Redenção escrita por Ingrid Renê


Capítulo 2
Contudo.




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Passei direto para o banheiro amarrei meu cabelo que estava bagunçado, meus olhos pequenos e negros estavam melancólicos, pela primeira vez entendi o motivo de sempre dizerem que quando fitavam estas pequenas bolas negras todos sentiam medo, como se perdessem dentro de lembranças ruins, talvez tenha sido esse o motivo de dificilmente encarar alguém.

Fechei a porta de vidro que dava entrada para a varanda, mas subitamente algo me fez olhar pra um garoto que estava sentado no meio-fio, ele estava com a roupa totalmente negra e apenas um tênis azul, quando ia abrir a porta e tentar me aproximar para vê o que ele estava fazendo tão tarde naquele lugar uma mão pousou em meu ombro.

– Ah que susto. - Falei de forma ofegante quando percebi que era meu irmão.

– Apenas quero que saiba que pela parte da manhã não estarei em casa, voltarei na hora do almoço, ligue para algum numero que deixei anotado lá em baixo para encomendar a comida. Boa noite.

– Mano ?

– Oi.

– Havia um garoto... - Olhei para o meio-fio, porém ele havia desaparecido. - Nada, esquece. Boa noite.

Desliguei a luz do meu quarto e me deitei, me cobri com o edredom, não tive muito tempo para pensar pois logo adormeci.

– Socorro! - Ela estava ofegante. - Não faz isso.

Estava sentada na beira de um rio, com um vestido vermelho e o cabelo preso em um coque. Estava trovejando bastante, o céu anunciava que iria chover. Me levantei, apanhei o punhal que estava na minha bolsa e segui para perto da garota que estava gritando. Ela estava amarrada em uma arvore.

– Eu nunca lhe fiz nada, não tire minha vida. - A moça de cabelo loiro, olhos cinzas, boca pequena e pele clara implorava.

As primeiras gotas de chuva vagarosamente atingiam o chão, os vento varria o lugar levando as folhas secas. Estava completamente irritada com os seus gritos.

– Fique quieta, cale a boca ou irei cortar sua língua. - Disse enquanto passava o punhal pelo seu rosto.

– Olga, você nem sabe brincar, deixe-a continuar pois ela vai ficar cada vez mais fraca e quando a hora chegar a presa não vai ter força para lutar. - Era uma voz atrás de mim, logo reconheci era o Antony. - Não esqueça que não existe um alma viva no raio de 30km.

– Ainda vai demorar? - Aproximei-me ele segurou minha mão e a beijou.

– Não, vamos esperar nossos coleguinhas chegarem. - Não foi preciso sua frase terminar pois dois caras fortes um ruivo e outro castanho sairam

do meio da floresta. - Já não era sem tempo. Mademoiselle, corte as amarras!

Fui em direção a garota que em sua ultima tentativa sussurrou:

– Me salva. - E os trovões rangiam mais forte.

Acordei sufocada, meu coração estava com a sístole e diástole cada vez mais rápida, sentia meu tórax doer, mas não se compara ao meu interior, o meu âmago tornou-se um fardo, minhas lembranças angustiantes, eu sabia que aquele era mais um momento que iria sentir o desespero e a minha vida estilhaçada. Eu gritei, quem sabe aquilo diminuiria a dor, diminuiria minha impotência.

Não demorou muito e a porta do quarto abriu, meu irmão entrou, sentou ao meu lado na cama, segurando meu rosto começou a falar:

– Não deixa que isto lhe agrida, que lhe estarreça e silencie. Se continuar assim vai ficar louca. - Ele me abraçou profundamente e me fez deitar na cama. - Lembra como você ia correndo para o meu quarto quando estava com medo, deitava do meu lado e dormíamos, hoje vou dormir aqui com você.

Acordei as 6 horas, me levantei sem fazer barulho, fui ao banheiro fiz minha higiene matinal, sai do quarto e Nou continuava dormindo feito um anjo, passei no quarto da Mel ela estava deitada na cama abraçada com o Fox.

– Maninha.. Mel... Baixinha... Acorda, você tem que se arrumar para ir a escola. - Sentei do seu lado e fox deitou no meu colo.

– Hoje não. - Ela murmurou.

– Se você acordar e se arrumar direitinho, lhe levo para passear na praça e tomar um sorvetinho.

Ela se levantou e me abraçou.

– Bom dia mana. - Ela beijou meu rosto. - Então vou poder escolher quantos sorvetes eu quiser?

– Primeiro vai ser só um sorvete, segundo não se acostume com isto e terceiro vai pro banheiro vou acordar o Nou.

Sai do quarto e escutei alguns resmungos, de certa forma acabei me tornando a mãe dela e meu irmão seu pai. Sei que esta pirralha ainda sente muita falta do nossos pais, me sinto triste por ela ter convivido tão pouco com eles. Mamãe era um mulher forte, ela que sempre mandou na casa, era engenheira civil, sempre trabalhou bastante contudo sempre arranjava tempo para nossa família, ela era alta, magra, loira, mamãe sempre gostou de usar seu cabelo longo, o que combinava perfeitamente com ela, o seus olhos eram iguais ao da Mel cor de âmbar, seus lábios

eram grandes e bem desenhados, que saudades que tenho do seu sorriso, das suas manias de ser um pessoa saudável. Nosso pai era encantador, era biomédico, alto forte, cabelos enegrecidos, seu rosto era quadrado, seus olhos eram iguais aos meus pequenos e negros, o sorriso nunca saia do seu rosto, ele era atlético amava fazer esportes, mas posso dizer que o que ele mais amava era cuidar do jardim e eu era sua fiel escudeira, mesmo nos tempos difíceis o que me ajudava era cuidar, plantar, colher, o jardim muitas vezes me trouxe vida.

Voltei ao meu quarto, sentei ao lado da cama e comecei a fazer cocegas no meu irmão, me deu um dó acorda-lo, sei que não tem sido fácil carregar o peso de tudo em suas costas.

– Bom dia meu irmãozinho mais amado do mundo. Vai tomar seu banho, vou descer e fazer o café a nossa pequena pirralha já esta se arrumando.

– Pequena pirralha é ?- Uma voz infantil veio da porta.

– A pirralha mais linda do mundo. - Logo a pequena abriu um sorriso imenso.

Corri para porta a peguei no colo e fui para seu quarto, separei sua roupa da escola, e desci para fazer o café. Eu gosto de cozinhar, mas meu irmão não deixa, uma vez ele disse que pareço muito com a mamãe a forma que preparo a comida, o tempero e o gosto. Ele deve querer que não faça nada para não enxergar em mim o fantasma da nossa mãe, ele sempre foi mais apegado a ela, ia trabalhar com ela, lembro que no seu ultimo aniversario acordei cedo, quando abri a porta para pegar o jornal na varanda havia uma grande pacote endereçado a Nivia Lewis, sai correndo para seu quarto quando cheguei entreguei o presente de aniversario para mamãe era um quadro, ela estava pintada, perfeitamente e igualmente, com todos seus traços ,com toda sua beleza. Noulan havia pintado.

–Não quero torrada queimada Olga. - Meu irmão disse adentrando a cozinha, ele estava com uma blusa social azul até os punhos, calça jeans e um sapato social.

– Mesmo queimadas ainda vão ser as melhores torradas. - Retruquei enquanto o servia.

– Vou deixar Melanie na escola, depois irei a St Michael's School lhe matricular. - Ele mordeu um pedaço de torrada. - Vou ao hospital conhecer o meu cargo. Você vai ficar bem ?

– Olha eu sei que fiz muita coisa errada, sei que você abdicou de tudo por nós, sei que você está sendo protetor e se esforçando. - Desviei o olhar. - Mas me deixe caminhar um pouco, me dê uma chance. Sou grata por tudo, sei que na noite passada tive um pesadelo horrível, na verdade foi apenas uma lembrança do que aconteceu. Eu só preciso de um tempo.

Não demorou muito e a pequena desceu, estava quase pronta, ela só pediu que penteasse seu cabelo, fiz uma bela trança e servir seu café, depois arrumei um pequeno lanche para os dois levarem e os segui até a varanda.

– Tchau minha princesa, comporte-se. - Beijei sua testa.

– Vou sim, alias quando vamos tomar aquele sorvete?

– Quando chegar falamos sobre isto. - Entreguei sua mochila e me voltei para o Nou. - Tenha um ótimo dia, se cuida.

Dei um forte abraço e ele me entregou um envelope.

– Vá ao super-mercado comprar algumas coisas que estejam faltando na dispensa e pegue um taxi na volta. De tarde vem uma senhora que contratei para lhe ajudar a cuidar da casa, ela deve vim umas três vezes na semana. Tchau

Entrei, encostei a porta e subi para o meu quarto, tirei meu pijama, apanhei minha toalha e segui para o banheiro, liguei o chuveiro e a água começou a cair sobre meu corpo, logo desfiz o coque que estava preso meu cabelo e me molhei por inteira... Depois de ter tomado banho me enrolei na toalha e sai do banheiro, peguei no meu guarda roupa uma calça jeans clara, uma camisa vermelha e uma mocassim azul. Quando sentei na minha penteadeira olhei para minha cama e um frio tomou conta do meu corpo, minha cama estava arrumada com uma flor de Narciso amarela e laranja com uma carta ao lado. Corri para lê a carta

"Bom dia mademoiselle, trouxe está flor para lhe parabenizar pelo seu aniversario de 17 anos que foi a 3 dias atrás e pelo seu retorno, senti saudades, gostaria de saber se posso lhe visitar, sei que você foi embora e nunca mais me ligou, me procurou, mas sinto saudades da sua boca, do seu corpo e do seu toque.

A"

Eu já sabia quem era, seu nome era Antony Carter o meu não tão feliz ex-namorado.


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Notas finais do capítulo

Devo continuar ?