O guarda chuva vermelho escrita por Beilschmidt


Capítulo 1
Luana


Notas iniciais do capítulo

A maior parte da ideia eu tive em uma noite de insônia, estava escrevendo no caderno e deixei a folha em baixo do meu colchão '-' por quase 3 anos, sim, 3 anos. Eu tinha começado o rascunho em 2010, mas consegui recuperar a folha. ksks e como eu já estava escrevendo uma fic original eu resolvi juntar as duas ideias em uma só, e saiu esta fanfic. Minha ideia original era fazer uma oneshot, mas estou tendo novas inspirações e acho que vou fazer mais uns dois capítulos.
Fanfic pequena de três capítulos, vou postar os outros dois próximos capítulos nas quintas.
Guten lese.
Obs: na capa tem "Chocolati" era o meu antigo nick no Spirit.



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FanficO guarda chuva vermelho

Por:Beilschmidt

Capítulo 1

Luana

Escuro.Era o que designava aquele pequeno cômodo com odor de mofo pairando pelos ares. A janela empoeirada tinha resquícios de sangue já não tão fresco, deveria ter pelo menos uns três dias que aquelas pequenas gotas vermelho-escarlate estariam impregnadas no vidro embaçado. O abajur cor de musgo estava com a lâmpada queimada. Teias de aranha pendiam do criado-mudo para os pés da cama de casal. Uma gorda viúva negra passeava entre os pelos do tapete grosso e mal lavado, pronta para se recolher depois da apetitosa refeição de pequenos insetos que teve em baixo do criado-mudo.

A chuva impiedosa castigava a paisagem lá fora, que antes estava tão sem umidade faz um bom tempo. Raios tomavam conta do negro céu tomando formato de grandes e luminosas árvores invertidas. A pequena aranha entocou-se rapidamente em uma rachadura na parede.

A porta abriu-se.

Uma menina entrou esbaforida no cômodo. Usava uma capa roxa sobre a cabeça. Usava uma capa roxa sobre a cabeça, nos braços, manchas de sangue escorriam até seus dígitos. O tapete já ensopado da água, que estava acumulada no corpo esguio e gelada e na grossa e pesada capa, começou a ficar manchado de vermelho-escarlate ainda fresca.

-Desgraçado!

A voz saiu falha e ecoou quarto adentro de joelhos sobre o tapete a menina chorosa desferiu um soco no chão. O nós de seus dedos doíam, não se importava de ter quebrado a mão, só queria poder quebrar a cara daquele indigente. Como ele poderia fazer isso com a minha família? Com a minha irmã? Aquele sentimento de ódio crescia mais e mais no peito da garota, sua cabeça pesava. Estava exausta de tanto correr pela cidade, cambaleou até a cama a fim de descansar um pouco e tentar eliminar aquelas cenas horríveis de seus pensamentos.

Em vão.

Quanto mais tentava esquecer, mais ela se lembrava do corpo de irmã em seus braços… sem vida. E acabou se deixando levar pelo sono, não queria nem se importar com o temporal lá fora. Deixou-se esvair pelo cansaço e deitou por cima de seus lençóis cor de gelo e acabou dormindo.

...x...

O dia estava levemente nublado, a brisa gelada deixava seus pelos eriçados. Olhava desesperada para os lados à procura de sua irmã mais velha, estava assim faz duas horas ou mais, e já não sabia mais para onde ir. Um enorme clarão embaçou sua vista logo em seguida um grande estrondo tomou conta de seus sensíveis tímpanos. Rapidamente recuou dois passos a procura de algo ali ao seu redor para impedir que caísse. Segurou com força o tronco áspero e saliente da enorme e seca árvore as suas costas.

-Mas o que…?

Voltou sua face para cima e fitou o céu. Havia escurecido de repente, raios e mais raios pintavam o já negro céu com suas linhas brancas que enraizavam por entre as nuvens carregadas e cinzas. A chuva apenas engrossava mais e dificultava a sua visão. Queria sair dali, correr o mais rápido que podia para melhor se abrigar em um local seco e quente, mas sabia que não podia simplesmente deixar sua irmã vagando sozinha por aí nesta tempestade, mesmo a outra sendo mais velha sentia que tinha de protegê-la. Seu corpo estava começando a enfraquecer, decorrência das corridas que deu até chegar ali, suas pernas tremiam. Levantou o rosto para um beco que tinha ali perto, do outro lado da rua. Uma sombra moveu-se rapidamente junto de um enorme clarão de mais um raio que caiu a algumas quadras a suas costas. Estranhou. A sombra foi desaparecendo adentrando o beco, ao seu lado outra sombra menor se debatia desesperadamente, mas sumiu assim que o clarão, novamente, tomou conta do céu.

Por impulso, saiu correndo em direção ao beco. As grossas gotas d’água caíam pesadas e lhe doía a em face em metro que avançava. Assim que chegou ao local tentou encontrar o final daquela passagem estreita, o odor de matéria orgânica em decomposição era insuportável, mas resolveu ignorar isso e descobrir quem estava ali.

Andava cautelosamente, o chão além de escorregadio, possuía grandes buracos ocultos pela água da chuva que acumulava. Sempre que seguia em frente naquele breu o odor ficava cada vez mais intenso, mesmo com aquele temporal ainda caindo. Tocou a parede a sua frente, os dedos deslizaram na grossa camada de limo. Era o final daquele corredor escuro e minúsculo, suspirou e resolveu voltar para a rua e continuar a sua procurar pela irmã. Foi quando um feixe de luz chamou sua atenção, correu até aquela clareira. Aos tropeços e escorregões ela conseguiu alcançar a luz tão estranha. Mas a cena a paralisou de imediato.

Horror!

Não podia acreditar no que via, só poderia ser ilusão que seus olhos lhe pregavam por ter passado noites e mais noites em claro com a cara no caderno, sempre estudando. Só poderia ser sua mente mesmo.

Sua irmã estava deitada no chão, nua da cintura para baixo, um corte profundo na garganta, vários hematomas roxos em sua pele alva, principalmente no pescoço, braços e coxas. Uma enorme marca vermelha na bochecha direita indicava que a pobre moça tinha levado várias tapas na cara, um filete de sangue saía levemente de sua boca. O lábio inferior cortado… A poça de sangue escorria abundantemente por quase todo o chão, sua face demonstrava pavor, os olhos azuis estavam bem abertos e opacos. Não conseguia desviar os olhos do corpo imóvel de sua irmã, não conseguia chorar, muito menos gritar estava parada impotente e sem saber que tipo de reação expressar diante daquele horror a sua frente. Sua boca abriu-se para gritar, mas não saía voz alguma de tão chocada que estava.

-O que você tanto olha para ela?

Seus olhos se arregalaram ao ouvir aquela tão conhecida voz masculina. Estava acostumada a doce voz daquela pessoa, mas naquele momento estava mais fria…

-Por que fez isso com a minha irmã? _e a voz falhou, seus primeiros soluços foram ficando mais audíveis.

O silêncio pairou o lugar. A chuva ainda continuava forte, lavando o líquido vermelho escarlate do corpo extremamente branco da outra no chão. O braço direito estirado dava a menina uma leve impressão que estava pedindo ajuda à irmã antes de morrer.

-Por que você matou a Gil?

Não se conteve e andou até perto do corpo de Gil. Abraçou-a. Não queria saber do forte cheiro do local, muito menos do sangue ainda fresco que manchava a sua blusa amarela, apenas apertou o corpo inerte e morno de sua irmã contra o seu e pôs-se a desabar no choro. Suas lágrimas banhavam suas bochechas desesperadamente. Os dedos gélidos da menor foram de encontro com os olhos da irmã para fecha-los e que esta pudesse agora dormir em paz. Aqueles lindos olhos azuis se fecharam para nunca mais brilhar.

-Anda Hugo! Responda!

Seu grito ecoou por todo o beco.

Hugo olhou em volta e finalmente deu passos em direção à menina saindo da escuridão. A fraca luminosidade do local permitiu que a garota pudesse ver o rosto do assassino de sua irmã. Um homem alto, cabelos curtos e castanhos, olhos pretos e cintilantes.

-Eu… eu não sei te dizer Luana.

Ela percebeu que a expressão dele era meio confusa. A face demonstrava que o rapaz foi frio e calculista, mas o brilho quase extinto de seus olhos lhe mostrava que por dentro ele sofria com algo.

-A matei porque eu te amo.

Aquela frase ecoou em sua mente. Não queria crer no que foi dito. Hugo tinha matado sua irmã tão querida por ela? Era mesmo isso que tinha saído dos lábios pálidos do homem a sua frente?

-O que disse?

-Matei a Gil por você.

Luana olhou para o rosto pálido de sua irmã e voltou a fitar Hugo. Ela o conhecia perfeitamente, ele era namorado de Gil há bastante tempo e nunca tinha percebido o que ele sentia pela namorada já havia sido desgastado a um bom tempo.

-Além de não ser amada e ainda por cima ser morta desse jeito horrível… minha irmã…

-Eu não queria ter feito isso e…

-CALE ESSA BOCA… _baixou a cabeça.

A tristeza pairou ao seu redor, a expressão fria de seu rosto foi tomada pelo peso da culpa. Virou de costas em um lento movimento e esticou seu braço, tocou o chão enlameado de sangue.

-Sei que não mereço viver, este mundo não é para mim.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E aí? curtiu? Espero que sim ;3 fiz este capítulo com bastante carinho. Estou aberta a sugestões e críticas, qualquer erro na fic por favor me avise.
AVISANDO: fic não é movida a favoritos e/ou comentários.
o Beijos e até o próximo capítulo



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