua alma. O arrependimento pulsou emflashesna mente de Ciel, como se quisesse ao menos dizer que o amava antes de partir.

E este, ironicamente, foi seu último pensamento.

Eu te amo, sussurrou mentalmente, enquanto o corpo já sem vida caía nos braços do mordomo.

O corpo frio e pequeno do garoto pendia no colo de Sebastian, e este fitava os olhos fechados e tão puros da criança em seus braços trêmulos.

O arrependimento, a mágoa e a dor atravessaram o peito do demônio; que agora não era mais um mordomo, mas insistia em continuar na sua forma humana. A forma que seu mestre tanto admirava; a forma que seu mestre tanto amava; a forma na qual seu mestre mandava.

O corpo de Ciel então se pôs em chamas, transformando cada peça de roupa, cada órgão, cada pedaço da pele em cinzas. E as cinzas foram arrastadas pelo vento, transformando-se em nuvens negras que entristeciam o céu. O demônio olhou-as serem levadas, a face em dor.

Eu não sou mais Sebastian Michaelis... Não sou mais admirado por ninguém... Então por que será que ainda desejo rever aquele lugar?, pensava,Se eu fosse capaz, choraria agora..., e então fitou novamente o chão empedrejado, que desaparecia sob seus pés. Ao olhar novamente em volta, os destroços da Ponte Sagrada o rondavam, e a noite de lua nova não cedia estrela alguma à visão alheia, dando um ar repugnante para o céu escuro.

Os pés do demônio se moveram lentamente, até longe daquele lugar. Uma carroça vazia foi avistada e ele rapidamente e roubou, colocando os cavalos para correr em velocidade máxima.

Horas e horas de corrida sem descanço, e Sebastian - ou osupostoSebastian - ainda tinha a face em dor.

Antes que pudesse imaginar, à frente dele se encontrava seu tão almejado destino.

A Mansão dos Phantomhive, queimada e acabada.

Pois mais algumas horas, ficou em pé à frente da porta destroçada - porém ainda pregada às dobradiças enferrujadas-, até que o Sol se atreveu a nascer, iluminando a, antigamente, tão formosa e bela mansão. Os ecos das risadas dos empregados e os gritos e reclamações de Ciel impregnavam nos ouvidos de Sebastian, fazendo-o soltar lágrimas invisíveis.

Afinal, onde e como estariam Maylene, Finny e Brad? Rogava para que estivessem bem; salvos.

Os pés novamente se moveram e as mãos abriram as portas queimadas e quebradas da mansão, mostrando um interior sem teto, com apenas o sol iluminando o tão grande e imponente salão de entrada. As escadas espelhadas lembravam Maylene, que vivia sujando-as ao invés de limpá-las; o mordomo olhou para trás, comtemplando o jardim completamente queimado e devastado, e lembrou-se de Finny, que sequer sabia cortar rosas ou adubar a terra. O mordomo se direcionou lentamente à cozinha, contemplando tudo ao seu redor com grande tristeza e, também, felicidade. Ao chegar na porta da cozinha, viu-a caída aos seus pés, queimada e suja; adentrou no local e percebeu a cozinha também completamente queimada - não muito diferente de como Brad a deixava sempre. Isso fez Sebastian sorrir.

As escadas sujas, o jardim destruído e a cozinha queimada... Não era diferente de como conviviam antes, só tinha menos pessoas, menos sorrisos... E, o essencial: não tinha o Jovem Mestre.

Os pés do mordomo o levaram novamente à escada, subindo-a com cuidado e cautela. Passou por algumas portas, lembrando-se do que fazia em cada uma.

No banheiro, banhava Ciel e o trocava; no escritório, fazia anotações; na biblioteca, pesquisava e relembrava fatos distantes que ele mesmo havia vivenciado - como o incêndio de Londres em 1666 e a Peste Negra na Europa, 500 anos antes, a qual ele mesmo havia espalhado -. A memórias, as lembranças... Boas ou ruins, quentes ou frias, afáveis ou duras; se misturavam em sua mente, formando sorrisos gentis que enchiam seu rosto entristecido e doloroso.

Finalmente, chegou ao quarto do garoto.

Adentrou pela porta quebrada ao meio, apesar de haver um buraco enorme encrustado na parede que dividia o quarto do corredor. Fitou a cama do garoto, seus olhos fúnebres acompanhando o expirar e o aspirar dos pulmões da criança que dormia,movimentando levemente o colchão grosso. Então a lembrança daquele dia veio à sua mente:

– Sebastian... - murmurou o garoto, já deitado na cama grande e macia - Fique comigo até eu dormir...

– Ora, ora - riu o mordomo - Está me mostrando seu lado fraco, Jovem Mestre?

– É só uma ordem como outra qualquer...

Sebastian sorriu, ajoelhando-se ao lado da cama do garoto; o castiçal segurado por sua mão esquerda.

– Yes, my Lord.

Ao pensar agora, ele realmente tinha vontade de ver o rosto de Ciel pedindo algo assim para ele. Andou até o criado-mudo ao lado do móvel e pegou uma cartola preta e pequena, com um laço azul marinho atravessando-a sutilmente. Colocou-a debaixo do braço e se direcionou para o corredor. Sorriu para a cama novamente, antes de fechar a porta atrás de si.

Seus pés o levaram para a cozinha avulsa que ficava no andar de cima; branca e com os azuleijos novos e recém-trocados. Ao chegar, ela estava incrivelmente boa; não haviam muitas queimaduras ou perdas, ainda haviam, aliás, alguns ingredientes e apetrechos ainda eramusáveis. A cartola foi colocada em cima da mesa, que tinha uma das pontas queimadas. Ele se direcionou ao armário e pegou alguns ingredientes que ainda estavam intactos - fermento, leite, ovos, chocolate, etc. Voltou-se para o fogão, que incrivelmente, não havia sido explodido. Pôs-se na frente da bancada da cozinha e começou a misturar e bater algumas coisas dentro de um pote branco.

Colocou a mistura de chocolate dentro do forno e esperou até que estivesse pronto, ajoelhado à frente deste.

Algum tempo depois, tirou o bolo de chocolate cheio e bonito do forno, colocando-o num prato grande e jogando pequenos pedaços de casca de limão e laranja em volta, além de duas cerejas envoltas em farelos de chocolate ao lado do bolo. Mousse de chocolate e chantily enfeitaram o volume, além de raspas de chocolate meio-amargo e algumas das rosas brancas - tão amadas por seu mestre - que decoravam um vaso da cozinha foram depositadas ao lado deste.

Ao terminar, a cartola foi depositada em cima do bolo tão bonito.

O mordomo olhou-o com os olhos em dor. Era exatamente como seu mestre: azedo como limão e laranjas mal-amadurecidas, puro como o chantily, belo como as rosas brancas, depravado como as cerejas... Mas, principalmente, doce como o chocolate, e superior como a cartola.

Ele sorriu por alguns segundos, mas depois seu sorriso se desfez, dando lugar a uma expressão de perda, dor, arrependimento e lástima.

Ele estava sozinho.

Olhou novamente o bolo que representava seu tão amado mestre. – Eu estou apenas...Sozinhoe tanto - murmurou, em meio à dor que atravessava o coração.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, sayonara /o