Para a Rainha de Paus

As árvores se curvavam,

Sorriam os maus

E flores cantavam

Espere aí, nós fugimos do chá da louca da Mad.

E eu não comi nada desde o almoço. Deve ter sido umas... Seis, sete horas atrás.

Você comeu um pedaço de bolo.

Maldita consciência, eu não falei com você.

E a Marav.

Eu falei para você ficar quieta!

— Gente... Eu sou uma comilona, nós vamos comer alguma coisa?

— Eu também estou faminta! — Will... Willow exclamou colocando as mãos na barriga — Eu brinquei com o Martin a tarde inteira!

— Vamos fazer uma viagem de chapéu, então? — Kit perguntou com brilho nos olhos.

— Tik, eu não vou... — Zak começou, mas Chess o interrompeu.

— Eu faço a viagem, você fica no lugar de sempre.

— Eu quero ir na faixa! Por favor, Xis! Deixa! — Will se ajoelhou, juntando as mãos.

— Só desta vez. Você está com o suco?

— Aqui! — a pequena tirou de dentro do bolso do colete um frasco.

'BEBA-ME'

Eu acho que vamos ficar pequenos!

— Kit, isso tem gosto de que?

— Depende da pessoa. — respondeu, estendendo a bebida.

Tem gosto de... Morango!

Mal pensei isso, fiquei menor que a grama.

— Cheshire! Não me deixe aqui! — gritei apavorada.

Eu sou um pouco claustrofóbica quando coisas grandes ficam em cima de mim. E muito maiores que eu. As folhas estão me sufocando.

— Venha. — uma mão enorme esmagou as coisinhas verdes, e eu saltitei até ela.

— Como você aguenta isso? — perguntei para Willow, quando Kit me colocou na aba do chapéu. — Ser tão pequena...

— Quando está na grama, ou perto das flores, é bem ruim. Fica melhor aqui em cima.

Senti o balanço indicando que Chess começara a andar.

— Onde o Zak vai? — perguntei percebendo que ele não estava junto de nós, nem andando próximo.

— Ele está no cachecol do Khris. Normalmente fica lá, pois tem medo de altura.

— Não seria medo de cair?

— Não vejo a diferença. — respondeu dando de ombros.

Tá né....

Eu quero mel.

Fica quieta consciência.

Eu sinto o cheiro doce.

Pare de me deixar com fome! Não era você que estava me chamando a atenção por causa da gula?

.....

.....

.....

.....

E você aprenderá tudo com as

Flores!

A rosa fez uma mesura, junto das violetas, jasmins, beijinhos, etc.

Como eu cheguei aqui mesmo?

Ah! É verdade! Eu decidi andar pela aba, para ter uma melhor vista, e acabei caindo!

Não me espatifei porque a saia do vestido inflou fazendo um mini balão.

— Muito linda a apresentação, senhoras. Agora eu tenho que ir. — falei enquanto me levantava.

— Senhorita, fique aqui, ou é tão imatura quanto sua mãe?

— Não sou imatura, nem minha mãe. — empinei o nariz e saí batendo o pé.

E caí de cara no chão.

Malditas bocas de leão.

— Você vai ficar conosco e aprender tudo os que as flores sabem! Aí sim se tornará esperta. — Rosa afirmou.

— Não brincará mais com o gato mau! — exclamaram as violetas.

— Será elegante como nós! — Copos de leite sorriram.

— Amará como Amor Perfeito!

— Dançará como os Lírios!

— Girará como um Girassol!

— Não, muito obrigado. Já sei dançar como Alice nas Maravilhas. — dei um tapa nas plantas que me prendiam e saí.

— Ela é pior que o Matinho.

— Ela é uma erva daninha! — sussurraram as tulipas. — Ela já deve ter conversado com o c-h-a-p-e...

— Para a sua informação, eu prefiro a Madge a vocês. Ela é grossa, mas não é tão fútil.

Eu realmente disse isso?

— Erva daninha! Acabem com ela, nossos leões!

Corri para longe daquelas criaturas infernais. E caí no rio. Eu acho que seria apenas um córrego, porém, agora, estava gigantesco.

Bater pernas e braços para se manter na superfície respirando é importante.

Nessa pequena visita as flores descobri coisas muito importantes:

1- Não ande em lugares abertos em movimento tendo o risco de cair.

2- Não seja educada com as flores.

3- Não converse com elas.

4- Não diga sequer 'oi' para elas.

5- Definitivamente, não vou ser florista.

....

Está de noite?

Acho que ainda não... Tem uma sombra grande em cima de mim, como estivesse esperando o almoço.

Será que é um pássaro achando que eu sou uma minhoca?

Antes que pudesse responder meu questionamento interno, bati em um galho.

E lá se foi minha consciência.

......

— No infinito azul, movimento-me para flutuar. Voando, planando... Não é necessário se preocupar. A água cai suavemente, tocando a palidez do chão. — cantarolou uma voz um tanto... Conhecida.

Abri os olhos, e minha cabeça gritou. Maldita luz!

— Eu estou viva. Isso é bom. — suspirei.

— Muito bom! Não é, Cally? — outra voz infantil indagou — Eu achei que a Lily ia demorar para acordar! Ficamos preocupados quando o Xis falou que tinha perdido você! Nós achamos você tão fraquinha... Parecia um filhote! Quase um bebê! A Cally me falou que você estava com fome, e isso fez você cair no sono quando tava na água e bateu no galho! Uma grandiosa sorte nós te encontrarmos antes de você se afogar, a Borboleta não teria te aguentado. Nós te trouxemos para cá! Foi a primeira vez que eu andei com a Cally para longe do cogumelo! E foi tão divertido! É uma pena eu não poder me transformar... Sei que logo conseguirei, não é?

— Calma, Jojo. — murmurei enquanto me sentava. — Onde nós estamos? — esfreguei os olhos, tentando espantar o sono.

— Bom, já é de noite. Está chovendo, eu te dei um pedacinho do Bolo para você voltar a tamanho normal. E depois você tomou sopa de cenoura.

— Você não respondeu a minha pergunta. — reclamei com os olhos quase fechados.

— Você está onde está, não está? — Callyda questionou parando a canção por um momento, voltando a ela em seguida.

— No meu reino, espero que se comporte bem e não seja igual a minha tia. — uma mulher entrou, segurando um bandeja de chá. — Zakshees e Cheshire disseram o quanto é maluca, todavia... Será o suficiente?

Ema me encarou, seus olhos eram verdes e os cabelos castanhos bem escuros. Parecia uma versão mais nova da minha avó quarenta anos atrás.

Espere...

Tia? A minha avó foi a Rainha de Paus no passado, esta deve ser agora. Então ela é...

— Prima! — levantei os braços, pronta para abraçá-la.

— Sou Rose Clubs, e nem pense que pode me tocar. Você possui o mesmo sangue da destruidora em suas veias. Mantenha distância.

Jojo saltitou até a mal-humorada e segurou sua saia.

— Tia Ro, não seja assim, nós todos estamos cansados, porque você não vai se deitar para o dia de amanhã? Eu quero passear pelos jardins com você!

— Tudo bem, meu amor. — ela beijou sua testa e saiu.

— É impressão minha, ou tudo está acontecendo rápido demais? — perguntei, vendo a minha recém conhecida prima sumir, e fui respondida pela Borboleta.

— Ou é muito rápido, ou muito lento. Acostume-se, pois Maravilhas jamais se curva a vontade alheia.