Azalea Lewis e a 68ª edição dos Jogos Vorazes escrita por Yas


Capítulo 3
Capital, Apresentação e Centro de Treinamento.


Notas iniciais do capítulo

Heey! Tive 19 visualizações na fic *---* Fantasmas, se quiserem se apresentar, fiquem à vontade. Eu já tenho um leitor, cara, não acredito (Israel, beijos, querido).



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Azalea’s point of view

O trem parou na estação da Capital e na plataforma podíamos ver o aglomerado de gente. Muitas pessoas que mais pareciam bichos de estimação. Muito coloridos, sorridentes e cheios de jóias. Eu os odeio! É claro que eu não posso expor esse ódio, a não ser que eu queira morrer no primeiro dia na Arena. Se bem que, eu não duvido muito que eu morra assim que a contagem regressiva terminar. Descemos do trem e entramos em um carro. A Capital é, com certeza, o lugar mais luxuoso que eu já estive na vida. Prédios enormes, fontes de água, carros de última geração... Tudo ali exalava luxo. Depois de rápidos minutos chegamos a mais um prédio enorme, porém esse tinha uma grande insígnia da Capital na porta de entrada.

— É aqui que os Tributos ficam até o dia de ir para a Arena. Cada par de Tributos fica com o andar respectivo a seu Distrito, então vocês ficarão no 3° andar. — falava Atala, enquanto entrávamos no elevador. Em seguida ela clicou no número 3 em um painel e as portas só se abriram novamente no andar onde ficaríamos. Em pé, em frente à porta do elevador, havia um homem de estatura média, óculos e cara de gente inteligente. Eu o conhecia. Beetee Laitier! Ele venceu uma edição dos Jogos Vorazes eletrocutando seis Tributos de uma só vez. — Este é Beetee Laitier, seu mentor. Ele irá prepará-los para a Arena e ajudá-los quando os Jogos começarem. Enquanto vocês conversam, eu irei procurar a Equipe de Preparação de vocês. Até mais. — Seu sotaque afetado me irritava, mas pelo menos ela estava indo embora.

— Primeira coisa de tudo: eu lamento! — falou Beetee. — Eu também tive a infelicidade de ir para a Arena, então eu farei de tudo para que vocês sobrevivam. Pelo menos um de vocês dois. — Eu queria que ele falasse. Era óbvio que ele estava ali por obrigação. Quando uma pessoa é escolhida como tributo, ela nunca sai dessa vida. Se você perder, morre. Se conseguir sair da Arena vivo, você é obrigado a voltar à Capital todos os anos para instruir os próximos tributos de seu distrito. Mas, no momento, eu não me importava com isso. Ele venceu, não venceu? E se ele pudesse me ensinar como fazer armadilhas para eletrocutar vários tributos de uma só vez, eu agradeceria muitíssimo.

Pelos minutos que se seguiram, Beetee nos deu algumas dicas de “como sobreviver na Arena”. Eu tinha algumas habilidades, porém não falei nada sobre isso. Aí vai: meu pai caçava, mais por prazer que por necessidade. Eu sempre ia com ele. Desde pequena. Minha irmã, Rose, tem seis anos e eu era mais nova que ela quando comecei a acompanhar meu pai nas caçadas. Ele me ensinou a fazer fogo usando lupas e raios do Sol, armadilhas para capturar pequenos animais, atirar com uma besta e até um pouco de pesca — apesar de não ser a atividade principal no nosso Distrito. Minha equipe de preparação era mais esquisita que Atala. Perucas rosa aqui, peles douradas acolá. Mas eram legais. Até choraram — ou fingiram muito bem — quando souberam que eu só tinha treze anos. À noite, eu fui levada até um quarto onde eu ficaria hospedada pelas próximas noites. O quarto era luxuoso, com uma cama de casal e uma grande televisão. Em outra parte do quarto havia um banheiro e foi o primeiro lugar que eu senti vontade de experimentar, no quarto. Tirei toda minha roupa, deixando meu vestido branco aos pés da cama, e segui para o banheiro. Lá tinha uma infinidade de opções para apenas um banho. Água fria, água morna, regulamento exato de temperatura da água, sabonetes de rosas, de flores do campo, de ameixa, de aroma de limão, entre outras variações. Eu sabia mexer bem naquelas máquinas porque é uma das coisas que meu Distrito produz. Cada Distrito de Panem tem sua atividade principal e fornecem o que produzem para a Capital. Tudo que tem na Capital foi feito em algum dos doze — treze antes da revolta — Distritos do País. O Distrito 1, por exemplo, fornece artigos de luxo. O D12 fornece carvão, o D5 fornece energia, o D8 trata de tecidos, o D4 é responsável pela pesca, e por aí vai. Meu distrito, o 3, fornece eletrônicos e tecnologia. Há quem diga que os tributos do meu distrito são sempre nerds. O que é compreensível já que desde muito cedo aprendemos o básico sobre o assunto. Porém eu sempre fui muito curiosa e muito cedo me aprofundei na atividade do meu distrito. Pra mim é fácil manusear ou concertar uma máquina, enquanto várias pessoas de outros distritos nunca chegaram a, pelo menos, ver um computador ao vivo. Quando termino o banho vou direto para a cama, apenas uso uma camisola que havia em cima da cama e durmo.

Confesso que fico impressionada com minha frieza. Dormi a noite inteira e não derramei uma lágrima sequer desde que abracei meu pai, após ser sorteada. Tomo uma ducha rápida, pois Atala já está batendo na porta do cômodo e gritando para que eu me apresse. “Você vai perder o café da manhã, queridinha!” Chego à sala e encontro Beetee, Atala, Louis e outras três pessoas. São antigos vencedores também. A mesa está repleta de comida. Pego um prato e como um pouco de tudo. Pães, geléias, ovos, suco de laranja e biscoitos. Minha família não é rica, porém não é miserável também. Eu não passava fome, mas também não tinha muita variedade a respeito de comida. Conversamos sobre várias coisas — na verdade, eu escutava mais que falava. Nunca fiz o tipo de pessoa que fala muito. Entre às 09h00min e 12h00min, Louis teve uma “aula” particular com os mentores, enquanto Adrian, meu estilista, fazia os últimos ajustes do traje que eu iria usar na noite de amanhã. E entre às 15h00min e 18h00min eu tive a “aula” particular enquanto o estilista do Louis fazia ajustes na roupa dele. Beetee, Hawele, Kruz, e Venus me dão várias dicas do que fazer na arena. “Não vá para a Cornucópia, é pedir pra morrer”, “suba em alguma árvore”, “cace durante o dia” e “não acenda fogueiras, é morte na certa”. Logo após um banho rápido, fui jantar. Arroz, bifes, cozido de carneiro, ovos, sucos de diversos sabores e frutos do mar — que com certeza vieram do distrito quatro. Quando todos ficaram satisfeitos, fomos assistir a reprise das Colheitas. Todos os Tributos já haviam sido escolhidos e eram muito maiores e mais fortes que eu. Eu fiquei totalmente sem esperanças, afinal, como eu iria competir com esse tal de Luke do distrito dois? Alto, atlético, Carreirista e, ainda por cima, bonito. Não que essa última característica me fizesse hesitar em matá-lo se ele tentasse me matar, mas todo mundo sabe que as pessoas mais bonitas têm muitos admiradores. E admiradores trazem patrocinadores. Resumidamente, a idade dos Tributos dessa edição está equilibrada. Quase todos têm entre 16 e 18. “Quase todos” porque eu tenho três anos a menos que o mais novo dos outros. E como se fosse possível, eu fico com menos esperança ainda de voltar pra casa. E foi com esse pensamento que eu fui dormir. Amanhã, apesar de só haver compromisso à noite — a apresentação dos Tributos —, passaríamos o dia inteiro trabalhando em detalhes.

Acordei, novamente com as batidas de Atala na minha porta. E depois do café da manhã começou o sufoco. Lavaram-me, lavaram meu cabelo, tiraram os todos os pelos do meu corpo, fizeram e pintaram minhas unhas — um esmalte azul celeste com algumas pigmentações brilhantes, como o céu estrelado — e fizeram uma maquiagem escura no olho. Logo depois fizeram um penteado simples e bonito no meu cabelo. Enquanto esperava Adrian numa sala iluminada e sem janelas fiquei pensando em que eu usaria. Esperava que não fosse algo muito ridículo, como um casal de Tributos do meu distrito há alguns anos atrás. Não sei que tipo de bebida alcoólica o estilista deles havia ingerido, mas os tributos foram vestidos de computador. Ridículo. Mas também torcia para que não fosse algo bárbaro. Muitos estilistas abusavam da nudez. Não iriam me colocar nua, não é? Não! Claro não. Eu tenho apenas treze anos, eles não ousariam. Quando Adrian entrou no quarto me senti aliviada por ver algo pendurado em seu antebraço.

— Apenas um vestido básico, mas que fala muito sobre o seu distrito. — ele falou sem animo. Algo me dizia que ele não estava muito feliz com seu trabalho. — Não espero ver ninguém comentando sobre seu vestido amanhã, mas é exatamente o que eu quero. Que você seja esquecida.

— O que? — perguntei sem acreditar.

— Meu amor, presta atenção. — ele falou aparentando impaciência. — Se toda Panem estiver falando sobre você amanhã, irão te dar atenção especial. Mas, se ninguém falar... Johanna Mason*, meu amor. — automaticamente eu entendi o que ele quis falar. Johanna Mason ganhou os Jogos há algumas edições. Ela impôs a si mesma uma imagem de garota indefesa e ninguém reparou na presença dela. Mas na arena ela surpreendeu a todos com suas habilidades e frieza. Penso em falar que se eu não for notada não vou ter chances de conseguir algum patrocinador, mas decido que não quero discutir com Adrian. Ele não é o tipo de pessoa indicada para uma discussão. Acho que ele não tem nem o grau de juízo exigido para ser considerado sensato. Então ele tira um vestido aparentemente normal de dentro do embrulho que ele trazia pendurado no antebraço. Tecido preto brilhante, tão fino e maleável quanto água. Ele passou o vestido pela minha cabeça e se afastou para olhar melhor o caimento da peça em meu corpo. Ele colocou um colar em meu pescoço e nele eu pude ver um botão no lugar do pingente. Ele mal segurou minha mão e já foi me arrastando pra outra sala onde duas mulheres passaram um tipo de óleo grudento na pele exposta dos meus ombros, braços e laterais do pescoço. Logo eles começaram a colar algumas porcas* em mim, nos lugares que passaram o óleo.

Logo depois, Adrian apertou o botão do meu colar e foi possível ler no tecido — que eu achava ser totalmente normal — as palavras "Distrito 3: Tecnologia", brilhando espectralmente. Em um momento ou outro a fonte das letras mudavam. Ora as letras eram normais, ora eram mais curvadas, ora eram todas maiúsculas... É como se o vestido fosse a tela de um eletrônico, igual aos que são produzidos no meu distrito. O vestido esquisito junto com as porcas dão a impressão de que eu seja um produto eletrônico. Muito estranho!

A sensação de esquisitice passou assim que eu pisei no salão de onde partiríamos para o centro da Capital. Ao ver os tributos do distrito sete vestidos de árvores, os do distrito dez de vacas e os do distrito doze de mineiros e todos sujos de fuligem, eu me senti perfeitamente normal. Louis estava parecido comigo: porcas, muitas porcas. Subimos nas carruagens que seriam conduzidas por cavalos.

— Aí, vêm eles. — começou Caesar Flickerman, apresentador dos Jogos há 30 anos. — Distrito um, com seus trajes luxuosos. Lance e Christy, pessoal. — os nomes que as pessoas escolhiam para seus filhos no distrito um, eram os mais ridículos de toda Panem. — Distrito dois, de gladiadores. Isso já é tradição. Há! Há! Há! Luke e Mabel são eles! — comentou gargalhando. — Olha só, distrito três. Com um traje excêntrico esse ano. Porém muito original, um vestido eletrônico. Celulares, computadores, montagens dessas máquinas. É, são bem comuns por lá. Louis e Azalea. Azalea, nossa tributo mais jovem. E, olhem eles! Distrito Quatro, como sempre arrasando... — As apresentações se seguiram e por fim os cavalos pararam no centro da cidade, onde o presidente iria congratular os tributos.

— É com grande honra — começou ele assim que terminou o hino de Panem. Presidente Snow, um homem com mais ou menos 50 anos, magro, baixo e com cabelos e barbas completamente brancas. — que eu vos apresento os 24 tributos da sexagésima oitava edição dos Jogos Vorazes.

Enquanto eu tomava banho, a única coisa que conseguia pensar era que em alguns dias eu estaria na arena, e que, provavelmente, não tinha muitos dias de vida. Eu sou esperta, rápida, tenho certa habilidade com uma besta, mas não acho que isso vá ser suficiente comparado aos tributos dos distritos um, dois e quatro que treinaram a vida inteira para isso. Eu estava perdida. Depois que eu deitei na cama, não consegui pregar os olhos.

Quando eu finalmente consegui dormir, não pareceu se passar cinco minutos e Atala começou a bater na minha porta. Havia uma roupa na cabeceira da cama. Depois de propriamente vestida e alimentada, Louis, Beetee e eu fomos para o elevador. Descemos para uma área no subterrâneo onde havia uma placa na porta escrito “CENTRO DE TREINAMENTO”. Lá dentro já havia alguns tributos. Comecei a passear olhando as atividades que os outros praticavam. Luke, do distrito dois, era muito bom com espadas. Francis, do distrito quatro, estava fazendo nós, o que é bastante útil na arena. Alguns não faziam nada, só observavam o que os outros faziam, como eu. Então minha atenção foi atraída até o outro lado do ginásio. O garoto do 12, que eu não sabia o nome, me olhava. Quando ele percebeu que eu o olhava também, voltou a olhar para algumas plantas que ele mexia antes. Fui até ele.

— Se eu fosse você não mexia nisso aí. — apontei para algumas frutas pequenas, redondas e bem vermelhas que tinha ao lado dele.

—Nas amoras? — ele perguntou. — Por que não?

— Amoras cadeado. — falei suspirando. — Elas te matam antes que cheguem ao seu estomago.

— Como sabe dessas coisas? — Perguntou demonstrando interesse.

— Meu pai é caçador. — Na verdade, meu pai trabalha em uma fábrica de eletrônicos, mas ele também caça. Ele aprendeu a caçar com o pai dele, e eu aprendi algumas coisas com meu pai. — Ele lida bastante com essas coisas. Tem que ter muito cuidado com o que se come na floresta.

— Davie. — ele falou e estendeu a mão pra mim. — Distrito doze.

— Azalea. — apertei a mão dele. — Distrito três. — Davie é um garoto simpático. Bem maior que eu, com cabelos cor de acaju, sardas no nariz e nas bochechas, olhos verdes e pele muito pálida. Ele me falou bastante sobre seu distrito e eu falei sobre o meu. Descobri que ele tem dezesseis anos e que o tio-avô dele já participou de uma edição dos Jogos há muito tempo atrás, mas morreu no banho de sangue. O dia seguinte foi praticamente do mesmo jeito: eu passei a maior parte do tempo treinando com Davie. Eu sabia que não deveria, já que iríamos ser adversários em um jogo que valia nossas vidas, mas eu me apeguei bastante a ele em tão pouco tempo. Se tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias eu tenho certeza que seríamos bons amigos. Mas eu não estava tão preocupada quanto deveria. Seriam mais outros vinte e dois jovens além de nós dois. Provavelmente não seria eu a matá-lo, nem ele a matar-me. No terceiro dia de treinamento, iríamos ter um “teste” individual com os Idealizadores dos Jogos. Nossos nomes eram chamados, entravamos por uma porta, mostrávamos nossas habilidades e depois estávamos liberados.

— Azalea Lewis. — soou uma voz em um alto-falante. Levantei e entrei pela porta.

Não fiz nada demais na minha apresentação. Para minha surpresa havia uma besta lá, então eu apenas atirei em alguns bonecos que serviam de alvo. Eu tinha uma boa mira, então acertei todos onde eu queria rapidamente: olhos, peito, testa, têmpora...

Quando eu fui embora, saí por uma porta diferente da qual eu entrei. Cheguei ao andar onde eu estava hospedada e fui direto ao quarto. Amanhã pela manhã sairão as notas que recebemos pelas nossas apresentações e à noite serão as entrevistas, ao vivo para toda Panem.

E na manhã seguinte às apresentações...

Iríamos para a arena.


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Notas finais do capítulo

* - Eu sei que — provavelmente — todos conhecem a Johanna, mas coloquei um asterisco (*) após o nome dela para avisar que eu alterei o ano em que ela foi campeão. Se eu não me engano, ela foi campeã da 71° edição, mas aqui na história ela foi alguns anos antes da 68°.
* - Porcas são elementos de máquina de fixação e estão sempre associadas a um fuso e ou parafuso. Não estou me referindo às fêmeas de porco, por favor kk

Tirei os nomes dos vencedores do distrito 3 de um site. (Vitoriosos de Panem).

Talvez eu poste o próximo ainda hoje.
Beijosss.



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