Caçar. Passado. Presente. Futuro. escrita por JuuhLS, Cal Rino


Capítulo 5
Mundo... Já pode voltar para as órbitas, viu?


Notas iniciais do capítulo

Heeey gente, preparamos muitos capítulos para vocês, aproveitem... Beijos e boa leitura caçadores!!



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"Sinto-me fora de órbita, num planeta distante, num movimento de translação em torno de uma luz para que eu possa ter vida".

Por autora:

– Ah meu Deus, como eu não percebi isso antes? – Emily disse e colocou a mão na cabeça – estamos ferrados!

– Como assim? Por quê? – perguntou Sam confuso.

Eles estavam no quarto dos meninos no motel. Cada um havia contado o que descobriram. Desde o sanatório até a biblioteca.

– Não perceberam – a morena perguntou – o padrão – Emily apontou para o papel e os outros três olharam para o mesmo – Irmãos, entre 20 e 28 anos. Nós estamos nesse padrão!

Os três ficaram embasbacados.

– Merda – disse o loirinho – isso tinha que acontecer, mais uma vez, estamos na mira de mais um fantasma.

– Pessoal, de qualquer jeito, estaríamos na mira dele mesmo, quando ele descobrisse o que pretendemos fazer com ele – disse Katherine.

– Ela tem razão – disse Dean – cara, estamos muito tensos.

– Sim, precisamos de uma distração – falou Katherine e Emily já sabia o que estava por vir – porque não vamos á um pub? Já que não podemos fazer nada até amanhã.

– Pode ser – disse Emily, ela também precisava espairecer.

– Tudo bem então – Sam foi em direção à cama e pegou sua jaqueta colocando-a.

– Vamos? – perguntou Dean.

– Uhu – disse Katherine – até que enfim um pouco de diversão.

Dean abriu um sorriso também.

...

Por Dean Winchester:

Saímos dos carros e fomos em direção ao único pub da cidade. Pessoas iam e vinham por ali, alguns casais se amassavam nas mesas. Escolhemos uma mesa assim que adentramos o lugar. Alguns caras passavam e assobiavam para Katherine e Emily. Enquanto Katherine devolvia alguns olhares, Emily abaixava a cabeça envergonhada. Outras garotas davam olhares significativos para mim e Sam. Cada uma mais gata que a outra.

– O que vão querer? – Um garçom chegou à mesa deles e olhou especialmente para Katherine que ficou imóvel.

– Hum, uma dose de Whisky – pedi.

– Pra mim também – pediu Sam.

– Outra – pediu Katherine.

Emily ficou calada.

– Não vai pedir nada? – perguntei e ela negou com a cabeça. O garçom foi pegar nosso pedido.

– Você não bebe? – perguntou Sam.

– Não – ela respondeu – não acho inteligente acabar comigo mesma dessa forma.

– Viu que gato mana?! – falou Katherine e elas se entreolharam.

– Hum – ela deu uma gargalhada – só você mesmo Katy.

– O que foi? – ela perguntou “inocentemente”, dei risada.

Olhei para o Sam e este não estava com uma cara lá muito boa. O garçom trouxe o nosso pedido e ainda deu uma piscadela para Katherine.

– Então, o que vocês faziam antes de virarem caçadoras? – perguntei as garotas.

– Bom, é uma longa história – falou Katherine.

– A nossa também – respondi – vamos fazer um trato, nós contamos e vocês também.

– Sem acordo loirinho – falou Emily – até porque, já sabemos a história de vocês.

– Como vocês sabem? - perguntei

– John – Emily e Katherine falaram ao mesmo tempo.

– Então contem a de vocês – pediu Sam com aquela carinha de cachorrinho dele.

– Não - Emily respondeu curta e grossa.

– Por favor, não tem nada... - eu ia falando mas Katherine me cortou.

– Ok – falou Katherine - nossa família é de linhagem caçadora, nossos antepassados, todos eram caçadores. Mas meu pai era diferente. Ele queria ter uma vida normal e conseguiu. Quando ele fez vinte anos, saiu de casa e foi morar sozinho, não muito longe da casa dos nossos avós. Casou com a nossa mãe e depois veio a Ems e eu - lembro de uma vez, eu devia ter uns seis anos, nosso avô foi nos visitar e ele disse para meu pai: Aquela coisa vai voltar, deixe-as seguirem seus caminhos.

– Isso você nunca me contou – falou Emily calma. Katherine deu de ombros e sorriu – depois disso, meus tios foram nos visitar e eles e nosso pai tiveram uma discussão. Meus tios queriam nos treinar, mas meu pai não queria, ele queria que tivéssemos uma infância normal. Fomos crescendo, quando nossos tios começaram a nos levar para a casa deles quando meu pai viajava a negócios, para nos treinar. Começamos quando eu tinha sete e a Katy nove.

– Qual os nomes dos tios de vocês? – perguntou Sam olhando para as duas moças.

– Megan e Gordon – respondeu Emily – Gordon é irmão do meu pai, ou era, eu não sei... – ela tinha um olhar triste parecia que ia chorar. Mas depois se recompôs e voltou a sustentar aquele olhar duro.

– Espera! – disse – Megan e Gordon? Megan e Gordon Brooke? – perguntei e elas assentiram com a cabeça – meu Deus.

Olhei para Sam que sorriu.

– O que têm eles? – perguntou Katy.

– Eles são caçadores incríveis – Sam disse com um brilho nos olhos – o papai contava histórias sobre eles. Ouvimos muito falar sobre eles. São uns dos melhores.

Elas sorriram e depois Katherine se pronunciou:

– Bom, eu não queria treinar nem virar caçadora, eu queria ser normal. Ter uma vida, adolescência normal. E naquela época, eu era um pouco medrosa – Emily riu da irmã – já a Ems queria isso até demais – Sam sorriu para ela e eles trocaram olhares.

– É eu entendo você – disse ele e ela sorriu.

Eles estavam flertando um com o outro?!

– Então começou aquela briga quando meu pai descobriu - Emily disse - eu tinha onze e a Katy treze. A Katy, ficou do lado do meu pai, lógico, ela queria aquela vida tanto quanto ele, mas eu fiquei contra – Katy murmurou um “como sempre, Emily Brooke a do contra”, e em seguida recebeu um olhar mortal da irmã - Eu queria caçar coisas, salvar, ser livre. Eu era a pirada da família – disse Emily.

– Você ainda é – Katherine falou docemente e deu um beijo na bochecha da irmã.

– Calada – Emily reclamou com uma raiva falsa.

– Wow, vocês são iguais a nós – falou Sam – só que eu sou o pirado da família por ser normal e o Dean é o normal da família e louco pro mundo – ele riu e eu dei um soco de leve em seu braço.

Elas acompanharam o Sam nas risadas e depois Katy continuou:

– Eu sabia que era o certo. Tínhamos que fazer aquilo. Tínhamos que virar caçadoras. Nosso avô nos visitou pouco antes de morrer – ela suspirou – ele disse que tínhamos que fazer aquilo, que aquela coisa viria atrás de nós. Nunca descobrimos do que ele estava falando, mas vamos descobrir. Então eu liguei para os nossos tios e... – agora ela tinha lágrimas nos olhos. Emily continuou pela irmã:

– Nossos tios, nos pegaram e nos levaram naquele mesmo ano. Foi quando começamos a caçar mesmo. Anos depois, recebemos uma carta do nosso pai. Ele pedia desculpas e disse que eu tinha razão. Então a maior surpresa de todas, ele começou a caçar também. Enviamos outra carta, mas não obtivemos resposta. Até hoje, estamos procurando por ele.

– Vocês começaram a caçar com onze e treze anos? – perguntou Sam e elas assentiram.

– E os tios de vocês? – elas se entreolharam tristes quando eu perguntei.

– Sumiram quando eu tinha dezesseis e Ems quatorze. Então começamos a nos virar. Foi quando conhecemos o John, ele nos ensinou coisas que não sabíamos, tipo o golpe do cartão – Katy riu – nos apresentou a outros caçadores que poderiam nos ajudar, ficamos amigas de alguns deles.

– Ah, o Bob – Emily deu um sorriso ao falar o nome do velho caçador.

– Conhecem o Bob? – eu perguntei e elas assentiram.

– John era como um tio – Katherine limpou as lágrimas teimosas que caíram – caçamos várias criaturas com ele. Ele caçou com nossos tios também. Um dia ele saiu à procura do nosso pai. Ele nos enviou uma mensagem dizendo que o havia encontrado. Ligamos pra ele, mas ele não atendeu.

– Típico de John Winchester – brinquei ao lembrar daquele caçador experiente e ranzinza.

Rimos.

– Ems rastreou o celular dele, quando chegamos ao local, descobrimos que ele tinha... – Katy disse e derramou mais lágrimas, Emily baixou a cabeça.

– Sentimos muito – Emily disse e Katherine assentiu.

– Obrigada – eu e Sam dissemos em uníssono.

– E agora estamos aqui – Emily finalizou aquele depoimento.

– Sinto muito – disse Sam – pelo pai e por seus tios...

– Eu também – falei lamentando sinceramente.

– Obrigada – disseram em uníssono.

– Tínhamos a intenção de relaxar e olha no que deu – riu Katy limpando o rosto e melhorando a cara de choro – vamos dançar Ems?

– Não mesmo – ela disse – enlouqueceu? Não sei dançar e você sabe disso.

– Ah qual é? – ela falou.

– O Sam tá louco pra dançar, né Sammy? – perguntei rindo e ele ficou com cara de confuso. Katherine foi até ele e o puxou. Eles seguiram para a pista de dança.

– Hum, sei não viu, esses dois... – falou Emily rindo e olhando o “casal” atrapalhado.

– Daqui a pouco, estarão dormindo juntos – falei malicioso – e você, vai recusar dançar comigo?

– Hum – ela disse fazendo cara de pensativa - se for você... Sim! – ela disse – eu recusaria - e sorriu vitoriosa.

– Porque faz isso hein? – perguntei me aproximando dela.

– O quê?

– Você fica se afastando de mim.

– Vai ver por que eu tenho motivos – ela disse quando eu coloquei meu braço na cadeira dela, envolvendo suas costas. Nossos rostos estavam próximos.

– Que motivos?

Ela nada disse. Apenas se levantou e seguiu para fora do pub. Digeri aquela cena e me levantei também. Aquela garota não vai me escapar de novo.

Por Katherine Brooke:

Cheguei à pista de dança, havia vários corpos dançantes naquele espaço apertado. Sam aproximou-se de mim e eu comecei a me mexer no ritmo da música. Ele relutou, mas começou a se movimentar e no minuto seguinte, estávamos dançando juntos. Eu rebolava sentindo a música, ele colocou as mãos na minha cintura e se aproximou mais ainda de mim. Olhei para ele e coloquei as duas mãos em seu peito. Sustentávamos um olhar inquebrável. Ele sorria e eu também.

– Pensei que você fosse tímido – falei rindo – ou só estava fingindo?

– Eu sou tímido – ele respondeu – dependendo da situação.

Havia uma leve malicia naquela frase. Eu não tinha ouvido nada parecido sair da boca dele. Era incrível como ele me surpreendia cada vez mais. Ele aproximou mais ainda nossos corpos e começou a mexer mais sensualmente. Se é que era possível. Observei os traços dele. Ele era muito bonito. Muito bonito mesmo. Lindo para falar a verdade. Aposto que qualquer garota nesse recinto derreteria com o sorriso dele. Mas ele não é como os outros caras. Maliciosos. Podres. Ele é tímido, carinhoso, fofo e ainda consegue ser malicioso da forma certa. Ele não é o tipo de cara que só quer levar você pra cama. Pelo menos foi o que eu constatei até agora.

– Vai me contar sobre o que levou você a tomar a decisão de não querer se envolver com alguém? – ele perguntou sussurrando no meu ouvido.

– Talvez uma hora Sam – falei sorrindo – mas e você? O que levou você a tomar essa mesma decisão? Vai me contar?

– Talvez uma hora Katy – ele me imitou sorrindo.

Coloquei as mãos em seu pescoço. Aproximando mais ainda seu rosto do meu. Sua respiração batia no meu nariz e o seu hálito era fresco, gostoso. Ele olhou no fundo dos meus olhos. Como se estivesse me examinando. Olhando no fundo da minha alma.

Sorri. Ele se aproximou mais ainda e seus lábios tocaram os meus. Não era certo e eu sabia disso. A voz da Ems ecoava na minha cabeça: Não se envolva com alguém que você não tem certeza se vai conseguir deixar depois.

Mas era inevitável. Ele me intriga muito. Ele consegue ser diferente. Não um diferente clichê do tipo, ele não me quer apenas daquela forma. Claro que eu acho que ele não me quer apenas daquele jeito. Mas ele é diferente no jeito de ser. Ele consegue fazer uma mistura. Romântico e fofo. Ao mesmo tempo em que não quer se envolver e... Meus pensamentos pararam por ai.

Movimentávamos a cabeça à medida que íamos intensificando o beijo. Suas mãos agora estavam dos dois lados do meu rosto. Nossas línguas faziam um tipo de dança envolvente. Ele sorriu entre o beijo. Abri os olhos, mesmo sem querer e olhei para a mesa onde estávamos agora a pouco. Nem o Dean nem a Ems estavam mais lá. Onde raios estavam?

Separei o beijo e o Sam me olhou confuso.

– Estava ruim? – ele me olhou.

– Claro que não – apontei para a mesa e ele olhou na direção que eu apontava – eles sumiram.

– Ah, Dean – ele sussurrou.

Ele segurou a minha mão e me guiou por entre aqueles corpos dançantes até a saída. Abriu a porta e quando passamos por ela fomos em direção à rua onde os “nossos” carros estavam estacionados. Quando viramos a esquina, vimos uma cena que eu juro por Deus que nunca imaginei que veria.

Por Emily Brooke:

Assim que sai do pub, escutei passos atrás de mim. Estava cansada daquele convencido e arrogante do Dean. Virei à esquina e segui para o Chevelle, assim que ativei o alarme, senti uma mão grande em meu ombro e em seguida eu estava trancada entre um corpo e a porta do motorista do meu carro. Era o corpo de Dean Winchester.

– Você ainda não me respondeu – ele disse bem próximo de mim.

– Me solta – falei e tentei sair do seu aperto, mas foi em vão. Ele era forte demais. Seus braços estavam um de cada lado do meu corpo, perto da minha cintura. Eu estava presa. Ótimo! Mais que merda!

– Que motivos você têm? – ele disse – e você tem até a meia noite para me dar aquelas respostas ou eu vou ter que procurar sozinho, lembra? – ele disse com uma voz rouca e sexy.

– Não fico com caras do seu tipo – respondi secamente.

– Meu tipo? Que tipo?

– Do tipo que leva uma garota pra cama. Depois some no dia seguinte e nega a sua existência social - olhei duramente pra ele.

– Quem disse que eu sou assim?

– Você se denuncia Dean – falei rindo sem graça alguma.

Ele riu.

– Prove que eu sou assim – ele forçou ainda mais o corpo no meu.

– Me diga o nome de uma namorada sua. Ou ficante por mais de uma noite – pedi já sabendo a resposta – e não adiante mentir. Eu sei quando as pessoas mentem. E também eu tenho o Sam para dizer se o que você diz é verdade ou não.

– Ah... Er – ele gaguejou.

– Não ouvi direito – provoquei.

– Então... – ele parou e me olhou.

– Eu sabia – falei.

– E desde quando você se importa com as pessoas? – ele falou – pelo que eu saiba você também não se envolve com ninguém.

– É diferente - respondi.

– Diferente como?

– Um diferente bom. O seu, nem tanto - desviei o olhar do seu.

– Engraçado que isso não me convenceu - ele riu.

Paralisei com a sua observação. Eu havia mesmo dito aquilo?

– Eu sei o que se passa por sua cabeça Brooke – ele falou perto do meu ouvido – você só fingi que não me quer – ele me olhou.

Dei uma risada sarcástica. Agora ele havia passado dos limites. Eu não o queria. Queria?

– Eu não te quero Winchester. Não mesmo! – falei com o queixo erguido olhando friamente para ele escondendo para que ele não visse reação em meus olhos.

– Ah é – ele disse e me apertou mais ainda – você não me quer? – ele perguntou e eu neguei com a sobrancelha arqueada – então prove...

Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, ele me segurou pela cintura e me levantou do chão. Caminhou comigo em seu “ombro” e me colocou sentada no capô do Chevelle. Ele se posicionou no meio das minhas pernas e colou nossos lábios. Seus lábios eram macios e quentes. Eu me debati contra ele, empurrando seus braços e batendo em seu tórax na tentativa de afastá-lo, sem sucesso. Ele continuou na mesma posição. Aos poucos, fui cedendo e dei passagem para sua língua. O movimento de nossas bocas era calmo. Mas quando se trata do Winchester mais velho, calmo era apenas o começo. O beijo foi ficando mais intenso, suas mãos estavam em minha cintura e caminhava livremente entre ela e minhas costas. Ele me puxou mais para perto, nos colando mais ainda. Havia ficado calor de repente ou era apenas impressão? O quê? É crime gostar de um beijo? Sim Emily Brooke, é crime! O que eu estou fazendo? Rendendo-me a um cara que eu conheço há pouco tempo, um cara pegador daquele tipo de gente que eu odeio? O que está acontecendo comigo? Antes que eu pudesse me afastar, que seria meu próximo movimento, ouvimos uma tosse e um murmúrio.

Por autora:

– O casalzinho está se divertindo? Depois que seu capô estiver amassado, não venha reclamar para mim Ems – Katherine falou em tom de zoação. As bochechas da mais nova ficaram quentes e Dean olhou para a mesma ofegante.

– Estávamos conversando apenas – ele mentiu.

Como se eles fossem acreditar! O “casal” começou a rir da cara dos dois complicados e em seguida, Emily fez algo que a irmã não esperava. Desceu do capô, empurrou bruscamente o Winchester mais velho, abriu a porta do motorista e em seguida fechou-a. Ligou o carro e saiu. Apenas saiu. Os três ficaram estáticos.

– O que você fez pra ela hein? – Sam perguntou ao mais velho que negou com a cabeça.

– Eu não faço ideia, essa garota é maluca – disse Dean e depois ele reparou nas mãos dadas do “casal”. Naquele exato momento, eles se separaram envergonhados.

– É parece que eu vou com vocês – ela disse “triste” – minha irmã me deixou.

– Vamos embora – Dean soltou o ar que estava prendendo e os três caçadores foram em direção ao Impala estacionado perto do lugar onde a caçadora durona quase havia demonstrado sentimentos. Apenas quase.

...

Por Emily Brooke:

Meu mundo estava fora das órbitas, não sabia o que tinha acontecido direito. Queria que tudo aquilo fosse apenas uma alucinação. Não queria acreditar que aquilo era real. Não depois de tudo o que aconteceu. Estava dirigindo numa velocidade em que só via os vultos das árvores. Pra mim nada mais importava. Parei de frente ao hotel, desliguei o motor e fiquei lá dentro pensando... Pensando em tudo. Saí do carro avistei uma pequena praça perto dali, naquele horário estava deserta. Segui até lá me sentei em um banco. O lugar estava calmo, bom para recuperar os ânimos antes de enfrentar a fera da senhora Katherine por eu ter deixado ela no pub. E então pensei, o mínimo que os Winchester tinham de fazer era trazer de volta a minha “irmãzinha”.

Porque eu fiz aquilo? Como eu pude ser tão ingênua a ponto de me entregar a um cara que eu conheço há pouco tempo, que eu nem confio, que eu nem queria por perto... Depois do que aconteceu, eu jurei para mim mesma que eu não me relacionaria novamente, claro que eu fiquei com caras depois daquilo, mas o Dean? Ele é filho do John, é um caçador, ou seja, eu o veria novamente eu acho e nós vamos ser obrigados a “ficar” juntos até o final desse caso. Como eu pude? O Dean é definitivamente o tipo de cara que eu odeio. Aquele tipo que não quer nada com ninguém, que só quer diversão. Não que eu queira algo com alguém, longe disso. Mas eu não sou brinquedo de ninguém. Eu preciso me manter firme. Eu preciso ser forte. Eu preciso ficar longe dele. Longe de Dean Winchester.

Estava perdida em meus pensamentos quando vi Katherine saindo pela porta traseira do Impala preto e vindo em minha direção com uma expressão de que iria explodir.

–Emily! O que deu em você? – ela disse pondo as mãos na cintura – você me deixou lá plantada se não fosse pelos...

–Eu sei, eu sei. Por favor, sem sermão – virei o rosto para o lado piscando os olhos rapidamente.

Eu não sou fraca. Eu não demonstro fraqueza.

Repeti para mim mesma enquanto as lágrimas ameaçadoras desistiam de me entregar. Ela sentou-se ao meu lado e virou meu rosto para que eu olhasse para ela.

– O que aconteceu de tão ruim? – ela perguntou.

– Eu não devia ter feito aquilo – disse com raiva e frieza na voz.

– Ems, não faça isso com você mesma. Já faz tanto tempo. Não fique se remoendo pelo passado. Não acha que você deve seguir em frente?

– Eu estou seguindo em frente!

– Não, não está! – ela disse e me olhou com severidade – por favor, Ems, depois daquilo você se tornou uma pessoa fria...

– Eu sempre fui – falei com certeza na voz.

– Mas você piorou, muito – ela falou e colocou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha

– E isso é crime? Tentar se proteger desses canalhas espalhados pelo mundo?

– Claro que não querida – ela disse em tom maternal e aquilo me reconfortou – mas não seja tão dura consigo mesma nem com os outros.

Dei um abraço apertado nela. Katy sempre fora meu porto seguro. A única pessoa que um dia me viu chorar.

Por Katherine Brooke:

– Mas porque está se crucificando por causa do Dean? – me pronunciei e nos afastamos.

– Ele não faz o meu tipo – ela disse dando de ombros.

– Hum, então por que o beijou?

– Se ele soubesse beijar pelo menos, eu te responderia.

Essa era a válvula de escape da minha irmã. Ela dava de ombros e simplesmente conseguia mentir sobre seus sentimentos. Esconde-los. Assumia sua máscara de fria, calculista, inteligente e independente do amor. Mas ninguém é 100% independente do amor.

– Não foi o que aquela cena dizia – dei um sorriso brincalhão – no capô do Chevelle? Vocês são criativos.

– Cala a boca – ela sorriu pra mim. Ih, lá vem bomba – e você? O que fazia de mãos dadas com o grandão?

– Bom, a gente se beijou – falei e ela formou um O com a boca.

– Meu Deus, sério?

– Sim, lá dentro depois que vocês saíram.

– E ele beija bem?

– Muito, um dos melhores que já beijei. E ele tem um corpo maravilhoso...

O frio agora batia em meu nariz. As folhas nas árvores chacoalhavam lentamente no ritmo do vento. Era uma cidade bela demais para um desaparecimento daqueles. Quer dizer, qualquer cidade é.

– Katherine? Você não vai se apaixonar não é?

– O quê? Claro que não! Você sabe que eu nunca me apaixono. Comigo é apenas diversão sabe disso – falei rolando os olhos.

– Tudo bem, mas ele... – ela disse e apontou discretamente para Sam que estava escorado no carro ao lado do irmão mais velho – daria um ótimo cunhado!

– Ah cala essa boca! Agora vamos que eu estou morrendo de sono! – disse levantando.

– Eu não estou nem um pouco a fim de olhar para a cara do Dean...

– Hum, eu sei para o quê dele você que olhar – disse com um sorriso safado.

– Katherine! – ela gritou.

– Ok parei. Vamos logo pirralha.

Puxei-a do banco e fomos em direção as duas figuras masculinas logo à frente. Sam tinha um sorriso doce nos lábios enquanto olhava para mim. Já Dean, tinha o sorriso safado de sempre. E olhava para a Ems como sempre.

– Tudo bem Emily? – perguntou Sam preocupado.

– Tudo grandão – ela sorriu colocando as mãos nos bolsos do casaco. Era mais uma característica do seu jeitinho tímido – obrigada por trazer minha irmã.

– Não há de quê – ele disse e esticou a mão. Emily e ele trocaram um Hi-5. Esse é o começo de uma amizade. Tenho certeza.

– E o que eu ganho? – perguntou Dean – até porque, quem estava dirigindo era eu.

– Obrigada – ela disse secamente com a sobrancelha erguida.

– Só isso? – ele perguntou e se aproximou.

Ela o ignorou completamente seguindo para o hotel. Logo em seguida, entramos também.

...

Por Katherine Brooke:

–Bum! Bum! Bum! – O barulho era infernal. Havia algum retardado batendo na maldita porta e eu estava com uma preguiça enorme pra ir atender.

– Argh! – Emily gritou sonolenta – quem é o FDP?

– Emily vai atender a porta! – falei tentando imaginar quem seria.

– Não! Atende você!

–Mas você é a mais nova – apelei para esse lado.

– E você está mais perto – ela falou.

Levantei xingando mentalmente quem seria o ser que está nos incomodando... Ou seres. Foi o que pensei ao ver os dois Winchester na porta. Dean deu um sorriso e Sam arregalou os olhos, passando-os pelo meu corpo.

– Se vai babar, arruma outro canto, não na frente do nosso quarto – bom, deixei a porta aberta, sabia que eles iriam insistir e eu teria que ir até lar novamente então, então os deixei entrar.

Por Dean Winchester:

–Hey, meninas bom dia! –disse Sam sorridente, mas não se engane ele não é tão puro quanto aparenta, por que desde que chegamos, ele não tira os olhos da Katherine, que por sinal estava com um pijama não muito comprido.

Ela deitou-se novamente na cama e não deu importância ao que estávamos dizendo.

–Bom dia! – eu disse sarcasticamente.

–Saiam daqui – disse Emily já irritada jogando o travesseiro em mim. Segurei o travesseiro que havia acertado em cheio a minha cabeça.

Ela levou a mão para baixo do outro travesseiro onde apoiava sua cabeça e retirou de lá uma faca.

–Se vocês não saírem daqui em 5 segundos eu mato vocês.

–Acabou de me conhecer e você já quer me matar? - falei rindo da reação da garota.

– Pra você ver com tu é irritante – ela disse e virou para o outro lado da cama ficando de costas para nós.

Por Katherine Brooke:

Engraçado como a relação deles mudou. Ontem estavam se agarrando. Depois se odiando e agora brigando.

Levantei-me sem o mínimo de disposição e andei até a cama da minha maninha.

–Emily, levanta não vai adiantar de nada a gente ficar aqui o dia todo. Temos trabalho a fazer – falei e retirei o seu lençol a deixando a mercê dos olhares de Dean.

– Já estou indo – ela falou enfiando a cabeça no travesseiro.

Caminhei até a minha mala tirando uma calça não muito justa e uma regata vermelha, peguei meus tênis verdes e meu casaco. Fui em direção ao banheiro e me tranquei lá dentro.

Por Emily Brooke:

Levantei-me vinte minutos depois com a preguiça maior que o meu corpo. Dei de cara com o Dean em frente á escrivaninha do quarto olhando para minha arma. Peraí... Ele está tocando na MINHA ARMA?!

– Não encoste nisso – ameacei-o e ele olhou para mim.

– Ou o quê? – ele desafiou.

Ergui a sobrancelha.

– Você não me viu brava, loirinho. E aposto que não gostaria – falei no mesmo momento que Katy saía do banheiro depois do banho.

Pra completar minha irritação, ele segurou a arma. ELE PEGOU A MINHA ARMA! ELE TÁ QUERENDO MORRER!

– Dean solta isso! – falou Sam. Ah, porque o Dean não é igual ao Sam?

Em um movimento rápido, ele colocou a arma de volta na escrivaninha, me segurou pela cintura e depois me puxou para mais perto depositando um beijo no canto dos meus lábios.

– Aposto que eu gostaria sim. É o meu passatempo favorito! – ele disse e caminhou até a porta – espero vocês lá embaixo.

Eu fiquei paralisada. Ele é louco? Só pode ser! Como ele ousa? Ah isso vai ter volta! Peguei minhas roupas e segui para o banheiro me trocar deixando uma Katherine e um Sam com caras de nada.

Por autora:

– Essas crianças... – Katherine fez cara de irônica indo até a sua mala e retirando de lá duas armas e três facas.

– É eles são muito complicados – Sam falou levantando da cadeira e indo em direção a onde ela estava - Katy, sobre o beijo de ontem...

Ela virou para o garoto e o fitou com aqueles olhos castanhos e por um momento ele ficou sem fôlego. Ela era linda demais.

– Sam, eu... – ela disse – eu não sei se aquilo foi certo.

– Por que não?

– Encare os fatos Sam – a garota disse virando-se para ele – assim que isso acabar, cada um de nós vai seguir um rumo.

– Então porque me beijou? – havia fúria nos olhos do rapaz.

– Porque foi do momento – ela disse.

Por mais que aquilo doesse dentro dela. Por mais que ela soubesse que aquilo doía nele, ela tinha que dizer. Ela tinha que faze-lo. Não podia alimentar falsas esperanças. Nem para ele. Nem para ela.

– Você é igual ao Dean não é? – ele a olhou nos olhos. Ele estava magoado. E aquilo a matava por dentro – fui só mais um pra você? – talvez aquilo não fosse uma pergunta – você só quer curtir a vida e não sou eu que vou impedi-la.

–Sam espera! – o garoto parou sua caminhada até a porta e se virou para a garota – você não foi mais um ok! Eu só acho que isso não vá dar certo. Eu não quero que ninguém saia magoado depois!

A garota se surpreendeu consigo mesma. Não sabia por que falara aquilo, mas havia dito.

– Eu também não quero – ele se aproximou dela e a mesma desviou o olhar.

O beijo começou calmo.

As línguas dançavam em um ritmo lento.

Seus corações descompassados.

O que era aquilo?

Aquilo que eles sentiam?

O beijo se intensificou até estarem pedindo por mais. As mãos de Sam estavam em suas costas e as dela em seus cabelos. Quando vieram perceber, Katherine já estava sentada em sua cama e Sam se deitando sobre ela.

– Ops! – disse Emily com vergonha estampada em suas bochechas coradas. Sam levantou-se rapidamente e saiu do quarto envergonhado.

– Putz Ems! – disse a mais velha levantando-se ofegante.

– Vocês iam mesmo fazer aquilo enquanto eu estava no banheiro?

– Claro que não! Cala a boca e vamos encontrar a tal Verônica.

As duas seguiram para a porta do quarto.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acham que vai acontecer a seguir? Comentem por favor.
Beijoos, Juuh e Cal!!



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